14 setembro 2013
A Angústia da Contradição
Chama a atenção de qualquer pessoa a aversão que grande parte dos protestantes nutre pela Igreja Católica. Bons e maus têm seguidores ou simpatizantes por todos os lados. As ideias mais inaceitáveis encontram adeptos e defensores em todo o canto. Por exemplo, nota-se em tempos de eleições todo o tipo de ideia ou ideologia. As propostas mais estranhas são aceitas ao menos por pequena parte do eleitorado. Dependendo do cargo que se pretende ocupar e da quantidade de votos necessários para eleição de determinado candidato, pode-se colocar no poder a partir de meros 50.000 votos ou menos, alguém com ideias contestadas as vezes por milhões de pessoas.
No entanto, contrariando a tendência natural do ser humano pela pluralidade, quando o assunto é a Igreja Católica, apenas com algumas raras exceções, percebemos nitidamente a aversão e ideias pré concebidas por parte dos irmãos protestantes.
Todos são maus no catolicismo? Não há e nunca houve um sacerdote justo ? Não há uma só doutrina ou dogma católicos que estejam certos?
Ora, se a máxima protestante estiver correta de que placa de igreja não salva ninguém, também estará correta a afirmação de que placa de igreja não condena ninguém. Então por que tão grande hostilidade se é o protestante quem diz que placa de igreja nada garante e consequentemente assume que esta mesma placa não pode condenar?
O protestante vive uma angústia infernal. E por que ? O protestante estabeleceu para si próprio o princípio Sola Scriptura: tudo tem de ser explicado pela Bíblia. Entretanto, o protestante admite e com razão que a Bíblia é a palavra infalível de DEUS. Sendo assim, uma vez que a palavra de DEUS é infalível, não se pode admitir que duas pessoas interpretem de modos diferentes o mesmo texto bíblico.
É exatamente este um dos telhados de vidro do protestantismo. Não há protestante que concorde com outro protestante integralmente em matéria de fé e doutrina. E todo se dizem certos. E todos dizem que foram inspirados pelo Espírito Santo.
Sinceramente, acreditamos que muitos protestantes abraçaram o protestantismo por boa-fé e estes mesmos agem com sinceridade diante de DEUS. Para estes, é evidente que uma angústia perturbadora lhes assalta a todo o momento. No caso das seitas e de seus falsos pregadores não se deve falar em angústia ou receios, já que para estes o evangelho e Jesus são apenas meios de se ganhar dinheiro. Eles mesmo não acreditam no que pregam.
Estamos falando para os protestantes sérios e comprometidos com o cristianismo e que por questão de justiça somos forçados a dizer que repudiam e contestam as inovações e modismos introduzidos pelos falsos mestres. Um bom número de protestantes se posiciona de forma firme contra as novidades e blasfêmias introduzidas no meio cristão pelos inúmeros falsos profetas que andam por aí.
Pois bem. Se um e outro protestante não concordam em matéria de fé e doutrina, é certo que pelo menos um deles está errado. E quem está errado, portanto, fazendo diferente do que ensina a Bíblia que é a palavra de DEUS infalível, por certo estaria praticando heresia na visão do outro protestante que lhe faz oposição. Não por acaso, não há protestante que não tenha sido acusado de heresia por outro protestante e não há protestante que não acuse outros de heresias.
Surge a agonia infernal que deveria preocupar cada protestante: nem todos estão interpretando as escrituras sagradas corretamente. Como então resolver o problema ?
Se é certo que Jesus só tem uma opinião firme e verdadeira para cada tema e se é certo que ele não muda jamais, como conciliar doutrinas tão divergentes entre si de modo que todos os protestantes sintam-se seguros quanto a salvação ?
Duas situações dão ao protestante a falsa segurança de que sua eventual heresia não lhe condenará ao inferno.
1º situação: A primeira é a salvação garantida. Quem aceita Jesus está salvo e já não importa o tipo de cristianismo ou o Jesus no qual se acredita. Levantou o dedo e fez o favor de “aceitar” Jesus já está salvo. E a maioria diz ainda que salvação garantida não pode ser perdida.
