Respondendo
aos protestantes: fundação da Igreja; Papado; primazia de S. Pedro; Sucessão
Apostólica; S. Pedro esteve em Roma, foi o primeiro Bispo de Roma, onde foi
martirizado; A lista dos primeiros Papas da Igreja; O Governo da Igreja (Bispos
e Fiéis); A infalibilidade Papal; Sobre quem recai a infalibilidade?; Unidade
da mesma Igreja.
A Fundação
da Igreja
“E eu te
digo que tu és Pedro, e sobre esta pedra edificarei a minha Igreja, e as portas
do inferno não prevalecerão contra ela; e eu te darei as chaves do reino dos
Céus: e tudo o que desatares sobre a terra, será desatado também nos céus.”
(Mt. 16, 18)
Como isso é
claro e positivo! Jesus Cristo muda o nome de Simão, em pedra (aramaico:
Kephas, significa pedra e pedro, numa única palavra, como em francês Pierre é o
nome de uma pessoa e o nome do minério pedra).
Deus fez
diversas vezes tais mudanças, para que o nome exprimisse o papel especial que
deve representar a pessoa. Assim mudou o nome de Abrão em Abraão (Gn 17, 5),
para exprimir que devia ser o pai de muitos povos.
Mudou ainda
o nome de Jacob em Israel (Gn 32, 28) para significar a “força contra Deus“.
Assim Jesus Cristo mudou o nome de Simão em Pedro, sobre a qual estará fundada
a Igreja, sendo o seu construtor o próprio Cristo.
Em todo o
trecho em que Nosso Senhor confirma S. Pedro como primeiro Papa, fica evidente
que Ele se dirige, exclusivamente, a S. Pedro, sem um mínimo desvio: “Eu te
digo… Tu és Pedro… Sobre esta pedra edificarei… Eu te darei… O que desatares…”
S. Pedro é a
pessoa a quem tudo é dirigido … é ele o centro de todo este texto.
Esse ponto é
muito importante, pois a interpretação truncada dos protestantes quer admitir o
absurdo de que Nosso Senhor não sabia se exprimir corretamente. Eles dizem que
Cristo queria dizer: “Simão, tu és pedra, mas não edificarei sobre ti a minha
Igreja, por que não és pedra, senão sobre mim.” Ora, é uma contradição, pois
Nosso Senhor alterou o nome de Simão para “Kephas”, deixando claro quem seria a
“pedra” visível de Sua Igreja.
A primazia
de S. Pedro comprovada nas Sagradas Escrituras e na Tradição
“Eu te darei
as chaves do Reino dos Céus” [a S. Pedro] – (Mt. 16, 17-19) – Primazia de
jurisdição sobre todos, pois é a ele que a sentença é dita.
O primado de
S. Pedro sobre os outros fica claramente expresso quando ele: 1) preside e
dirige a escolha de Matias para o lugar de Judas (At 1,1-25); 2) É o primeiro a
anunciar o evangelho no dia de Pentecostes (At 2, 14); 3) Testemunha, diante do
Sinédrio, a mensagem de Cristo (At 10, 1); 4) Acolhe na Igreja o primeiro Pagão
(At 10,1); 5) Fala primeiro no Concílio dos Apóstolos, em Jerusalém, e decide
sobre a questão da circuncisão: “Então toda a assembléia silenciou“(At 15,
7-12), etc.
Todos os
sucessores dos apóstolos atestam o primado de Pedro e dos seus sucessores,
como, por exemplo: 1) Tertuliano: “A Igreja foi construída sobre Pedro“; 2) S.
Cipriano: “Sobre um só foi construída a Igreja: Pedro“; Santo Ambrósio: “Onde
há Pedro, aí há a Igreja de Jesus Cristo“.
S. Mateus
enumerando os apóstolos, confirma o primado de S. Pedro: “O primeiro, Simão,
que se chama Pedro“(Mt 10, 2).
No século I,
o Bispo de Roma, Clemente, escrevendo aos Coríntios, para chamar à ordem os que
injustamente tinham demitido os presbíteros, declara-lhes que serão réus de
falta grave se não lhe obedecerem. O procedimento de Clemente de Roma tem maior
importância, se considerarmos que nessa época ainda vivia o apóstolo S. João
que não deixaria de intervir se o Bispo de Roma estivesse no mesmo plano dos
outros bispos.
No princípio
do sec. II, Santo Inácio escreve aos romanos que a Igreja de Roma preside a
todas as demais.
S. Irineu
diz ser a Igreja Romana a “máxima” e fundada pelos apóstolos Pedro e Paulo
(Heres. 3. 3. 2). Traz mais a lista dos dirigentes da Igreja Romana desde S.
