26 outubro 2017

‘É inaceitável afirmar que a reforma de Lutero foi um acontecimento do Espírito Santo’





O cardeal Gerhard Müller defende em um artigo que Lutero não levou a cabo uma reforma, senão “uma revolução”, uma mudança total dos fundamentos da fé católica e adverte de que não se pode buscar a reconciliação a custa da verdade.



“Hoje há uma grande confusão ao falar de Lutero“. Assim começa o artigo do cardeal Gerhard Müller, publicado em La Nuova Bussola Quotidiana pouco depois de conhecer-se algumas polêmicas declarações sobre a Reforma protestante provenientes do âmbito católico, entre elas as do secretário da Conferência Episcopal Italiana Nunzio Galantino.

“Deve ficar claro que, desde o ponto de vista da teologia dogmática, desde o ponto de vista da doutrina da Igreja, não foi em absoluto uma reforma, senão uma revolução, quer dizer, uma mudança total dos fundamentos da fé católica”, afirma Müller.

O cardeal sustenta que não é realista argumentar que a intenção de Martinho Lutero era somente lutar contra alguns abusos com as indulgências ou os pecados da Igreja do Renascimento. Os abusos e as más ações, recorda Müller, sempre existiu na Igreja e ainda hoje existem: “Somos a Igreja santa pela graça de Deus e os sacramentos, mas todos os homens da Igreja são pecadores, todos necessitam perdão, contrição e penitência.”

O que fora até há uns meses prefeito da Congregação para a Doutrina da fé explica que no libro escrito em 1520, De captivitate Babylonica ecclesiae, se mostra de forma clara que “Lutero deixou para trás todos os princípios da fé católica, a Sagrada Escritura, a Tradição Apostólica, o magistério do Papa”.

Müller recorda que, entre outras questões, Lutero negou a Eucaristia, a transubstanciação, o carácter sacrificial do sacramento.

“Não podemos aceitar que a reforma de Lutero se defina como uma reforma da Igreja no sentido católico”, assevera o purpurado, já que uma reforma católica é uma renovação da fé vivida na graça, dos costumes, a ética, uma renovação espiritual e moral de os cristãos, mas não uma nova fundação, uma nova Igreja.

Chegados a este ponto, Müller responde diretamente às declarações de monsenhor Galantino publicadas nos meios de comunicação italianos e declara: “É inaceitável afirmar que a reforma de Lutero ‘foi um acontecimento do Espírito Santo'”.

“Pelo contrário, -continua o prelado- foi contra o Espírito Santo, porque o Espírito Santo ajuda a Igreja a manter sua continuidade através do magistério da Igreja, sobretudo no serviço do ministério petrino”. “O Espírito Santo não se contradiz a si mesmo”.

O purpurado adverte sobre a extensão de vozes que falam com demasiado entusiasmo de Lutero, “sem conhecer exatamente sua teologia, sua controvérsia e os efeitos desastrosos deste movimento”.

“Certamente, passaram-se 500 anos, não é o momento da polêmica, senão de buscar a reconciliação: mas não a custa da verdade“, conclui Müller seu artigo, indicando que uma coisa é o desejo de ter boas relações com os cristãos não católicos e outra a falsificação do que sucedeu há 500 anos e do efeito desastroso que teve. “Um efeito contrário à vontade de Deus”.

De: infovaticana.com


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