01 junho 2011

Deixai vir a mim estas criancinhas

 
 Neste espaço onde eu me expresso sobre a família, sempre procurei externar o que vivo e o que me passa pela cabeça e coração. E passando desde a cabeça até o coração, às vezes deixo escapar umas frases engraçadas, desprovidas de muitos termos difíceis. Por que creio que a vida deva ser vivida sem muita pressão. Até já escrevi aqui que a igreja está parecendo uma imensa empresa, onde os resultados são cobrados de forma comercial, industrial; na paróquia onde comungo, teve uma época em que só faltava ter um cartão de ponto para os fiéis, de tanta cobrança por números e resultados; por horários a serem cumpridos , etc. ...
A rigidez de regras e normas não deve ser o ponto primordial nas relações humanas e/ou familiares. Não sou adepto do anarquismo, pelo contrário, devemos viver em harmonia, mas não engessados em pontos de vista inflexíveis.
Jesus, algumas vezes, criticou o modo de vida dos fariseus, em relação às leis que eles seguiam rigidamente. Temos vários exemplos na bíblia sobre isso, mas um dos que eu acho mais incríveis foi quando os discípulos de Jesus colhiam espigas e as comiam em dia de sábado (MT 12,1). De quem era a plantação? Com certeza não era de nenhum de seus seguidores, talvez fosse de algum fariseu que estava seguindo Jesus, não de coração, mas para pegá-lo em algum flagrante de desrespeito as regras.
Temos de olhar se estamos seguindo a Cristo verdadeiramente, mesmo que ao segui-los passemos fome, ou se estamos com um caderno de leis para podermos apontá-las quando alguém erra.
Estava lendo um artigo sobre a conquista do Brasil em sediar os Jogos Olímpicos de 2016. O mundo todo está conhecendo a vocação do brasileiro para a felicidade. E a felicidade foi preponderante para a escolha da cidade do Rio de Janeiro para sede. Está no diário “El Pais”, um jornal espanhol, que por sinal, teve uma de suas cidades vencidas pelo Brasil para tal escolha, nada menos que a capital Madri.
Veja o que diz um trecho desse jornal: “Os brasileiros, que gozam de uma formidável coesão nacional, estão sempre abertos para acolher qualquer motivo para ser felizes. E abrigar os jogos lhes causou orgulho e felicidade. E não escondem isso - outra característica do brasileiro.” E em outro trecho: "A diferença entre um europeu e um brasileiro é que o brasileiro não se envergonha de dizer que é feliz, e o europeu, sim”.
E mais adiante: “É que com os brasileiros não se pode brigar, porque sorriem até quando você fica nervoso"
“Assim são os brasileiros. São mergulhadores no mar da felicidade e, como não escondem isso, acabam contagiando os outros. Sem dúvida esse contágio também teve a ver na hora da votação em Copenhague.”
Se perdermos essa capacidade de sorrir quando temos vontade de chorar, de beijar quando temos vontade de socar, está na hora de imitar o Mestre do carinho. Quando estava em meio a uma discussão um tanto quanto séria demais, apareceram alguns pequenos bagunceiros, fazendo algazarra, empurrando uns aos outros, ou seja, quebrando todos os protocolos, Jesus então se voltou a esses guris e gurias e pelo jeito desviou o olhar dos sérios fariseus e até dos seus seguidores para brincar com os pequenos. Isso irritou até os sisudos apóstolos; - Onde já se viu, vocês estão atrapalhando a dissertação importante do Rabi, recebam a bênção e saiam já daqui! Todos conhecem o que fez o carinhoso Jesus. Está no 1º parágrafo deste texto, “Deixai vir a mim estas criancinhas e não as impeçais, porque o Reino dos céus é para aqueles que se lhes assemelham”
A rigidez das nossas idéias não deve nos tornar rígidos também. Se o mundo valoriza essa nossa alegria, nos apossemos dela.
Imitemos as crianças, ao invés de querer que elas nos imitem.
Paz e bem