Pedro ate o Papa reinante no tempo dele, que era S. Eleuterio. Ao todo eram só
doze. Eis a lista de modo ascensional: Eleuterio; Sotero; Aniceto; Pio; Higino;
Telesfor; Xisto; Alexandre; Evaristo; Clemente; Anacleto; Lino; Pedro. (veja
que S. Irineu deve ter vivido no entre o ano 100 e 200 DC). S. Jerônimo
escrevendo a S. Dâmaso, Papa, diz: “Eu me estreito a Vossa Santidade que
equivale a Cátedra de Pedro. E esta a pedra sobre a qual Jesus Cristo fundou a
sua Igreja. Seguro em vossa cátedra eu sigo a Jesus Cristo“. Fala nisto direta
ou indiretamente diversos santos e cristãos dos primeiros séculos, formando a
mais universal das tradições, a mais firme convicção histórica. Só para citar
alguns: S. Epifanio, Osório Pedro de Alexandria, Dionísio de Corinto, S. João
Crisóstomo, Papias, etc.
Nosso
Senhor: “Simão, Simão, eis que Satanás vos pediu com instância para vos joeirar
como trigo; mas eu roguei por ti, para que não desfaleça a tua fé; e tu, uma
vez convertido, confirma os teus irmãos” (Luc. 22, 31-32). Ou seja, é S. Pedro
que tem a missão, dada pelo próprio messias, de ‘confirmar‘ seus irmãos. Essa
missão supõe, evidentemente, o primado de jurisdição.
S. Pedro é
nomeado pastor das ovelhas de Cristo. Após a Ressurreição, Nosso Senhor confia
a Pedro a guarda de seu rebanho, isto é, confia-lhe o cuidado de toda a
cristandade, dos cordeiros e das ovelhas: “Apascenta os meus cordeiros“,
repete-lhe duas vezes; e à terceira: “apascenta as minhas ovelhas” (Jo. 21,
15-17). Ora, conforme o uso corrente das línguas orientais, a palavra
apascentar significa “governar“. Apascentar os cordeiros e as ovelhas é, portanto,
governar com autoridade soberana a Igreja de Cristo; é ser o chefe supremo; é
ter o primado. Além do que a imagem de “pastor” designa, na Sagrada Escritura,
o Messias e sua obra (cf. Mq 2,13; 4,6s; Sf 3,18s, Jr 23,3; 31,19; Is 30,11;
49,9s). Ora, confiando a S. Pedro a missão de pastor, Nosso Senhor o constituiu
seu representante visível na Terra.
No catálogo
dos apóstolos (Mt 10, 2-4; Mc 3, 16-19; Lc 6, 13-16; At 1, 13), S. Pedro sempre
é colocado em primeiro lugar. Em Mt. 10, 2 lê-se explicitamente que Pedro é o
primeiro (“Prótos“). Ora, “prótos” tanto quer dizer o primeiro numericamente
como o primeiro em dignidade e honra (v. Mt 20, 27; Mc 12, 28,31; At 13, 50;
28,17).
Em Mt. 17,
24-27, curiosamente, Nosso Senhor mandou pagar o tributo ao templo em nome Dele
e de S. Pedro, demonstrando a importância daquele que seria o seu representante
visível. Ele não manda que se pague em nome dos outros apóstolos, apenas de S.
Pedro.
S. Pedro
esteve em Roma, foi o primeiro Bispo de Roma e foi martirizado em Roma
A estadia de
S. Pedro em Roma é incontestável historicamente. Sobre ela atestam Orígenes
(ano 254), Clemente de Alexandria (215), Tertuliano (222), S. Irineu (202),
Dionísio (171). Do século primeiro, convém destacar S. Inácio (107) e Clemente
Romano (101). Esses historiadores e testemunhas são reconhecidos, pela crítica
moderna, como autoridades dignas de fé.
Existe uma
série ininterrupta de testemunhos do Século III até aos apóstolos e isso sem
uma voz discorde.
Em Cartago e
em Corinto, em Alexandria e Roma, na Gália como na África, no Oriente como no
Ocidente, a viagem de S. Pedro a Roma é afirmada unanimemente, como fato sobre
o qual não pairou nunca a mínima dúvida.
Orígenes (+
254) diz: “S. Pedro, ao ser martirizado em Roma, pediu e obteve fosse
crucificado de cabeça para baixo” (Com. in Genes., t. 3).
Clemente de
Alexandria ( + 215) diz: “Marcos escreveu o seu Evangelho a pedido dos Romanos
que oviram a pregação de Pedro” (Hist. Ecl. VI, 14).
