04 junho 2012

Às autoridades, Bento XVI recorda deveres do Estado em relação à família

(02/06/12) No encontro com as autoridades milanesas, Bento XVI reflectiu sobre as responsabilidades e deveres de quem exerce o poder. E partiu, para tal, da experiência e do exemplo de Santo Ambrósio, que quanto foi escolhido para bispo de Milão, no século IV – recordou o Papa – era governador civil da Cidade, responsável, portanto, da ordem pública e administrador da justiça. Bento XVI deteve-se, portanto, sobre alguns princípios que ele seguia e que continuam válidos para quem é chamado a um lugar de direção na vida política.

Antes de mais, Santo Ambrósio recorda que “a instituição do poder deriva de tal modo de Deus, que aquele que o exerce, é ele próprio ministro de Deus”. Palavras que poderiam parecer estranhas aos homens do terceiro milénio, mas que indicam uma verdade central sobre a pessoa humana, sólido fundamento da convivência social: nenhum poder do homem se pode considerar divino. Nenhum homem é padrão de um outro homem. Ambrósio recorda-o corajosamente ao imperador, quando lhe escreve: “Também tu, augusto imperador, sei um homem!”.

Outro elemento sublinhado por santo Ambrósio e recordado por Bento XVI: a primeira qualidade de quem governa é a justiça, virtude pública por excelência, porque diz respeito ao bem comum da toda a comunidade. Mas não basta. Deve ser acompanhada de outra qualidade: o amor pela liberdade, que ele considera elemento decisivo para distinguir os bons e os maus governantes. “Os bons amam a liberdade, os outros, a servidão”.
Contudo - observou Bento XVI - liberdade não é arbítrio:
“liberdade não é arbítrio do indivíduo, mas implica a responsabilidade de cada um. Encontra-se aqui um dos principais elementos da laicidade do Estado: assegurar a liberdade para que todos possam propor a sua visão da vida comum, sempre, porém, no respeito do outro, e no contexto das leis que visam o bem de todos”.

Como fizera, em Setembro passado, na Alemanha, também agora o Papa alude ao fundamento das leis do Estado:

“na medida em que se supera a conceção de um Estado confessional, aparece claro, em todo o caso, que as suas leis devem encontram justificação e força na lei natural, fundamento de uma ordem adequada à dignidade da pessoa humana, superando uma conceção meramente positivista da qual não se podem deduzir quaisquer indicações de caráter ético.

Recordando que o Estado está ao serviço da tutela da pessoa e do seu “bem estar”, nos seus múltiplos aspetos, a começar pelo direito à vida, Bento XVI referiu a responsabilidade no que diz respeito à família:
“O Estado está chamado a reconhecer a identidade própria da família, fundamentada no matrimónio e aberta à vida, assim como o direito primário dos pais à livre educação e formação dos filhos, segundo o projeto educativo por eles considerado válido e pertinente.”
  

Fonte: Radiovaticana.org 


Deixe um comentário...
Siga-nos no Facebook. Curta essa página==>>