Estamos
concluindo a Quaresma. Esses quarenta dias nos ajudaram, certamente, a
nos conhecermos um pouco melhor. Sabemos das nossas incoerências, de
nossas infidelidades e de nossas fraquezas. Ao considerarmos nossa vida,
lembramos que houve momentos em que nos deixamos levar pelo entusiasmo.
Foram momentos em que nos identificamos com Pedro e, como ele, dissemos
a Jesus que o seguiríamos até onde fosse preciso e que estaríamos
sempre a seu lado. Da mesma maneira como o povo de Jerusalém à entrada
de Jesus, montado no burrico, nós o aclamamos como nosso Senhor e nosso
Salvador.
Mas, também,
recordamos os vários momentos em que nos comportamos tal como o povo de
Jerusalém diante de Pilatos, Ou como Pedro nos momentos de dificuldade.
Negamos e abandonamos os seus caminhos e colocamos o coração, a vida e a
esperança em outros senhores que nos conduziram sem que pudéssemos
evitar a escravidão e a morte. Da mesma maneira como o povo de Jerusalém
no momento da Paixão, gritamos: “Crucifiquem-no”. E, como Pedro,
preferimos dizer que não o conhecemos, que nós de nada sabemos e que
jamais estivemos juntos a esse senhor que chamam de Jesus. Nossa vida se
vai tecendo com essas inconstâncias e incoerências. Mas, ante tudo
isso, encontramos a constância e a coerência de Jesus, o Filho de Deus, o
enviado do Pai, empenhado em nos mostrar seu amor até o final, até
oferecer sua vida completamente por nós.
Deus é
obstinado em seu amor. Não se demove nem um centímetro e, ainda que
digamos que não o conhecemos, continua nos admitindo como filhos e
irmãos, como membros queridos de sua família. Aí está a chave da
celebração da Semana Santa. Recordamos o amor de Deus por nós. Mais
forte do que a morte e, com certeza, mais forte do que o nosso próprio
pecado. O ponto chave para o entendermos está no olhar que Jesus lança a
Pedro, quando este o nega pela terceira vez. Foi um olhar cheio de
carinho. Conhecia-o bem em sua fraqueza, mas nem por isso o amava menos.
Hoje esse olhar chega a cada um de nós. Conhece-nos bem, por dentro e
por fora. Jesus nos olha com carinho e amor pleno.
Na Semana Santa
já não é tempo de olharmos para nós mesmos e para nossas faltas, mas de
contemplar o amor de Deus, manifestado em Jesus.
Que o relato da Paixão chegue bem fundo ao nosso coração!
De: portalecclesia.com
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