Tertuliano
(+ c. 222), por sua vez, diz: “Nero foi o primeiro a banhar no sangue o berço
da fé. Pedro então, segundo a promessa de Cristo, foi por outrem cingido quando
o suspenderam na Cruz” (Scorp. c. 15).
No século II
abundam igualmente provas.
Santo Irineu
(+ 202) escreve na sua grande obra “contra
as heresias“: “Mateus, achando-se entre os hebreus, escreveu o Evangelho na
língua deles, enquanto Pedro e Paulo evangelizavam em Roma e aí fundavam a
Igreja” (L. 3, c. 1, n. 1, v. 4).
Dionísio (+
171) escreve ao papa Sotero: “S. Pedro e S. Paulo foram à Itália, onde
doutrinaram e sofreram o martírio no mesmo tempo” (Evas. Hist. Eccl. II 25).
Do século I
convém destacar:
Santo Inácio
(+ 107), Bispo de Antioquia, que conviveu longos anos com os apóstolos.
Condenado por Trajano, fez viagem para Roma, onde foi supliciado, tendo escrito
antes uma carta aos Romanos onde diz: “Tudo isso eu não vos ordeno como Pedro e
Paulo; eles eram apóstolos, e eu sou um condenado” (ad Rom., c IV).
Clemente
Romano (+101), 3o sucessor de S. Pedro, conheceu-o pessoalmente em Roma. É, por
isso, autoridade de valor excepcional. Eis o que escreve: “Ponhamos diante dos
olhos os bons apóstolos Pedro e Paulo. Pedro que, pelo ódio iníquo, sofreu; e
depois do martírio, foi-se para a mansão da glória. A estes santos varões, que
ensinavam a santidade, associou-se grande multidão de eleitos, que, supliciados
pelo ódio, foram entre nós de ótimo exemplo“.
Note que só
estão citados autores do início do cristianismo, para que não fique dúvida
acerca da idoneidade dos testemunhos, que poderiam ser objeto de dúvida dos
protestantes… É bom revelar que nenhum protestante imparcial teve a ousadia de
contestar esses historiadores.
É, portanto,
um fato certo que S. Pedro esteve em Roma e foi ali martirizado sob o reinado
de Nero. Nenhum historiador, até os protestantes, isto é, durante 1500 anos, o
contesta; ao contrário: para todos eles é um fato notório e público.
Vamos agora
provar que S. Pedro foi o primeiro Bispo de Roma:
Poderíamos
citar muitas longas passagens de S. Irineu, Caio, S. Cipriano, S. Agostinho, S.
Optato, S. Jerônimo, Sulpício Severo, que atestam “unânimes” o episcopado
romano do príncipe dos apóstolos. Limitemo-nos a umas curtas citações:
Caio:
falando de S. Vitor, Papa, diz: “Desde Pedro ele foi o décimo terceiro Bispo de
Roma“(ad Euseb. 128)
S. Jerônimo:
“Simão Pedro foi a Roma e aí ocupou a cátedra sacerdotal durante 25 anos” (De
Viris Ill. 1, 1).
S.
Agostinho: “S. Lino sucedeu a S. Pedro” (Epist. 53)
Sulpício
Severo, falando do tempo de Nero, diz: “Neste tempo, Pedro exercia em Roma a
função de Bispo” (His. Sacr., n. 28)
S. Ireneu:
“Os apóstolos Pedro e Paulo fundaram a Igreja, e o primeiro remeteu o
episcopado a Lino, a quem sucedeu Anacleto e depois Clemente“.
Convém notar
ainda que todos os catálogos dos Bispos de Roma, organizados segundo os
documentos primitivos, pelos antigos escritores, colocam invariavelmente o nome
de Pedro à frente de todos.
A Sucessão
Apostólica
Agora
veremos como o Papa é sucessor direto de S. Pedro, primeiro Bispo de Roma:
Primeiramente,
os protestantes deveriam provar que o Papa não é sucessor de S. Pedro, todavia,
como eles não tem nenhum texto histórico ou religioso que prove, eles pedem uma
prova dos católicos. Eles só negam, nada podem afirmar.
Vamos
analisar as Sagradas Escrituras. Lá existe não só a investidura de S. Pedro
como chefe visível da Igreja, mas a investidura perpétua dos apóstolos, para
serem os “enviados” de Cristo (Mt. 28, 18 – 20): “É me dado todo o poder no céu
e na terra; ide pois e ensinai a todos os povos e eis que estou convosco todos
os dias até a consumação do mundo“.
Que quer
dizer isso?
1 – Cristo
tem todo poder, é a primeira parte
2 – Cristo
transmite este poder, é a segunda parte (Lembremo-nos, no mesmo sentido, da
frase: “tudo que ligares na terra será ligado no céu e tudo o que desligares na
terra será desligado no céu”)
3 – A quem
Ele transmite? Aos apóstolos.
