É muito interessante que em 1 Tm 3,15
vemos não a Bíblia, mas a Igreja - isto é, a comunidade viva de crentes
fundada sob Pedro e os apóstolos e mantida pelos seus sucessores - sendo
chamada de coluna e fundamento da verdade. Claramente esta
passagem de modo algum significa diminuir a importância da Bíblia, mas
sua intenção é de mostrar que Jesus Cristo de fato estabeleceu um
magistério autorizado que foi enviado a ensinar todas as nações (cf. Mt
28,19) Em outro lugar esta mesma Igreja recebeu de Cristo a promessa de
que os portões do inferno não prevaleceriam contra ela (cf. Mt 16,18),
pois Ele sempre estaria presente (cf. Mt 28,20) e enviaria o Espírito
Santo para ensiná-la todas as verdades (cf. Jo 16,13). Ao chefe visível
de sua Igreja, São Pedro, Nosso Senhor disse: “Te darei as chaves do
Reino dos Céus. Tudo que ligares na terra será ligado no céu; e tudo
que desligares na terra será desligado no céu” (Mt 16,19). É
evidente a partir destas passagens que Nosso Senhor enfatiza a
autoridade de Sua Igreja e a norma que deveria seguir para salvaguardar e
definir o Depósito da Fé.
Também é evidente destas passagens que
esta mesma Igreja seria infalível, pois se em algum lugar de sua
história a Igreja ensinou o erro em matéria de fé e moral - ainda que
temporariamente - cessaria de ser coluna e fundamento da verdade.
Pelo fato de todo fundamento existir para ser firme e permanente, e de
que as passagens acima não permitem a possibilidade da Igreja ensinar
algo contrário à reta fé e moral, a única conclusão plausível é que
Nosso Senhor foi muito preciso em estabelecer a sua infalibilidade
quando chamou-a de coluna e fundamento da verdade.
O protestante, entretanto, vê aqui um
dilema quando afirma que a Bíblia é a única regra de fé para os crentes.
Qual a capacidade, então, da Igreja - coluna e fundamento da verdade -
se não deve servir para estabelecer autoridade alguma? Como a Igreja
pode ser coluna e fundamento da verdade se não é palpável, habitualmente
prática para servir como autoridade na vida do cristão? O protestante
efetivamente nega que a Igreja seja o fundamento da verdade por negar
que ela possua qualquer autoridade para ensinar.
Além disso, os protestantes entendem o
termo Igreja como sendo algo diferente do que entende a Igreja Católica.
Os protestantes vêem a igreja como uma entidade invisível, e para eles
ela é a coletividade de todos os cristãos ao redor do mundo unidos na fé
em Cristo, apesar das grandes variações nas doutrinas e alianças
denominacionais. Os católicos, por outro lado, entendem que não somente
os cristãos unidos na fé em Cristo formam seu corpo místico, mas
entendemos simultaneamente que esta seja - e somente uma - a única
organização que possa traçar uma linha ininterrupta até os próprios
apóstolos: a Igreja Católica. É esta Igreja e somente esta Igreja que
foi estabelecida por Cristo e que tem mantido uma consistência absoluta
em doutrina através de sua existência, e, portanto, é somente esta
Igreja que pode requerer ser a coluna e fundamento da verdade.
O protestantismo, por comparação, tem
conhecido história de fortes vacilos e mudanças doutrinárias, e nem
mesmo duas denominações concordam entre si completamente - mesmo quanto a
doutrinas importantes. Tais mudanças e alterações não permitem que
sejam consideradas fundamento da verdade. Quando os fundamentos de uma
estrutura alteram-se ou são dispostos inapropriadamente, este mesmo
fundamento é fraco e sem suporte firme (Mt 7,26-27). Pelo fato de o
protestantismo ter experimentado mudanças tanto intradenominacional
quanto entre as diversas denominações que surgem continuamente, estas
crenças são como uma fundação que muda constantemente. Tais credos então
cessam de prover o suporte necessário para manter a estrutura que
sustentam, e a integridade dessa estrutura fica comprometida. Nosso
Senhor claramente não pretendeu que seus discípulos e seguidores
construíssem suas casas espirituais em tal fundamento instável.
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