22 fevereiro 2012

4ª Feira de Cinzas - Rasgai o vosso coração e não as vossas vestes.

 

 12'Agora, diz o Senhor,
voltai para mim com todo o vosso coração,
com jejuns, lágrimas e gemidos;
13rasgai o coração, e não as vestes;
e voltai para o Senhor, vosso Deus;
ele é benigno e compassivo,
paciente e cheio de misericórdia,
inclinado a perdoar o castigo'.
14Quem sabe, se ele se volta para vós e vos perdoa,
e deixa atrás de si a bênção,
oblação e libação
para o Senhor, vosso Deus?
15Tocai trombeta em Sião,
prescrevei o jejum sagrado,
convocai a assembléia;
16congregai o povo,
realizai cerimônias de culto,
reuni anciãos,
ajuntai crianças e lactentes;
deixe o esposo seu aposento,
e a esposa, seu leito.
17Chorem, postos entre o vestíbulo e o altar,
os ministros sagrados do Senhor, e digam:
'Perdoa, Senhor, a teu povo,
e não deixes que esta tua herança sofra infâmia
e que as nações a dominem.'
Por que se haveria de dizer entre os povos:
'Onde está o Deus deles?'
18Então o Senhor encheu-se de zelo por sua terra
e perdoou ao seu povo. (Jl 2,12-18)

O que a Igreja ensina:

IV. A PENITÊNCIA INTERIOR
1430      Como  já  nos  profetas,  o  apelo  de  Jesus  à  conversão  e  penitência  não  visa  em primeiro lugar às obras exteriores, saco e a cinza”, os jejuns e as mortificações, mas à conversão do  coração,  à  penitência  interior.  Sem  ela,  as  obras  de  penitência  continuam  estéreis  eenganadoras: a conversão interior, ao contrário, impele a expressar essa atitude por sinais visíveis,
gestos e obras de penitência.
1431   A penitência interior é uma reorientação radical de toda a vida, um retorno, uma conversão para Deus de todo nosso coração, uma ruptura com o  pecado, uma aversão ao mal e repugnância às m s obras que cometemos. Ao mesmo tempo, é o desejo e a resolução de mudar de vida com a esperança da misericórdia divina e a confiança na ajuda de sua graça. Esta conversão do coração vem acompanhada de uma dor e uma tristeza salutares, chamadas pelos Padres de “animi cruciatus (aflição do espírito)”, “compunctio cordis (arrependimento do coração)” .
1432     O coração do homem apresenta-se pesado e endurecido. É preciso que Deus dê ao homem um coração novo. A conversão é antes de tudo uma obra da graça de Deus que reconduz nossos corações a ele: “Converte-nos a ti, Senhor, e nos converteremos” (Lm 5,21). Deus nos dá a força de começar de novo. É descobrindo a grandeza do amor de Deus que nosso coração experimenta o horror e o peso do pecado e começa a ter medo de ofender a Deus pelo  mesmo  pecado  e  de  ser  separado  dele.  O  coração  humano  converte-se olhando para aquele que foi traspassado por nossos pecados. Fixemos nossos olhos no sangue de Cristo para compreender  como é precioso a seu Pai porque,   derramado   para   a   nossa   salvação,   dispensou   ao   mundo   inteiro   a   graça   do arrependimento.
1433          Depois  da  Páscoa,  o  Espírito  Santo  “estabelecer  a  culpabilidade  do  mundo  a respeito do pecado”, a saber, que o mundo não acreditou naquele que o Pai enviou. Mas esse mesmo Espírito, que revela o pecado, é o Consolador que dá ao coração do homem a graça do arrependimento e da conversão.

V. AS MÚLTIPLAS FORMAS DA PENITÊNCIA NA VIDA CRISTÃ
1434     A penitência interior do cristão pode ter expressões bem variadas. A escritura e os padres insistem principalmente em três formas: o jejum, a oração e a esmola, que exprimem a conversão  com  relação  a  si  mesmo,  a  Deus  e  aos  outros.  Ao  lado  da  purificação  radical operada pelo batismo ou pelo martírio, citam, como meio de obter o perdão dos pecados, os esforços  empreendidos  para  reconciliar-se  com  o  próximo  as  lágrimas  de  penitência,  a preocupação com a salvação do próximo, a intercessão dos santos e a prática da caridade, “que cobre uma multidão de pecados” (1Pd 4,8).
1435     A conversão se realiza na vida cotidiana por meio de gestos de reconciliação, do cuidado dos pobres, do exercício e da defesa da Justiça e do direito, pela confissão das faltas aos  irmãos,  pela  correção  fraterna,  pela  revisão  de  vida,  pelo  exame  de  consciência  pela direção espiritual, pela aceitação dos sofrimentos, pela firmeza na perseguição por causa da justiça. Tomar sua cruz, cada dia, seguir a Jesus é o caminho mais seguro da penitencia.  

1436  Eucaristia e penitência. A conversão e a penitência cotidiana encontram sua fonte e seu alimento na Eucaristia, pois nela se torna presente o sacrifício de Cristo que nos reconciliou com  Deus;  por  ela  são  nutridos  e  fortificados  aqueles  que  vivem  da  vida  de  Cristo:  “ela  é  o antídoto que nos liberta de nossas faltas cotidianas e nos preserva dos pecados mortais”.
1437   A leitura da Sagrada Escritura, a oração da Liturgia das Horas e do Pai-nosso, todo ato sincero de culto ou de piedade reaviva em nós o espírito de conversão e  de penitência e contribui para o perdão dos pecados.
1438      Os  tempos  e  os  dias  de  penitência  ao  longo  do  ano  litúrgico  (o  tempo  da quaresma, cada sexta-feira em memória da morte do Senhor) são momentos fortes da prática penitencial  da  Igreja[ag45]  .  Esses  tempos  são  particularmente  apropriados  aos  exercícios espirituais,  às  liturgias  penitenciais,  às  peregrinações  em  sinal  de  penitência,  às  privações voluntárias como o jejum e a esmola, à partilha fraterna (obras de caridade e missionárias). 
1439     O dinamismo da conversão e da penitência foi maravilhosa-mente descrito por Jesus na parábola do “filho pródigo”, cujo centro é “O pai misericordioso”: o fascínio de uma liberdade ilusória, o abandono da casa paterna; a extrema miséria em que se encontra o filho depois de esbanjar sua fortuna; a profunda humilhação de ver-se obrigado a cuidar dos porcos e, pior ainda, de querer matar a fome com a sua ração; a reflexão sobre os bens perdidos; o arrependimento  e  a  decisão  de  declarar-se  culpado  diante  do  pai;  o  caminho  de  volta;  o generoso  acolhimento  da  parte  do  pai;  a  alegria  do  pai:  tudo  isso  são  traços  específicos  do processo de conversão. A bela túnica, o anel e o banquete da festa são símbolos desta nova vida, pura, digna, cheia de alegria, que é a vida do homem que volta a Deus e ao seio de sua família,  que  é  a  Igreja.  Só  o  coração  de  Cristo  que  conhece  as  profundezas  do  amor  do  Pai pôde revelar-nos o abismo de sua misericórdia de uma maneira tão simples e tão bela.

Fonte: CIC

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