4 – Até
quando? Até a consumação do mundo
Ora, Cristo
transmitiu este poder unicamente aos apóstolos presentes? Não pode ser, pois os
apóstolos deviam morrer um dia, como todos os homens morrem. Ele diz: “estarei
convosco até à consumação do mundo“.
Se Ele
promete estar com os apóstolos até o fim do mundo, é claro que ele não está se
dirigindo aos apóstolos como pessoas físicas, mas como um “corpo moral“, que
deve perpetuar-se nos seus sucessores, e hão de durar atá o fim dos tempos.
Eis uma
prova evidente que o bispo de Roma, que é o Papa, é o sucessor de S. Pedro e de
sua “jurisdição”.
A sucessão
também é observada nos primeiros cristãos, que nomeavam diáconos e bispos,
transmitindo-lhes as obrigações de seus antecessores. (...)
Jesus
Cristo, fundando uma sociedade religiosa visível, que devia durar até ao fim do
mundo, devia necessariamente nomear um chefe, com sucessão, para perpetuar a
mesma autoridade: “Quem vos escuta, escuta a mim” (Mt 28, 18). Se assim não
fosse, Nosso Senhor não teria podido dizer: “Eis que estou convosco todos os
dias até o fim do mundo“; devia ter dito que estaria apenas com S. Pedro até o
fim de sua vida. Dessa forma, cumpre-se o que manda a Bíblia: “Um só senhor,
uma só fé, um só batismo” (Ef. 4, 5)
A lista dos
primeiros Papas da Igreja
S. Pedro, 42
– 67
S. Lino, 67
– 78
S. Cleto, 78
– 91
S. Clemente,
91 – 100
Santo
Evaristo, 100 – 109
Santo
Alexandre I, 109 – 119
S. Sixto I,
119- 128
S.
Telésforo, 128 – 139
Santo
Higino, 139 – 142
S. Pio I,
142 – 150
Santo
Aniceto, 150 – 162
S. soter,
162 – 170
Santo
Eleutério, 170 – 186
S. Vitor,
186 – 197
S. Zefirino,
197 – 217
S. Calisto
I, 217 – 222
Santo Urbano
I, 222 – 230
S. Ponciano,
230 – 235
Santo
Antero, 235 – 236
S. Fabiano,
236 – 251
S. Cornélio,
251 – 252
S. Lúcio I,
252 – 254
Santo
Estêvão I, 254 – 257
S. Sixto II,
257 – 259
S. Dionísio,
259 – 269
S. Félix,
269 – 275
Santo
Eutiquiano, 275 – 283
S. Caio, 283
– 295
S.
Marcelino, 295 – 304
S. Marcelo,
304 – 310
Santo
Eusébio, 310 – 311
S.
Melcíades, 311 – 313
S. Silvestre
I, 313 – 336
S. Silvestre
batizou o imperador Constantino Magno.
O Governo da
Igreja (Bispos e Fiéis)
“Olhai,
pois, por vós e por todo o rebanho, sobre que o Espírito Santo vos constituiu
bispos, para apascentardes a Igreja de Deus a qual santificou pelo seu próprio sangue”
(At 20, 28)
“Quem vos
ouve, a mim ouve; quem vos despreza, a mim despreza; e quem me despreza,
despreza aquele que me enviou“. (LC 10, 16)
A Bíblia diz
claramente que Jesus Cristo fundou uma Igreja sobre Pedro (Mt 16, 18), diz que
estaria com ele até o fim do mundo (Mt 28, 13-20), que lhe dava as chaves do
reino do céu (Mt 16, 19), que esta Igreja seria coluna e firmamento da verdade
(1 Tim 3, 15), que é preciso escutar esta Igreja sob pena de ser tratado como
um pagão (Mt 18, 17).
Mesmo em
relação à autoridade dos Fariseus e Escribas, apesar de viciados em seus erros,
por serem a autoridade legítima, disse Nosso Senhor: “Sobre a cadeira de Moisés se assentaram os
escribas e os fariseus; observai, pois, e fazei tudo o que eles vos disserem;
mas não imiteis as suas ações” (Mt 23, 2).
Nosso Senhor
escolheu, entre seus inúmeros discípulos, apenas doze Apóstolos, (Mt. 10, 2-4).
Instruiu-os duma maneira particular, desvendou-lhes o sentido das parábolas que
as turbas não compreendiam (Mt. 13, 2) e associou-os à sua obra mandando-lhes
que pregassem o reino de Deus aos filhos de Israel (Mt. 10, 5, 42).
