A liturgia não é algo fabricado por nós, com joguinhos, trejeitos e coreografias: “o jogo já está feito”, com seu núcleo vindo da liturgia judaica, cristificado e transfigurado pelo Cristo na Sua Páscoa e recebido pela Igreja, desenvolvido orgânica e serenamente no correr dos séculos, de modo orante e receptivo ao impulso do Espírito que ora no coração da Comunidade eclesial.
Sursum corda! Versus Deum!
“Em cada forma de empenho pela liturgia o critério determinante deve ser sempre o olhar dirigido para Deus. Nós estamos diante de Deus: Ele nos fala e nós falamos com Ele.
Quando nas reflexões sobre a liturgia nos perguntamos como torná-la atraente, interessante e bela, o jogo já está feito! Ou ela é opus Dei ( = obra de Deus ), tendo Deus como sujeito específico, ou não é.
Neste contexto, peço-vos: realizai a sagrada liturgia tendo o olhar em Deus na comunhão dos santos” (Bento XVI).
Profundas, as afirmações do Papa! Toda liturgia deve ser versus Deum, isto é, voltada para Deus. É ação da Igreja para o louvor, adoração e glorificação de Deus e, consequentemente, para a santificação da humanidade.
A liturgia não é um show, um teatro ou uma festa que fazemos para o povo; a ação do Povo santo de Deus no seu serviço ao Senhor; é espaço de Deus antes de ser espaço do homem; é manifestação de Deus, do Deus vivo e santo!
A liturgia não é algo fabricado por nós, com joguinhos, trejeitos e coreografias: “o jogo já está feito”, com seu núcleo vindo da liturgia judaica, cristificado e transfigurado pelo Cristo na Sua Páscoa e recebido pela Igreja, desenvolvido orgânica e serenamente no correr dos séculos, de modo orante e receptivo ao impulso do Espírito que ora no coração da Comunidade eclesial.
Rito não se inventa do nada ou da nossa criatividade de momento! Não existe rito de encomenda; de encomenda existem as coreografias, que atrapalham, empanam, vulgarizam e esvaziam a nobreza cheia de graça salvífica que o rito traz em seu seio.
O que torna a liturgia atraente não são nossas invenções, mas unicamente a presença misteriosa e salvífica do Deus santo, Mistério eterno e vivificante: Ele nos cura, nos recentra, nos consola, nos corrige, nos adverte, nos salva. Ele, o Senhor, presente e soberanamente atuante nos gestos e palavras da liturgia, não o celebrante, como se fosse um animador de auditório!
Síntese feliz o apelo final de Bento XVI: realizar a liturgia tendo o olhar em Deus, voltados para Deus (“Corações ao Alto!”), no seio da Igreja, comunhão dos santos, dos santificados para ser Assembleia santa, Povo sacerdotal!
Dom Henrique Soares da Costa
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