08 março 2014

testemunho de ex-protestante, agora católico - Gabriel Campos



“A dificuldade em explicar ‘por que sou Católico’ é que há dez mil razões para isso, todas se resumindo a uma única: o catolicismo é verdadeiro”.
G.K. Chesterton

Amigos virtuais ou não virtuais, a fim de não ter de explicar a cada um, resolvi contar a todos de uma só vez.

Como sabem, nasci em uma família de longa e larga tradição Protestante. Os avós maternos do meu pai, meus bisavós, já eram integrantes de uma Igreja Batista no início do séc. XX, e minha família, salvo algumas exceções, assim permanece até hoje (não tratarei aqui da peculiar condição dos Batistas em relação aos protestantes históricos, prefiro igualá-los neste momento).

Por volta de 1981, quando eu tinha 15 anos, fui batizado na Igreja Batista Calvário em Itapetinga – Ba. Vivi minha fé protestante com paixão, leitura intensa da Bíblia, livros teológicos e de história da Igreja. Por algum tempo, pensei em me tornar Pastor. Na verdade, em 1985, quando cheguei em Brasília com 19 anos, estudei num Seminário da Assembleia de Deus por 1 ano.

Mas, sempre admirei e gostei da Igreja Católica.

Li alguma coisa sobre a Igreja Católica, ainda em Itapetinga, e continuei lendo ao longo do tempo. Assim, desenvolvi um sentimento duplo em relação à Igreja.

De um lado, a admirava, pois ela enfrentou Roma, foi perseguida, sobreviveu à queda do Império, enfrentou e sobreviveu à Idade Média, guardou a cultura clássica, sobreviveu ao Renascimento, ao Iluminismo, à Revolução Francesa, sobreviveu a dois Cismas (o Cisma do Oriente em 1054 e a Reforma em 1517), conviveu e não se contaminou frente a duas Guerras Mundiais e segue no mundo do sec. XXI. E ainda assim, a Igreja mantém-se Una e íntegra, nada obstante os percalços, os problemas, os erros de seus integrantes. Indubitavelmente, é impossível acumular um mínimo de conhecimento e não admirar a Igreja Católica.

Mas de outro lado, eu tinha de ser anti-católico, com todas as opiniões, crenças e fantasias e desconhecimentos que os Protestantes têm em relação à Igreja e a sua doutrina. Sim, tinha de ser anti-católico, pois como Protestante eu tinha uma ideia caricata da Igreja Católica.

Acompanhei, como qualquer pessoa minimamente informada, o pontificado de João Paulo II e sua enorme influência no final do séc. XX. Como um esquerdista que era na década de 1980, acompanhei o processo contra o então Frei Leonardo Boff, em torno de sua obra “Igreja Carisma e Poder”. Nessa época conheci e aprendi a admirar a imponente figura do então Cardeal Joseph Ratzinger. Também acompanhei a agonia e o falecimento de João Paulo II, seguida do conclave e do papado de Bento XVI; sua renúncia, e a chegada de Francisco.

Aqui, um parêntese pra Rivanda. Em 1989, quando eu tinha 23 anos, já morando em Brasília, conheci uma moça de 19 anos que acabava de se converter ao protestantismo. Era a Rivanda. Como ela não resistiu aos meus encantos, resolvemos nos casar, o que fizemos em 1990 em uma Igreja Batista. Daí nasceu o Ciro Brasil Campos em 1992.

Algumas leituras e estudos mais recentes me fizeram mudar por completo o pensamento. A leitura da história da Igreja, a leitura dos Padres da Igreja (Policarpo de Smirna, Inácio de Antioquia, Clemente de Roma, Ambrósio, Jerônimo, João Crisóstomo), além, claro, de Agostinho e Thomás de Aquino, à luz da Bíblia, fez-me ver que algo estava “complicado” com o Protestantismo.

Mas de um modo nostálgico, não queria abandonar Jan Hus, Wycliffe, Lutero, Calvino, Zwinglio, Melanchthon e os demais reformadores. Dessa forma, o que fiz foi o confronto do pensamento, da doutrina e da tradição católica, com o pensamento, doutrina e tradição protestante.

Nos últimos dois anos, já estava consciente de que tudo o que eu pensava sobre a Igreja Católica e o que os protestantes pensam da Igreja Católica é apenas uma caricatura, uma versão-espantalho. A Igreja é muito mais sublime, rica e cristã do que julgava minha vã filosofia protestante.

Depois de muito pensar a respeito, orar e conversar com Rivanda, tomando sempre como referência a Bíblia, tomei a decisão de ir a uma Missa. Comprei um pequeno livro litúrgico para compreender cada ato da Missa e, no dia 15 de setembro de 2013, fui então à Igreja mais próxima de casa, à Igreja de Nossa Senhora de Nazaré.

Fiquei absolutamente impressionado com a Missa e pela primeira vez cheguei à conclusão de que aquela era a Casa de Deus e era o meu lugar. Após a Missa, falei com o Padre Roberto Carlos Rambo (acreditem, Rambo é sobrenome de origem alemã, não tem nada a ver com o filme) sobre minha crise e conversamos algumas vezes.

Interessante notar que nos encontros seguintes que tive com o Padre Rambo, ele jamais se portou como um proselitista, jamais estimulou minha entrada na Igreja Católica, sempre foi um ouvinte, sempre me deixando à vontade.

Rivanda, no domingo seguinte (22/09/2013), começou a ir à Missa comigo e mesmo com alguma relutância, passou a ler alguns textos católicos e o Catecismo. Não demorou muito tempo e ela se convenceu de que jamais deveria ter saído da Igreja.

Atualmente, estamos na mesma Igreja. Rivanda deverá receber o sacramento da confissão no início de janeiro e voltar à Barca de Pedro. Quanto a mim, preparo-me para o batismo e primeira comunhão.

Como sempre li muito, ando devorando tudo o que encontro sobre o tema apaixonante da Igreja Católica… livros, sites, música, catecismo, história da Igreja… Lamento apenas por ter passado tanto tempo pra tomar essa decisão.

As objeções protestantes à doutrina católica caíram em semanas, uma a uma, pois nada resiste à graça de Cristo e o entendimento da Tradição e do Magistério da Igreja.

Após essa minha conversão, pesquisando na internet, descobri que não estava sozinho. Em diversos países do mundo, em menor escala no Brasil, Pastores e líderes protestantes e muitos outros têm se convertido ao catolicismo. Scott Hahn, Marcus Brodi, Francis Beckwith, dentre outros tantos.

Aos meus amigos Protestantes, saibam que muito aprendi com todos vocês, e que as diferenças que agora se apresentam, não vão diminuir o apreço e a amizade que tenho por todos.

Esse é um testemunho apenas para noticiar. Preferi usar o facebook para dar ciência a todos de minha decisão, juntamente com Rivanda Brasil Campos. Não quero e não pretendo tornar esse espaço em uma sede de discussão doutrinária e teológica. Em breve reproduzirei esse texto em um blog ou algo semelhante, por lá, poderemos debater à vontade. Por ora, peço apenas que tomem conhecimento. Orem e rezem por mim.

E tenho dito.

Fonte: Facebook.com/catolicos.evangelizadores
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