Ou seja, assim como Lutero que disse que o homem deveria pecar o máximo possível que ainda assim seria salvo pela fé, o protestante acredita que tendo “aceitado” Jesus, suas eventuais heresias não serão levadas em conta e neste caso a salvação obtida a partir do “aceita Jesus” é algo que não pode ser perdido ainda que posteriormente ele se torne um herege formal.
Surge porém um problema com esta teoria. Se estão todos salvos e salvação não pode ser perdida, podemos afirmar que pastores, pregações, leitura bíblica, dízimos, DVDs, CDs, música Gospel e mesmo igrejas protestantes são irrelevantes. Se todos estão salvos, por que fazer cultos para quem já está salvo e sendo que tal salvação nem mesmo pode ser perdida ? Esta é a heresia da predestinação de Calvino que levou as idéias de Lutero até as últimas consequencias.
Por que pagar dízimos ? Por que leitura da Bíblia ? Por que pregações ? Se todos estão salvos e salvação não pode ser perdida, nem mesmo igrejas protestantes são necessárias. Por que cultos e pregações para pessoas que já estão salvas e pessoas que teoricamente não precisam de pastores ou igrejas já que contam com a “assistência” do Espírito Santo na leitura bíblica de modo que podem interpretar as sagradas escrituras e podem conhecer a sã doutrina ? O protestante não explica e pouco lhe importa que a doutrina da salvação garantida não faça sentido algum.
Para resolver esta nova angústia, pois qualquer pessoa de bom senso pode concluir que a salvação não é algo automático e imutável, mas depende de nossas ações e perseverança, uma outra situação de certo modo recobra a “paz” do protestante quanto a salvação:
2º situação: O outro critério usado pelo protestantismo para trazer segurança aos seus filhos quanto a salvação foi nutrir aversão pela Igreja Católica. Combate-se um inimigo imaginário e que deve ser enfrentado por todos. Este suposto inimigo seria o maior herege de todos. Culpado por tudo. Já tem gente culpando a Igreja Católica pelas atuais divisões das divisões no protestantismo...
Assim, quando o Senhor lhes cobrar as doutrinas estranhas ao evangelho que eles pregaram, certamente dirão que combateram os maiores hereges ou o maior fabricante de heresias que já existiu!
As doutrinas protestantes alimentam-se basicamente do anti catolicismo. Os regimes totalitários utilizam-se deste expediente, criando inimigos imaginários que devem ser combatidos e que servem como cortinas de fumaça para que ninguém tenha que enfrentar os seus próprios desmandos e equívocos.
Uns elegem determinadas nações como inimigos. Outros elegem a imprensa, uns acusam os governos ou a ONU e muitos outros elegeram o papa ou a Igreja Católica como principais inimigos.
Seria natural que muitos protestantes ou evangélicos, como são conhecidos no Brasil, chamassem os católicos de irmãos em Cristo quando entre eles várias afinidades são evidenciadas. Seria natural que evangélicos defendessem católicos quando estes se destacam por iniciativas ou ações. Seria lícito esperarmos apoio para eventuais discursos de sacerdotes em defesa de princípios cristãos comuns ou na defesa da fé.
Mas, nada disto ocorre. Se um católico confessa Jesus Cristo como Senhor, lá vem uma crítica por causa de um pronome ou uma vírgula usada. Se temos procissão somos idólatras. Se batemos palmas não temos respeito. Se não batemos palmas somos frios. Se tem celibato, deveríamos casar. E assim por diante. Mesmo nas críticas, um grupo de evangélicos acusa a igreja de ter modificado a doutrina. Então vem outro grupo e acusa a Igreja Católica de ser dogmática, arcaica e que nunca se moderniza. Nem nas críticas os protestantes conseguem consenso.
Escândalos ou erros de sacerdotes católicos 500 anos atrás causam maior indignação aos evangélicos do que um fato ainda mais grave praticado por um dos seus pares no presente. Isto é estranho ! O protestante nos aponta o dedo e nos diz que somos ímpios. Ora, se somos ímpios, seria mais natural que pecássemos. E sendo eles o “Povo de DEUS”, não seria natural que fossem mais intolerantes com seus próprios erros ?
