Um
pincel. É assim que Dom Juan Aguirre, bispo de Bangassou, na
República Centro-Africana, se refere quando fala de sua missão.
“Sou como um pincel nas mãos de Deus, ele me usa para o
que Ele desejar”. Dom Aguirre esteve recentemente no Brasil a
convite da ACN para dar voz ao seu povo perseguido.
A
República Centro-Africana (RCA) está no coração geográfico da
África, é o país com o menor IDH (índice de desenvolvimento
humano) do mundo e a expectativa de vida lá não passa de 48 anos. A
maioria das pessoas vive com menos de R$60 reais por mês e uma
refeição ao dia. A situação se agravou ainda mais em 2012, quando
um grupo de extremistas islâmicos, nomeado Seleka, entrou no país e
passou a perseguir e assassinar os cristãos, que representam 65% dos
habitantes do país.
A
Igreja Católica se ergueu para defender seu rebanho. Entre as
lideranças, Dom Aguirre tem realizado um grande trabalho, o que lhe
rende muitas ameaças. Nos últimos anos o bispo viu sua vida ficar
por um fio, acolheu mais de 3 mil órfãos, construiu lares para
salvar idosos enfermos (acusados de bruxaria – e assassinados –
por sofrerem algum tipo de demência ou outro distúrbio mental).
Nesse período os padres da diocese de Dom Aguirre tiveram inclusive
que comprar crianças que estavam para ser executadas por
terroristas. Dom Aguirre mostrou para todos os bispos do Brasil,
reunidos na Assembleia Geral da CNBB, as fotos de como essas crianças
estão hoje.
Como
se não bastasse os extremistas do Seleka, um outro grupo se formou:
o Anti-balaka, uma milícia criada por muitos animistas – e até
mesmo cristãos – com o propósito de combater o Seleka. “No
início o Anti-balaka defendeu seu povo, mas em pouco tempo eram
tão terroristas quanto o grupo que combatiam: assassinavam
muçulmanos indiscriminadamente, mesmo mulheres e crianças
indefesas”.
Foi
em uma dessas ações do Anti-balaka que Dom Aguirre precisou
intervir e oferecer sua vida como escudo. Em 2017 esse grupo atacou
um bairro muçulmano, cerca de duas mil pessoas fugiram para a
mesquita; cercados pelo Anti-balaka um genocídio teve início;
foi então que Dom Aguirre chegou paramentado e se colocou na
linha de tiro para proteger os muçulmanos; outros padres vieram
e também se colocaram na frente. “Permanecemos ali por três dias,
depois soldados portugueses nos ajudaram a levar os muçulmanos para
o seminário da diocese. Eles se hospedaram lá como podiam, tudo se
tornou dormitório. Desde esse dia passei a receber ameaças também
do Anti-balaka. São telefonemas dizendo ‘esta noite estará
morto’, ou então ‘vamos lhe decapitar’. Não podia deixar de
acolher esses nossos irmãos muçulmanos, a vocação da Igreja
Católica é acolher a todos. Sou espanhol, mas não vou embora da
RCA.
A
Igreja é a última que apaga a luz, sempre fica até o final!”
Por
meio de vários projetos a ACN ajuda a República Centro Africana a
perseverar na esperança por um futuro melhor. São projetos de
formação de padres, catequistas e lideranças, como também a
reconstrução dos lares que foram destruídos. Nesse momento Dom
Aguirre pede ajuda para a palha que cobre o teto das casas,
necessária para a reconstrução. Outro projeto que Dom Aguirre
precisa de ajuda são as escolas, que permitem as crianças crescerem
vencendo seus traumas.
Esses
sinais de esperança em um país em guerra são visíveis graças à
ajuda silenciosa de pessoas como você. Mas infelizmente há muito
mais para ser feito e por isso a ACN precisa da sua generosa
contribuição. Que a definição do bispo Aguirre nos inspire a não
desanimar em fazer o bem: “Sou como um pincel nas mãos de Deus.
Quando as pessoas olham um quadro, admiram primeiro a pintura;
depois admiram a genialidade do pintor; mas ninguém nunca fala
nada sobre o pincel. Assim me sinto com Deus, estou humildemente para
o que Ele precisar”
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