12 junho 2013

Como viver um namoro cristão




por Pe. Thomas Morrow
            É realmente possível viver um namoro cristão no século XXI. É possível viver a castidade evangélica sem uma luta cotidiana crispada e dolorosa. É possível viver um autêntico namoro cristão mesmo que não se tenha feito assim no passado.
            Para começar, estudemos a virtude da castidade. Segundo São Tomás de Aquino e Aristóteles, a castidade é a moderação do apetite sexual de acordo com a reta razão. Em outras palavras, é o domínio que a razão exerce sobre o apetite sexual. [1]
            Não se trata somente de regular o comportamento, que poderia ser uma manifestação de autodomínio, mas do autêntico desejo de controlar a conduta sexual. Observe-se também que a norma é a “reta razão”, quer dizer, a razão em conformidade com o eterno amor de Deus, não uma razão mundialmente difundida que considera razoável qualquer sexualidade que evite doenças ou gravidezes indesejadas.
Como viver castamente
            Como crescer na virtude da castidade de modo a vivê-la habitualmente e com alegria?
            A castidade é um fruto do Espírito Santo, e só se obtém com esforço e uma oração constante. Os frutos de uma árvore aparecem depois das folhas e das flores, e o mesmo acontece com os frutos do Espírito Santo. Exigem um cuidadoso cultivo com a ajuda da graça de Deus. Para começar a viver castamente, requer-se uma profunda vida interior. Quinze minutos de meditação diária, mais a assistência frequente à Missa e a recepção dos sacramentos, são fundamentais para todo aquele que deseje viver essa virtude.
O convencimento próprio
            Além da Missa e dos demais sacramentos, podem-se utilizar diversos meios que contribuam para aproveitar a graça sacramental. Comecemos por observar, com São Tomás de Aquino e Aristóteles, que o apetite sexual parece gozar de vida própria. Não escuta apenas a razão, mas também a imaginação e os sentidos. Se quero levantar uma mão, digo-lhe que se mova e move-se, mas se o meu apetite sexual se sente atraído por algo ilícito, devo dizer-lhe alguma coisa mais do que simplesmente “pare”, porque pode ser muito impetuoso.
            Não faço o bem que quero – diz São Paulo -, mas o mal que não quero. […] Deleito-me na lei de Deus segundo o homem interior, mas sinto nos meus membros outra lei que luta contra a lei do meu espírito e me escraviza à lei do pecado que está nos meus membros. Pobre de mim! (Rom 7,19.23.24)
            Portanto, é preciso encontrar o modo de convencer o apetite sexual a obedecer a razão e não os sentidos ou à imaginação.
Dominar os sentidos e a imaginação
            O apetite escuta os sentidos. É necessário, portanto, que sejamos cuidadosos com o que olhamos ou contemplamos. Ver filmes explicitamente pornográficos ou concentrar a atenção em pessoas do sexo oposto vestidas provocadoramente é um veneno quando se vem lutando por viver a castidade. Pior ainda é deixar-se levar pela curiosidade pelas páginas da web, pois a pornografia banaliza o sexo, apresentando-o como mera diversão e reduzindo a mulher (ou o homem) a um simples instrumento de prazer. Dificilmente se poderão evitar os pecados sexuais se se contemplam continuamente cenas sexualmente explícitas.
            A imaginação é outro fator de perigo. Quando percebemos um pensamento impuro, tentemos substituí-lo por outro sadio, tal como um jogo de futebol, um pôr-do-sol maravilhoso, etc. Também podemos seguir o conselho de São João Vianney: fazer o sinal da cruz para afastar a tentação, ou pronunciar repetidamente o nome de Jesus, como aconselhava Santa Catarina de Sena. Um pensamento impuro não consentido não é pecaminoso, mas passa a sê-lo no momento em que consentimos nele. Como nos advertiu o Senhor, podemos pecar tão gravemente com o coração como o corpo.
Os valores da castidade
            Alguns propõe que se exerça o controle sexual de um modo voluntarista: que se reprima o apelo do sexo com um “não” enérgico e despótico. Desse modo, como aponta João Paulo II em Amor e Responsabilidade, o apetite sexual passa a refugiar-se no subconsciente, à espera da primeira ocasião de fraqueza para explodir num estado de atividade sexual. É que vemos em pessoas que se contêm durante várias semanas para depois caírem na farra, e repetirem o ciclo uma vez e outra.
            A inteligência deve lidar “politicamente” com o apetite, defendendo as vantagens da castidade sobre o prazer sexual sacrificado. A inteligência deve convencer-se de que, nos braços do sexo, jamais conseguirá ser plenamente feliz. A razão deve trabalhar insistentemente para converter para convencer o coração a verdade. Não basta saber o que é bom e o que é mau. Para sobrevivermos castamente neste mundo, a nossa mente e o nosso coração devem estar completamente convencidos de seu benefício.
           
O primeiro desses benefícios é o dom mais valioso: a nossa relação pessoal de amor com Cristo. Violar livre e conscientemente a castidade destrói essa relação, fonte de felicidade e o único caminho de salvação. E destruí-la significa pagar um alto preço por uns breves momentos de prazer.
            Quando se opta pela castidade, vive-se com dignidade de quem se sabe imagem e semelhança de Deus. E assim se ganham forças para viver sob a razão, e não a mercê dos desejos e impulsos, como os animais.
            Quem se abstém da atividade sexual manifesta a sua capacidade de valorizar a outra pessoa em toda a sua grandeza, e não como um mero objeto de prazer. O sexo é um tesouro no armazém das virtudes. Além disso, abre caminho para muitos valores, ou pelo menos reforça-os; concretamente, como vimos atrás, reforça o amor de doação (ágape), a amizade e o carinho, que são  os amores dos casais e que, portanto, deveriam converter-se em hábitos durante o namoro. De tal modo que, ao chegar o momento do matrimônio e entrarem nem jogo as relações sexuais, esses outros amores, mais fundamentais que o sexo, se convertam quase numa segunda natureza.
O excesso de álcool
            O autocontrole deve desempenhar o papel de pai para o apetite sexual até que este adquira uma educação razoável e a pessoa passe a ter a cabeça e o coração unidos, de modo a poderem ir em busca dos mais nobres valores.
            Um dos grandes destruidores desse autocontrole é o excesso de álcool. Muitas pessoas se envolvem em problemas terríveis por este motivo. Se você tem a esperança de viver a virtude da castidade, deveria propor-se a nunca tomar mais que um copo. Eu fiz o propósito de não beber enquanto estivesse na universidade e isso trouxe-me um enorme benefício. Se você não tomou igual decisão, ao menos seja muito cuidadoso com o álcool e, evidentemente, com as drogas, que podem dar cabo a sua vida. Nenhum cristão verdadeiro brincaria com essas coisas sabendo que destroem o autocontrole, e o autocontrole é necessário para se conseguir a paz da castidade.
[1] “A castidade significa a integração harmônica da sexualidade na pessoa e por isso, na unidade interior do homem no seu corporal e espiritual...” (Catecismo da Igreja Católica, n. 2337)
Pe. Thomas Morrow – “Namoro Santo em um mundo supersexualizado” – Ed. Quadrante, pg. 73 a 77
De: materdei1.blogspot.com.br


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