Mas não é assim que funciona. Um católico 600 anos atrás que tenha cometido crimes é lembrado rotineiramente e todos os católicos atuais parecem ter que pagar pela infâmia ou escândalo causado séculos atrás. Entretanto, quando o evangélico se depara com escândalos e desmandos em seu próprio meio, muitos se ocupam de defender o indefensável, enquanto outros tratam com desprezo e descaso as ocorrências de tais abusos ou desvios.
Mais estranho ainda é o fato de que na Igreja Católica nunca se defendeu que não há pecadores entre nós. Pelo contrário. A inerrância da Igreja refere-se as questões de fé, moral e doutrina. Nunca foi dito que filhos da Igreja estão imunes ao pecado.
Quanto aos escândalos, o próprio Jesus nos adverte que cuidaria daqueles através dos quais os escândalos são introduzidos. Na prática Jesus está nos dizendo que sempre se encarregaria de purificar sua igreja. Quem torna Lutero “indispensável” em verdade não creu na promessa de Jesus.
O fato é que não compreendendo a diferença entre infalibilidade e “impecabilidade” os protestantes criaram igrejas que supostamente não deveriam ter pecadores. Evidente que tal situação não foi possível. Isto eles já descobriram. Lutero não demorou a concluir.
Falta coragem de assumir que além de edificar igrejas com pecadores, agora os protestantes já não contam com o dom da infalibilidade que é reservado exclusivamente à Igreja Católica e APOSTÓLICA, a única que Jesus Cristo instituiu e disto o protestante-evangélico-crente não poderá fugir, já que admite e confessa que suas igrejas foram fundadas por homens. Por exclusão, se há uma igreja divina esta não pode ser protestante. E se a Igreja de Jesus não fosse católica, mas fundada por homens, então pelo menos também teríamos o direito de interpretar como os protestantes, alegando ainda que fomos inspirados pelo Espírito Santo em nossas interpretações privadas.
Não por acaso, as heresias vistas em larga escala no meio cristão são patrocinadas exclusivamente pelo protestantismo. Unção da galinha, unção do cachorro, unção do zoológico, unção do chifre, unção da meia, unção do helicóptero, unção da vaca, batismo em parque de diversões, teologia da prosperidade, pregação pelo aborto, pregação pelo divórcio, unção do riso, regressão ao útero materno, unção da vassoura, transferência de unção, descarrego, fogueiras santas, desafios financeiros e tantas outras que demandariam um texto ainda maior. Já tem gente até dizendo que ajudar os pobres desvia recursos da “igreja”. Que horror !!!
Ora, Jesus disse que devemos temer mais aqueles que matam a alma do que aqueles que matam o corpo. Em outras palavras, as heresias podem ser mais nocivas do que os erros comuns a todos os homens. Que situação conflitante vive o cristão que nega a Igreja Apostólica e Católica! Sua auto suficiência não lhe permite retroceder. Desesperados, precisaram construir um inimigo maior e supostamente mais herege. E para não ter surpresas, nada melhor do que um conceito que “garante” salvação. Por via das dúvidas, melhor ainda é fazer desta salvação um tesouro que não pode ser perdido e que seja independente do cristianismo que se pratica ou do Jesus que cada um segue.
Dois protestantes e um católico estão conversando. O primeiro protestante se diz favorável ao aborto. O segundo se diz contrário. O católico que participa da conversa concorda com este segundo protestante que é contrário ao aborto. Qual a dupla entre os três que citamos que se auto denominará como “irmãos” em Cristo ? Resposta: Os dois protestantes, ainda que absurdamente divergentes entre si e ainda que um deles se afine em termos de doutrina mais com o católico do que com o outro protestante.
O dedicado e comprometido protestante não compreende que ele vive um ciclo vicioso e viciado. Vicioso porque se repete. Viciado porque todos cometem os mesmos erros. Se o protestante defende a livre interpretação da Bíblia terá que conviver com os ignorantes e os maus que se utilizam da Palavra de DEUS para proveito próprio.
