Papa visitou maior cadeia de Roma e pediu mais dignidade para quem está preso. Bento XVI criticou superlotação e degradação das condições de vida dos detidos
(18/12/2011) Bento XVI visitou hoje a maior cadeia de Roma, o complexo de Rebibbia, na periferia da capital italiana, deixando críticas à “superotação” destes estabelecimentos e pedindo que os presos não se tornem “excluídos”.
“Sei que a superlotação e a degradação das prisões podem tornar ainda mais amarga a detenção: chegam-me várias cartas de presos que o sublinham. É importante que as instituições promovam uma análise atenta às situações prisionais, hoje, que verifiquem as estruturas, os meios, o pessoal, de modo que os detidos não cumpram nunca uma ‘dupla pena’”, disse, no discurso pronunciado no local.
Neste sentido, Bento XVI deixou votos de que o sistema prisional seja “cada vez mais adequado às exigências da pessoa humana, no respeito pela justiça”, com recurso a penas que não impliquem detenção ou a “modalidades diversas” de prisão.
O sistema de detenção, frisou, visa “tutelar a sociedade de eventuais ameaças, por um lado, e por outro reintegrar quem falhou, sem afetar a sua dignidade e exclui-lo da vida social”.
O Papa e 300 presos reuniram-se na capela do estabelecimento, para um momento de diálogo em que os detidos puderam colocar as suas perguntas.
“Estou comovido com esta amizade que sinto pela parte de todos vós”, declarou, respondendo ao primeiro preso que apresentou uma questão.
Para Bento XVI, a visita é “um gesto público que lembra aos cidadãos” as dificuldades que se vivem nas cadeias, manifestando a sua “esperança” de que o Governo faça os possíveis para “melhorar a situação”.
Bento XVI tinha sido recebido pela ministra da Justiça italiana, Paola Severino, pelo diretor e os capelães da prisão, encontrando-se ainda com elementos da polícia e voluntários.
A poucos dias do Natal, o discurso Papal quis sublinhar a importância, na tradição católica, de visitar e ajudar “quem tem fome, um estrangeiro, um doente, um preso”, como se fosse “o próprio Cristo”.
“Vim para dizer-vos, simplesmente, que Deus vos ama com um amor infinito”, disse Bento XVI aos detidos, lembrando que Jesus “fez a experiência da cadeia, foi submetido a juízo num tribunal e sofreu a mais feroz condenação à pena capital”.
O Papa recordou a atenção da Igreja pela justiça dos Estados, citando parte do documento que ele próprio entregou no Benin em Novembro passado.
Desejaria colocar-me á escuta da vicissitude pessoal de cada um – disse o Papa – mas não é possível; porém vim dizer-vos simplesmente que Deus vos ama com um amor infinito, e sois sempre filhos de Deus.
“É urgente, portanto, estabelecer sistemas judiciários e prisionais independentes, para restabelecer a justiça e reeducar os culpados. É preciso também banir os casos de erro da justiça e os maus tratos dos prisioneiros, as numerosas ocasiões de não aplicação da lei, que correspondem a uma violação dos direitos humanos, e as detenções que só tardiamente ou nunca chegam a um processo. « A Igreja reconhece a sua missão profética junto de quantos acabam envolvidos pela criminalidade, sabendo da sua necessidade de reconciliação, de justiça e de paz ». Os presos são pessoas humanas que, apesar do seu crime, merecem ser tratadas com respeito e dignidade; precisam da nossa solicitude”.
O Papa concluiu a sua intervenção afirmando que a Igreja “sustenta e encoraja qualquer esforço destinado a garantir a todos uma vida digna”.
O encontro terminou com a recitação de uma “oração atrás das grades”, redigida e lida por um dos presos.
Antes de deixar Rebibbia, regressando ao Vaticano para a recitação da oração do Angelus, o Bento XVI benzeu um cipreste, plantado diante da capela, como recordação pela sua visita, a segunda a uma cadeia, depois de em 2007 ter passado pela prisão de menores de Casal Del Marmo, também em Roma.
Fonte: Radiovaticana.org
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