16 setembro 2014

Nínive: o sofrimento dos cristãos



Um sacerdote testemunha a dramática situação dos fiéis daquela parte do Iraque

Como em muitas partes do Iraque, também em Nínive os cristãos enfrentam diariamente perigos e sofrimentos. O padre Benham Benoka, sacerdote de Bartella, pequena cidade na Planície de Nínive, falou um pouco da situação.

Há algum tempo o padre Benham tinha enviado ao Papa uma “carta de lágrimas”, escrita “em meio a lobos ferozes”.

“Santidade, a situação das suas ovelhas é miserável, morrem e tem fome, os teus pequenos têm medo e não resistem mais”, escreveu. “Nós, sacerdotes, religiosos e religiosas, somos poucos e tememos não poder responder às exigências físicas e psíquicas dos seus e nossos filhos. Gostaria de agradecê-lo muito por nos levar sempre no coração, colocar-nos no Altar onde o senhor celebra a missa, até que Deus cancele os nossos pecados e tenha misericórdia de nós, e talvez afaste de nós este cálice” (Famiglia Cristiana, 8 de setembro).

“Santidade”, conclui o sacerdote, “temo perder os seus pequenos, sobretudo os bebês que a cada dia ficam mais fracos, temo que a morte leve alguns. Manda-nos uma benção para termos força para seguir em frente e talvez possamos resistir ainda”.

O padre Behnam tinha enviado a carta por meio do Viber para um amigo jornalista, Alan Holdren, que estava no vôo papal retornando da Coreia e a entregou ao Papa. O pontífice telefonou para o sacerdote assim que voltou para a Itália no dia 19 de agosto.

“Naquele momento eu estava no carro e me emocionei; ele me falou com simplicidade e misericórdia, como padre, assegurando a oração por todos nós, pelos doentes, o clero e os refugiados”, disse padre Behnam, que é também vice-diretor do seminário católico e agora se encontra em Ankawa, subúrbio de maioria cristã ao norte de Erbil, capital do Curdistão iraquiano.

“A cada dia piora”, observou. “O cansaço aumenta, as nossas forças são menores. Em Ankawa habitavam 15 mil pessoas, agora acrescentaram mais 60-70 mil refugiados. Qualquer coisa serve, desde comida a colchões. Enquanto parques, Igrejas, escolas, centros culturais e o nosso Santuário de Mart Shmoni estão hospedando os refugiados. Muitas famílias perderam tudo, até mesmo os documentos. Existem aqueles que tiveram os parentes sequestrados ou assassinados”.

“Em Qaraqosh, onde temos o seminário diocesano, agora transferido para Ankawa, as notícias são ainda piores: quem não paga uma taxa é obrigado a se converter, ou é morto. Permanecem 60-70 cristãos, anciãos, crianças e jovens mulheres, em muitos casos vendidas”.

Os refugiados querem pedir asilo ao exterior, Austrália, Europa e América, como muitos já fizeram; outros foram para o Líbano, Jordânia e Turquia para pedir refúgio, e “esperam resposta”.

“Quase todos pensam que o futuro no Iraque não é mais possível”, reconheceu o sacerdote. “Como poderia pensar numa possibilidade contrária visto que o vizinho de casa, com o qual conviviam por anos, está roubando tudo deles?”.

De: aleteia.org

 


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