Pensa este protestante que o meio de evitar as heresias e deformações seja o estudo bíblico mais aprofundado. Tem gente clamando por um vigoroso e generalizado estudo bíblico no meio protestante como forma de combater as heresias. Engana-se este evangélico de boa-fé. Quanto mais estudo e teologia sem o alicerce de um magistério confiável, mais e mais a cada dia surgirão novos pseudo mestres e “sábios” que eventualmente condenarão até mesmo os bons professores e estes novos “sábios” fundarão novas seitas que produzirão novos “estudiosos” que, seguindo os passos dos primeiros também se dividirão e introduzirão novas heresias. E o ciclo se repete ininterruptamente.
Todo aquele que estuda a Bíblia fora da orientação das autoridades legítimas constituídas pelo Senhor Jesus acaba pensando saber mais do que os outros. Quanto mais “sábio”, mais se pretende ensinar e menos se pretende aprender.
Um aluno de escola regular estuda história sob a tutela do professor. Ele não pode mudar a seu bel prazer os fatos ocorridos e alterar a ordem dos acontecimentos ou as personagens envolvidas. O professor está presente para lhe corrigir e restabelecer a verdade para que os demais não sejam contaminados pelos enganos daquele aluno.
Sem magistério confiável que define todas as coisas, cada qual está por conta própria e tudo fica ainda pior quando todos se dizem inspirados pelo Espírito Santo, o que dá “certeza” a cada intérprete de que sua doutrina é a doutrina correta.
Por outro lado, constituir um magistério que defina todas as coisas aniquilaria o próprio protestantismo que pretendia, segundo seus adeptos, promover a liberdade na interpretação da Bíblia e o rompimento com submissão de qualquer espécie, em especial a submissão à Igreja de Roma e ao Santo Padre.
O protestantismo não tem saída. Não há como evitar o progresso em larga escala de maus pregadores, hereges e seitas de toda ordem.
O genial e santíssimo São Tomás de Aquino, Doutor da Igreja disse e o disse bem: “Espero nunca ter ensinado nenhuma verdade que não tenha aprendido de Vós. Se, por ignorância, fiz o contrário, revogo tudo e submeto todos meus escritos ao julgamento da Santa Igreja Romana"
Em contraste com a humildade do sábio, santo e doutor católico, disse o orgulhoso e soberbo Martinho Lutero pai de todas as seitas e evangélicos: “Quem não crê como eu está destinado ao inferno. O meu juízo e o juízo de DEUS são a mesma coisa.”
Cada protestante é uma espécie de super Papa infalível para si mesmo. Sua leitura bíblica é sempre superior à leitura bíblica alheia. Apenas os mais acomodados que não desenvolvem o hábito da leitura bíblica é que irão permanecer seguindo pregadores e denominações. E isto é desastroso, pois muitas vezes nos deparamos com ignorantes guiando ignorantes, não importa a boa intenção que tenham. Cria-se assim uma grande confusão e o cristianismo vira uma babel.
Por outro lado, aqueles mais preparados e mais estudiosos logo descobrirão que “sabem mais” do que seus mestres e professores. Estes mesmos farão críticas aos seus próprios pares e definirão por conta própria quem pratica ou não heresias.
A Bíblia nos ensina que as escrituras devem ser examinadas por serem úteis. Exame porém não significa interpretação. Erram os que não examinam a Bíblia. Tornam-se ignorantes e sujeitos a toda a sorte de novidades e ventos de doutrinas. Erram os que ao invés de examinarem resolvem interpretá-la por conta própria. Tornam-se mestres de si próprios, sábios aos seus próprios olhos e juízes de tudo e de todos.
A Igreja é coluna e sustentáculo da verdade (1Tm 3,15). Assim, o próprio texto bíblico confirma a autoridade da Igreja sobre as Escrituras. Afinal de contas não foi a Igreja constituída pela Bíblia, mas a Bíblia apresentada ao homem pela Igreja.
