17 março 2016
No que consiste a fé católica? Ou o preconceito protestante.
É correto dizer que um culto protestante é a mesma coisa de uma celebração católica? Alguns dizem que sim, mas, tente, por exemplo, rezar um terço numa célula evangélica, tente, fazer uma novena na casa de um protestante, aí você vai descobrir as diferenças de fé e o preconceito com que os católicos são tratados. Em diversas ocasiões nós católicos somos confrontados naquilo em que cremos: Terços, novenas, procissões. Tudo isso faz parte do universo da fé católica. Que resposta podemos dar?
CATECISMO
28. Quais as características da fé?
A Fé, dom gratuito de Deus e acessível a quantos a pedem humildemente, é uma virtude sobrenatural necessária para a salvação. O ato de fé é um ato humano, isto é, um ato da inteligência do homem que, sob decisão da vontade movida por Deus, dá livremente o seu assentimento à verdade divina. Além disso, a fé é certa porque fundada sobre a Palavra de Deus; é operante «por meio da caridade» (erro); é em contínuo crescimento, graças, em especial, à escuta da Palavra de Deus e à oração. Ela faz-nos saborear, de antemão, a alegria celeste.
30. Porque é que a fé é um ato pessoal e ao mesmo tempo eclesial?
A fé é um ato pessoal, enquanto resposta livre do homem a Deus que se revela. Mas é ao mesmo tempo um ato eclesial, que se exprime na confissão: «Nós cremos». De fato, é a Igreja que crê: deste modo, ela, com a graça do Espírito Santo, precede, gera e nutre a fé do indivíduo. Por isso a Igreja é Mãe e Mestra.
....[166] ARTIGO 2 - NÓS CREMOS
..........[166] A fé é um ato pessoal, uma resposta livre do homem à proposta de Deus que Se revela. Mas não é um ato isolado. Ninguém pode acreditar sozinho, tal como ninguém pode viver só. Ninguém se deu a fé a si mesmo, como ninguém a si mesmo se deu a vida. Foi de outrem que o crente recebeu a fé; a outrem a deve transmitir. O nosso amor a Jesus e aos homens impele-nos a falar aos outros da nossa fé. Cada crente é, assim, um elo na grande cadeia dos crentes. Não posso crer sem ser amparado pela fé dos outros, e pela minha fé contribuo também para amparar os outros na fé.
..........[167] « Eu creio » (44): é a fé da Igreja, professada pessoalmente por cada crente, principalmente por ocasião do batismo. « Nós cremos » (45): é a fé da Igreja, confessada pelos bispos reunidos em Concílio ou, de modo mais geral, pela assembleia litúrgica dos crentes. « Eu creio »: é também a Igreja, nossa Mãe, que responde a Deus pela sua fé e nos ensina a dizer: « Eu creio », « Nós cremos ».
.....[168] I. « Olhai, Senhor, para a fé da vossa Igreja »
..........[168] É, antes de mais, a Igreja que crê, e que assim suporta, nutre e sustenta a minha fé. É primeiro a Igreja que, por toda a parte, confessa o Senhor (« Te per orbem terrarum sancta confitetur Ecclesia » - « A Santa Igreja anuncia por toda a terra a glória do vosso nome » - como cantamos no « Te Deum »). Com ela e nela, também nós somos atraídos e levados a confessar: « Eu creio », « Nós cremos ». É da Igreja que recebemos a fé e a vida nova em Cristo, pelo batismo. No Ritual Romano, o ministro do batismo pergunta ao catecúmeno: « Que vens pedir à Igreja de Deus? » E ele responde: - « A fé ». - « Para que te serve a fé? » - « Para alcançar a vida eterna » (46).
..........[169] A salvação vem só de Deus. Mas porque é através da Igreja que recebemos a vida da fé, a Igreja é nossa Mãe. « Cremos que a Igreja é como que a mãe do nosso novo nascimento, mas não cremos na Igreja como se ela fosse a autora da nossa salvação »(47). É porque é nossa Mãe, é também a educadora da nossa fé.
«Não pode ter a Deus por Pai quem não tem a Igreja por Mãe» (S. Cipriano)
31. Porque é que as fórmulas da fé são importantes?
As fórmulas da fé são importantes porque permitem exprimir, assimilar, celebrar e partilhar, juntamente com outros, as verdades da fé, utilizando uma linguagem comum.
.....[170] II. A linguagem da fé
..........[170] Não acreditamos em fórmulas, mas sim nas realidades que as fórmulas exprimem e que a fé nos permite « tocar ». « O ato [de fé] do crente não se detém no enunciado, mas na realidade [enunciada] » (48). No entanto, é através das fórmulas da fé que nos aproximamos dessas realidades. As fórmulas permitem-nos exprimir e transmitir a fé, celebrá-la em comunidade, assimilá-la e dela viver cada vez mais.
..........[171] A Igreja, que é « coluna e apoio da verdade » (1 Tm 3, 15), guarda fielmente a fé transmitida aos santos de uma vez por todas (49). É ela que guarda a memória das palavras de Cristo. É ela que transmite, de geração em geração, a confissão de fé dos Apóstolos. Tal como uma mãe ensina os seus filhos a falar e, dessa forma, a compreender e a comunicar, a Igreja, nossa Mãe, ensina-nos a linguagem da fé, para nos introduzir na inteligência e na vida da fé.
32. De que maneira a fé da Igreja é uma só?
A Igreja, embora formada por pessoas de diferentes línguas, culturas e ritos, professa, unânime e a uma só voz, a única fé, recebida dum só Senhor e transmitida pela única Tradição Apostólica. Professa um só Deus – Pai, Filho e Espírito Santo – e manifesta uma única via de salvação. Portanto, nós acreditamos, num só coração e numa só alma, tudo o que está contido na Palavra de Deus, transmitida ou escrita, e nos é proposto pela Igreja como divinamente revelado.
.....[172] III. Uma só fé
..........[172] Desde há séculos, através de tantas línguas, culturas, povos e nações, a Igreja não cessa de confessar a sua fé única, recebida de um só Senhor, transmitida por um só batismo, enraizada na convicção de que todos os homens têm apenas um só Deus e Pai (50). Santo Ireneu de Lião, testemunha desta fé, declara:
..........[173] « A Igreja, embora dispersa por todo o mundo até aos confins da Terra, tendo recebido dos Apóstolos e dos seus discípulos a fé, [...] guarda [esta pregação e esta fé] com tanto cuidado como se habitasse numa só casa; nela crê de modo idêntico, como tendo um só coração e uma só alma; prega-a e ensina-a e transmite-a com voz unânime, como se tivesse uma só boca » (51).
..........[174] « Através do mundo, as línguas diferem: mas o conteúdo da Tradição é um só e o mesmo. Nem as Igrejas estabelecidas na Germania têm outra fé ou outra tradição, nem as que se estabeleceram entre os Iberos ou entre os Celtas, as do Oriente, do Egipto ou da Líbia, nem as que se fundaram no centro do mundo » (52). « A mensagem da Igreja é verídica e sólida, porque nela aparece um só e o mesmo caminho de salvação, em todo o mundo » (53).
..........[175] Esta fé, « que recebemos da Igreja, guardamo-la nós cuidadosamente, porque sem cessar, sob a ação do Espírito de Deus, tal como um depósito de grande valor encerrado num vaso excelente, ela rejuvenesce e faz rejuvenescer o próprio vaso que a contém » (54).
..........[182] « Nós cremos em tudo quanto está contido na Palavra de Deus, escrita ou transmitida, e que a Igreja propõe à nossa fé como divinamente revelado » (56).
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