Qual é a história e quais são os desafios da Igreja no Iraque?
No verão de 2009, eu deixei o Iraque pela primeira vez, para prosseguir meus estudos superiores em uma das universidades pontifícias de Roma. Nos primeiros dias de aula, os professores gostam de conhecer os alunos. Eles fazem sempre a mesma pergunta: "de que país você é?". Eu sempre respondia com orgulho: “venho de Bagdá, no Iraque”. Muitas vezes, eu via a expressão de surpresa no rosto dos colegas, ao perceberem que havia entre eles um padre iraquiano. Muitos me perguntavam: “mas ainda restam cristãos no Iraque?”.
No verão de 2009, eu deixei o Iraque pela primeira vez, para prosseguir meus estudos superiores em uma das universidades pontifícias de Roma. Nos primeiros dias de aula, os professores gostam de conhecer os alunos. Eles fazem sempre a mesma pergunta: "de que país você é?". Eu sempre respondia com orgulho: “venho de Bagdá, no Iraque”. Muitas vezes, eu via a expressão de surpresa no rosto dos colegas, ao perceberem que havia entre eles um padre iraquiano. Muitos me perguntavam: “mas ainda restam cristãos no Iraque?”.
A impressão é que muitos ignoram a
verdade sobre a presença cristã na Mesopotâmia desde o primeiro século, e
a presença da igreja mais antiga do Oriente Médio, a "Igreja de Kochi"
no sul de Bagdá, como também a descoberta de numerosos monumentos
cristãos e tumbas em Najaf, uma cidade que remonta aos primeiros
séculos. Também ignoram que até hoje existem cristãos em Bagdá, Mossul e
Basra. Apesar do flagelo da emigração, que continua a sangrar o coração
do Iraque, os cristãos procuram viver sua fé, que está profundamente
enraizada nesta terra, como reconhecem até mesmo os muçulmanos.
O cristianismo lançou raízes na
Mesopotâmia no século primeiro com São Lucas, que anunciou a Boa Nova
antes de ir para a Índia, e deixou ali dois discípulos que continuaram o
seu caminho, como nos conta a história. No século IV, quando a Igreja
já estava organizada, os cristãos foram perseguidos duramente por 40
anos. Os cristãos – que viviam sob o domínio do Império Persa – foram
acusados de ser fiéis ao Império Romano, e tinham má fama por se
recusarem a adorar reis e príncipes. Por isso, eles sofreram
perseguições que custaram a vida de milhares de mártires, incluindo o
patriarca Shimon Borsobai, que foi condenado à morte, juntamente com um
grande número de bispos e padres, todos assassinados em uma Sexta-feira
Santa.
Com a chegada do Islã, os cristãos
deram testemunho de convivência pacífica e de respeito pelas diferenças.
Contribuíram amplamente para o desenvolvimento do movimento científico e
cultural, especialmente durante o Califado Abássida, quando Bagdá era a
capital do país. Os cristãos tiveram um papel notável na história da
interação cultural do mundo então conhecido. Todas as fontes históricas,
antigas e modernas, reconhecem a sua contribuição.
A história de nossa Igreja foi
marcada, de geração em geração, até hoje, pelo sangue dos mártires.
Pessoas de quem nos orgulhamos, porque desafiaram as perseguições para
levar a sua fé. E como nos primeiros séculos a fé atravessou o mundo até
chegar à China, hoje nutrimos a firme esperança de que esta fé vai
alcançar os corações sedentos de Cristo, especialmente neste Ano da Fé
proclamado pelo Papa Bento XVI.
Apesar das dificuldades e dos
desafios internos e externos que afetaram sua história, a Igreja da
Mesopotâmia continuou a dar testemunho de Cristo e preservou as
características que a marcaram desde o início: a sua catolicidade, por
que nunca foi uma Igreja nacionalista, mas sempre acolheu diferentes
povos da Mesopotâmia, preservou o aramaico, a língua de Cristo, ainda
usada; os fiéis amaram sua Igreja e nunca a abandonaram, apesar dos
ataques terroristas dos últimos anos, ataques a igrejas, ameaças,
sequestros e assassinatos de bispos, sacerdotes; a violência que os
força a abandonar suas casas, roubando sua identidade nacional, para
reduzi-los a cidadãos de segunda classe em seu país de origem.
De: aleteia.org
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