Não por acaso o texto bíblico recomenda que toda Escritura é útil para o aprendizado. Em outras palavras, útil significa auxílio. Confundir utilidade com suficiência é confirmar que todo e qualquer homem pode livremente interpretar a Bíblia e assim não há como condenar heresia alheia se não há antes um magistério confiável que defina previamente o que é heresia.
Ao invés de atender a determinação bíblica de que a fé vem pelo ouvir, a fé do protestante acaba vindo pela sua própria leitura privada da Bíblia.
Quem é o ser humano que deseja ouvir e aprender de outro aquilo que ele julga que pode entender por si próprio ?
Assim, a fé do protestante em Jesus é a fé que cada um entendeu sobre Jesus através de sua leitura bíblica particular. Se por vezes homens mais preparados e estudiosos conseguem aproximar-se da doutrina do Jesus verdadeiro, muitos outros acabam “crendo” em um Jesus que não existe, mas fabricado a partir de conclusões decorrentes da leitura particular de cada um. E este Jesus que se opõe ao Jesus da Bíblia e que cada qual entendeu a partir de sua própria leitura particular da Bíblia, é que será ensinado aos homens que não conhecem o evangelho, e no Brasil, particularmente será ensinado aos católicos que não conhecem a fé que pensam praticar.
Ora, a contradição já se inicia na própria pregação de um protestante para qualquer homem ou mulher. Como pretende o protestante convencer quem quer que seja, se antes mesmo de qualquer coisa quem lhe ouve deve crer que DEUS não constituiu a Igreja como coluna e sustentáculo da verdade e nem concedeu a homem algum o dom da infalibilidade ?
A angústia infernal da contradição se dá ainda em última análise a partir do princípio criado pelo protestantismo e ao qual cada protestante está obrigado: o próprio Sola Scriptura “Só a Bíblia”. Ora, somos julgados pelos critérios que estabelecemos para os outros. Se somos misericordiosos, havemos de alcançar misericórdia de DEUS. Mas se somos rígidos, inflexíveis e intolerantes, estamos sujeitos ao julgamento de DEUS na mesma medida.
Quem se obrigou ao “Só a Bíblia” não fomos nós católicos. Não somos seguidores de Lutero. Escutamos a Igreja. O “Só a Bíblia” é um critério protestante, criado por reformadores protestantes e para seus seguidores crentes, evangélicos e protestantes.
Curiosamente, nossos dogmas, costumes de fé e doutrinas são cobradas pelos irmãos a partir do critério que deveria valer somente para eles. E eles próprios não se dão conta de que o “Só a Bíblia” lhes condena, porquanto não havendo concordância no que se refere às questões de fé e doutrina, é óbvio que muitos estão saindo da Bíblia que deveria ser seguida por todos e pela qual todos, sem exceção, estão obrigados.
Quem cobra “Só a Bíblia” e nada além dela e concorda que a Bíblia é a palavra infalível de DEUS, obrigou-se ao princípio que pretende impor aos demais.
Quem é o cristão que gritando “Só a Bíblia” poderá desculpar-se por doutrina anti bíblica que tenha pregado ?
Quem é o cristão que gritando “Só a Bíblia” e dizendo-se inspirado pelo Espírito Santo em sua leitura bíblica poderá dizer que não entendeu o que leu ?
Como é seguro ser católico né ? Se fosse possível que a Igreja Católica cometesse erros em matéria de fé e doutrina, ainda assim poderíamos dizer a Jesus que fizemos o que estava nas escrituras e assim não interpretamos a Bíblia porque segundo Pedro nenhuma interpretação é de caráter particular. E poderíamos dizer que acreditamos na Bíblia porque a Igreja Católica nos disse que era para crermos. E também poderemos dizer a Jesus que não confiamos na nossa leitura bíblica, porquanto a mesma Bíblia, em Timóteo, nos ensina que a Igreja é coluna e sustentáculo da verdade. Podemos dizer que deixamos exclusivamente para a Igreja a tarefa de interpretar corretamente as escrituras e nos ensinar como ensinou ao eunuco (At 8, 30,31)e a milhões de convertidos por 2012 anos. E poderemos falar ainda que escutamos o conselho de São Paulo e guardamos as tradições que nos foram transmitidas por escrito ou não. E podemos acrescentar que aprendemos estas tradições com a Igreja. Podemos até dizer que confiamos em Pedro por causa das palavras de Jesus para que ele apascentasse as ovelhas e confirmasse seus irmãos na fé.
