27 março 2015

A cruz é sinal de morte? "Eu vi a cruz e eu pensei: ‘estou vivo!’”. História de um refém cristão de extremistas islâmicos




Eu fui um escravo cristão do Estado Islâmico


Ex-refém sírio relata o seu calvário nas mãos dos fanáticos terroristas

Eles sabiam que ele era cristão só por causa do nome. E eles não precisavam de mais nada para sequestrá-lo. "Seu nome é muito estranho", disseram os muçulmanos vestidos de preto ao conferirem a sua identidade.
"Naquele instante, eu vi que eles perceberam que eu era cristão".

Ele conta a sua história angustiante de forma anônima para a jornalista Sulome Anderson, da revista New York. A entrevistadora é filha do também jornalista Terry Anderson, que foi mantido refém no Líbano durante sete anos.

Nosso cristão anônimo ia do Líbano para a Síria, a fim de visitar a família, e passou sem problema algum por quinze postos de controle do exército sírio. Mas quando topou com o Conselho Mujahideen Shura, um grupo que mais tarde se juntou ao Estado Islâmico, a sorte acabou. Ele e outros viajantes foram vendados, acorrentados, torturados, submetidos a choques elétricos. Alguns foram fuzilados. Outros foram usados como parte do plano do grupo para obter dinheiro, exigindo resgate das famílias dos reféns. Os cristãos foram escolhidos especificamente por causa da sua religião.

Quanto aos sequestradores, o ex-refém cristão considera:
 
“Eles sofreram uma lavagem cerebral. A única coisa que eles sabem é que existe um homem que se proclama emir, um homem que está acima deles. Não é Baghdadi [o líder máximo do Estado Islâmico]. Há muitos níveis de emires. Qualquer coisa que esses emires disserem, os militantes fanáticos vão acreditar que é verdade. E os emires dizem: ‘Deus manda você ir e matar’. Como eu sou cristão, eles me diziam: ‘Você matou muçulmanos nas cruzadas’. Outro me disse que eu era do exército do papa e que eu tinha matado muçulmanos na Espanha. Nós tentávamos dizer que isso não é verdade, que nós não somos isso. Nós sempre vivemos ao lado de muçulmanos em paz. Trabalhamos juntos, gostamos uns dos outros. Mas essas pessoas querem que o mundo seja como eles e matam qualquer um que não é”.

A família do refém conseguiu juntar os 80.000 dólares do resgate. Quando os captores “nos jogaram nas ruas de Aleppo... Ah, meu Deus, foi a sensação mais maravilhosa que eu já tive”, relata ele.
 
“Havia soldados do Exército Livre da Síria. Corremos até eles e eles nos levaram para uma igreja. Eu vi a cruz e eu pensei: ‘estou vivo!’”.

O que este homem contou sobre a atual situação em seu país é revelador e triste:
 
“Parece que isso não vai acabar. Eu acho que Bashar al-Assad não vai a lugar nenhum. Já faz quatro anos e ele ainda está lá. Eu não me importo com Assad. Ele não é um homem bom. Mas antes disso tudo, a Síria era um lugar lindo. Você, que é mulher, podia ir a qualquer lugar em toda a Síria de dia ou de noite e passar por cada posto de controle e ninguém iria incomodá-la. Isso nunca seria possível agora. Nós viramos um Iraque. Saddam não era bom, mas era melhor do que aquilo que aconteceu depois. E ninguém pode fazer o Iraque voltar a ser o que ele era. O povo sírio dizia que queria liberdade. Isto não é liberdade. Isto é o caos”.

De: aleteia.org


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