23 novembro 2015

De muçulmano no Iraque a protestante e hoje católico: Daniel Alí explica como evangelizar o Islã


Um menino católico de 9 anos, com o Catecismo na mão, foi uma via de conversão de um protestante ao catolicismo


 Daniel Alí é um iraquiano nascido em uma família muçulmana do Kurdistão que hoje é católico e anima a evangelizar a os muçulmanos. Para isso pede que os cristãos não ocultem a Jesus Cristo e que conheçam melhor o Islã.


Há poucos anos escreveu junto com Robert Spencer o livro em inglês "Dentro do Islã: um guia para católicos". Assegura que quando os cristãos se tratam com muçulmanos "não há que ocultar a figura de Jesus para ficar bem com aqueles professam a fé islâmica. Eles não gostam de gente fraca. Respeitam mais a quem defende suas convicções", indica Alí.


Perseguido pelo regime, com vizinhos cristãos
A juventude de Alí foi um exemplo do que espanta mais ao Estado Islâmico: um muçulmano que cresce em um país islâmico convivendo com vizinhos cristãos, aberto a aprender.

Alí nasceu em 1959, o quinto filho de uma família numerosa, de língua e cultura curda. Não começou a estudar o árabe formalmente até os 12 anos, embora com facilidade para esse idioma, inclusive para a poesia. (O curdo e o árabe não se parecem em nada: o curdo está mais próximo do persa, é uma língua indo-iránica, enquanto o árabe seja uma língua semítica, como o hebreu).

Com 16 anos, Alí teve consciência dos crimes de Saddam Hussein contra o povo curdo, suas deportações e matanças, e começou seu ativismo político contra o regime. Sofreu cárcere e tortura por ele.

“Numerosas vezes Deus me salvou da morte quando esta se acercava em forma de decretos judicias, de bombas químicas que choviam sobre nós, de afogar-me, de sofrer feridas graves… Mas então eu pensava que era mera sorte, não via a mão de Deus”.

Passou meses nas montanhas sofrendo frio e fome, medo e perseguição, lamentando que ao mundo não se importasse com a sorte dos curdos.

“Em 1988 vi a meus amigos mais queridos morrer horrivelmente por um ataque químico no povo de Halabja. Então entendi a fragilidade de cada homem sobre o pecado e o desespero radical da vida sem a proteção e intervenção de Deus”.

Alí sempre teve boa opinião sobre os cristãos, desde pequeno, porque havia tide vizinhos cristãos “que eram belos exemplos do amor de Cristo”.

Um dia um cristão armênio lhe deixou um livro de vidas de mártires da Igreja antiga. “O li e me inspirou para viver e morrer pela liberdade de meu povo curdo”, recorda.


Lendo em inglês descobriu ao Messias
Alí tinha facilidade com os idiomas: aprendeu desde jovem a ler em inglês e nessa língua devorou livros de Voltaire, Hegel e Dickens. Interessado em teologia, filosofia e história, leu também coisas de Tomás de Aquino e outros pensadores cristãos.

Em 1982, com 23 anos, se convenceu intelectualmente que os cristãos tinham razão: Jesus era o Messias, o Ungido de Deus. Os textos e argumentos o mostravam.

Mas Alí ainda não tinha um encontro pessoal com Jesus Cristo nem o havia tomado como seu Senhor.


A paciência de uma esposa cristã
Em 1991, depois da Guerra do Golfo Pérsico, se casou com Sara, uma norte-americana protestante. Alí estabeleceu que ela não tentaria “cristianizar-lhe”: ele cria em Jesus como Messias “a sua maneira”.

Era um matrimônio complicado por vir de origens tão distintas, mas “me dei conta de que ela continuamente me perdoava, me amava e me queria mais a mim que a sua forma de fazer as coisas. Eu ainda não sabia, mas ela me dava testemunho vivo da Pessoa de Cristo em nossas dificultardes conjugais”.


