O monaquismo brotou na Igreja num momento de grave desafio: saindo da clandestinidade das catacumbas e casas particulares, onde se refugiara das perseguições, a Igreja viu-se colocada na situação oposta: foi necessário assumir, no início do século IV, o papel de religião oficial do Império. Ela corria o risco de ser tragada por essa difícil convivência com o poder, deixando que seus valores essenciais e a simplicidade de suas origens fossem abafadas. Os primeiros monges afastaram-se das cidades para buscar, na solidão do deserto e numa vida extremamente pobre, o clima propício ao conhecimento de si e ao encontro com suas fontes espirituais. Embora seja um modo de vida especial, a vocação monástica sempre conservou-se ativa na Igreja. A identidade do monge se define pela escolha consciente de um modo de vida que é ao mesmo tempo marginal e implicitamente crítico em relação à sociedade em geral e, nos nossos tempos, especialmente em relação à sociedade de consumo. O monge não foge do mundo, nem odeia o mundo, para seguir ao Cristo no deserto, lugar de sofrimentos e tentações, mas também de autenticidade e encontro. Assim, colocando-se à certa distância da sociedade. Livre de suas convenções e imperativos, o monge entrega-se totalmente ao Cristo e assume uma disciplina cunhada pela sabedoria de uma tradição espiritual que lhe é transmitida por um mestre e um comunidade. Sendo alguém que busca a Deus, o monge se dispõe a um contínuo e entusiasmado processo de conversão no dia-a-dia de sua vida comunitária. A comunidade torna-se a “escola do serviço do Senhor”, reunida em torno de um pai, o Abade, sinal de Deus que é Pai. Na comunidade aprende-se a arte de perdoar e amar, de deixar-se gradativamente completar, em sua personalidade, pelas riquezas dos outros. Este processo de crescimento alimenta-se no diálogo constante, pessoal e comunitário, com Deus na oração, verdadeira respiração vital da presença do Espírito. E à oração une-se naturalmente o trabalho manual ou intelectual, realizado por todos em espírito de oferenda e como serviço aos homens. Toda esta caminhada conduz, pela graça, a uma transformação interior e a um aprofundamento da consciência e da percepção, chegando a uma experiência no mais profundo do ser. A vida do monge é toda alicerçada na fé, experimentando constantemente a morte e ressurreição em Cristo, com tudo o que isso implica: despojamento, humildade, paz, serviço, alegria, liberdade. Dentro do mosteiro o monge permanece aberto às necessidades dos homens e ao acolhimento. É livre para encontrar e amar a todos. E quer ser, segundo a vontade de Deus, um instrumento de seu Reino.
Fonte: vocacionalmonge.blogspot.com.br
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