Se fosse possível erros na doutrina católica, nós católicos ainda poderíamos culpar a Igreja, São Paulo ou ao Papa. Quem sabe poderíamos ouvir: “Pai, perdoe aos católicos. Eles são leigos e não sabiam o que estavam fazendo.”
Ora, alguém perguntou a Jesus se ele era o filho de DEUS. Ele disse: “Tu o dissestes.” São nossos irmãos separados que dão testemunho de nós quando nos chamam de seguidores de papas ou quando nos dizem que nós não devemos considerar placa de igreja ou que o nome “Igreja Católica” não está na Bíblia.
São os protestantes que reafirmam nossa crença nos santos declarados pela Santa Igreja. São eles que testemunham que aceitamos a Bem Aventurança de Maria. São eles que testemunham sobre nós no que se refere ao batismo, purgatório, sacramentos e Eucaristia. São os protestantes que testemunham sobre a confissão dos pecados ao sacerdote praticada no catolicismo. Em última análise, são os protestantes que dão testemunho que somos ensinados pela Igreja. São eles que nos dizem que pertencemos à Igreja Católica. São eles que testemunham sobre nossa fidelidade a Pedro.
E o protestante que tudo sabe a partir de sua própria leitura bíblica “inspirada” pelo Espírito Santo e que está obrigado ao critério “Só a Bíblia” ? O que poderá dizer em sua defesa se era “conhecedor” de todas as coisas, capaz inclusive de apontar a heresia alheia e a trave nos olhos dos outros?
Diante do conflito angustiante ao qual cada cristão protestante está sujeito a partir das escolhas que fez, nada melhor para lhe trazer uma falsa segurança do que acreditar na salvação garantida a partir do “aceita Jesus” e a eleição de um inimigo comum e “destrutivo” que deve ser vencido e que representa a maior de todas as heresias, a Babilônia, o trono do anticristo, um herege idólatra imperdoável.
Nós católicos devemos dar graças ao Senhor pelo seu imenso amor. Conhecendo nossas fraquezas, nossas imperfeições, mazelas, soberba, arrogância, não fomos abandonados à nossa própria sorte ou aos nossos julgamentos parciais e imprecisos. Mas o amor de DEUS pela humanidade excedeu todo entendimento. Depois de nos dar o salvador perpétuo e perfeito, ele instituiu o corpo místico do nosso Senhor Jesus Cristo que é a Igreja de modo que assim se cumpra a promessa do salvador: “Eis que estarei convosco até o fim dos tempos”.
Infelizmente muitos não creram nesta promessa e elegeram Lutero, Calvino, entre outros, como “mestres” e “sábios” a serem seguidos.
A igreja inerrante tudo nos ensina e constitui-se em caminho seguro para nossa santificação rumo à pátria celeste. Já não somos nós que devemos descobrir por conta própria e a partir de nossa leitura bíblica privada a igreja que devemos integrar e amar, as doutrinas que devemos seguir e repudiar, e, nem mesmo precisamos decidir quem é ou não herege ou quem vai ou não para o céu.
O Cristo nos salva. A Igreja nos ensina. O espírito nos santifica. E o Pai julga todas as coisas.
E ainda ganhamos Maria como caminho mais reto e seguro para Cristo. Ela mesmo diz: “Fazei tudo que ele vos disser.”
Diferente dos evangélicos protestantes que repudiam Maria, façamos como João que atendendo ao pedido de Jesus levou Maria para casa. Façamos ainda como Isabel e fiquemos cheios do Espírito Santo ao ouvir o nome de Maria. Tenhamos o comportamento de João Batista e estremeçamos de alegria com a visita da Virgem Santíssima. Façamos como o anjo do Altíssimo e soberano DEUS e digamos em alto e bom som: “Ave Maria”.
