09 março 2016

Como defender o Dogma da Virgindade perpétua de Maria Santíssima




A  VIRGINDADE   PERPETUA  DE MARIA    SANTÍSSIMA
O   QUE  PENSAVAM OS SANTOS PADRES.
Maria SS. a mãe de Jesus, foi  perpetuamente virgem  ou não foi?   Maria terá tido  outros  filhos  além  de  Jesus?
Teremos naturalmente que examinar  todos os  textos  da  Bíblia  que giram  em  torno  desta questão.  Antes  disto, porém, temos uma  pergunta  fazer:    Quem  está mais  autorizado a  nos dar  uma  Segura informação a  este  respeito, a  nos  dizer  o  que  se deve pensar  sobre a  virgindade  de Maria:   a  Igreja   Católica,  que  vem  dos tempos  de  Cristo,  que recebeu, portanto, na  sua fonte, o  ensino dos Apóstolos, ou  os protestantes que só vieram  a  aparecer no  século XVI?   A Igreja  Católica, que jamais  teve a mínima  dúvida sobre este assunto ou o Protestantismo em cujo seio, como vimos  (n.o 238), têm aparecido sobre esta  própria  matéria,  como sobre tantas  outras, opiniões bastante desencontradas?
O único fundamento  em  que se baseiam os adversários  para  duvidar da virgindade  de Maria  SS.-", é a interpretação  que dão a certas passagens do  Evangelho.   Mas  este mesmo Evangelho  que os protestantes hoje  leem e  comentam, não  era  também lido,  manuseado, estudado cuidadosamente pelos Santos Padres?  Se os protestantes veem tão  claro  nos Evangelhos que Maria  perdeu um  dia  a  sua virgindade, seriam os Santos Padres tão cegos, tão  loucos e  ignorantes  que não o  tivessem visto?
Quando aparece no século V. E um tal  Helvídio  "homem  rústico  e  mal conhecedor das primeiras  letras",  como diz  S. Jerônimo, querendo negar que  Maria SS.  tivesse sido  virgem  depois do  parto,  S.  Jerônimo,  além do  exame que faz  dos textos  alegados, apresenta como argumento  a  unanimidade  dos Santos Padres a  respeito da virgindade  perpétua de Maria.
E quando lhe  alegam Tertuliano  que teria  escrito alguma  coisa neste sentido,  admitindo  que  Maria   não  foi  virgem  depois do  parto,  S.  Jerônimo observa muito  bem que, contra  o  testemunho dos Santos Padres, o de Tertuliano  nada  vale,  porque  ele  não  foi  um  "homem  da  Igreja".    De fato Tertuliano era  cristão,  era  um  grande  escritor,  mas  afastou-se da Igreja, abraçando a  doutrina  do montanismo.
Mais  ainda:   hoje,  quando  um  pastor  protestante  tem  a  ousadia  de falar   de público  atacando a  virgindade  de Maria  SS., o povo católico se toma  de  indignação  e  o  obriga  a  calar-se.  Os  protestantes  veem  nisto apenas um  sinal  de  ignorância, de pieguice e  de sentimentalismo.
Pois  bem, esta mesma indignação aparece igualmente bem clara  nos escritos dos Santos Padres e  de grandes escritores dos primeiros  tempos da  Igreja,  o  que é  sinal  de que não se trata  de ignorância, mas de bom senso.
S. Ambrósio diz assim:   "Houve  quem negasse que ela (Maria)  tivesse permanecido  virgem.   Desde  muito   tempo  temos  preferido   não  falar sobre  este  tão  grande sacrilégio. Maria   não  brinca;  não  brinca  aquela que  é  mestra  da  virgindade;  nem  podia  acontecer que aquela que em  si tinha  trazido  Deus resolvesse andar  às voltas  com um  homem.   Nem  José, varão  justo,  cairia  nesta  loucura  de  querer  misturar-se  com  a  mãe  do
Senhor em  relação carnal"    (De  inst.  virgin.  c  5, 6).
S. Hilário   não só afirma  que Maria permaneceu sempre virgem, mas também observa que os que pensam de maneira  diversa são "Irreligiosos e alheios à doutrina Espiritual" (Commentaria in   Nfath. I,  3).
S. Epifânio exclama: "Donde é que surgiu esta  perversidade? Donde é  que irrompeu  tamanha audácia? Porventura  o  próprio  nome não é  suficiente  atestado?  Quem houve jamais  em tempo algum  que ousasse proferir   o  nome  de  Maria  e  espontaneamente não  acrescentasse a  palavra VIRGEM?.. .   O  nome de virgem  foi  dado a  Santa Maria,  nem  se mudará nunca, ELA  sempre permaneceu ilibada"    (Adversus haereses Panarium).

