Cidade do Vaticano (RV) - Na Audiência Geral desta quarta-feira,
com o Papa Francisco, estava presente um grupo de judeus e cristãos que
nesses dias participa, em Castel Gandolfo, de um encontro para o
aprofundamento da dimensão espiritual do diálogo, promovido pelo
Movimento dos Focolares.
Dentre os membros do grupo estava o
responsável pelo Seminário Rabínico Latino-americano de Buenos Aires,
Rabino Abraham Skorka, que entrevistado pela nossa emissora falou sobre
sua amizade com o Papa Francisco, uma amizade que nasceu quando Jorge
Mario Bergoglio era cardeal da capital argentina.
Rabino Skorka: "Trata-se
de uma amizade muito forte. Uma amizade muito sincera em que oferecemos
uma mensagem para a comunidade de Buenos Aires e para toda a
humanidade. Uma mensagem de diálogo, de busca de conhecimento, de
elevação espiritual pelo fato de caminharmos juntos. Não foi por acaso
que escrevemos juntos um livro sobre diálogo e também não foi por acaso
que gravamos 30 programas para o canal do Arcebispado. Isto é a
conseqüência da aproximação de um em relação ao outro. Foi o resultado
do compromisso profundo que temos para com os valores bíblicos, as
palavras de nossos profetas, e digo nossos: os profetas judeus, os
profetas comuns. Tudo isso, tendo em mente, que os sentimentos perdem o
significado se permanecem apenas nas palavras e intenções, porque a
coisa mais importante é transformá-los em ação, mostrar que se está
comprometido com o outro e com o próximo, ou seja, com todos aqueles que
nos circundam. Quando nos reuníamos e conversávamos sobre coisas
pessoais, imediatamente surgia a pergunta: "Bem, qual é o nosso próximo
projeto? O que podemos fazer para deixar uma marca na vida? Essas marcas
que não se cancelam chamadas de 'marcas indeléveis, uma marca no
espírito, no espírito das pessoas. É como se tudo o que ele diz, no
âmbito dos valores, em suas pregações, discursos e homilias fossem aulas
para dar forma a este desejo. Este é o caminho que fazemos juntos. Eu o
convidei duas vezes ao templo da minha comunidade, à sinagoga, para que
nos desse a sua mensagem antes do Ano Novo Judaico. Ele me convidou
para ensinar no seminário que forma os futuros sacerdotes, e para muitas
outras coisas."
O que o Papa Francisco representa para o senhor em relação ao diálogo judaico-cristão?
Rabino Skorka: "Para
mim, a pessoa de Bergoglio, meu caro amigo, porque me demonstrou
constantemente sua amizade leal, é um desafio. O desafio de tentar
compreender mais profundamente o momento histórico do Povo de Israel em
que, de um lado emerge o judaísmo rabínico, e de outro, a primeira
comunidade cristã. Ao analisar as fontes talmúdicas nas quais aparecem
as histórias e as circunstâncias do diálogo entre os sábios do Talmude e
os líderes da primeira comunidade cristã, podemos ver um diálogo muito,
muito especial. De alguma forma deve, e eu sinto, recriar-se com ele
esse tipo de diálogo. Este é o nosso desafio e isso pode responder ao
enorme momento de crise espiritual que a humanidade está vivendo hoje."
De: news.va
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