“[...]
por astuta aparência de verdade, seduzem a mente dos inexpertos e
escravizam-nos, falsificando as palavras de Cristo” (S. Ireneu de Lion,
Adversus Haereses, I Livro, Prefacio)
Liberdade
de interpretar a Bíblia, cada qual por si mesmo, contando com a
iluminação pessoal e direta do Espírito Santo. Nada de Papa ou de
palavra definitiva do Magistério, o que configura uma suma
subjetividade. Inventor de tal absurdo, Martinho Lutero, (1483-1546).
A
Subjetividade iniciada por Lutero e propagada por seus insanos adeptos
ainda hoje continua a fazer suas vítimas, a falta de uma referência de
unidade causa, no protestantismo, uma composição variada de propostas
ridículas acerca da Verdade Revelada de Nosso Senhor e o Reino de Deus.
Com alegações bizarras e totalmente sem fundamentos tentam submeter o
maior número que podem aos seus pérfidos desejos e conveniências, se
utilizando sempre da “autoridade” interpretativa isolada das Sagradas
Escrituras. Alguns destes se utilizam do fato de toda a Igreja, por ser
assistida pelo Espírito Santo, ser infalível (isso quando ligada
diretamente à subordinação do Sucessor de Pedro) e, portanto passível a
tal interpretação de maneira contextualizada e verídica. Outros, por
sua vez, alegam que o próprio Cristo foi inventor do Livre Exame ao
dizer: “Examinai as Escrituras (Cf. Jo 5,39)”, e fazem disso uma
“salada” de idéias totalmente distorcidas e imbuídas de meras
especulações descontextualizadas. Para entender-se melhor o perigo
causado pela subjetividade da Verdade Revelada explicaremos melhor o
que significa subjetividade.
SUBJETIVISMO
“Subjetivismo
é um sistema filosófico que não admite outra realidade se não a
realidade do ser pensante. O subjetivismo acredita que a realidade não é
o que pensamos, acredita que vai além disso. Em ciências sociais, modo
de pensar que enfatiza ou leva em conta exclusivamente os aspectos
subjetivos (como intenção, ação, consciência, etc.) daquilo que é
estudado ou daquele que estuda ou interpreta qualquer coisa. O
subjetivismo é a doutrina fílosófica que afirma que a verdade é
individual. Cada sujeito teria a sua verdade. A idéia do sujeito é que
projetaria o objeto . A doutrina católica do conhecimento da realidade é
objetivista : é do objeto conhecido que a inteligência abstrai a
idéia. Para o objetivismo, a verdade é a correspondência ou adequação
entre a idéia do sujeito conhecedor e o objeto conhecido. A verdade ,
por isso, é objetiva e não pessoal, nem subjetiva. O subjetivismo
atribui a fonte da verdade ao sujeito. O subjetivismo atribui a fonte
da verdade ao sujeito. Essa doutrina, desgraçadamente, triunfou e se
espalhou pelo mundo graças ao triunfo da Revolução Francesa,
transformando o mundo num hospício, onde ninguém se entende. Pois, se
cada um tem a sua própria verdade, fica impossível haver entendimento.
Tal qual na torre de Babel. Tal qual num hospício.” (Fonte: http://www.dicionarioinformal.com.br/subjetivismo/ Acesso em: 13 de Maio de 2012)
O
que Lutero fez foi explodir uma “bomba” que atirou estardalhaços para
todos os cantos e de todas as formas. Ao “retirar”, de certa forma, a
autoridade Magisterial da Igreja sobre a interpretação das Sagradas
Escrituras e incentivar para que cada um pudesse retirar a sua “verdade”
sobre tais palavras ele ocasionou consequências que jamais iriam
novamente ter um retorno positivo, já naquele tempo ele mesmo reconheceu
a insanidade que ele havia causado:
“Há tantas seitas e crenças como cabeças.” – disse em 1525, cinco anos após o seu desligamento da Igreja Católica.
“Este
nega o batismo, aquele os sacramentos, aquele outro crê que há um
terceiro mundo, entre este e o dia do julgamento final. Uns dizem que
Cristo não é Deus; uns dizem uma coisa aqueles dizem outra . Não há
rústico, por mais rude que seja que não sonhe ou imagine de ser
inspirado pelo Espíritos Santo e se não se tenha por profeta.” (Grisar:
Luther IV, 386-407)
Como
o Grande Santo Agostinho dizia: “As pessoas costumam amar a verdade
quando esta as ilumina, porém tendem a odiá-la quando as confrontam.”