Genádio diz o seguinte:   "Com fé íntegra se deve crer que a bem-aventurada  Maria,  mãe  de  Cristo  Deus, não só gerou como virgem,  mas permaneceu virgem  depois do  parto  e  não  se    de  concordar  com  a  blasfêmia  de  Helvídio  que  disse:   Virgem  antes  do  parto,  mas  não  virgem depois do parto"    (Liber  ecclesiasticorum dogmatum 35).
E é  com  veemência que  S.  Jerônimo  se  lança  contra  este Helvídio que, embora admitindo  a  virgindade  de Maria  antes do parto  e  no parto, afirmava  que ela  tivera  outros filhos  depois.  Apos citar os vários textos em que se baseia a sua argumentação para  provar  que aqueles "irmãos" de  Jesus não  são  filhos  de  Maria,  S.  Jerônimo  acrescenta: "Ó  o  mais imperito  dos homens, não  tinhas  lido  estas coisas; e  lançaste no  pélago as  Escrituras  a  tua  raiva  para  injúria   da  Virgem,  a  exemplo daquele que,  segundo contam,  sendo desconhecido do  povo  e  nada  de  bom  podendo  fazer,  imaginou  um  crime  para  se  tornar   famoso:  incendiou  o templo de Diana.   E não tendo dado resultado o sacrilégio, ele próprio saiu a público,  afirmando   aos  gritos  que  fora  ele  o  autor  do incêndio.   E  perguntando  os  magistrados  de  Éfeso  por  que  motivo  teria   querido  fazer isto, respondeu: para  que, se não por  bem, ao menos por  mal  me tornasse de  todos conhecido.  É,  pelo menos, o que nos narra  a  história  grega.   Tu incendiaste o  templo  do  corpo  do Senhor;  contaminaste o  santuário  do Espírito  Santo, do  qual  pretendes ter  saído uma quadra  de irmãos e  um montão  de  irmãs.   Argumentas  com o  que dizem os judeus:   Porventura não é  este  o  filho   do  oficial?  Não se  chama  sua  mãe Maria  e  seus irmãos ,os Tiago, e  José, e  Simão, e  Judas?   E  suas irmãs, não vivem elas todas entre nós?..(Mateus 13,55  e 56).  Todos só se diz de uma multidão.
Pergunto: quem te  ensinou semelhante blasfêmia? Quem é que te levava em conta?  Mas agora  conseguiste o  que querias;  tu  te  tornaste famoso no  crime"    (Adversus Helvidium).

Por    se vê que o fato  de indignar-se o povo cristão e católico, quando alguém nega ou põe em dúvida a  virgindade da mãe de Deus, não é sinal de ignorância das Sagradas Letras, pois gente muito  bem entendida nelas também  mostrou  a  mesma indignação  e revolta  contra  tão  ousada blasfêmia.   E a  virgindade  perpétua  de  Maria   é  doutrina  comum e  unânime dos Santos Padres.
Para não  falarmos  mais  nos já  citados:
Assim diz S. Efrém: "ó Virgem Senhora, imaculada deípara, senhora minha  gloriosíssima, mais  sublime  que  os  Céus, muito  mais  pura  que os esplendores, raios  e  fulgores  solares. . .  vara  de Arão  que  germina, apareceste como verdadeira vara e a  flor  foi  o teu filho  verdadeiro, nosso Cristo Deus e Criador meu; tu segundo a carne geraste Aquele que é Deus e
Verbo,     CONSERVANDO   A  VIRGTNDADE ANTES  DO PARTO, VTRGEM DEPOIS  DO  PARTO, e fomos reconciliados com Deus, teu filho   (Opera graeca. Apud JourneI 745).

Referindo-Se a Maria,  diz S. Agostinho:   "Virgem  que concebe, virgem que dá  à  luz,  virgem  grávida,  virgem  que traz  o  feto,  virgem  perpétua" (Sermones 186, 1, 1).
"Virgem concebeu, virgem  deu à  luz,  virgem  permaneceu" - é  uma fórmula usual  referente  a  Maria   SS., empregada, não só  nos escritos de S. Agostinho  (Sermones Lf,8;    CXC,2;   CXCVI,I)  mas também nos de  outros  Santos Padres, como S.  Pedro  Crisólogo   (Sermones 117), S. Leão Magno    (Sermones 2,2) por  exemplo.

Esta sempre foi desde o começo a doutrina firme e universal da Igreja.   Nem se venha dizer que esta opinião dos Santos Padres é  motivada  pelo  fato  de  ser  a  virgindade   perpétua  de  Maria definida   pela Igreja  como dogma de fé,  pois  esta definição só veio  a  dar-se no  século VII, no  Concílio de  Latrão e  todas estas citações aqui  apresentadas não ultrapassam o  século V (54)
Portanto, está o leitor diante de dois fatos: 1º Há muitos protestantes que leem a Bíblia e querem apresentar como certo, certíssimo, que Maria SS não conservou a  sua virgindade.   2º Os Santos Padres tinham também à mão a  mesma Bíblia  e a  seguiam fielmente  e achavam que ela era infalível e já   desde o  princípio  vêm  afirmando  como certo, certíssimo, muito  antes que isto fosse definido pela igreja,  que Maria  SS. concebeu como  virgem,  deu  à  luz  como virgem  e  como virgem  permaneceu até  o fim   de  sua  vida.
É o caso de dizer o leitor: Deve haver qualquer engano nesta afirmativa dos protestantes, tanto mais que eles  próprios   não  estão de acordo entre  si. Seria interessante examinar atentamente se  têm  valor  ou não  as  alegações protestantes, comentando os textos bíblicos que eles nos apresentam.

TRECHO DO LIVRO: LEGÍTIMA INTERPRETAÇÃO DA BÍBLIA - LÚCIO NAVARRO


Siga-nos no Facebook. Curta essa página==>>