O artigo do Credo “Espero a ressurreição dos mortos e a vida do mundo que há-de-vir” ensina-nos que, no fim do mundo, os homens ressuscitarão, isto é, todas as almas humanas condenadas ou salvas se reunirão aos seus respectivos corpos, para assim, nunca mais se separar dele. Ensina-nos, também, a existência de uma vida futura, diversa da vida presente (será tratado em outro artigo).
É
bom notar que, trata-se de uma ressurreição da carne, porque são os
corpos que voltam à vida, haja vista a alma ser imortal, assim, não pode
morrer. Recordemos que a alma não recebe a vida do corpo, mas é criada
direta e individualmente por Deus. Assim, uma vez que a alma não recebe
do corpo a sua existência, não há motivos para que acabe com ele.
Sobre a morte sabemos de certeza algumas coisas; outras, ao contrário, nos são ignoradas por completo:
É certo que: a) todos morreremos; b) que a morte é castigo do pecado; c) fixará nosso destino para toda eternidade.
“Por
um só homem entrou o pecado neste mundo, e pelo pecado a morte” (Rm 5,
12). “Onde cair a árvore, ao sul ou ao norte, aí ficará”(Ecl. 11,3)
É incerto: o lugar, o tempo e o modo da nossa morte, e a sorte que nos espera. Possivelmente
Deus assim o faz para que em todo momento O respeitemos e temamos como
Senhor da nossa vida e estejamos sempre preparados a comparecer perante a
Ele.
Diz-nos
o Senhor na Escritura que a morte há de vir como um ladrão, isto é,
pegando-nos desprevenidos. E a experiência prova que com enorme
frequência assim acontece.(Lc 12, 39 e 40).
Deus
assim deseja para estarmos sempre na sua graça e serviço. Se
soubéssemos o dia da nossa morte, talvez, deixaríamos de servir e de
temer a Deus durante a vida, confiando em que teríamos na última hora,
tempo seguro para nos arrependermos.
Quanto
à ressurreição dos mortos, é verdade de fé, não alcançável pelo esforço
isolado da razão. Chegamos ao conhecimento de tal fato através da
revelação, e, também, pelo ensino da Igreja, que conserva e interpreta
de forma infalível o conjunto das verdades reveladas.
Vejamos:
1. Pelo testemunho da Escritura: Assim, disse Jesus: “Não vos maravilheis disso, porque vem a hora em que todos os que se acham nos sepulcros sairão deles ao som de sua voz: os que praticaram o bem irão para a ressurreição da vida, e aqueles que praticaram o mal ressuscitarão para serem condenados.”(Jo 5, 28-29)
2. Pelo ensino infalível da Igreja nos Concílios: “§989
Cremos firmemente – e assim esperamos – que, da mesma forma que Cristo
ressuscitou verdadeiramente dos mortos, e vive para sempre, assim
também, depois da morte, os justos viverão para sempre com Cristo
ressuscitado e que Ele os ressuscitará no último dia. Como a
ressurreição de Cristo, também a nossa será obra da Santíssima Trindade:
Se o Espírito daquele que ressuscitou Jesus dentre os mortos habita em
vós, aquele que ressuscitou Cristo Jesus dentre os mortos dar vida
também aos vossos corpos mortais, mediante o seu Espírito que habita em
vós (Rm 8,11)”
Deus
em sua imensa sabedoria determinou a ressurreição da carne para que o
corpo participe do prêmio ou do castigo da alma, como participante que
foi da sua virtude ou dos seus pecados.
Modo da Ressurreição
Nem
todos os homens ressuscitarão da mesma forma ou do mesmo estado, pois,
enquanto os corpos dos condenados aparecerão cheios de ignomínia
(desonra extrema) -, os dos justos, terão os dotes dos corpos gloriosos,
à semelhança de Cristo ressuscitado.
“Vou revelar-vos um mistério: nem todos morreremos, mas todos seremos transformados, num
instante, num abrir e fechar de olhos, ao som da trombeta final. Sim, a
trombeta tocará e os mortos ressurgirão incorruptíveis; e nós seremos
transformados. De facto, é necessário que este ser corruptível seja
revestido de incorruptibilidade, e que este ser mortal seja revestido de
imortalidade.” (1 Cor. 15,51)
“Ele
vai transformar o nosso corpo miserável, tornando-o semelhante ao seu
corpo glorioso, graças ao poder que Ele possui de submeter a Si todas as
coisas”. (Fl 3, 21)
Dotes dos Corpos Gloriosos
São quatro os dotes dos corpos gloriosos:
A impassibilidade: Consiste em que o corpo não estará sujeito à sofrimento nem à morte.
A agilidade: Consiste em que poderá deslocar-se num momento a lugares muito distantes.
A claridade: Consiste em que estará revestido de incomparável glória e formosura.
A subtileza: Consiste em que poderá penetrar outros corpos, como Cristo penetrou no Cenáculo depois da Ressurreição.
A
consideração desse artigo do credo deve levar-nos a mortificar o nosso
corpo e afasta-lo da sensualidade, para que um dia patenteie os sinais
dos corpos gloriosos.
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