E ainda temos os exemplos de nossos santos que dão testemunho do poder do DEUS vivo que é capaz de transformar toda e qualquer criatura humana. Negar que alguém possa ser santo é duvidar que o autor de toda a santidade é capaz de produzir obras perfeitas. Ele mesmo diz: “Sem mim nada podeis fazer.” Quem é santo, é santo por causa de Jesus Cristo. Negar tal verdade é duvidar do poder sem limites de Nosso Senhor Jesus Cristo. Que amor sem medidas do Altíssimo DEUS pela humanidade!
Infelizmente, o protestante está amarrado ao critério que criou para si próprio. Nada melhor do que impor aos católicos o “Leia Bíblia” para se auto convencer que existem outros interpretando de forma ainda mais equivocada do que ele próprio.
Ao contrário da aversão quase que unânime dos protestantes em relação a Igreja Católica e APOSTÓLICA, nossa igreja, a única e verdadeira Igreja de Cristo, nos ensina que nem mesmo estamos autorizados a culpá-los pela divisão do corpo de Cristo ocorrida 500 anos atrás. Somente a Igreja, coluna e sustentáculo da verdade, é que pode definir o que é heresia ou quem é herege.
Nos ensina a Igreja Católica que é justo chamarmos de cristãos nossos irmãos separados que confessam o DEUS uno e trino, e Jesus Cristo como Senhor e nosso único salvador.
Ao contrário dos protestantes que exigem novo batismo para ex católicos, nossa Igreja acata a maior parte dos batismos produzidos nas denominações protestantes, porquanto ninguém pode dizer que Jesus Cristo é senhor se não pela ação do Espírito Santo. Assim, a Igreja não se faz maior do que seu senhor. Acaso é o servo maior do que o mestre ?
Pelos frutos, podemos conhecer a árvore. Para quem não tiver medo da verdade não será difícil descobrir onde se encontram em plenitude todos os meios de salvação.
Para os católicos vacilantes, lembramos as palavras de Jesus que nos ensinam que a porta é estreita. Desconfiem daqueles que dizem que não precisam de papa ou que não precisam de Igreja. Estes mesmos que desprezam os sacramentos, a confissão de seus pecados ao sacerdote e que pensam que basta levantar o dedo e aceitar Jesus que já estão salvos. Não é tão fácil assim chegar ao céu. As vidas dos santos, mártires e verdadeiros apóstolos de Cristo confirmam que nunca foi fácil o caminho da salvação.
Desconfiem ainda daqueles que pregam um Jesus triunfalista quando o próprio Senhor nos advertiu que no mundo teríamos tribulações.
A verdadeira igreja de Cristo cuida das almas de seus fiéis. Ministra sacramentos, confissão, indulgências e estimula as boas obras. A verdadeira Igreja trabalha pela santificação das almas e para que se cumpra: “...que nenhum de nós se perca.”
A cada protestante perguntamos como é possível ter certeza do seu próprio acerto e do erro alheio, se um outro protestante com a mesma Bíblia lê, interpreta e faz tudo diferente daquele que julga estar certo ? Ambos entendem que estão certos e um discorda do outro. Tal é a angústia da contradição.
Constituir um inimigo comum e repetir aos quatro ventos a certeza da sua salvação pessoal são questões nas quais o evangélico protestante precisa acreditar desesperadamente. Do contrário, viverá uma permanente angústia infernal e a incerteza completa sobre o que é ou não agradável aos olhos do Senhor. Crer na salvação garantida já não é um ponto de vista teológico, mas uma questão de sobrevivência para o protestantismo.
Ratificamos que todos sem exceção devem fazer suas escolhas livres de quaisquer embaraços e acreditamos que todo homem ou mulher devem aderia a crença ou fé que lhes pareçam mais adequadas.
A paz do Senhor Jesus Cristo esteja convosco.
Autor: V. de Carvalho com a colaboração de B. Carvalho/Dani Silva, A. Silva e Claudio Maria – Livre divulgação mencionando-se o autor.
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