25 fevereiro 2015

Entregava contraceptivos e mandava grávidas a centros de aborto: uma rádio católica a tocou



Ramona Treviño, outra gerente de Planned Parenthood convertida

Se acaba de publicar nos Estados Unidos Redimida por la gracia, o relato de la conversão, em 2011, de Ramona Treviño, diretora de um centro de Planned Parenthood.

Ramona era contrária ao aborto, mas se lavava as mãos: ela só distribuia contraceptivos e mandava as  jovens grávidas a outros centros.

O momento chave de sua conversão foi quando entendeu que esse sangue também estava em suas mãos e, sobretudo, quando sentiu que Deus lhe dizia: «Não é demasiado tarde»

A "Abby Johnson" dos contraceptivos
Alguns consideram a Ramona Treviño a AbbyJohnson dos contraceptivos. As duass são do Texas, as duas foram gerentes de centros da gigante abortista Planned Parenthood, as duass terminaram deixando seus trabalhos e unindo-se ao movimento pro-vida.

Contudo, a diferença de Abby Johnson, Ramona nunca apoiou o aborto, e em seu centro não se praticavam.

Sua conversão foi distinta: Deus a ajudou a ver que a contracepção é a outra face da moeda do aborto, e que ainda que só facilitara as condutas que levavam as jovens a ficar grávidas e as enviava a centros abortistas, era responsável dessas mortes.

Tres anos depois de sua conversão, Ramona acaba de publicar Redimida por la gracia, um livro em o que conta seu caminho como uma católica que viajou a Planned Parenthood, e voltou.

Uma família infeliz
De origem hispânica, sua vida não foi fácil: sua mãe era distante, seu pai alcoólatra, e as brigas em casa durante sua infância eram frequentes. Com oito anos, chegou a subir ao telhado e suplicou a Deus que parasse a briga que estavam tendo seus pais, especialmente violenta. Nesse momento, um raio iluminou o céu, e Ramona se convenceu, de uma vez para sempre, de que Deus estava perto dela.

Aos 16 anos, ficou grávida, e deixou os estudos para casar-se no civil com seu noivo, um jovem possessivo que durante sete anos a maltratou, até ao ponto de leva-la perto do suicídio. Ao final, Ramona pediu o divórcio.

Em 2006, se casou na Igreja com Eugene, ao que havia conhecido dois anos antes. Depois de dois anos de matrimônio, uma amiga a animou a pedir trabalho na clínica de Planned Parenthood em Sherman (Texas).

Um centro que mandava abortos a outros
Ramona sempre se manteve pessoalmente contrária ao aborto. O feito de que em seu centro não se praticaram, mas que se mandava às jovens grávidas a outras clínicas, lhe permitia tranquilizar sua consciência.

Fundamentalmente, seu labor se centrava nas derivações para abortos, e na distribição de contraceptivos, uma questão na que não compartilhava a doutrina da Igreja. Ela mesma os usava. Durante três anos, seguiu desenvolvendo este trabalho. Mas sua consciência, e a realidade da indústria do aborto, cada vez lhe punham mais difícil o dormir tranquila.

«Era a diretora de uma clínica que receitava contraceptivos e mandava a clínicas de aborto -conta no primeiro capítulo de seu livro-. Durante três anos, me havia estado intentando convencer de que meu trabalho não tinha nada a ver com o aborto, ou de que, ao menos, não me fazia diretamente responsável por eles; apesar das centenas de garotas que cada ano enviava a outra clínica a terminar suas gestações. Algo que havia ouvido várias vezes na rádio católica me estava deixando obsessiva: “A contracepção é a porta ao aborto”. Isso me preocupava não só por minhas ações pessoais, mas porque havia entregado muito de mim mesma a um lugar onde se cria que o controle de natalidade era absolutamente necessário para a liberdade».

Mosaico do movimento provida
A historia de sua conversão é todo um mosaico em o que interveio de forma decisiva muitas das entidades protagonistas do movimento provida nos Estados Unidos. Está a campanha de 40 dias pela vida, que começou a celebrar-se diante de seu centro justamente na Quaresma anterior a sua conversão, em abril de 2011. Não em vão, seu livro foi apresentado na véspera do começo de outra campanha de Quaresma desta iniciativa, terça-feira, 17 de fevereiro. Quando começou a ter dúvidas sobre seu trabalho, começou a falar com eles e descobriu que, em vez de uns doidos como sempre lhe haviam dito, eram pessoas que se preocupavam com ela e estavam dispostas a ajudá-la.