O
orgulho protestante permitiu que esta situação, iniciada por Lutero,
chegasse aos patamares que hoje evidenciamos, logo era nítido que o
intuito nuca foi de boa análise muito menos de boa intenção.
Obviamente
já era tarde demais, o estrago já estava feito. Não disse Jesus pelos
frutos conhecereis a árvore? (Cf. Mateus 7,18). Vejamos então, os
frutos do Livre Exame: se eles correspondem à vontade do Pai (Mateus
7,21), pois não basta invocar o mesmo Jesus, para entrar no Reino dos
Céus. Ora Jesus nos Revelou que esta vontade é a unidade: “Para que
todos sejam um, assim como tu, Pai, estás em mim e eu em ti… para que o
mundo creia que tu me enviaste.” (Cf. João 17,2)
“Muito
lamentável é ver até onde se atiram os delírios da razão humana,
quando o homem corre após as novidades e, contra as admoestações de São
Paulo, se empenha em saber mais do que convém e, confiando demasiado
em si, pensa que deve procurar a verdade fora da Igreja Católica, onde
ela se acha sem a menor sombra de erro.” Santo Padre Gregório XVI
Ora,
a árvore do Livre Exame produziu o fruto da unidade? Pelo contrário,
depois de adotado o Li Exame, nenhum livro dividiu tanto os homens como
a Bíblia. Logo a árvore do Livre Exame não presta. Resumindo de uma
forma bem simples, o subjetivismo colocado pelo insano Lutero sobre a
interpretação das Sagradas Escrituras incentivou as pessoas a acharem
suas “verdades” dentro do Livro Sagrado e depois adaptassem com, as
palavras mais bizarras e cheia de sandices nos seus discursos sobre
púlpitos levando uma multidão de ignorantes e sem senso crítico a
condições de pura manipulação. Toda a objetividade existente na Verdade
Revelada foi suprimida por um individualismo doentio e exacerbado que
culminou em divisões na história da humanidade, no meio protestante, que
ainda é visivelmente perceptível.
“O
subjetivismo e o relativismo moral produzem no homem contemporâneo uma
grande crise e confusão de consciência, com a conseqüente
desvalorização da ordem moral objetiva e a valorização excessiva da
subjetividade pessoal. Essas características levam a uma perda do
sentido do pecado.” Instrumentum Laboris, Cidade do Vaticano 1997
A
Santa Igreja Católica, em assuntos de Fé e Moral, sempre pensou com
uma só cabeça, numa unidade singular e perfeita: com a cabeça do Papa.
Isso é Unidade. É o que explicaremos a seguir.
UNA, SANTA, CATÓLICA E APOSTÓLICA – SAGRADAS ESCRITURAS
O
CATECISMO DA IGREJA CATÓLICA já nos ressalta, exorta e previne a
respeito de como preservarmos nossa unidade, sobretudo na matéria
Magisterial:
84.
O depósito da fé (49) («depositum fidei»), contido na Tradição sagrada
e na Sagrada Escritura, foi confiado pelos Apóstolos ao conjunto da
Igreja. «Apoiando-se nele, todo o povo santo persevera unido aos seus
pastores na doutrina dos Apóstolos e na comunhão, na fração do pão e na
oração, de tal modo que, na conservação, atuação e profissão da fé
transmitida, haja uma especial concordância dos pastores e dos fiéis».
Desta
forma, há uma concordância sempre unificada, não como uma forma de
simples aceitação mas, de na fé de sempre acreditar fielmente que pela
Igreja Fundada por Cristo temos fielmente resguardado todos os meios
necessários para nossa salvação, inclusive o de interpretar-se
corretamente o Livro Sagrado:
85.
«O encargo de interpretar autenticamente a Palavra de Deus, escrita ou
contida na Tradição, foi confiado só ao Magistério vivo da Igreja,
cuja autoridade é exercida em nome de Jesus Cristo, isto é, aos bispos
em comunhão com o sucessor de Pedro, o bispo de Roma. (CIC)
86.
«Todavia, este Magistério não está acima da Palavra de Deus, mas sim
ao seu serviço, ensinando apenas o que foi transmitido, enquanto, por
mandato divino e com a assistência do Espírito Santo, a ouve piamente, a
guarda religiosamente e a expõe fielmente, haurindo deste depósito
único da fé tudo quanto propõe à fé como divinamente revelado». (CIC)
87.
