01 maio 2014

SÓ VALE O QUE ESTÁ NA BÍBLIA? ENTÃO POR QUE ELA FALA O CONTRÁRIO?


Quem afirma que só vale o que está na Bíblia, assume que a Bíblia seria a única fonte da revelação.
Porém, essa tese é refutada pelo próprio Evangelho. No final do Evangelho de São João nos é dito:

"Muitas outras coisas, porém, há ainda, que fez Jesus, as quais caso se escrevessem uma por uma, creio que nem no mundo todo poderiam caber os livros que delas se houvessem de escrever" (Jo XXI, 25).

Está na Bíblia que nem tudo o que Nosso Senhor fez foi posto na Bíblia. Ora, se algo que Cristo fez e não foi posto na Bíblia não deve ser acreditado, então não se tem fé em Cristo, mas só na Bíblia. Colocou-se um livro no lugar do Cristo testemunhado pela Igreja. Transformou-se a Bíblia em ídolo. E isso é bibliolatria.

Nosso Senhor Jesus Cristo anunciou que o Espírito Santo completaria a instrução dos Apóstolos:

"Tenho ainda muitas coisas a dizer-vos, mas vós não as podeis compreender agora. Quando vier, porém, o Espírito de verdade, ele vos guiará no caminho da verdade integral, porque não falará de si mesmo, mas dirá tudo o que tiver ouvido e anunciar-vos-á as coisas que estão para vir" (Jo 16, 12-113).

Assim, o que Cristo ensinou e fez nos foi transmitido pela Tradição Apostólica numa época em que nem Bíblia havia.
Por isso, duas são as fontes da Revelação: a Sagrada Escritura e a Tradição (apostólica).

Também os Atos dos Apóstolos nos dizem que Cristo ensinou outras coisas mais que não foram postas nos livros sagrados, mas guardadas pela Tradição:

"Na primeira narração, ó Teófilo, falei de todas as coisas que Jesus começou a fazer e a ensinar até o dia em que, tendo dado as suas instruções por meio do Espírito Santo, foi arrebatado ao (céu); aos quais também se manifestou vivo, depois de sua paixão, com muitas provas, aparecendo-lhes por quarenta dias e falando do reino de Deus". (Atos 1, 1-3)

Ora, será que aquilo que Jesus fez e ensinou nesses quarenta dias não tem valor?

Falou, ensinou e fez Ele coisas inúteis?

As instruções que Ele deu e falou então aos Apóstolos sobre o Reino de Deus e a Igreja, não teriam nenhum valor?

É evidente que essas instruções e ensinamentos têm valor sim, porque provêm de Deus, apesar de não terem sido registrados na Sagrada Escritura. Eles nos foram guardadas pela Tradição Apostólica.

S. Paulo afirma que devemos seguir a tradição recebida dos apóstolos (2Ts 3,6): "Intimamo-vos, irmãos, em nome de nosso Senhor Jesus Cristo, que eviteis a convivência de todo irmão que leve vida ociosa e contrária à tradição que de nós tendes recebido."

Mas.... os protestantes confundem tradição apostólica com tradição farisaica de rituais para assim acusar os católicos, contrariando a própria Bíblia que nega o princípio da "sola scriptura" protestante (levar em conta apenas o que foi escrito). São Paulo nega esse princípio protestante taxativamente:

"Permanecei, pois constantes, irmãos, e conservai as tradições que aprendesses, ou por nossas palavras ou por nossa carta" (2 Tess. 2, 14).

S. Paulo não diz nada sobre seguir apenas o que está escrito ou o que vier a ser escrito! E nem poderia, pois na época a escritura era apenas o AT, os livros sagrados do NT foram definidos pela Igreja Católica só no final do século 4 e a Bíblia impressa só surgiu depois do século 16!

Vê-se então como o consenso dos protestantes de nada vale, porque vai contra a palavra que está escrita na Bíblia, a qual afirma que se devem conservar as tradições e o que foi ensinado oralmente, sendo o que está escrito útil para ensinar, mas não suficiente.

Prova-se, portanto, que é falsa a tese protestante de que só se deve crer no que está na Bíblia, pois é negada pela própria Bíblia.

Podemos citar outros exemplos relevantes sobre práticas que não estavam registradas por escrito antes de serem praticadas, indicando que há práticas e ensinamentos adotados pelos Apóstolos que não foram registrados antes nas escrituras. Assim, por exemplo, a "imposição de mãos". Dela não se acha menção nos Evangelhos e, entretanto, os Apóstolos a praticaram. Teriam eles inventado tal costume? Claro que não! Cristo deve tê-los instruído a fazer a "imposição de mãos" (Atos 8, 14-17; e Heb 6, 1-2).

São Tiago -- embora os protestantes, seguindo Lutero, recusem essa epístola -- nos fala da unção sobre os enfermos: "Está entre vós algum enfermo? Chame os presbíteros da Igreja, e [esses] façam oração sobre ele, ungindo-o com óleo em nome do Senhor; a oração da Fé salvará o enfermo e o Senhor o aliviará; se estiver com pecados, ser-lhe-ão perdoados" (S. Tiago 5, 15). Também a "unção dos enfermos" não aparece nos evangelhos ou nas escrituras antes da epístola de S. Tiago. Então por que Tiago descreve esse procedimento? Quem o instruiu a fazer isso?

Ora, nem a imposição de mãos (Sacramento da Confirmação), nem a unção dos enfermos (Sacramento da Extrema Unção) poderiam transmitir a graça, se não tivessem sido instituídos pelo próprio Cristo.

Cristo legou aos Apóstolos um conjunto de verdades reveladas e de sacramentos instituídos por Ele mesmo que formam o "Depósito da Fé" e que deve ser guardado:
"Ó Timóteo, guarda o depósito (da Fé), evitando as novidades profanas de palavras e as contradições de uma ciência de falso nome, professando a qual alguns se desviaram da Fé" (1Tm 6,20).

E notem que S. Paulo instruía a Timóteo, visando a uma comunidade cristã local da época especificamente para que assim fosse evangelizada corretamente e não como gostam tanto de fazer os protestantes que pegam passagens da Bíblia para aplicá-las ou a eles mesmos indevidamente ou para acusar o catolicismo nos tempos atuais, tirando a passagem totalmente de seu contexto.

Concluindo: a Bíblia não é a única fonte da Revelação e quem substitui a Igreja, mãe da Bíblia, pela Bíblia, corre o sério risco de entender errado, ensinar errado e praticar bibliolatria.

Se eu dependesse apenas do protestantismo, jamais seria cristão, pois não poderia professar uma fé irracional.
Sou cristão graças à Igreja Católica Apostólica, cuja autoridade recebida de Cristo me garante ser a Bíblia palavra de Deus e a explica. A Bíblia comprova o que a Igreja ensina, nunca foi o contrário.

Claudio Maria


De: Pergunte e responderemos 

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