07 março 2015

Ele era um hípster protestante, ela era uma universitária ateia… como se fizeram católicos?




Faz uns anos Tyler Blanski era um hípster (são pessoas que gostam de roupas, música, comida e atividades fora da corrente social) artista, alternativo e protestante. Sua noiva Brittany era uma universitária ateia e desprezava aos cristãos em geral. Pouco depois ambos se tornaram anglicanos, com zelo evangelizador e ganas de criar sua própria igrejinha, com ele como pastor. Em um processo de três anos, “como em um jogo de pistas, uma casa do tesouro”, tudo foi mudando e hoje estão em um matrimônio católico implicado em sua paróquia e a evangelização de jovens. Como se desenvolveu este caminho peculiar?

De batista a “cristão alternativo”
Em sua infância, Tyler e sua família participavam em uma igreja batista em Minneapolis, e ele foi a uma escola primária fundamentalista protestante. Na adolescência se integrou em uma megaigreja protestante, conservadora na moral mas moderna e alternativa nas formas, com cujo grupo de jovens se integrou.

“Deixei crescer o cabelo rastafari e trabalhei em uma cooperativa de comida orgânica”, recorda. Era hípster, alternativo e cristão, e com ganas de ser artista, músico.

Em 2001, com 17 anos, era membro de uma comunidade cristã jovem, alternativa e pós-moderna chamada Solomon’s Porch (www.solomonsporch.com) que se define como “comunidade cristã holística e missionária”, e inclui ofertas de yoga e de medicinas orientais e alternativas.

Com essa idade entrou em uma escola de balas artes, com a ideia de ser guitarrista e compositor, sobretudo de estilo folk. “A escola estava cheia de lésbicas e liberais, atores tatuados e jovens rapers”, recorda. “Me encantava escrever canções folk, produzir álbuns, marcar o ritmo com os pies e tocar a harmônica”.

Mas em apenas um ano compreendeu que na realidade não estava aprendendo grande coisa na escola, assim que mudou e acabou em outra completamente distinta: um centro acadêmico tradicional e conservador, Hillsdale College, onde começõu com uma educação clássica sobre a cultura ocidental e aprendeu, primeiramente, que Ocidente se sustenta em uma herança multissecular greco-romana e judeu-cristã. Havia descoberto que existe a história e a tradição.

Ademais, nesta época conheceu uma pequena paróquia anglicana, que nos Estados Unidos é como se chama aos ex-episcopalianos conservadores, amigos da liturgia e as orações históricas. Era seu primeiro contato com uma comunidade cristã litúrgica baseada em uma tradição. “Fui testemunha de um pequeno grupo de cristãos que viviam juntos sua vida diária enraizados na Palavra de Deus e nos sacramentos. Minha fé, descobri, não consistia só em mim, minha Bíblia e minha igreja hípster flotando no espaço exterior”.

Desde então se considerou anglicano e começou seu sonho de chegar a criar uma comunidade assim algum dia.

Brittany: o clube ateu e os cristãos reais
Enquanto isso, Brittany, aquela que seria sua esposa, percorria seu próprio itinerário. Foi batizada quando criança, mas seu pai católico morreu poço depois e isso afastou a sua mãe de Deus. Ela voltou a casar mas o novo lar não tinha religião, ainda que nele se viviam bons valores como o perdão, a humildade, a lealdade e o amor. A pequena foi três vezes a acampamentos cristãos e se sentiu atraída ali pela mensagem de amor de Jesus Cristo, mas sem cristalizar em nada concreto por falta de acompanhamento.

No instituto, a única coisa que Brittany aprendeu sobre o cristianismo é o que lia nos periódicos e o que explicava sua professora quando falava de Marx em aulas de filosofia. Chegou à conclusão de que o cristianismo era uma hipocrisia para enganar às pessoas.

Em 2007 começou seus estudos na Universidade de Minnesotta e se ligou ao Clube Ateu da Universidade. Mas resultou que as duas melhores amigas que conheceu na universidade eram cristãs, generosas, pacientes… tudo um exemplo da diferencia que significa uma vida em Cristo. A acusação de hipocrisia não se sustentava com bons cristãos.

Começou um processo de reflexão sincera que levou anos. Por que Deus permite o mal? Que acontece com as pessoas que não ouvem falar de Cristo? Como encaixa a fé, a ciência, a evolução?

