10 dezembro 2014

Era um jovem batista, desde os 12 anos queria ser pregador: hoje é padre católico numa ambulância!


Lorenzo Hatch  - 

 "Para mim, como batista, era importante conhecer a Bíblia, e me impressionou que um padre católico a conhecesse tão bem; que ele fora capaz de responder muitas de minhas perguntas com a Bíblia era algo que eu valorizava muito"






Na paróquia de Saint Stephen em Midland, Texas (uma população de 100.000 habitantes, com quase uns 40% de hispânicos) não falta clero: contam com 3 sacerdotes e cinco diáconos, que atendem suas 3 missas diárias e os domingos incluso uma missa às 12:30 em espanhol.


A última “aquisição” da paróquia é o jovem padre Lorenzo Hatch, ordenado há um ano. Tem um par de peculiaridades.

Com os bombeiros e paramédicos
Por um lado, é capelão de um serviço de ambulâncias e tem um título de paramédico. As vezes passa dois o três dias seguidos entre ambulâncias e ambulatórios.


“Estar na ambulância afina minhas habilidades. Vou com os bombeiros e com o pessoal de emergências médicas, ouço a muitos em confissão, dou conselhos… o inquietação das emergências médicas nunca se me cansa, me encanta. Poder estar nisso e fazer um ministério eclesial ao mesmo tempo é uma grande bênção para mim, e para as pessoas, creio. Me parece que lhes gosta ter alguém que fala sua língua e sabe o que vivem”, explica o padre Lorenzo.


De família batista anticatólica
A outra peculiaridade deste sacerdote é que se criou em uma família protestante batista de tradição muito anticatólica.


Desde criança quis servir a Deus como pregador, mas nessa época nunca pensou que finalmente se faria um sacerdote católico.

“Desde criança eu estava na igreja batista cada vez que abria suas portas. Inclusive nos mudamos uma vez para estar mais perto de uma igreja batista, a uma quadra de distancia, para ir andando. Participávamos em tudo”, recorda.

Ao jovem Lorenzo lhe encantavam especialmente os acampamentos cristãos de verão. “Eu era quase um profissional dos acampamentos de verão”, brinca em una entrevista em Mrt.com.

Em um destes acampamentos, quando tinha 12 anos, sabia que Deus lhe queria para fazer-lhe evangelizador. “Era o último dia do encontro, e o pregador nos dizia ‘Deus os está chamando’. Era uma fazenda enorme com centenas de jovens, mas me parecia que me falavam somente a mim”.

- Sinto que Deus me está chamando para ser pregador – lhe foi dito neste momento a um monitor que tinha ao seu lado.

- Espera, tem certeza? Só tens 12 anos – lhe respondeu o monitor sem levá-lo muito a sério.

Lorenzo foi buscar o pregador e lhe disse o mesmo, que Deus lhe chamava. O pastor também lhe pediu para ter calma.

Mas Lorenzo decidiu nesse momento entregar-se a Deus.

“Me ofereci a Deus em dedicação total… mas logo voltei a casa, e passaram mil outras coisas, e essa decisão ficou como cozinhando-se em fogo baixo na tenda oculta…”


Tocar piano, para católicos!
A os 15 anos Lorenzo já trabalhava em uma casa de cuidados a enfermos. Ali tocava o piano para entreter aos pacientes. Uma enfermeira o viu e lhe convidou a tocar em sua igreja, para ser o organista. Inclusive lhe pagariam por isso!

Mas Lorenzo descobriu que havia um gravíssimo problema: era em uma paróquia católica!


“A igreja batista que participava era fundamentalista, desde o púlpito nos falavam cada certo tempo das maldades do catolicismo. Essa era minha mentalidade, inclusive diria que era um tipo de prejuízo”, recorda.

Decidiu aceitar o cargo pago de organista para tocar nas missas.

Quando ensaiava na igreja, aproveitava para conversar com o sacerdote e colocar-lhe temas de doutrina e Bíblia.

Resultou que o pároco conhecia a Bíblia perfeitamente e podia justificar cada doutrina católica recorrendo à Escritura. “Por que não o comprovas em tua Bíblia em tal passagem?”, só dizia ao jovem batista. Ali estavam Maria, a intercessão dos santos, o purgatório, o primado de Pedro e seu oficio como Portador das Chaves, os sacramentos… todos os temas que os protestantes foram perdendo desde o século XVI.

“Eu era do ‘cinturão bíblico’, e para mim, como batista, era importante conhecer a Bíblia, e me impressionou que um padre católico a conhecesse tão bem; que ele fora capaz de responder muitas de minhas perguntas com a Bíblia era algo que eu valorizava muito”, recorda Hatch.

Durante um par de anos continuou participando da igreja batista com sua família, mas começõu a sentir que o que de verdade lhe nutria espiritualmente era a Igreja Católica. “Toda a natureza sacramental do culto católico me atraía mais e mais”.

Os passos faziam o catolicismo

A os 17 anos decidiu fazer-e católico. “Tomar essa decisão foi duro por meus pais e avós. Meus pais não tentaram impedi-lo, mas sim queriam que o pensasse muito cuidadosamente, como faria qualquer pai”. Sua avó sofreu mais, “lhe rompia o coração”.

“Mas o dia que me fiz católico, eu estava um pouco nervoso porque não sabia quem viria, sabia que estariam papai e mamão mas me asombrou ver que meu tio, minha tia e minha avó se deixaram estar por ali. Era algo enorme para mim, porque eles haviam estado tão contra…”

Já como católico, se pôs a me ajudar na paróquia e pronto lhe sugeriam que quiçá tinha vacação de sacerdote… e o chamado que havia sentido com 12 anos se reavivou.

Adiando o seminário... Um tempo
Acabaram os estudos secundários em 2002… mas não era um momento favorável para a vida vocacional em EUA. Nessas datas, cada dia a imprensa publicava mais e mais escândalos de pederastia na Igreja e de decisões ineptas que não protegeram às crianças e jovens. "Era uma época que nos assustou", recorda Hatch.

Lorenzo decidiu explorar outra vocação: a dos estudos paramédicos e de enfermaria em ambulância. Era algo que lhe encantava, lhe apaixonava… e sem dúvida, passados 3 anos, em 2005, se convenceu de que o chamado a servir a Deus como sacerdote era o único que lhe ia dar felicidade.

Entendeu que ao menos devia dar uma oportunidade a seminário. Assim o fez, perseverou. Acabou seus estudos, confirmou sua vocação e finalmente foi ordenado em 2013.

Sua experiência como paramédico e sua experiência como converso desde outra igreja cristã lhe ajudam hoje a servir a muitas pessoas que acodem a ele. “Abre a oportunidada a muita gente que ouve minha historia e vê minha viagem”, explica o padre Hatch.




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