Os fiéis, lembrando-se da palavra de Cristo aos Apóstolos: «Quem vos
escuta escuta-me a Mim» (Lc 10, 16), recebem com docilidade os
ensinamentos e as diretrizes que os seus pastores lhes dão, sob
diferentes formas. (CIC)
Portanto
é visivelmente prejudicial separar Magistério das Sagradas Escrituras,
pois a mesma depende – não por ser menos importante que o Magistério
da Igreja – de uma autêntica interpretação e verídica cumplicidade com a
Igreja de 2000 anos que subsiste tão somente na Igreja Católica:
95.
«É claro, portanto, que a sagrada Tradição, a Sagrada Escritura e o
Magistério da Igreja, segundo um sapientíssimo desígnio de Deus, estão
de tal maneira ligados e conjuntos, que nenhum pode subsistir sem os
outros e, todos juntos, cada um a seu modo, sob a ação do mesmo Espírito
Santo, contribuem eficazmente para a salvação das almas». (CIC)
A
alegação então, que por muitas vezes é usada no meio protestante de
que qualquer um pode interpretar a seu bel prazer as Escrituras, negando
assim a autoridade da Igreja é contraditória e mortal:
“Nenhum
Protestante deveria citar a Escritura, porque ele não tem meios de
saber quais são os livros inspirados; a menos que, é claro, queira
aceitar a autoridade da Igreja Católica com relação à essa questão.”
Frei William Most.
O
CÓDIGO DE DIREITO CANÔNICO também traz luz a essa maneira lúcida que a
Igreja de sempre nos ensina, quando sob inspiração do Espírito Santo
de Deus nos dá também a plena convicção de onde vem nossa terna unidade
de vida e convivência com a Verdade Revelada:
Cân.
747 § 1. A Igreja, a quem Cristo Senhor confiou o depósito da fé, para
que, com a assistência do Espírito Santo, ela guardasse santamente a
verdade revelada, a perscrutasse mais profundamente, anunciasse e
expusesse com fidelidade, compete o dever e o direito originário de
pregar o Evangelho a todos os povos, independentes de qualquer poder
humano, mesmo usando de seus próprios meios de comunicação social.
A
isso resguardamos com afinco a mais de 20 séculos, nossa Tradição e
Magistério nos dá uma só reta, o único e indizível caminho:
“A
Igreja, apesar de estar espalhada por todo o mundo, conserva com
solicitude [a fé dos Apóstolos], como se habitasse numa só casa; ao
mesmo tempo crê nestas verdades, como se tivesse uma só alma e um só
coração; em plena sintonia com estas verdades proclama, ensina e
transmite, como se tivesse uma só boca. As línguas do mundo são
diversas, mas o poder da tradição é único e é o mesmo: as Igrejas
fundadas nas Alemanhas não receberam nem transmitiram uma fé diversa,
nem as que foram fundadas nas Espanhas ou entre os Celtas ou nas regiões
orientais ou no Egito ou na Líbia ou no centro do mundo.” Santo Irineu
(130-202) – Adversus Haresis (1, 10, 1-2)
Essa
é a Fé da Igreja de Cristo, a Santa Igreja Católica Mãe e Mestra, que
nos purifica no ensinamento e administração de todos os meios
salvíficos necessários para nossa entrada no Reino de Deus.
A
Sagrada Escritura deve ser lida e interpretada com a ajuda do Espírito
Santo e sob a guia do Magistério da Igreja, segundo três critérios: l)
atenção ao conteúdo e à unidade de toda a Escritura; 2) leitura da
Escritura na Tradição viva da Igreja; 3) respeito à analogia da fé, ou
seja, à coesão das verdades da fé entre si.
Assim
nos resguardaremos de todo e qualquer sentimento de divisão, estaremos
corretamente no Caminho, Verdade e Vida que nos foi preparado e não
nos apegaremos as conveniências muito menos aos atalhes facilitadores,
mas permaneceremos na Comunhão com a Igreja de Cristo e ainda mais na
união com o Céu aonde adentraremos pela sã Doutrina entregue somente a
Igreja Católica. Na Igreja Católica as seitas não tem lugar: quem
discorda cai fora, não é um novo ramos que brota e sim um ramo que seca
e se desprende do tronco.
“Eu
não deveria acreditar no Evangelho a não ser que este seja movido pela
autoridade da Igreja Católica.” Santo Agostinho de Hipona, Contra a
Carta de Mani, 397 D.C.
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