“Não esqueça o amor!” São Maximiliano
O
bloco 14 era dividido em duas partes, térreo e superior, éramos em 400
prisioneiros. A situação higiênica é indescritível, um banheiro para 400
prisioneiros.
Padre
Kolbe esteve no campo 77 dias, chegou dia 28 de maio 1941, era tranquilo, um homem onde resplendecia a bondade, um verdadeiro amigo.
Aqueles que o conheciam sempre o ajudavam devido a sua fragilidade. Eu
nunca me aproximava dele, ele sempre falava com os outros padres, a
respeito da Imaculada e da Santíssima Trindade, somente os mais velhos o
escutavam. A coisa mais interessante era perceber o quanto era bom.
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29/07/1941, mais ou menos 13h00, momento pausa no trabalho e a sirene
soou, deu medo, o som não era o mesmo, naquele dia entendíamos que era
algo de ruim, e todos deveriam deixar o trabalho e ir para o pátio, é o
momento do apelo, ou seja, o controle de prisioneiros de cada bloco.
Alguns não suportavam o trabalho e morriam, mas vivo ou morto tinha que
estar no momento do apelo, não podia faltar nenhum prisioneiro. Deus me
permitiu estar em tantos apelos não sei como consegui. Naquele dia era
apelo punitivo, somente para o nosso bloco, e nenhum outro bloco, podia
nem mesmo ver pela janela se não também eram punidos.
Depoimento
de Micherdzirski (Miguel) ex-prisioneiro número 1261, que esteve 04
anos no campo de concentração de Auschwitz. Foi transportado para o
campo no dia 26/06/1940 com 19 anos. Deu seu testemunho no dia
08/01/2004, na Polônia em ocasião dos 110 anos do nascimento de São
Maximiliano Kolbe.
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30/07/1941 as 19h15, foi o momento que Padre Kolbe saiu da fila, do dia
29/07 ao 30/07 ficamos no pátio em pé sem comer, sem dormir, a noite era
muito fria, e durante o dia muito calor. Os soldados colocavam a comida
na nossa frente, e jogavam no chão, muitos não aguentavam, não tendo
mais força e acabavam morrendo. Eu, Padre Kolbe e Francisco estávamos na
mesma fila, na 5º ou 6° fila. Fritz andava entre as filas, e quando
parava na frente de um prisioneiro significava que era seu fim, era
condenado, quando Fritz se aproximou de mim, me sumiu a visão, tremia
minhas pernas, meu único desejo era de viver, minha oração era “Deus não
deixe ele tocar em mim”. Naquele momento não podíamos ter nenhum tipo
de reação, não podia manifestar nem mesmo uma expressão, porque seria o
suficiente para morrer. Quando tudo acabou foi um alivio, mas de repente
se percebe que alguém sai do lugar, naquele momento o silêncio reinava,
só se ouvia os passos daquele homem, Padre Kolbe. Ele calmamente se
aproximou de Fritz e disse: “Quero morrer no lugar desse homem”. Em um
lugar onde milhões morriam, morrer por um não significava nada.
Fritz
perguntou: “Quem é o senhor?”.Calmamente Padre Kolbe responde: “Sou um
Polaco sacerdote católico”. Sete milhões de prisioneiros passaram por
lá, essa foi a primeira vez que Fritz chamava um prisioneiro de senhor,
éramos sempre chamados de porcos, besta e outros nomes terríveis. Padre
Kolbe disse simplesmente: “Porque ele tem mulher e filhos” ela salvava o
valor do sacramento matrimonial e a paternidade.
O que
mais impressionou, não foi o fato que ele morria por alguém, isso era
normal em um lugar como aquele, mas naquele dia os Tedescos perderam a
guerra, era inacreditável Fritz falar com um prisioneiro, e ter aceitado
a troca, ele podia simplesmente atirar em Padre Kolbe e nos outros, ou
então soltar os cachorros neles. No campo de concentração era
inaceitável gesto de martírio, os Tedescos não admitiam, os prisioneiros
só podiam morrer, por suas mãos. Padre kolbe morreu para salvar um
único prisioneiro, mas naquele dia ele trouxe a Auchwitz a esperança e o
amor.
Foram
386 horas de sofrimento, e de fome. A Imaculada fez com Padre Kolbe
tudo aquilo que desejava, fez dele um grande dom. Humanamente era
difícil entender aquele ato, aquele momento marcou a história de
Auschwtiz, a história de cada prisioneiro, ele trouxe a cada um de nós a
dignidade e a vontade de viver. "
"Padre
Kolbe e os outros nove prisioneiros foram levados para o bloco 11, no
Bunker da fome. Passaram-se duas semanas e os prisioneiros morriam um
após o outro, mas no fim da terceira semana, ainda sobreviviam quatro,
entre eles Padre Kolbe.
Para
os carrascos, a morte deles estava sendo longa porque a cela (Bunker)
era necessária para outras vítimas. Por isso, no dia 14 de agosto de
1941 às 12h50, da Vigília da Assunção de Maria Virgem ao céu, foi
conduzido ao bunker, o carrasco Boch, um alemão, diretor da sala dos
enfermos. Ele aplica no braço esquerdo de cada um, a injeção venenosa de
ácido fênico. Padre Kolbe com a oração entre os lábios estende o braço
ao carrasco.
Não
podendo resistir aquilo que meus olhos viam, com o pretexto de ter que
ir trabalhar, fui para fora. Quando os guardas e o carrasco deixaram o
bunker, eu retornei: encontrei Padre Maximiliano Kolbe, sentado e
apoiado no muro, com os olhos abertos e a cabeça inclinada: era a sua
posição habitual. A sua face era radiante e serena.
Jesus
disse: “tudo está cumprido”. Inclinando a cabeça, entrega o espírito.
Talvez também Padre Kolbe tenha pronunciado essas palavras, antes de
inclinar a cabeça e suspirar. No dia da Assunção da Virgem Maria ao céu,
no dia 15 de agosto, o seu corpo foi queimado no forno crematório e
suas cinzas foram jogadas ao vento. Em 28 de janeiro de 1942, o
certificado de morte de Padre Kolbe foi levado pelo oficial central do
campo de concentração ao convento de Niepokalanòw."
Testemunho de Sig. Borgowiec – Fonte: site MI Internacional
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