Poucos dias
antes da Ascenção, Cristo confiou aos doze Apóstolos o poder que antes lhes
tinha prometido: “Todo o poder me foi dado no céu e na terra; ide, pois, e
ensinai todas as gentes, batizando-as em nome do Pai e do Filho e do Espírito
Santo, ensinando-as a observar todas as coisas que eu vos tenho ordenado, e
estai certos de que eu estou convosco todos os dias até a consumação dos
séculos” (Mt. 28, 19-20). Portanto, conclui Boulenger, Jesus Cristo comunicou
aos Apóstolos o poder – 1) de ensinar: “ide e ensinai todos os povos“, 2) de
santificar, pelos ritos instituídos para este fim e, em particular, pelo
batismo, 3) de governar, uma vez que os Apóstolos hão de ensinar o mundo a
“observar” tudo o que Ele mandou.
A Hierarquia
reconhecida na história:
1)
Testemunho de Santo Irineu, argumentando contra os hereges, apresenta o caráter
hierárquico da Igreja, como um ‘fato notório‘ que ninguém pode negar, como uma
fundação de Cristo e dos Apóstolos. Ora, como podia reivindicar para a Igreja
cristão a origem apostólica, se os seus adversários pudessem apresentar provas
da fundação recente da hierarquia?
2)
Testemunho de S. Policarpo, em meados do sec. II, designa os pastores como
“chefes da hierarquia e guardas da fé”
3) No mesmo
século ainda podemos citar os testemunhos: a) o de Hegesipo que mostra as
Igreja governadas pelos Bispos, sucessores dos apóstolos; b) o de Dionísio de
Corinto, que escreve na sua carta à Igreja romana que a Igreja de Corinto
guarda fielmente as admoestações recebidas outrora do Papa Clemente.
4) No ano
110, Santo Inácio de Antioquia, em sua Epístola aos Romanos, da Igreja de Roma
como do centro da cristandade: “Tu (Igreja de Roma) ensinastes as outras. E eu
quero que permaneçam firmes as coisas que tu prescreves pelo teu ensino” (Rom,
IV, 1).
5) Cerca do
ano de 96, S. Clemente Romano, discípulo imediato de S. Pedro e de S. Paulo,
escreveu uma carta aos Coríntios, na qual nos dá da Igreja noção equivalente à
de S. Ireneu, apresentando a hierarquia como a “guarda da tradição” e a Igreja
de Roma com a primazia universal sobre todas as Igrejas locais.
6) Deste
modo, chegamos, de geração em geração, aos tempos apostólicos. Desde o primeiro alvorecer do cristianismo,
os Apóstolos desempenharam a dupla função de dirigentes e pregadores.
Escolheram Matias para ocupar o lugar de Judas (At 1, 12, 26). Instituíram
diáconos nos quais delegaram parte dos seus poderes (At. 6, 1, 6).
Na prática
da Igreja também fica claro o poder de governo sobre todos os cristãos. Os
Apóstolos exerceram este tríplice poder: a) Poder legislativo: No Concílio de
Jerusalém, impõem aos recém-convertidos “que se abstenham das carnes oferecidas
aos ídolos, das viandas sufocadas e da impureza” (At 15, 29); b) poder
judiciário: S. Paulo entrega a Satanás “Himeneu e Alexandre, para aprenderem a
não blasfemar” (I Tim 1, 20); c) poder penal: S. Paulo escreve aos coríntios:
“Portanto, eu vos escrevo estas coisas, estando ainda longe de vós, de modo
que, quando eu chegar aí, não tenha de castigar, segundo o poder a mim confiado
por Deus para edificar, não para destruir” (II Cor 13, 10).
A
infalibilidade Papal
Vimos que Jesus
Cristo fundou uma Igreja hierárquica, conferindo aos Apóstolos e aos Bispos,
seus sucessores, os poderes de ensinar, de santificar e de governar.
Demonstraremos agora que Jesus ligou ao poder de ensinar o privilégio da
“infalibilidade“.
Conceito: A infalibilidade é a garantia de
preservação de todo erro doutrinal pela assistência do Espírito Santo. Não é
simples inerrância de fato, mas de direito. Portanto, não se deve confundir a
infalibilidade com a “inspiração“, que consiste no impulso divino que leva os
escritores sagrados a escreverem o que Deus quer; e nem com a “revelação“, que
supõe a manifestação duma verdade antes ignorada. O privilégio da
Infalibilidade não faz com que a Igreja descubra verdades novas; garante-lhe
somente que, devido à assistência divina, não pode errar nem, por conseqüência,
induzir em erro, no que respeita a questões de Fé ou moral.
Todavia, não
se confunde a “infalibilidade” com a “impecabilidade“. A Igreja nunca defendeu
a tese de que o Papa não pudesse cometer pecados. O Papa é infalível quando
segue as normas da infalibilidade, falando à toda a Igreja, como sucessor de S.
