15 março 2017

Neurobiólogo de Yale é agora seminarista: o jornal «Washington Post» está surpreso porque há mais casos




Jaime Maldonado-Avilés se encontrou com outros cientistas entre seus novos companheiros de estudo

Quando Jaime Maldonado-Avilés, depois de seis anos dando aulas de neurobiologia na Universidade de Yale, se incorporou ao seminário diocesano de Washington, se encontra entre seus companheiros um médico, um químico e dois especialistas em nanotecnologia.

Um fenômeno que tem chamado a atenção de The Washington Post, que lhe dedicouum recente artículo. 95% dos estadunidenses creem em Deus, mas somente 51% dos cientisatas, segundo umaenquete de Pew Research Center. Daí que ao diário lhe surpreenda a abundância de cientistas preparando-se para ser sacerdotes. Segundo o cardeal arcebispo da diocese, Donald Wuerl, essa abundância é um testemunho: "Ao estar aqui estão dizendo: 'Há algo mais! '".

Em concreto, esse "algo mais" o encontrou Maldonado-Avilés estudando os mecanismoscelulares e moleculares de enfermidades neuropsiquiátricas como os transtornos da alimentação (anorexia e bulimia) e a esquizofrenia, seu âmbito de investigação preferido. Nascido em Porto Rico, de onde estudou Biologia com um prêmio extraordinário, se doutorou em Neurociências pela Universidade de Pittsburgh em 2008 e logo depois seis anos em Yale, de onde deu aulas e concluiu sua formação, obtendo a pós-graduação em 2014.

A princípio acreditou que era o único de seu laboratório que cria em Deus, até que viu a vários companheiros de Yale participar da mesma igreja que ele. Enquanto a suas investigações propriamente ditas, não lhe afastavam de Deus, ao contrário: "A complexidade e inclusive a ordem com o que funcionam as coisas em nosso corpo e em nosso cérebro te fazem pensar que há algo mais que aleatoriedade".

O grande passo
Vendo seu brilhante currículo, a Universidade de Porto Rico, sua alma mater, não duvidou em fazer-lhe uma boa oferta para incorporar-se a sua equipe: estabilidade e um bom soldo (saia com garotas e havia pensado no matrimônio) e próximo a sua família. Mas foi,
paradoxalmente, o desencadeante de sua grande decisão. "Eu sempre havia dado voltas à questão de se tinha ou não vocação ao sacerdócio", explicou há um ano ao periódico da arquidiocese deHartford-Connecticut, seu primeiro seminário, e de fato fez em sua juventude várias missões como missionário. Assim que se aceitasse o cargo que lhe propunham e logo o deixasse para entrar no seminário "não teria sido leal com eles".

Quando lhe ocorriam dúvidas havia uma pergunta recorrente que lhe rondava a cabeça: "Se me vejo com 90 anos, com a morte já próxima, me direi a mim mesmo: 'Deveria ter entrado no seminário'?". Então... entrou.
Jaime tem agora 37 anos, e haverá completado os quarenta quando for ordenado. Há uma certa mudança (para melhor) de vocaciones tardias na Igreja estadunidense: o ano passado receberam o sacerdócio 6 homens maiores de 50 anos e 3 maiores de 60.

"A única razão pela qual estou aqui como seminarista", acrescentou então, "é a misericórdia de Deus. Quando entras no processo de discernimento se iluminam todas tuas debilidades, assim que somente pela misericórdia de Deus está alguém qualificado para servir-lhe como sacerdote".

A presença de homens de ciência nas aulas dos seminários é benvinda, segundo Ken Watts, diretor de vocações no seminário Papa João XXIII: "O único que posso dizer é que eles se encontram muito a gosto. Não parece que lhes suponha uma luta enorme atravessar a porta de entrada junto com seus conhecimentos científicos. E ninguém lhes pede que os abandonem. Quando os temas morais que tratamos envolvem aspectos médicos ou científicos, é muito bom ter gente que realmente compreende esse mundo, para ajudar a perfilar e aclarar o pensamento da Igreja sobre eles".

E Jaime corrobora isto: "
A teologia deve aprender com o conselho dos cientistas. Sabemos como funciona o mundo. Mas também a ciência tem que aprender da teologia".



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