08 junho 2013

Resposta a um protestante - A intercessão dos Santos



Sou protestante e não estou aqui para ofender e nem em busca de discussões, apenas gostaria que respondesse algumas perguntas.
Lendo algumas mensagens suas fiquei intrigada a respeito de sua posição em relação a nós protestantes. A minha e a sua bíblia relatam que o dever do cristão é levar o evangelho a toda criatura, ou seja, aquele que tem sido enganado com falsas doutrinas também têm a oportunidade de ouvir a verdade. Logicamente, se eu quero ganhar aquela alma para Jesus eu preciso explicar a verdade e não atacá-la, porque se ela está sendo enganada, com certeza não tem culpa dessa situação. Então por que você e a maioria dos católicos atacam o protestantismo quando o dever de um cristão é mostrar a verdade?
\"E tantos quantos vos não receberem, nem vos ouvirem, saindo dali, sacudi o pó que estiver debaixo dos vossos pés, em testemunho contra eles. Em verdade vos digo que haverá mais tolerância no dia de juízo para Sodoma e Gomorra, do que para os daquela cidade\" Mar 6:11


Como explica-se (com base bíblica) o contato que o ser humano mantém com os santos em pedidos, orações e intercessões? E quem os denomina santos?
Onde, na bíblia, isso aconteceu? Qual a base bíblica para uma pessoa ser canonizada?

Bem tenho outras perguntas, mas prefiro ir por partes. Logo que receber seu retorno faço restante das perguntas.

Obrigada!




RESPOSTA

Prezada Karina,
Salve Maria “Mãe de meu Senhor” (São Lucas I, 43)  
 
Não é ofensa alguma esclarecer suas dúvidas. Muito pelo contrário, se você tem dúvidas é porque sua base protestante apresenta falhas, ou seja, você não é segura de sua crença.
 
Você pergunta por que nós católicos atacamos o protestantismo, quando o dever de um cristão é mostrar a verdade. Segundo seu raciocínio, o correto seria ensinar sem atacar. Converter sem censurar os erros alheios. Curar as almas sem tocar nas feridas do pecado.
 
Minha cara Karina, pretender salvar o pecador sem atacar seu pecado é o mesmo que esperar a cura de um doente sem fazer guerra às suas mazelas. O médico que pretendesse salvar vidas deixando de combater as doenças, só aumentaria o índice de óbitos no hospital. Ora, salvar almas é como salvar pacientes enfermos. Se não se ataca o que está matando o pecador, ele certamente se perderá. Por isso Cristo atacou diversas vezes a hipocrisia dos fariseus, mostrando a necessidade de combater os maus.  
 
Note que estou atacando justamente os erros que o protestantismo lhe inculcou. Pois, para salvá-la, preciso agir como um cirurgião, manuseando o bisturi da verdade a fim de extirpar, com ataques certeiros, as mentiras protestantes de sua mente.
 
Exemplos dessa caridade abundam na Sagrada Escritura. São Paulo, por exemplo, mandou repreender asperamente os desobedientes, tapando-lhes a boca porque ensinam o que não convém: “Porque há ainda muitos desobedientes, vãos faladores e sedutores, principalmente entre os da circuncisão, aos quais é necessário fechar a boca [...] repreende-os àsperamente, para que sejam sãos na fé” (Epístola a Tito, I, 10-13). 
 
Portanto, atacar asperamente a rebeldia protestante, refutando seus erros contra a fé, é um modo bem cristão de defender e mostrar a verdade.
 
Atendida sua primeira pergunta, passo a responder a segunda sobre os santos.
 
Como todo protestante, você não aceita outros mediadores que nos favoreçam com súplicas e orações. Por isso você nos pede base bíblica para a intercessão dos santos e para os pedidos que dirigimos a eles.  
 
É com muito gosto que passo a atender sua exigência protestante.  
 
No livro de Jó, Deus faz a seguinte observância aos amigos de Jó que o censuravam injustamente:
 
"Tomai, pois, sete touros e sete carneiros, ide ao meu servo Jó e oferecei um holocausto por vós, e o meu servo Jó orará por vós; admitirei propício a sua intercessão para que não se vos impute essa estultícia" (Jó, XLII, 8).

Veja que é o próprio Deus quem exige a intercessão de Jó, sem a qual não será propício aos seus amigos.   
 
Falando a Abimelec, diz Deus:
 
"Agora, pois, entrega a mulher a seu marido, porque ele [Abraão] é profeta; e rogará por ti e tu viverás" (Gen XX, 7).
 
Por vontade divina, Abraão intercederá por Abimelec que viverá graças ao rogo do santo profeta.
 
Até aqui apresentei-lhe duas provas claras de intercessão, suficientes para persuadi-la do erro protestante. Entretanto, já prevejo sua imediata objeção: “É dos mortos que falo!”
 
Pensam os protestantes que, com a morte, cessa a comunicação. Os que estão no Céu simplesmente desprezariam os que ainda pelejam nesta terra, como egoístas que uma vez salvos, viram as costas para os irmãos. Ou defendem a doutrina ridícula da “dormição das almas” que, num estado de inconsciência profunda, ficam aguardando o juízo final.