Pedro, em matéria de Fé e Moral, definindo uma verdade que deve ser acatada por
todos. Em sua vida privada – ou quando não utilizando a fórmula da infalibilidade
-, o Papa pode cometer erros e até pecados.
A Existência
da Infalibilidade segundo a Razão, a Revelação e a Tradição.
Argumento de
razão: Não se justifica que Deus possa ter deixado os homens à sua própria
sorte no tocante à doutrina. O “livre exame” protestante gera o subjetivismo e
as divisões, condenadas pela Sagrada Escritura. A autoridade de um corpo de
apóstolos é necessária, racionalmente, para a realização dos planos de Deus na
terra, sob pena de aceitarmos a tese de que Deus não guia seu povo.
Argumento
histórico:
Somos
chegados ao campo positivo da história. Afinal, o que Jesus devia fazer,
segundo a razão, tê-lo-ia feito? Terá instituído uma autoridade viva e
infalível encarregada de guardar e ensinar a sua doutrina?
O primeiro ponto,
de que Nosso Senhor instituiu uma Igreja hierárquica, com chefes a quem
concedeu o poder de ensinar, já está demonstrado anteriormente. Resta agora
examinar o segundo ponto, no qual provaremos que o poder de ensinar comporta o
privilégio da “infalibilidade”.
a) Nos
textos da Escritura:
A S. Pedro,
em especial, prometeu Jesus Cristo que “as portas do inferno não prevalecerão
contra ela (Igreja)” (Mat. 16, 18); e a todos os Apóstolos prometeu, por duas
vezes, enviar-lhes o Espírito de Verdade (Jo. 14, 15; 15, 26) e ficar com eles
até ao fim do mundo (Mat 28, 20). Estas promessas significam claramente que a
Igreja é indefectível, que os apóstolos e os seus sucessores não poderão errar
quando ensinarem a doutrina de Jesus; porque a assistência de Cristo não pode
ser em vão, nem o erro estar onde se encontra o Espírito de verdade;
b) No modo de proceder dos Apóstolos:
Do seu
ensino se depreende que tinham consciência de ser assistidos pelo Espírito
Santo. O decreto do Concílio de Jerusalém termina com estas palavras: “Assim
pareceu ao Espírito Santo e a nós” (At. 15, 28). Os Apóstolos pregam a doutrina
evangélica “não como palavra de homens, mas como palavra de Deus, que na
verdade o é” (1Tes 2, 13), a que é necessário dar pleno assentimento (II Cor
10, 5) e cujo depósito convém guardar cuidadosamente (1 Tim 6, 20). Além disso,
confirmam a verdade de sua doutrina com muitos milagres (At 2, 43 etc): prova
evidente de que eram intérpretes infalíveis da doutrina de Cristo, de outro
modo Deus não a confirmaria com o seu poder;
c) Na crença
da antigüidade cristã:
Concedem os
nossos adversários que a crença na existência dum magistério vivo e infalível
existia já no século III. Basta, portanto, aduzir testemunhos anteriores.
Na primeira
metade do século III, Orígenes, aos hereges que alegam as Escrituras, responde
que é necessário atender à tradição eclesiástica e crer no que fio transmitido
pela sucessão da Igreja de Deus. Tertuliano, no tratado “Da prescrição“, opõe
aos hereges o “argumento da prescrição” (condenando o que contraria o ensinado pelos
apóstolos) e afirma que a regra de fé é a doutrina que a Igreja recebeu dos
Apóstolos.
Nos fins do
século II, S. Irineu, na carta a Florino e no “Tratado contra as heresias“,
apresenta a Tradição apostólica como a sã doutrina, como uma tradição que “não
é meramente humana“. Donde se segue que não há motivo para discutir com os
hereges e que estão condenados pelo fato de discordarem desta tradição.
Pelo ano de
160, Hegesipo apresenta, como critério da Fé ortodoxa, a conformidade com a
“doutrina” dos Apóstolos “transmitida” por meio dos Bispos, e por esse motivo
redige a lista dos Bispos. Na primeira metade do século II, Policarpo e Papias
apresentam a doutrina dos Apóstolos como a única verdadeira, como uma regra
segura de Fé. Nos princípios do mesmo século, temos o testemunho de Santo
Inácio. Afirma este santo que a Igreja é “infalível” e que a incorporação nela
é necessária a quem se quer salvar.
Conclusão:
tanto através da razão como da história, provamos que o poder de ensinar,
conferido por Nosso Senhor Jesus Cristo à Igreja docente, traz consigo o
privilégio da “infalibilidade“, isto é, que a Igreja não pode errar quando
expõe a doutrina de Jesus Cristo.
