21 julho 2013

Ciclista gaúcho não católico, encontra-se com o Papa

...eu não sou católico, mas por causa da repercussão da eleição do Papa, eu estava a par e feliz que o novo Papa não era apenas um homem simples, afável, e com uma acentuada visão para questões sociais, mas também um vizinho meu,

Leandro Martins! Este é o nome do gaúcho de 30 anos, de Porto Alegre, que encontrou o Papa Francisco na manhã desta quinta-feira, na Casa Santa Marta. Leandro está viajando de bicileta pelo mundo e, após escrever inúmeras cartas ao Papa Francisco, acabou chamando a atenção do seu Secretário particular, que convidou-o para participar da missa na Casa Santa Marta. Quem conversou com ele foi o jornalista Robert Moynihan. 
Leandro deixou Amsterdã há 9 semanas, no dia 8 de maio. Passou pela Alemanha, República Tcheca, Áustria, Eslovênia, ingressando então na Itália, onde passou por Trieste, Veneza, Bolonha, Pisa e, finalmente, Roma. Pedalou 3.154 km. No dia 27 de julho parte para Brindisi, Grécia, Israel e Ásia, devendo pedalar mais 7 mil km, pelo menos. O jovem brasileiro chegou cedo no Vaticano, de bicicleta, naturalmente. Deixou a bike ao lado da Casa Santa Marta. 
Quando encontrou Francisco, foi recebido calorosamente com um grande abraço. Na conversa com o Papa, Leandro contou ter ficado chocado com a tragédia na Boate Kiss, em Santa Maria, no Rio Grande do Sul, quando morreram mais de 240 jovens. “Ele disse que sabia de tudo e estava triste", contou Leandro ao jornalista. "Então ele me perguntou onde eu morava e eu lhe respondi: 'Venha e veja a minha bicileta'. Saímos juntos e eu lhe disse: 'Aqui está a minha casa, a minha barraca e o meu colchão”. Após, entraram novamente na Casa Santa Marta e o Papa assinou uma bandeira brasileira que já havia sido assinada por muitas outras pessoas que Leandro encontrou na viagem. 
O Papa escreveu em espanhol “Que Deus te acompanhe” e assinou apenas Francisco. Leandro participou da Missa, sem comungar. Ele não é católico e afirmou após a celebração que foi a primeira vez que assistiu a uma missa do início ao fim. "O que eu achei interessante, é que quando a missa acabou o Papa saiu e sentou-se sozinho". “Eu não pensei que teria a chance de conhecê-lo pessoalmente – disse Leandro -, mas Monsenhor Alfred me trouxe para fora e nós nos encontramos e conversamos”. “O que me chamou a atenção foi a simplicidade da capela. Tudo é tão simples. Ele é uma pessoa simples e tudo lá é simples. Nestes dias de ostentação, onde ter coisas e ser alguém é o mais importante, ele fala para pessoas como eu, ele oferece uma visão diferente. "Desde o início da minha viagem, eu acredito que Deus tem estado comigo", contou Leandro ao jornalista Robert Moynihan. Ele obteve permissão para o encontro após ter escrito cerca de 50 cartas durante as últimas semanas, dizendo que ele estava vindo para Roma e gostaria de ter a oportunidade de conhecer o Papa. As cartas acabaram chamando a atenção do Secretário particular do Papa, Monsenhor Alfred Xuereb, e um convite foi enviado para ele participar da missa nesta manhã. 
Aqui estão trechos da última carta que escreveu a Monsenhor Martins Xuereb: "Eu não vou mentir, eu não sou um católico, na verdade eu nunca estive interessado em religião alguma, mas depois de toda a cobertura da mídia que a eleição do Papa recebeu, era impossível não estar ciente do mesmo e ainda mais ao receber a notícia com grande expectativa e alegria, devido ao novo Papa, sendo um vizinho meu. Eu sou de Porto Alegre, uma cidade do sul do Brasil, Estado do Rio Grande do Sul, um lugar que o Papa Francisco foi muitas vezes visitar parentes. Eu só espero que isso não ajude a Argentina na Copa do Mundo, mas eu estou realmente feliz que existe um Papa vindo da América Latina, e especificamente pela sua humildade, bondade e carinho para com as pessoas pobres.
Eu acho que, com sua experiência, ele realmente vai contribuir para uma sociedade melhor”. "Por muito tempo eu trabalhei duro, sonhando com a minha viagem, agora eu acampo todos os dias e preparo minha própria comida, como forma de torná-la possível, bem como ter na simplicidade tudo o que preciso para ser feliz ...”. Eu estava ansioso para visitar Roma e o Vaticano, porque eu amo a história, mas agora com o Papa Francisco minha emoção é ainda maior. Eu sei que isso vai soar ridículo e você vai rir de mim ... mas eu realmente gostaria de conhecê-lo, OK, vá em frente ...”. "Eu sei que não sou uma pessoa importante, um chefe de Estado, uma autoridade ou até mesmo um católico, mas talvez eu também seja uma ovelha de Deus (ou, pelo menos, um vizinho do Papa), e que me faz sentir que se eu acredito bem do fundo do meu coração que é possível, realmente vai acontecer. 
Como tudo o que eu tenho na vida, como essa viagem que foi um grande sonho impossível, mas agora está acontecendo. Então eu pensei: por que não tentar?” "E é por isso que eu estou escrevendo esta carta, depois de algumas pesquisas descobri que você é o Secretário particular do Papa Francisco, e se esta carta chegar até você, há uma chance real de que você seja gentil o suficiente para permitir que o Papa saiba que há um 'gaúcho' viajando pelo mundo de bicicleta e que ficaria "molto felice” em conhecer este homem maravilhoso. A razão diz que é muito difícil ou mesmo impossível para que isso aconteça, mas eu definitivamente não sou uma pessoa racional, eu sou um sonhador que não desiste sem lutar. Peço-lhe, Monsenhor Xuereb, por favor, não entre em contato com a burocracia do Vaticano, deixe o Papa saber sobre mim e decidir se eu posso encontrá-lo ou não. Vou ficar em Roma até segunda-feira, julho 27, no dia em que o Papa Francisco estará deixando ao meu amado Brasil". 
"Eu não vim aqui como católico ou uma pessoa religiosa ", disse Leandro. "Mas desde que eu vi ele no momento da sua eleição, a sua simplicidade e humildade, eu senti um desejo de aproximar-me dele. Quando ele foi para a Ilha de Lampedusa, fiquei surpreso com a generosidade de seu coração para com os pobres imigrantes que às vezes morrem enquanto tentam chegar pelo mar, da África para a Itália. Ele é muito simples. Ele é alguém que se preocupa com os outros de uma maneira que não é apenas o seu dever ou o trabalho que ele faz, mas isso é pessoal. Sempre fico muito tocado pelos atos simples que ele executa. Agora que eu o conheci, eu vou enviar outra carta para ele, agradecendo-lhe ". 

Fonte: http://www.leandrobybike.blogspot.com.br/

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