Em 2009 pensava que crer significava renunciar a pensar. “Não posso obrigar-me a sacrificar meus poderes de intelecto para dar um salto de fé. Não sei como crer em algo, a única coisa que posso fazer é entender”, dizia.

Mas logo foi observando que sim a fé era boa, efetivamente devia incluir esse entender. Sem entender as coisas que se creem, qualquer pessoa é pasto fácil de pregadores manipuladores e truques de retórica e carisma. Começou a pensar em suas dúvidas e perguntas como pontos de partida para explorar a relação com Deus, a comunhão com Deus. E a medida que descobria a cosmo visão e as respostas cristãs via que eram mais razoáveis e coerentes que a oferta acadêmica dominante de niilismo e fragmentação.

Matrimônio estudos e um bebê
Conheceu a Tyler em 2010. Ele já estava convencido de que Deus lhe chamava a ser sacerdote anglicano e um ano depois começou seus estudos. Casaram-se, e ela dava aulas de matemática enquanto ele estudava latim, grego, história, teologia…

Se consideravam anglicanos e queriam chegar a fundar sua própria comunidade anglicana em algum bairro como missionários urbanos. Mas que ensinariam aos fiéis? E a seu filho que estava a caminho?

Porque havia que tomar decisões a respeito a mil perguntas que o anglicanismo não podiam responder porque não tinha autoridade para isso, nem reclamava tê-la.

Tyler, ao estudar história, viu que a Igreja Católica não era uma versão decadente e corrupta da Igreja dos primeiros séculos, e sim que era a Igreja que Jesus fundou que se havia desenvolvido como um corpo vivo, como uma árvore. Havia que examinar o que ensinava sobre a Virgem, a transubstanciação, o purgatório, o sacerdócio, o papado, o estar abertos a vida em o matrimonio, o inferno…

“Deixamos de usar anticoncepcionais. Nos encontramos com um sacerdote. Oramos. Lemos cada livro católico que pudemos, especialmente a Bíblia. Lemos a Karl Keating, Scott Hahn, Stephen Ray [três famosos católicos atuais que antes foram protestantes], Hans Urs von Balthasar, Vladimir Soloviev e o Catecismo”. E mais adiante Gerard Manley Hopkins, G.K. Chesterton e o cardeal John Henry Newman…

Brittany se decidiu antes por uma revelação especial. “Ela soube –da mesma forma que sabes que o céu é azul, as árvores formosas e que as maçãs caem - que Cristo estabeleceu sua Igreja sobre Pedro e lhe deu cada bendição espiritual –segundo Mateus 16,17-19 e Efésios 1,3- e essa fé fez florescer a Brittany, e eu fui atrás”, explica Tyler.


Para Tyler foi um processo duro e bonito, tema a tema, mas ao final. Ia balizar seu filho em uma Igreja com doutrina e catecismo ou em o confuso mundo anglicano? Ele havia conhecido anglicanos que eram magníficos cristãos, mas a eclesiologia anglicana em si não podia colocar-se de acordo sobre nada. Tyler enumera os problemas: “ o controle de natalidade, o divorcio e o recasar-se, o sacerdócio e a mulher, a homossexualidade, o número e natureza dos sacramentos, a justificação, a Viagem, a comunhão dos santos, quantos concílios foram ecumênicos e quais…”

Por outra parte, ele se sentia chamado ao sacerdócio anglicano… mas entendeu que sua apreciação subjetiva valia menos que a realidade constatada: a Igreja que Cristo criou era a Católica, e a Deus havia que servir-lhe segundo a vontade de Deus, não a própria vontade.

No inverno de 2013-2014 deixou seu postulantado anglicano e o jovem matrimonio se integrou em uma paróquia católica, passou muitas horas em adoração ante o Sacrário e receberam o curso de iniciação cristã para adultos. Na primavera de 2014 foram recebidos como católicos e puderam comungar na missa. Um mês depois batizavam ao pequeno Timothy Augustine. E um mês depois Tyler começava sua tarefa como evangelizador de jovens na paróquia. “Com humildade, agradecidos, como um desafio, Brittany e eu simplesmente tentamos tomar o que se nos da”, escreve Tyler, que mantém uma página evangelizadora em inglês:www.holyrenaissance.com


De: religionenlibertad.com/r
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