Agora devemos analisar sobre quem recai a
“infalibilidade“
Pelo
exposto, fica claro que a “infalibilidade” é privilégio daqueles a quem compete
“ensinar“, isto é, os Apóstolos e, de modo especial, a S. Pedro e seus
sucessores.
A
infalibilidade do colégio apostólico provém, portanto: a) da missão conferida a
“todos os apóstolos” de “ensinar todas as nações” (Mat 28, 20); b) da “promessa
de estar com eles” “até à consumação dos séculos” (Mat 28, 20) e de lhes
“enviar o consolador, o Espírito Santo que lhes há de ensinar toda a verdade”
(Jo, 14, 26). Estas passagens mostram com evidência que o privilégio da
“infalibilidade” foi concedido ao “corpo docente” tomado coletivamente.
A sucessão
desse poder deve ser entendida no sentido de que o colégio apostólicos,
atualmente composto pelos bispos, é ‘infalível’ não individualmente em cada
bispo, mas no conjunto deles.
No caso de
S. Pedro e seus sucessores, a infalibilidade é pessoal. Provaremos isso com
argumentos tirados dos textos evangélicos e da história.
O argumento
escriturístico deriva dos mesmo textos que demonstram o primado de S. Pedro:
“Tu és Pedro…“, pois é incontestável que a estabilidade do edifício lhe vem dos
alicerces. Se. S. Pedro, que deve sustentar o edifício cristão, pudesse ensinar
o erro, a Igreja estaria construída sobre um fundamento inseguro e já se não
poderia dizer “as portas do inferno não prevalecerão contra ela“.
Depois, com
o “Confirma fratres” (“confirma os irmãos“), Nosso Senhor assegurou a Pedro que
pedira de modo especial por ele, “para que sua fé não desfaleça” (Luc 22, 32).
É evidente que esta prece feita em circunstâncias tão solenes e tão graves (o
momento da paixão de Nosso Senhor) não pode ser frustrada.
Finalmente,
com o “Pasce Oves” (apascenta as minhas ovelhas), foi confiada a Pedro a
guarda, o governo, de todo o rebanho. Ora, não se pode supor que Jesus Cristo
tenha entregue o cuidado do seu rebanho, colocando S. Pedro como Pastor, a um
pastor que pudesse desencaminhar as ovelhas eternamente, ensinando o erro.
O Argumento
histórico da infalibilidade de S. Pedro:
A crença da
Igreja não se manifestou da mesma forma em todos os séculos. Houve, na verdade,
certo desenvolvimento na exposição do dogma e até no uso da infalibilidade
pontifícia; mas nem por isso o dogma deixa de remontar aos primeiros tempos, e
de fato já o encontramos em germe na Tradição mais afastada, como se demonstra
pelo sentir dos Padres da Igreja e dos concílios, e pelos fatos:
No século
II, S. Irineu afirmava que todas as Igrejas se devem conformar com a de Roma,
pois só ela possui a verdade integral.
S. Cipriano
dizia que os Romanos estão “garantidos na sua fé pela pregação do Apóstolo e
são inacessíveis à perfídia do erro” (o apóstolo dos romanos é S. Pedro).
S. Jerônimo,
para pôr termo às controvérsias que afligiam o Oriente, escreveu ao Papa S.
Dâmaso nos seguintes termos: “Julguei que devia consultar a este respeito a
cadeira de Pedro e a fé apostólica, pois só em vós está ao abrigo da corrupção
o legado dos nossos pais“.
S. Agostinho
diz a propósito do pelagianismo: “Os decretos de dois concílios relativos ao
assunto foram submetidos à Sé apostólica; já chegou a resposta, a causa está
julgada“, “Roma locuta est, causa finita est“.
O testemunho
de S. Pedro Crisólogo não é menos explícito: “Exortamo-vos, veneráveis irmãos,
a receber com docilidade os escritos do santo Papa da cidade de Roma, porque S.
Pedro, sempre presente na sua sede, oferece a fé verdadeira aos que a
procuram“.
O que fica
dito anteriormente acerca do primado do Bispo de Roma, aplica-se com a mesma
propriedade ao reconhecimento de sua infalibilidade.
No século
II, o papa Victor excomungou Teódoto que negava a divindade de Cristo, com uma
sentença tida por todos como definitiva. Zeferino condenou os Montanistas,
Calisto os Sabelianos, e, a partir destas condenações, foram considerados como
hereges. Em 417, o papa Inocêncio I proscreveu o pelagianismo, e a Igreja
reconheceu o decreto como definitivo. Em 430, o papa Celestino condenou a
doutrina de Nestório, e os Padres do Concílio de Éfeso seguiram a sua opinião.
