08 novembro 2011

Igreja no mundo - Cristãos ajudam a travar «talibanização» no Iraque

Arcebispo de Kirkuk, reconhecido pelo seu empenho em favor da paz, está em Portugal para falar numa «Igreja mártir»

5/11/2011) O arcebispo iraquiano D. Louis Sako disse que a comunidade internacional deve proteger os cristãos no Iraque para servirem como “ponte” entre o Ocidente e o Islão, evitando a ‘talibanização’ do país.
“Sem cristãos, o que vai acontecer é que restarão apenas talibãs”, alerta, em entrevista à ECCLESIA, o responsável pela diocese caldeia de Kirkuk (300 quilómetros a norte de Bagdad).
Para D. Louis Sako, que em 2010 recebeu o ‘Prémio para a Paz’ do movimento católico internacional ‘Pax Christi’, os católicos iraquianos são uma “Igreja mártir” e uma presença “muito frágil”.
O arcebispo acusa grupos fundamentalistas de quererem “criar um Estado islâmico, com leis islâmicas”, através da violência.
“A democracia não é mágica, não se pode impor pela força, é um longo processo”, indica o prelado, defendendo a “separação entre religião e Estado”.
Neste sentido, D. Louis Sako fala num “inverno árabe”, lembrando que os jovens que defendem a mudança de regime “não têm liderança política” e estão à mercê de “islamitas” interessados em “impor a sua própria agenda”, dando como exemplo a situação da Tunísia e da Líbia.
A comunidade caldeia (rito oriental da Igreja Católica) no Iraque reza na mesma língua de Jesus, o aramaico, e sobrevive há 2 mil anos sem nunca ter tido um rei ou um império cristão no território iraquiano.
Estes fiéis viviam na região antes de Maomé, mas a hostilidade de grupos muçulmanos armados desencadeada com a invasão norte-americana, em 2003, já reduziu o número de cristãos para menos de metade.
“Muitos cristãos iraquianos foram mortos, muitos; muitas igrejas foram atacadas, muitas pessoas foram raptadas e ameaçadas”, assinala D. Louis Sako, para quem “os cristãos estão isolados, não estão protegidos, porque não têm milícias nem fazem parte de tribos”.
O arcebispo de 63 anos encontra-se em Portugal até ao próximo dia 13, a convite da Fundação Ajuda à Igreja que Sofre (AIS), para dar uma série de conferências sobre a situação dos cristãos no seu país.
O prelado admite que os europeus tenham dificuldades em perceber a situação dos católicos que são “minoria”, lamentando que haja quem permaneça “indiferente” diante do sofrimento dos outros.
Ser cristão, refere o arcebispo, é um "compromisso", citando o caso de um acólito, de 13 anos, raptado na diocese de Kirkuk, torturado para o levarem a abandonar a Igreja, que resisitiu aos agressores, acabando por ser libertado pelas forças norte-americanas.
D. Louis Sako diz não temer pela própria segurança: "O bispo é um líder, se tiver medo, se temer pela sua vida ou pelos seus privilégios, é melhor resignar. Nunca".
O arcebispo de Kirkuk vai estar no início da próxima assembleia plenária da Conferência Episcopal Portuguesa, segunda-feira, em Fátima, anunciou a AIS em comunicado enviado à Agência ECCLESIA.
A Fundação católica vai dedicar a campanha de Natal deste ano aos cristãos perseguidos no Iraque, onde o número de fiéis passou de 850 mil para 300 mil em apenas oito anos, uma realidade que a organização internacional apelida de “genocídio”.

Fonte: Radiovaticana.org

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