30 outubro 2014

Ele quase foi abortado, era um comunista, fez ioga, tomou Jesus como Mestre Yoga ... E agora é arcebispo


Arcebispo Stankevics
Umas das vozes soaram mais alto no último Sínodo da Família em defesa da doutrina católica sobre o casamento e a família foi o Arcebispo de Riga (Letónia), Zbigniew Stankevics, um homem com um passado peculiar – sua mãe foi pressionada a abortá-lo, tem formação científica em inteligência artificial, era um membro da ala jovem do Partido Comunista, por anos procurou o sentido da vida em Yoga e religiões orientais e tomou Cristo como Mestre (e o Senhor) em um grupo ecumênico na Moscou Soviética


Um país que se divorcia em 77% dos casos
Com uma taxa de divórcio de 77% os letões sabem quase tudo sobre a desagregação da família. Stankevics observa, porém, que aqueles que se casam na Igreja na Letónia registram apenas uma taxa de ruptura de 14%, ... apesar do ambiente pró-divórcio do país.
Durante o Sínodo, Stankevics falou à Rádio Vaticano, com ideias claras: " A missão dos padres sinodais não é fazer uma abertura mal definida , mas aplicar na situação atual o ensino da Igreja ".
Ele acrescentou: "Temos de enfrentar os desafios contemporâneos, sem perder a nossa identidade católica, sem renunciar a verdade sobre o casamento .
" Já em Riga depois do Sínodo, o arcebispo assegurou a imprensa local: "A doutrina da Igreja não mudou e nem se espera que mude. Nem o Papa nem o Sínodo podem mudar o que está escrito no Evangelho, que contém as verdades fundamentais. O problema hoje é reacender essa realidade. "

Sem medo de ir contra a corrente

Stankevics é um homem valente que nunca se importou em ir ”contra a corrente”. Por exemplo, muitos nacionalistas letões lhe criticaram quando propôs que seria bom que todos na Letônia conhecessem o idioma russo, que em si é quase um terço da população,mas o restante se associa com a odiada ocupação soviética que durou de 1940 a 1990.

“Eu gosto de comunicar-me com as pessoas em seu próprio idioma”, explicou. “Tenho familiares com os que falo em polaco, outros eu russo e outros em letão. Em família só uso o polaco; na escola usava o letão; usava o russo no grupo Ecumênico e o uso muito para ler as literaturas. Depois aprendi inglês e italiano”.

Quando planejavam abortar-lhe

Outro momento em que chamou a atenção da população letã (ali só 20% da população é católica) foi quando se debatia ampliar o aborto no país em 2002. Ela então era um simples sacerdote recém ordenado.

Revelou em um texto intitulado “Por que fui afortunado” que era um sobrevivente do aborto: pressionaram sua mãe para que o abortasse.

As pressões não eram muitos distantes: era sua própria tia, a irmã dela, médico, que lhe diziam que abortasse por uma causa “gravíssima”: por ter 40 anos. Por sorte, a mãe de Stankevics, de fé católica e origem polaca, se negou apesar do ambiente abortista generalizado da era soviética.

O pai Stankevics em 2002 insistiu em proclamar o ensino católico: “A Igreja sempre ensinou que qualquer aborto intencionalmente provocado é moralmente errado”. No entanto, a Letônia adotou l aborto livre durante as 12 primeiras semanas de gravidez, mas devido a mudanças de hábitos e econômicos a ao esforço de organizações pró-vida o aborto foi diminuindo no país: em 1991, com ritmos soviéticos, havia quase 45.000 abortos (frente a 34.000 nascimentos vivos). Em 2011 os abortos eram 7.000 ao ano.

Da marxismo ao karate e a yoga
A mesma historia de fé de Stankevics é a de um buscador contracorrente.

Na infância deixou a fé católica de sua mãe e assumiu os ensinos, em aparência tão científicas e racionais, do marxismo que lhe ensinavam na escola.

“Na época soviética nos lavaram o cérebro com ideologia e acreditei no marxismo”, explica rindo à revista bielorrusa Cerkov.by. “Esta ideologia nos livros ficava muito bem, como teoria, mas sua realização na vida real era terrível. Com o tempo decidi seguir buscando com ajuda da ciência. Me deixaram decidir como campo profissional entre a física nuclear, a cibernética a l inteligência artificial. Escolhi esta última”.

Y conceber o que é a inteligência leva a ceoceberlo que é a alma. E o homem.

Também o notava na natureza: Facia escalada e passeava pela montanha. Uma vez estive 21 dias viajando a pé pela natureza, dormindo sempre ao relento em saco de dormir. E notava que havia algo mais.

Entendi que o material não é tudo, que havia un mistério, algo sagrado e transcendente, na existência.