O poder da Bíblia
A partir de certo momento, ele começou a levantar-se de noite para ler o Novo Testamento em segredo. “Me aproximei do Senhor mais do que nunca graças ao meu encontro com ele em segredo em Sua Palavra, a Bíblia”.

Em 1993 se mudaram para os Estados Unidos. Alí estudou a Bíblia com mais atenção e Alí entendeu que Jesus não era somente o Ungido de Deus, e sim que tinha que ser seu Senhor e seu Salvador.

Porém, não deu o passo a batizar-se até 1995, graças a que seu dentista, um cristão convencido, certo dia o animou a orar com ele a Cristo. Esse foi um passo clave.


Daniel Alí, cristão protestante
Agora Alí era Daniel, um cristão evangélico entusiasta, que falava de Cristo a outros muçulmanos, clientes de seu negócio, a cristãos tíbios, a ateus e afastados da fé… Se dava bem, fazia com alegria e as pessoas ficavam curiosas em conhecer sua história. Dedicava horas cada dia a entender melhor a fé cristã e a estudar de memória muitos fragmentos da Bíblia. Durante esse tempo logrou aproximar a muitas pessoas a Cristo.

Também nessa época, Daniel Alí e sua esposa organizaram uma série de reuniões de estudo da Bíblia para pessoas de qualquer confissão religiosa. Resultou que acudia um menino católico de 9 anos, um vizinho seu, que levava consigo o clássico catecismo norte-americano, o Catecismo de Baltimore, com um formato muito fácil de perguntas e respostas. Quando se fazia uma pergunta sobre tal ou qual assunto bíblico, aquele menino em seguida localizava a explicação católica no Catecismo. Isto tinha intrigado a Daniel Alí e Sara.


A TV da Madre Angélica e a missa reverente
Mais adiante, o casal estava vendo a TV quando por casualidade se depararam com o canal católico EWTN, a televisão de Madre Angélica, enquanto retransmitiam uma missa. Era justo o momento da Elevação da Hóstia, e depois do Cálice.

Pareceu-lhes belo: havia ali simplicidade no gesto, e formosura no Cálice adornado, as vestimentas, a reverência dos movimentos…

“Sara e eu entendemos de repente que essa beleza estava na Igreja Católica porque verdadeiramente era Casa de Deus”.

Em 1996 o casal conheceu ao padre William G. Most que durante um ano e meio cada domingo lhes dedicou um nom tempo para explicar-lhes os ensinamentos católicos. Em 13 de julho de 1998 ambos esposos entraram em plena comunhão com a Igreja Católica.


Como falar de Cristo aos muçulmanos
Daniel Alí seguiu apresentando a figura de Cristo aos muçulmanos sempre que pôde.

Mas em 2001, com os atentados contra as Torres Gêmeas, entendeu que esta missão era cada vez mais importante e mais urgente. O Islã se radicalizava e proclamava formas violentas de jihad. A única resposta de verdade eficaz devia ser o anúncio do Evangelho aos muçulmanos, dar-lhes a Boa Notícia de Jesus, Senhor e Salvador de cada homem.

Daniel Alí assinala que as tácticas habituais de evangelizadores protestantes de citar a Bíblia a muçulmanos uma e outra vez sempre serão ineficazes, posto que todos os muçulmanos são educados na ideia de que a Bíblia cristã é uma escritura manipulada e falsa e não tem nenhuma autoridade.

Ele sempre propõe começar pelo que diz o Corão e as tradições sobre Jesus e Muhammad e isso significa que o evangelizador de muçulmanos ha que conhecer o Islã. Como é que Jesus faz milagres e Muhammad não? Como é que Jesus não é guerreiro, e Muhammad sim o é? Como é que Jesus tem títulos no Corão que parecem muito mais elevados que o de Muhammad? Com este tipo de perguntas se aproxima a pessoa a Jesus Cristo.

“É urgente realizar esta tarefa de evangelização a muçulmanos, e se a ignoramos, nos colocamos em perigo”, afirmava em um testemunho que escreveu em 2011 para Coming Home Network.
 

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