Também interveio a asociação Live Action, especializada em investigações encobertas em clínicas de aborto. Em concreto, uma das coisas que começou a fazer suspeitar a Ramona que a entidade para que trabalhava não se preocupava pelas mulheres como diz continuamente sua propaganda foi o feito de que, quando uma destas investigações de Live Action desvelou que os trabalhadores de alguns centros estavam dispostos a não denunciar casos suspeitos de tráfico sexual de menores, a preocupação de seus chefes não foi como por fim a este encobrimento, mas que deviam fazer os trabalhadores para evitar ser gravados.

Não podia faltar o grande labor provida da Igreja católica. Uma vez se converteu e deixou o Planned Parenthood, um dos primeiros sítios donde acudiu para oferecer-se a ajudar foi o Comitê Católico Provida do Texas, uma das instituições católicas do país com um programa mais amplo de defesa da vida.

O poder de uma radio católica
Contudo, o golpe de misericórdia o recebeu através de uma rádio católica, Guadalupe Radio Network, e do programa La buena lucha, de Barbara McGuigan. Assim o conta em Redimida por la gracia. Havia começado a escutá-lo uns meses antes de sua conversão, e lhe atraía, ainda que aumentasse suas dúvidas sobre as implicações morais de seu trabalho.

Uma terça-feira desse mês de abril, Ramona saiu do trabalho. Esse dia só incendiou a radio ao deixar de lado diante de sua casa. Barbara estava falando de aborto, e começou a explicar que algúm dia todos seríamos julgados por Deus, e que uma das perguntas seria «Conhecias a causa provida? E tú que fizeste?»

«Me vi diante do Senhor -recorda-. Já não era Bárbara a que falava, senão Deus, e não a alguém ao acaso que fizera chamado à radio, senão a mim. Todos esses meses escutando essa emissora, buscando a resposta à pergunta que havia mantido dentro de mim, sem revelá-la nem sequer a meu marido, me pegaram em um claro sussurro de verdade: Nada, Ramona, não hás feito nada. Ao contrário, hás estado dirigindo aos bebês, junto com suas mães, a sua morte, se não de corpo, de alma. És culpável. Voltei a ver os rostos de algumas das jovens clientes que havia ajudado. Haviam entrado em nossa clínica buscando respostas, buscando que alguém lhes desse alguma esperança. Mas eu não lhes havia dado. Em vez disso, com um sorriso, lhes havia dado uns folletos sobre sexo seguro e uma cartela de pílulas antes de mandá-las de novo ao mundo, vulneráveis e destinadas a repetir o mesmo comportamento destrutivo que as havia atraído até nós em primeiro lugar. Oh, Deus. Sinto muito, foi tudo o que consegui sussurrar».

«Não é demasiado tarde»
O seguinte que se saiu foi um alarido, «e uma vez comecei a chorar, parecia que não ia parar nunca». Depois de um tempo, saiu do carro, entrou em casa e se jogou nos braços de seu marido, contando-lhe todo.

«Não queria assustá-lo, e contudo eu estava assustada, aterrorizada por minha alma. Como podia estar  tão cega? Como podia não ter visto que era cúmplice? Lhe falei da rádio católica, e dos 40 dias pela vida, e do livro de Abby Johnson que havia lido e de como as pessoas que sempre me haviam dito que estavam loucas, na realidade não estavam». Por fim, em meio a sua angústia, uma voz que levava tempo tentando fazer-se ouvir lhe assegurou: «Não é demasiado tarde».

Poucos dias depois, Ramona deixou seu trabalho e, como já se disse, começou a por-se em contacto com entidades provida. A clínica em na qual trabalhava terminou fechando as portas, outro logro dos 40 dias pela vida.

Ramona passou bastante tempo sem trabalho, mas se sente «totalmente agraciada. Quando deixei o  Planned Parenthood -contou em um evento virtual organizado o dia 16 de fevereiro, a véspera da apresentação oficial do livro- pensava seguir com minha vida, buscar outro trabalho e encontrar a felicidade em outro lugar. E Deus não me soltou, em nenhum momento me deixou sentir que estava ausente. Sentia como se me estivera chamando a muito mais. E assim foi ocorrendo. Tive um par de oportunidades de compartilhar minha história em público. E é divertido como», apesar de não gustar de falar em público, «compartilhar minha história me saia como algo natural. Nunca me havia imaginado falando em público, nem escrevendo um livro, mas Deus não me soltava».

Depois de rezar muito e consultar com seu diretor espiritual, «finalmente tomei a decisão de que havia que contar esta historia, porque não era sobre mim, senão de devolver-lhe a Deus o que me havia dado e glorificar-lhe. Se eu não o compartilhar, minguem chegará a saber o quão grandes são o amor, a graça e a misericórdia de Deus».


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