“Algun lampejos de este mistério os entrevi quando comecei a fazer karate. Sua filosofia me levou a yoga, e ali descobri o que negava o marxismo: descobri que há uma dimensão espiritual na existência”.

No le interesasa o cristianismo, que apenas conhecia e lhe parecia algo velho e caduco. Pensou que as religiões orientais marcavam o caminho. E se encaminhou na yoga.

“Pracicava a yoga muito a sério. Cada día practicava, sentado na posição de loto. Mas a cabo de uns anos entrei em crise. Entendi que Deus existia, sim, mas que não podia conectar-me com Ele. A yoga não me ajudava a lograr este objetivo. Passavam os anos e seguia longe de consegui-lo. Nense momento me encontrei com uns jovens cristãos, de diversas denominações, que estavam juntos no grupo Ecumena, primeiro em Moscou, depois Riga. Entre eles me senti compreendido”.

Todo yogui busca um Mestre, alguém que lhe ensine como contactar com o absoluto, com a luz. E o jovem Stankevics decidiu tomar como mestre a Jesus.

“Senti que o Mestro que eu em vão buscava na yoga e através do que podia aproximar-me de Deus era Jesus o Cristo”.

Avisando às Juventudes Comunistas
Assim começuo sua aproximação à fé cristã. Durante 10 anos foi um jovem engenheiro, que lia livros sobre o cristianismo e cria na fé.

Em certo momento, como era membro do Konsomol, as juventudes comunistas, teve que tomar partido, o melhor, deixar o partido.

A principio muitos colegas engenheiros lhe viam como alguém peculiar, um “crente”, mas sem pressiona-lo. Finalmente foi ao comitê do Konsomol e declarou que suas crenças eram contrárias aos estatutos da organização e que cria em Deus. "Aí veio o pânico", recorda.

Tentaram-lhe convencer de que o que enobrece ao homem é crer no partido, não em Deus. Como ele não cedia, lhe retiraram da militância.

Jovens do Konsomol letão desfilam orgulhosos em Riga,na década de 80, com seus uniformes de Fusileiros Vermelhos Letões...hoje a simbologia comunista, igual à nazi, estão proibidas na Letônia

“O comunismo se equivoca sobre tudo na compreensão da pessoa”, explica anos depois Stankevics. “O comunismo vê o ser humano como um produto descartável da materia. Por quê caiu o socialismo? A economia foi só uma causa secundária. Na realidade, era o homem que se afogava por falta de ar!”

Em 1990, caído o Muro de Berlim e tornados independentes os países bálticos, começou a estudar teologia em Lublin; foi ordenado sacerdote em 1996, seguiu seus estudos em Roma e em 2010 Bento XVI lhe nomeava arcebispo de Riga.

A ideologia do prazer e o materialismo
A situação atual é também época de desafios. “Então o ateísmo era teórico, agora vivemos um materialismo prático”, lamenta. Condena “a ideologia do bem-estar, da corrida pelo poder, a riqueza, o prazer. Se lhe hão tragado sem pestanejar porque não tínhamos fundamentos espirituais”, explica, aludindo aos países pós-soviéticos.

Defendendo o celibato
Stankevics defende a tradição da Igreja Católica sobre o celibato sacerdotal, que é estranho para os letões luteranos (uns 25% da população, com pastores casados) e para os ortodoxos (uns 35%, com monges e bispos celibatários mas que ordenam párocos a homens casados).

“A lógica do celibato é simples: Jesus não era casado, estava completamente dedicado a vontade do Pai Celestial”, explica. “Quando uma pesoa aceita esse chamado, quando assume conscientemente este sacrifício, se faz fértil, isso se converte em um carisma. Porque pelas próprias forças naturais não podemos, só Deus com sua graça nos faz capazes. O homem casado serve, antes de tudo, a sua família. Ao não ter família, podes dedicar o melhor à paróquia, à diocese, ao povo”, assegura o arcebispo.

Que as pregações sejam entendidas
Stankevics ensina que um problema comum a “ cristandade” atual é que hoje “o idioma da pregação deve aproximar-se das pessoas”, que faz falta talento e dar “sermões divulgativos”.

“Se o número de paroquianos não aumenta, o sacerdote devería refletir. Por quê? O povo muitas vezes no recibe un alimento espiritual adequado, não se sente acolhido, sente frio no templo, o amor se lhe enfria”.

E explica qual é sua prioridade hoje: “Meu objetivo estratégico é o renascimento espiritual da Letônia, convido a cooperar e considero aliados a todas as pessoas de boa vontade”. Isso inclui os ortodoxos: “nãoo somos competidores mas sim aliados. Há tantas pessoas sem fé que temos trabalho suficiente na salvação dos perdidos”.





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