08 junho 2015

Era evangélico, uma amiga lhe deu livros católicos e hoje é responsável diocesano de evangelização





Kyle Neilson é um leigo e pai de família que ademais dirige a Oficina de Evangelização da arquidiocese de Vancouver não Canadá, uma diocese de 2,7 milhões de habitantes, dos que uns 18% são ao menos nominalmente católicos, embora, como em todo Canadá, os praticantes são poucos. Kyle quer mudá-lo fomentando todo tipo de projetos de Nova Evangelização. A diocese e o arcebispo têm como objetivo que  90% das paróquias antes de dezembro de 2015 estejam oferecendo ao menos "4 oportunidades de formação para adultos ao ano em cada paróquia", e propõem meia dezena de ferramentas. Esse é o trabalho de Kyle.

O curioso é que Neilson nem sempre foi católico: entrou na Igreja Católica em Pentecostes de 2002. Antes era um cristão fervoroso, mas protestante.

Batizado quando adulto
Kyle Neilson cresceu em uma família protestante evangélica que retrasava o batismo até a idade adulta. Se batizou aos 18 anos. Estudou em uma universidade evangélica, estúdio bíblicos, donde se lhe insistiu em que devia ler a Bíblia cada dia. Se lhe tomou a sério... E ao quarto dia ficou convencido de que devia entregar sua vida a Deus.
Esse convencimento e essa entrega a Deus o transformaram. "Tudo mudou. É como se fora uma pessoa nova: novo gozo, paz, zelo, liberdade... me converti em um leitor ávido da Bíblia e um evangelizador apaixonado", recorda.

O problema da "Sola Scriptura"
Mas a partir de seu segundo ano universitário, quando chegou o momento de estudar a Bíblia mais a sério, se deu conta de que as diferentes classes e os diferentes professores do colégio protestante interpretavam a Bíblia de formas contraditórias. Isso minava o ensinamento básico protestante da "Sola Scriptura" (um ensino que não se encontra na Escritura) e que proclama que a Escritura, por si só, sem Magistério nem tradição, é suficientemente clara para alimentar espiritualmente, educar e salvar ao cristão.

Ao estudar historia do cristianismo, observou que antes de que os cristãos tivessem escrito todas as partes da Bíblia, antes de que a Igreja houvesse terminado de selecionar com autoridade os textos bíblicos, já havia uma autoridade eclesial que combatia a heregia e ensinava a fé contra os erros. O poder para ensinar era anterior inclusive a Bíblia que conhecemos. A Igreja era anterior à Bíblia.

Enquanto  Kyle buscava respostas às suas dúvidas, contou que cada vez lhe interessava mais o honrar a Deus mediante a liturgia, algo de que os evangélicos careciam. Começou a participar de cultos anglicanos, de estrutura e calendário não muito distintos aos católicos. Um professor anglicano foi quem lhe sinalou o que tantos protestantes têm constatado: que a doutrina protestante da "Sola Scriptura" não aparece na Bíblia. "então pensei: Que, então qual ha de ser meu fundamento?"

O professor lhe explicou que Cristo não deixou a Biblia, e sim que deixou uma Igreja para proteger e transmitir seus ensinamentos, e que a Escritura devia ler-se no contexto da Igreja que Ele criou.

Uma montanha de livros, de pessoa em pessoa
Nesses dias, uma companheira de classe, Kelley Ward, que também era protestante e se fazia suas perguntas, lhe deixou uma série de livros sobre o catolicismo, que Neilson devorou nas férias de Natal.

"Aos dois nos interessava uma fé mais litúrgica, e nenhum de nós havíamos crescido em uma fé assim", recorda. Os livros vinham do irmão dela, que se havia convertido ao catolicismo e os havia enviado por correio. Kelley Ward ainda tardaria muito em entrar em na Igreja Católica (fez isso na Páscoa de 2014) mas os livros de seu irmão transformaram a Kyle Neilson.

Por exemplo, Roma, doce lar, o livro clássico sobre a conversão do pastor presbiteriano Scott Hahn e sua esposa ao catolicismo, o leu de uma só vez em 4 horas, sem poder parar. "Tão somente com esse livro já passei de não saber nada a estar convencido de que isso era a verdade... com uns 95% de segurança", recorda.

Seu seguinte impacto o recebeu com a Humanae Vitae do hoje beato Paulo VI e todo o edifício doutrinal católico a favor de a fecundidade, a defesa da vida desde a concepção e a ilicitude da anticoncepção, e com a proposta alternativa da regulação natural da fertilidade em casos sérios.

Uma fé que se contagia

Finalmente, e para assombro de sua família (na qual não havia nenhum parente católico) Kyle foi recebido na Igreja Católica e recebeu a confirmação em Pentecostes de 2002. Isso influenciou em outros companheiros evangélicos de seu entorno: um se fez católico, outros se fizeram ortodoxos ou anglicanos, buscando uma fé mais ligada à liturgia e a historia.

Kyle Neilson é hoje o responsável de criar novos métodos de evangelização, um formador de evangelizadores e um entusiasta do "novo ardor, novos métodos e nova linguajem" que São João Paulo II pedia para a nova evangelização. Mas depois de anos de experiência, e sem menosprezar nehmum método, sentencia: "A fé, ao final, se transmite mediante uma ponte de amizade e confiança, quando conheces as pessoas, suas perguntas, suas preocupações e há confiança. Há muitas formas válidas de evangelizar, mas ao final o melhor, o que funciona, é o trato pessoa a pessoa".
 


De: religionenlibertad.com

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