2014-04-04 L’Osservatore Romano
Hoje os cristãos mártires
e perseguidos são mais numerosos do que nos primórdios da Igreja e em certos
países é até proibido rezar em comunidade. Foi sobre esta realidade dramática
que o Papa centrou a sua meditação na missa celebrada na manhã de 4 de Abril em Santa Marta.
O trecho do livro da Sabedoria (2,1.12-22) proclamado na
liturgia revela «como é o coração dos ímpios, de quantos se afastaram de Deus e
se apoderaram da religião», e como é a sua «atitude em relação aos profetas»,
até à perseguição. São pessoas conscientes de estar diante de um justo, como
diz a Escritura: «Cerquemos o justo, porque ele nos incomoda; é contrário às
nossas obras».
Cercar, explicou o Papa, significa «difundir falatórios e
calúnias». Assim, «preparam-se para destruir o justo». Não podem aceitar que
haja um justo «contrário às nossas
obras; ele censura-nos por violar a lei e acusa-nos de contrariar a nossa
educação».
Palavras que delineiam o perfil dos profetas perseguidos «em toda
a história da salvação». Foi Jesus quem «o disse aos fariseus», como narra «o
célebre capítulo 23 de são Mateus, cuja leitura nos fará bem». Ele é explícito:
«Os vossos pais mataram os profetas mas vós, para eliminar a sua culpa, mandais
construir um bonito sepulcro para os profetas!».
Estamos diante de «uma hipocrisia histórica». «Na história da
salvação os profetas foram sempre perseguidos». O profeta é um homem «que diz:
errastes o caminho, percorrei a senda de Deus! Esta é a mensagem do profeta». Uma
mensagem que «não agrada às pessoas que se apoderaram do caminho errado».
Também Jesus foi perseguido, como diz o Evangelho de hoje (Jo
7,1-2.10.25-30). Ele certamente «sabia qual seria o seu fim». As perseguições
começaram cedo, quando «no início da sua pregação voltou ao seu povoado e
pregou na sinagoga». Então, «logo após uma grande admiração começaram» as
murmurações: «Nós sabemos de onde ele vem. Cristo, porém, quando vier, ninguém
saberá de onde vem». E todos se interrogavam: «Com que autoridade nos ensina?
Onde estudou?».
Em síntese, é a mesma atitude de sempre: «desqualificam o
Senhor, o profeta, para lhe tirar a autoridade». É como se dissessem: «Faz
milagres aos sábados, mas no sábado não se deve trabalhar e por isso ele é
pecador! Come com os pecadores, e por isso não é um homem de Deus!». Assim,
«desqualificam Jesus», porque Ele «saía
e fazia sair do ambiente religioso fechado, da jaula». E «o profeta luta contra
as pessoas que aprisionam o Espírito Santo» e por isto «é sempre perseguido». Os
profetas «são marginalizados». Esta realidade «não acabou com a morte e
ressurreição de Jesus», mas «continuou na Igreja».
Na Igreja há «perseguidos fora e dentro». Os santos «foram
perseguidos»: quando lemos as suas vidas, vemos tantas «incompreensões e perseguições», pois dado
que eram profetas diziam coisas «muito duras». E «tantos pensadores na Igreja
foram perseguidos»: «Neste momento penso num deles, não muito distante de nós:
um homem de boa vontade, um profeta autêntico que, com os seus livros, admoestava
a Igreja a não se afastar do caminho do Senhor. Foi imediatamente chamado; os
seus livros foram proibidos e tiraram-lhe a cátedra, e foi assim que este homem
acabou a sua vida, há pouco tempo. Hoje
ele é beato». Mas como, ontem era herege e hoje é beato?». Sim, «ontem quantos
tinham o poder queriam silenciá-lo, porque não gostavam do que ele dizia. Hoje
a Igreja, que graças a Deus sabe arrepender-se, diz: não, este homem é bom!».
A história testemunha que «as pessoas escolhidas pelo Espírito
Santo para dizer a verdade ao povo de Deus são perseguidas». E aqui o Papa
recordou «a última bem-aventurança de Jesus: felizes aqueles que forem
perseguidos por causa do meu nome»; «Jesus é o modelo, o ícone: sofreu muito e
foi perseguido», «assumindo as perseguições do seu povo».
«Hoje os cristãos são perseguidos» «porque a esta sociedade
mundana e tranquila que não quer problemas dizem a verdade e anunciam Jesus
Cristo». Hoje nalguns países existe «até a pena de morte, a prisão por
conservar o Evangelho em casa, por ensinar o catecismo!». «Um católico dessas
regiões disse-me que é proibido rezar juntos! Só é possível rezar sozinho e
escondido». Para celebrar a Eucaristia organizam «uma festa de aniversário!»
para eludir a polícia!».
«A história de perseguições e incompreensões continua até
hoje», pois este é também «o caminho do Senhor e de quantos o seguem», uma
senda que «acaba sempre com a ressurreição, mas antes passa pela cruz», na
certeza de que «Jesus é o Senhor» neste «desafio da nossa fé». O Papa concluiu
pedindo ao Senhor «a graça de ir pelo seu caminho, até com a cruz da
perseguição».
De: news.va
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