27 fevereiro 2015

Conheça os assírios: cristãos perseguidos pelo Estado Islâmico





Esta comunidade faz parte das muitas que formam o mosaico de cristãos do Oriente e se destaca como sendo os descendentes do antigo império assírio estabelecido na Mesopotâmia

Os assírios, atacados por jihadistas do grupo Estado Islâmico (EI), formam uma antiga comunidade cristã cuja presença na Síria é recente, em função dos massacres que sofreram no Iraque.

Esta comunidade faz parte das muitas que formam o mosaico de cristãos do Oriente e se destaca como sendo os descendentes do antigo império assírio estabelecido na Mesopotâmia, muito antes da introdução do cristianismo e do Islã.

Os assírios são cristãos nestorianos, uma corrente do cristianismo condenada pelo Concílio de Éfeso em 431, devido às diferenças sobre a dupla natureza, divina e humana, de Cristo.

Segundo a tradição, foram os apóstolos Tomé e Judas Tadeu que evangelizaram a Mesopotâmia. Em 37, Judas Tadeu se tornou o primeiro bispo de Seleucia-Ctesiphon, a capital dos partas, perto da atual Bagdá, enquanto Tomé partiu para a Índia.

O que é certo, porém, é que, desde o final do século I, missionários vindos da Palestina ou de Antióquia estabeleceram-se a oeste do Império Parta, próximo das comunidades judaicas da Babilônia e das populações aramaicas da Alta Mesopotâmia.

Esses, que falam aramaico, são considerados os descendentes dos assírios, daí o nome de comunidades "assírias".

Estes cristãos assírios podem ser uniatas (ligados ao Vaticano) ou não, segundo Odon Vallet, especialista francês das religiões.

Desta forma, uma parte da Igreja assíria se ligou a Roma em 1830, tornando-se a Igreja caldeia, que estava presente, principalmente, no Iraque.

Cerca de 30.000 assírios viviam na Síria antes do início da guerra civil. Destes, dois terços habitavam a província de Hassake, no extremo nordeste do país, com cerca de 1,4 milhão de habitantes.

De acordo com o jornal católico francês La Croix, a Igreja assíria do Oriente reúne atualmente entre 250.000 e 400.000 seguidores, a maioria nos Estados Unidos e na Índia. O atual patriarca de Seleucia-Ctesiphon, Mar Dinkha IV, instalou, na década de 1980, a sede da sua igreja em Chicago.

Na Síria, a comunidade assíria formou o Conselho Militar Siríaco, que luta ativamente ao lado dos curdos. No Iraque, ela começou a treinar suas próprias milícias, considerando que os curdos e as forças federais não são capazes de protegê-los adequadamente dos jihadistas.

Os assírios são encontrados principalmente entre Hassake e Ras el Ain, em 35 aldeias em torno de Tall Tamer.

A instalação da comunidade nesta região data dos massacres de 1933 no Iraque. A França foi responsável por instalá-los em aldeias de colonização agrária, antes de migrarem para as cidades de Hassake e Qamischli, e posteriormente para Aleppo e Damasco.

De acordo com o geógrafo francês especialista em Síria Fabrice Balanche, as localidades de Haut Khabur são seu lar original na Síria.

Mas devido ao êxodo rural, a maioria destas aldeias são atualmente mistas, com uma população curda de trabalhadores agrícolas vindos substituir os assírios que partiram para a cidade.


De: aleteia.org


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