02 setembro 2016

Mês da bíblia: Como um católico deve ler as Sagradas Escrituras


Sim querido amigo leitor, a Igreja nos ensina a ler as Sagradas Escrituras, sim senhor!
Você não pode interpretar conforme as suas próprias convicções, "revelações" e "unção". Isso é perigoso e você pode estar tornando-se um daqueles que alugam uma garagem, compram umas cadeiras e montam uma sucursal pentecostal protestante pra sustentar a sua ganância de poder.
Vejamos o que o catecismo nos ensina:


A Sagrada Escritura deve ser lida e interpretada com a ajuda do Espírito Santo e sob a condução do Magistério da Igreja segundo três critérios: 1) atenção ao conteúdo e à unidade de toda a Escritura; 2) leitura da Escritura na Tradição viva da Igreja; 3) respeito pela analogia da fé, isto é, da coesão entre si das verdades da fé
.....[109] III. O Espírito Santo, intérprete da Escritura
..........[109] Na Sagrada Escritura, Deus fala ao homem à maneira dos homens. Portanto, para bem interpretar a Escritura, é necessário prestar atenção ao que os autores humanos realmente quiseram dizer, e àquilo que aprouve a Deus manifestar-nos pelas palavras deles (80).
..........[110] Para descobrir a intenção dos autores sagrados, é preciso ter em conta as condições do seu tempo e da sua cultura, os « géneros literários » em uso na respectiva época, os modos de sentir, falar e narrar correntes naquele tempo. « Porque a verdade é proposta e expressa de modos diversos, em textos históricos de vária índole, ou proféticos, ou poéticos ou de outros géneros de expressão »(81).
..........[111] Mas, uma vez que a Sagrada Escritura é inspirada, existe outro princípio de interpretação recta, não menos importante que o anterior, e sem o qual a Escritura seria letra morta: « A Sagrada Escritura deve ser lida e interpretada com o mesmo espírito com que foi escrita » (82). O II Concílio do Vaticano indica três critérios para uma interpretação da Escritura conforme ao Espírito que a inspirou (83):
..........[112] 1. Prestar grande atenção « ao conteúdo e à unidade de toda a Escritura ». Com efeito, por muito diferentes que sejam os livros que a compõem, a Escritura é una, em razão da unidade do desígnio de Deus, de que Jesus Cristo é o centro e o coração, aberto desde a sua Páscoa (84). « Por coração (85) de Cristo entende-se a Sagrada Escritura que nos dá a conhecer o coração de Cristo. Este coração estava fechado antes da Paixão, porque a Escritura estava cheia de obscuridades. Mas a Escritura ficou aberta depois da Paixão e assim, aqueles que desde então a consideram com inteligência, discernem o modo como as profecias devem ser interpretadas » (86).
..........[113] 2. Ler a Escritura na « tradição viva de toda a Igreja ». Segundo uma sentença dos Padres, « Sacra Scriptura principalius est in corde Ecclesiae quam in materialibus instrumentis scripta » - « A Sagrada Escritura está escrita no coração da Igreja, mais do que em instrumentos materiais » (87). Com efeito, a Igreja conserva na sua Tradição a memória viva da Palavra de Deus, e é o Espírito Santo que lhe dá a interpretação espiritual da Escritura (« ... secundum spiritualem sensum quem Spiritus donat Ecclesiae » « segundo o sentido espiritual que o Espírito Santo dá à Igreja ») (88).
..........[114] 3. Estar atento « à analogia da fé » (89). Por « analogia da fé » entendemos a coesão das verdades da fé entre si e no projecto total da Revelação.
......[115] OS SENTIDOS DA ESCRITURA
..........[115] Segundo uma antiga tradição, podemos distinguir dois sentidos da Escritura: o sentido literal e o sentido espiritual, subdividindo-se este último em sentido alegórico, moral e anagógico. A concordância profunda dos quatro sentidos assegura a sua riqueza à leitura viva da Escritura na Igreja:
..........[116] O sentido literal. É o expresso pelas palavras da Escritura e descoberto pela exegese segundo as regras da recta interpretação. « Omnes sensus (sc. Sacrae Scripturae) fundentur super litteralem » - « Todos os sentidos (da Sagrada Escritura) se fundamentam no literal » (90).
..........[117] O sentido espiritual. Graças à unidade do desígnio de Deus, não só o texto da Escritura, mas também as realidades e acontecimentos de que fala, podem ser sinais. a. O sentido alegórico. Podemos adquirir uma compreensão mais profunda dos acontecimentos, reconhecendo o seu significado em Cristo: por exemplo, a travessia do Mar Vermelho é um sinal da vitória de Cristo e, assim, do batismo (91). b. O sentido moral. Os acontecimentos referidos na Escritura podem conduzir-nos a um comportamento justo. Foram escritos « para nossa instrução » (1 Cor 10, 11) (92). c. O sentido anagógico. Podemos ver realidades e acontecimentos no seu significado eterno, o qual nos conduz (em grego: « anagoge ») em direcção à nossa Pátria. Assim, a Igreja terrestre é sinal da Jerusalém celeste (93).
..........[118] Um dístico medieval resume a significação dos quatro sentidos: « Littera gesta docet, quid credas allegoria. Moralis quid agas, quo tendas anagogia ». « A letra ensina-te os fatos (passados), a alegoria o que deves crer, a moral o que deves fazer, a anagogia para onde deves tender » (94).
..........[119] « Cabe aos exegetas trabalhar, de harmonia com estas regras, por entender e expor mais profundamente o sentido da Sagrada Escritura, para que, mercê deste estudo, de algum modo preparatório, amadureça o juízo da Igreja. Com efeito, tudo quanto diz respeito à interpretação da Escritura, está sujeito ao juízo último da Igreja, que tem o divino mandato e o ministério de guardar e interpretar a Palavra de Deus » (95): « Ego vero Evangelio non crederem, nisi me catholicae Ecclesiae commoveret auctoritas » - « Quanto a mim, não acreditaria no Evangelho se não me movesse a isso a autoridade da Igreja católica » (96).

..........[137] A interpretação das Escrituras inspiradas deve, antes de mais nada, estar atenta ao que Deus quer revelar, por meio dos autores sagrados, para nossa salvação. O que vem do Espírito não é plenamente entendido senão pela ação do Espírito (118).




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