O concílio
de Calcedónia (451) recebeu solenemente a célebre carta dogmática do Papa Leão
I a Flaviano, que condenou a heresia de Eutiques, proclamando unanimemente:
“Pedro falou pela boca de Leão“. Do mesmo modo os Padres do III Concílio de
Constantinopla (680) aclamaram o decreto do Papa Agatão que condenava o
monotelitismo, dizendo: “Pedro falou pela boca de Agatão“.
Como se vê,
desde os primeiros séculos a Igreja romana é reconhecida como o “centro da fé”
e como a “norma segura da ortodoxia“. Quanto mais avançamos, tanto mais
explícitos são os termos que nos manifestam a universalidade desta crença,
proclamada como dogma no I Concílio Vaticano.
Finalmente,
podemos afirmar que nunca um Papa, na história da Igreja, proclamou, segundo a
fórmula da infalibilidade, um erro doutrinário.
Unidade da
mesma Igreja
Apenas com
um chefe visível, infalível, se pode cumprir a unidade do “corpo místico de
cristo”.
Em relação à doutrina:
1) “Quem não
está comigo é contra mim“(Mt 12,30)
2) “Um só
Senhor, uma só fé, um só batismo, um só Deus e Pai de todos” (Ef 4, 3-6)
3) “Não rogo
apenas por eles, mas também por aqueles que por sua palavra hão de crer em mim.
Para que todos sejam um, assim como Tu, Pai, estás em mim e eu em ti, para que
também eles estejam em nós e o mundo creia que tu me enviaste“(Jo 17,20-21).
4)
“Recomendo-vos, irmãos, que tomeis cuidado com os que produzem divisões contra
a doutrina que aprendestes. Afastai-vos deles” (Rm 16, 17).
5) “Se
alguém vos anunciar um evangelho diferente, seja execrado, isto é, seja
excomungado“(G. 1,7-9).
Em relação ao culto:
1) “Porque
há um só pão, um só corpo somos nós, embora muitos, visto participarmos todos
do único pão” (1Cor 10,17)
2) “A
multidão dos fiéis tinha um só coração e uma só alma“(At 4, 32)
3)
“Esforçai-vos em conservar a unidade do Espírito no vínculo da paz” (Ef. 4,3).
Em relação à unidade de Governo:
1) “Irmãos,
conjuro-vos que sejais sempre perfeitamente unidos num só sentimento e num
mesmo pensar” (1 Cor 1,10)
2) “Tenho
ainda outras ovelhas que não são deste redil. Estas tenho de reunir, e elas
ouvirão a minha voz. E então haverá um só rebanho e um só pastor” (Jo. 10,16;
Mt 16, 15-16).
O próprio
fato de S. Paulo ter procurado a unidade na questão da circuncisão deixa
patente a existência de uma Igreja una. No concílio que decidiu essa questão,
em Jerusalém, foi S. Pedro quem falou primeiro e quem deu a última palavra
sobre a questão: “Então toda a assembléia silenciou“(At 15, 7-12), obedecendo
ao Chefe do Colégio Apostólico.
Nas Sagradas
Escrituras, é só folhear os Atos dos Apóstolos e verificar o crescimento da
Igreja (a mesma e una) desde o início até os dias de hoje.
A Igreja
cresceu rápida, veloz, ao ponto que S. Paulo pôde compará-la com “um edifício
vastíssimo, tendo os apóstolos por alicerce e Cristo como pedra angular.” (Ef.
2, 20)
Tertuliano
se atrevia a escrever no seu Apologético, dirigido ao imperador romano: “Somos
de ontem, e já enchemos as cidades, as ilhas, os castelos, os acampamentos, as
aldeias e os campos; só deixamos vazios os vossos templos. Se nos retirassem, o
império ficaria deserto“.
A Igreja de
Cristo vai crescendo e se espalhando, “multitudo ingens“, diz Tácito, falando
do tempo de Nero (Anais 15, 44), formando uma “imensa multidão“, até que,
afinal, dominando e vencendo a tirania dos imperadores pagãos, logre o
reconhecimento oficial, com o reinado de Constantino Magno, primeiro imperador
cristão.
Foi nesse
tempo, em 325, que se reuniu o primeiro concílio dos bispos católicos, em
Nicéia, ao qual compareceram 318 bispos, sob a presidência de Ósio, bispo de
Córdova, assistido de dois legados do Papa (de Roma), S. Sivestre.
Portanto, a
história e a bíblia são claros ao narrar a expansão da mesma Igreja, fundada
por Nosso Senhor sobre S. Pedro, em unidade.
De: lepanto.com.br
Siga-nos no Facebook. Curta essa página==>>