22 outubro 2016

Era um jovem muçulmano e devoto, mas apareceu-lhe «Alguém de branco brilhante» e hoje é sacerdote






Adrien Mamadou Sawadogo foi muçulmano atei os 22 anos. Desde 2006, é missionário católico, religioso dos “Padres Blancos”, e posteriormente sacerdote nesta congregação, missionário na Zâmbia, muito distantes de sua Burkina Faso natal.

Sua conversão ao catolicismo lhe trouxe dificuldades. Mas ele tem claro que parte de sua vocação é ser ponte entre três mundos: o cristianismo, o Islã e a África. E que seu chamado, sua vocação, vem dele mesmo Cristo, algo que viveu clarissimamente.

Una família muçulmana e piedosa
“Sou o filho maior de um muçulmano de Burkina Fasso. Meu pai, o Hadj Sawadogo, é muito respeitado na comunidade muçulmana, por sua profunda fé em Deus, sua prática religiosa, a vida de caridade para com os mais pobres da sociedade, sua discrição e sua constante busca da justiça e a reconciliação. Ele me educou na fé muçulmana que recebeu por sua vez. Eu era muçulmano já desde o ventre de minha mãe, quando recebi a cerimônia do nome e me chamaram Mamadou, o mesmo nome que Maomé”.

Ela hoje Padre Adriem recorda que em sua juventude e adolescência muçulmana realizava disciplinadamente suas 5 orações ao dia e punha-se a ajudar aos mais pobres no centro de sua atividade, sempre atento às famílias mais necessitadas de sua comunidade e de sua escola.

Nas orações e predicações de sua mesquita às sextas-feiras aprendeu coisas que a ele ainda servem: que somente a fé em Deus da sentido à vida do homem e que Deus está na compaixão e na misericórdia.

No colégio, na adolescência, tinha companheiros de classe cristãos, que se riam dele por realizar seus cinco momentos de oração ao dia. Mas o jovem Mamadou não se sentia especialmente ofendido: como iam entender a importância da oração, se não eram muçulmanos?, pensava. Claro que eram ignorantes e estavam equivocados!
Uma experiência mística radical
Mamadou no se fez cristão porque pensava que o Islã que ele conhecia estivesse equivocado ou fosse prejudicial: não era essa sua vivência nem a de sua família nem sua comunidade.

Mamadou se fez cristão porque teve um encontro com Jesus Cristo.

 “Uma noite, depois de meus exercícios de taekwondo, fui para casa de bicicleta. De repente, uma voz me chamou por meu nome, justo por cima de minha cabeça. Escutei: "Mamadou!" Levantei instintivamente os olhos. Vi como um ser humano, que vestia algo de cor branca brilhante, um brilho similar a uma luz brilhante sobre uma roupa de linho branco. Havia algo nos olhos desta pessoa. Eu não estava consciente de nada: somente de mim e do acontecimento. Não me dei conta de meu movimento na bicicleta o qualquer outro movimento a meu redor. Havia passado uns cinco quilômetros de minha casa, e quando desapareceu de minha vista, vi que minha bicicleta estava em seu lugar habitual na garagem”.

“Quem será, que significa isto?”, preguntou Mamadou. “Imediatamente, tratei de negar o que acabava de experimentar. Não falei com ninguém. Diriam-me que estava louco. Mas a evidência era irrefutável. Porque durante duas semanas essa experiência regressou a mim: de dia e de noite. Pela noite, a presença desta pessoa era tão real, como a primeira vez, que lhe perguntei diretamente: Quem és? E o que queres?” mas não obtive resposta.

Instruções muito claras
Um dia, ia pela rua junto a um companheiro de classe que era cristão, quando de novo escutou a voz que lhe chamava como a primeira vez: “Mamadou!” Lhe pareceu que vinha de uma lateral, mirou até ali, e viu que em um pátio havia um homem que acariciava ternamente um mendigo, embora não era ele que havia falado. “Não posso explicar a beleza que emanava dessa carícia”, recorda.

- Quem é esse? –preguntou a seu amigo cristão
- É o padre Gilles.
- Por que é tão bonito esse gesto?
- Faz o que Jesus lhe enviou a fazer.
- Quem é Jesus?
- Fazes demasiadas perguntas!

“De repente, inesperadamente, em resposta a minha pergunta, a pessoa que me havia chamado veio à minha mente de modo tão real que voltei a viver nosso primeiro encontro. E sua presença mergulhou-me em um profundo silêncio. Uma vez mais, não existia nada mais que sua presença e a mim. Em meio a este silêncio a voz disse: "Serás como ele." Sentei-me em silêncio, perguntando-me que significava. Vendo que eu estava parado ali, meu amigo se voltou, perguntando-se que estava fazendo no meio da estrada. Eu repeti o que havia ouvido”.

- Tenho que ser como ele- disse Mamadou apontando o padre Gilles.
- Não podes ser como ele –disse entre risadas seu amigo. –Eles são cristãos e tu és muçulmano.
- Pois então serei cristão para ser como ele. Como tornar-me um cristão? – respondeu Mamadou.

Se aproximaram do padre Gilles, falaram um pouco com ele, e quando se foi o amigo, ficou Mamadou com o sacerdote com mais e mais perguntas.

“Quando falamos de Jesus Ressuscitado, entendi que era a pessoa que me havia chamado. O reconheci da leitura dos Evangelhos e das explicações que me dava o padre Gilles”.

Uma crise na família
“Desde esse dia, comecei a seguir em segredo a catequese. Dada minha reputação e a de meu pai e minha família na comunidade muçulmana, minha conversão à fé cristã se via como uma loucura inconcebível e severa. Para mim e para minha família, seria uma confusão total. Para meu pai era vital que o primogênito mantivesse a fé que há que transmitir aos mais jovens. Muitos deles chegaram à conclusão de que eu estava enlouquecendo: inclusive me chamavam “crazy”.

Chegou o momento em 1992 que se soube que Mamadou, com 22 anos, se preparava para ser cristão. Seu pai lhe mirou aos olhos, chorando. O jovem tinha que escolher entre sua família ou a fé cristã. “Isso foi o que mais me doeu; minha mãe me suplicava e lutava para manter unida a família. Todos sabiam que minha mãe era meu ponto fraco, que a quero muito. Ademais, eu entendia que se um de meus irmãos ou irmãs estivesse em meu lugar, eu haveria reagido exatamente como meu pai e minha comunidade estavam fazebdo”.

Durante quase 15 anos, sua família lhe repudiou.
Aceitaram seu cristianismo somente em 2005, quando foi ordenado diácono nos “Padres Blancos”. De alguma maneira entendiam que seguia sendo um homem de Deus. E três anos depois, podendo já falar com serenidade com seu pai, Mamadou (agora “Padre Adrien”), lhe contou sua experiência mística do chamado de Cristo.

- Ah! Assim que te encontraste com o profeta Isá [Jesús]… - assimilou então seu pai.

Essa noite, puderam comer pela primeira vez juntos, do mesmo prato, como faziam sempre antes do conflito. Depois Mamadou Sawadogo, o padre Adrien, iria à distante Zâmbia como missionário com os “Padres Blancos”. 



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