Cidade do Vaticano (RV) – “Não há pecado ou crime que possa
cancelar um homem do coração de Deus”: a misericórdia divina foi a
tônica da alocução pronunciada pelo Papa Francisco antes do Angelus
deste domingo.
Comentando a conversão de Zaqueu, o Pontífice recordou
que este trecho narrado no Evangelho de Lucas resume em si o sentido de
toda a vida de Jesus, ou seja, procurar e salvar as ovelhas perdidas.
Zaqueu
é uma delas. É desprezado porque é o chefe dos publicanos da cidade de
Jericó, amigo dos odiados invasores romanos. É ladrão e explorador.
Impedido
de se aproximar de Jesus, provavelmente por causa de sua má fama, e
sendo pequeno de estatura, Zaqueu sobe em cima de uma árvore para poder
ver melhor o Mestre que passa.
“Este gesto exterior, um pouco
engraçado, expressa porém o ato interior do homem que tenta elevar-se
sobre a multidão para ter um contato com Jesus”, explicou o Papa.
O
próprio Zaqueu não sabe o sentido profundo do seu gesto; nem mesmo ousa
esperar que possa ser superada a distância que o separa do Senhor; se
resigna a vê-lo somente de passagem.
Mas Jesus, quando passa perto
desta árvore, o chama por nome: «Zaqueu, desça da árvore porque hoje
quero jantar na sua casa» (Lc 19,5). Zaqueu, aliás, é um nome
significativo, pois quer dizer “Deus lembra”.
Já naquela época,
comentou o Pontífice, existiam os “fofoqueiros”, pois este gesto de
Jesus suscitou as críticas de toda a população de Jericó: “Mas como? Com
todas as pessoas boas que existem na cidade, escolhe justamente um
publicano? Sim, porque ele estava perdido; e Jesus diz: «Hoje a salvação
entrou nesta casa, porque ele também é filho de Abraão» (Lc 19,9).
Não
existe profissão ou condição social, não há pecado ou crime de qualquer
gênero que possa cancelar da memória e do coração de Deus um só filho
sequer. “Deus recorda”, não esquece nenhum daqueles que criou; Ele é
Pai, sempre à espera de ver com atenção e com amor que renasça no
coração do filho o desejo de regressar à casa. E quando reconhece este
desejo, mesmo que simplesmente manifestado, imediatamente põe-se a seu
lado, e com o seu perdão lhe torna mais leve o caminho da conversão e do
regresso.
O gesto de Zaqueu, disse ainda o Papa, é um gesto
de salvação. “Se há um peso na consciência ou algo do qual se
envergonhar, não se preocupe. Suba na árvore ‘da vontade de ser
perdoado’. Eu garanto que não se desiludirá. Jesus é misericordioso e
jamais se cansa de perdoar.”
Francisco concluiu pedindo que cada um
de nós ouça a voz de Jesus que nos diz: “Hoje quero passar na sua casa”,
ou seja, na nossa vida.
Ele pode nos mudar, pode transformar o
nosso coração de pedra em coração de carne, pode nos libertar do egoísmo
e fazer da nossa vida um dom de amor.
De: news.va
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