05 dezembro 2015

[POST DE FÉRIAS} Papa sobre o uso de preservativo: “o problema é maior”



Cidade do Vaticano (RV) – Dentre as perguntas feitas pelos jornalistas ao Papa durante o voo de volta da República Centro-Africana, àquela lançada pela jornalista Jurgen Baez, da filial sul-africana da agência de notícias alemã DPA, entra no contexto do Dia Internacional de Combate à aids, celebrado neste 1º de dezembro.

A seguir, publicamos a íntegra da pergunta e da resposta do Pontífice.

Jurgen Baez: Santidade, a aids está devastando a África. Os antirretrovirais aumentam a expectativa de vida. Mas a epidemia continua. Somente em Uganda, no ano passado foram registrados mais de 135 mil novos casos. No Quênia, a situação é ainda pior. A aids é a principal causa de morte entre jovens africanos. Santidade, o senhor encontrou crianças soropositivas e escutou um testemunho comovente em Uganda.

Contudo, o senhor não falou muito sobre esta questão. Nós sabemos que a prevenção é fundamental. Sabemos também que o preservativo não é o único meio para erradicar a epidemia. Sabemos que é, todavia, uma parte importante da resposta. Não é talvez hora de mudar a posição da Igreja sobre este propósito? De permitir o uso do preservativo a fim de prevenir novos contágios?

Papa Francisco: A pergunta me parece muito redutiva e parcial. Sim, é um dos métodos; a moral da Igreja se encontra – penso – neste ponto, diante de uma perplexidade: é o quinto ou é o sexto mandamento? Defender a vida, ou que a relação sexual seja aberta à vida? Mas este não é o problema. O problema é maior. Esta pergunta me faz pensar naquela que fizeram a Jesus, uma vez: “Mestre, é lícito curar no sábado?”. É obrigatório curar! Esta pergunta, se é lícito curar...

Mas a desnutrição, a exploração das pessoas, o trabalho escravo, a falta de água potável: estes são os problemas. Não nos perguntemos se podemos usar este ou aquele esparadrapo para uma pequena ferida. A grande ferida é a injustiça social, a injustiça do ambiente, a injustiça da exploração e da subnutrição. É isto. Não gostaria de descer às reflexões casuísticas, quando as pessoas morrem por falta de água e de fome, de casa. Quando todos estarão curados ou quando não existirão mais estas trágicas doenças causadas pelo homem, seja por injustiça social, seja para fazer mais dinheiro – pense ao tráfico de armas! – quando não existirão mais estes problemas, creio que se poderá fazer uma pergunta: “É lícito curar no sábado?”. Por que se continua a fabricar e traficar armas? As guerras são a maior causa de mortalidade... Eu diria de não pensar se é lícito ou ilícito curar no sábado. Eu direi à humanidade: faça justiça, e quando todos estivermos curados, quando não existirão mais injustiças neste mundo, poderemos falar do sábado. (RB)

De: radiovaticana.va
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