27 novembro 2014

"Graças ao Papa Francisco, as pessoas estão interessadas no cristianismo"

Trabalho pastoral com estudantes -
 

"A Igreja Católica na Tunísia pode fazer seu trabalho sem problemas políticos, graças a Deus. As autoridades sabem que não temos nada a esconder e que as nossas instituições de caridade estão aqui para servir o povo", comenta padre Sérgio Perez durante conversa com a Fundação Pontifícia Ajuda à Igreja que Sofre (AIS).


O argentino, que pertence à ordem religiosa "Instituto do Verbo Encarnado", tem trabalhado como pároco da Catedral de Tunes, capital do país, nos últimos quatro anos. "A Igreja Católica é a única comunidade religiosa no país que tem um acordo com o Estado, celebrado entre a Santa Sé e o Estado da Tunísia em 1960. Isso nos dá a segurança jurídica, mas também traz restrições. De acordo com este modus vivendi, não estamos autorizados a fazer manifestações públicas de fé católica, como as procissões ou similares. No seu conjunto, este acordo proíbe qualquer forma de proselitismo", explica.

Padre Sérgio considera a nova Constituição do país, que foi aprovada em janeiro deste ano, um progresso. "Ela não só garante a liberdade de culto, mas também dá verdadeira liberdade de consciência. Isso inclui conversões religiosas, como as do islamismo para o cristianismo. Isso seria inconcebível em muitos países islâmicos", afirma. "É claro que a teoria é uma coisa e a prática é outra; mas isso ainda é muito novo na política. Teremos de ver como as coisas se desenvolvem". Há já algum tempo no país, padre Sérgio foi percebendo um crescente interesse pelo cristianismo na Tunísia. "Graças a Papa Francisco, mais e mais pessoas estão se interessando, especialmente aqueles que seguem o Islã de forma mais cultural do que por razões religiosas. Isto também acontece atualmente na Argélia e em outros países".

O religioso tem visto um grande número de tunisianos que se juntaram a grupos jihadistas. "No entanto, nós, cristãos, não sentimos quaisquer ameaças dos jihadistas ainda". O jihadismo vem do exterior e, na verdade, não tem raízes na Tunísia, enfatiza padre Sérgio. Segundo ele, a composição da comunidade cristã do país, que é quase exclusivamente de estrangeiros, mudou muito nos últimos anos. "Isso tem algo a ver com o fato de que centenas de famílias cristãs da África Subsaariana chegaram ao país por meio do Banco Africano de Desenvolvimento, que se estabeleceu temporariamente na Tunísia, depois de serem forçados a deixar a Costa do Marfim, em 2003, por razões de segurança. O Banco já voltou para a Costa do Marfim levando seus empregados cristãos com ele. Nossas paróquias sentiram isso profundamente. No entanto, ainda temos muitos estudantes cristãos da África Subsaariana aqui, a quem oferecemos atendimento pastoral".

A Igreja Católica é a maior igreja individual na Tunísia. Em Tunes, a Igreja é representada por um arcebispo. Várias ordens religiosas ajudam a promover a missão de caridade da igreja e manter escolas, moradia estudantil e instalações médicas. Há também congregações protestantes menores, bem como as comunidades ortodoxas. Em 2012, o número de cristãos foi estimado em 25 mil, cerca de 20 mil destes são católicos. Porém, não há números oficiais.

A Ajuda à Igreja que Sofre tem, há anos, apoiado a igreja na Tunísia em sua missão. Este ano, por meio da ajuda da AIS, a ordem "Servas do Senhor e da Virgem de Matará" conseguiu a compra de um carro novo.


De: ais.org.br

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