Não me aterei a essa tolice facilmente refutável, até porque você apenas pede provas de intercessão.
 
Vamos então aos textos que confirmam a doutrina católica.
 
Ao implorar a misericórdia divina para com o povo de Israel, eis que Jeremias recebe uma resposta não muito agradável:
 
“Ainda que Moisés e Samuel se pusessem diante de mim, não estaria minha alma com este povo; lança-os fora de minha face e saiam” (Jeremias, XV, I).
 
Embora amarga, a resposta é reveladora. Ela nos leva a concluir que se não fosse comum o recurso aos dois eleitos [Moisés e Samuel], Deus não se daria ao trabalho de repeli-los. Essa rejeição imediata só tem razão por causa da súplica comumente direcionada a estes dois santos. Assim, Deus recebia freqüentemente os pedidos de Moisés e Samuel, mas, devido às circunstâncias, não irá ouvi-los desta vez.
 
Explico-lhe com o seguinte exemplo.
 
Movida por compaixão, uma mãe sempre roga ao esposo para que tenha paciência com os filhos. A intercessão materna prossegue com eficácia, até que, não suportando mais a impenitência dos filhos, o pai perde a paciência e proclama sua sentença, em princípio, irreversível: “Ainda que sua mãe interceda eu hei de castigá-los”.  
 
A assertiva do pai só se justifica porque a mãe freqüentemente intercedia pelos filhos. De outro modo, não haveria razão de mencioná-la.     
 
Está aí uma prova de que já no Antigo Testamento era comum recorrer à intercessão dos santos.
 
Outra prova nos é dada por Cristo na parábola do pobre Lázaro e do rico epulão. Nesta parábola, o pobre Lázaro e o rico epulão morrem e são imediatamente julgados: Lázaro se salva e é levado para o seio de Abraão. Já o rico é condenado ao inferno de onde roga pela misericórdia de Abraão: “Pai Abraão, compadece-te de mim, e manda Lázaro que molhe em água a ponta do seu dedo, para refrescar a minha língua, pois sou atormentado nesta chama” (S. Lucas, XVI, 22-24).
 
Neste caso temos: a comunicação com os santos; o pedido ao santo e a resposta do santo. São os três pontos negados pelos protestantes, porém, registrados na Sagrada Escritura. E tem mais, caso a intercessão não fosse comum entre os judeus, Jesus não suporia em sua parábola uma invocação a um santo, pois certamente escandalizaria os ouvintes. Disso só podemos concluir que a prece a Abraão era de tal modo comum entre os hebreus, que Jesus pôde apresentá-la como algo habitual ao povo eleito.   
 
Vejamos um último caso bíblico de intercessão:
 
“Ora, aconteceu que um grupo de pessoas, estando a enterrar um homem, viu uma turma desses guerrilheiros e jogou o cadáver no túmulo de Eliseu. O morto, ao tocar os ossos de Eliseu, voltou à vida, e pôs-se de pé.” (II Reis XIII, 21).
 
São os ossos de um morto [Eliseu] que ressuscitam outro morto. Como isso é possível, cara Karina? Não há outra explicação senão aceitar que os santos permanecem vivos no Céu e que podem interceder por nós, inclusive fazendo milagres. 
 
Por último você nos pede base bíblica para a canonização. Ora, que há homens santos é a Sagrada Escritura que nos testifica. Santo Estevão, por exemplo, é uma prova inquestionável de santidade. Isto é um fato. Porém, declarar oficialmente que uma pessoa foi santa e, portanto, digna de veneração, é um atributo da Igreja, cuja autoridade divina provém de Cristo.
 
É verdade que nos primeiros séculos não existiam processos de canonização. Inicialmente, os cristãos veneravam os mártires que morriam heroicamente na arena por sua fidelidade a Cristo.  Por esse motivo eram cultuados como santos e suas relíquias operavam muitos milagres.
 
Esse culto aos santos e às suas relíquias remonta aos primeiros séculos. Contudo, para evitar abusos, a Igreja começou a instituir processos com intuito de examinar a vida e escritos daqueles que eram tidos por santos. A partir disso, deu-se então o início do chamado “Processo de Canonização”.
 
O que a Igreja faz é reconhecer oficialmente um santo, depois de uma análise minuciosa de sua vida. E, se no início do cristianismo, ou mesmo nos textos da Sagrada Escritura, a Igreja não aparece exercendo essa função mediadora, não quer dizer que futuramente ela não poderia assumir essa tarefa para melhor orientar o povo na devoção aos santos.
 
O importante é que os santos existem e que a Igreja Católica tem autoridade para reconhecê-los como modelo de vida e nossos intercessores no Céu.
 
Se você tiver interesse em saber qual o critério adotado pela Igreja para a canonização, indico-lhe a carta Processo de canonização dos santos.
 
Espero ter respondido suas dúvidas. Na esperança de sua conversão, despeço-me in Jesu et Maria, semper,
 
Eder Silva 


De: defesacatolica.org 

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