12 agosto 2013

A conversão da Patty Bonds - Ex- protestante (Parte 2)

Leia a parte 1 clicando aqui



Na segunda de manhã percebi que havia perdido uma cruz celta de meu bracelete no dia anterior. Talvez o tivesse perdido enquanto passeava com os cachorros. Voltei no lugar onde achava que havia perdido e fiquei procurando com cuidado. Eu adorava aquela cruz, e queria ela de volta.

Então decidi testar um pouco as crenças dos católicos. Eu confesso que não sabia se existia algum santo para coisas perdidas, ou que nome poderia ter, mas eu orei pedindo que, se houvesse alguém que pudesse interceder por mim, que eu encontrasse a minha cruz. Mas a cruz não apareceu e comecei a perder a minha esperança de encontrá-la.

Neste verão eu estava lecionando num colégio que ficava num lugar distante, não sabia nem o nome da rua. Eu só sabia que deveria virar sempre que visse o estacionamento. Fui dirigindo ao trabalho, e orava bem alto a Deus agradecendo às coisas que ele estava fazendo em minha vida. Eu estava acabando de dizer ao Senhor que se ele estivesse me tornando católica que eu ficasse na igreja de São Patrício porque eu queria que São Patrício fosse o meu santo de devoção quando cheguei ao estacionamento da escola. A luz do semáforo estava vermelha e eu aguardava pela luz verde. Mas eu olhei uma placa atrás do carro e me virei para ver o que dizia. Era uma placa indicando o nome da rua: rua São Patrício!

Tirando minhas lentes protestantes

As férias chegaram e eu tinha mais tempo para ler. Decidi que depois de colocar meu casamento, minha casa, minha vida em ordem, eu deveria ter certeza sobre o que eu estava fazendo. Dizer que eu estava me tornando católica seria um constrangimento até para os meus amigos. Eu não queria manchar a minha imagem.

Queria saber se o que eu estava estudando era profundo o bastante. Por exemplo, em Rome, sweet home, algumas das citações de escritores da igreja antiga eram esclarecedoras e eu queria saber se eram autênticas. Eu cresci desconfiando de qualquer pessoa de outra igreja, e até mesmo outros protestantes. Eu precisava saber se este convertido estava citando corretamente os escritores antigos.

Através da Internet pude ler livros de Santo Inácio de Antioquia. Eu jamais vou esquecer do momento em que li esta passagem sobre a Eucaristia: "eles se abstiveram das orações e da Eucaristia, pois não confessaram ser a Eucaristia a carne de nosso Senhor Jesus Cristo, carne que sofreu por nossos pecados, e que o Pai, por sua divina bondade, ressuscitou. Os que negam o dom de Deus perecem em suas contendas". Levantei a minha cabeça e puxei a minha cadeira: "Eu fui enganada!".

Depois de ler várias outras citações as minhas desconfianças sobre o catolicismo desapareceram. Tudo acerca do catolicismo era motivo de questão para mim, até aquele momento. Era obra de tirar os óculos protestantes.

Para testar minhas convicções resolvi ler os livros de meu irmão James sobre o catolicismo. Não conheço outros livros que sejam tão anti-católicos quanto os dele. Resolvi que se ele não conseguisse refutar as argumentações bíblicas e históricas sobre a Igreja Católica estas não poderiam ser refutadas. Tinha acabado de ler seu livro atacando a mariologia católica. Peguei dois outros livros dele e comecei a estudar, com a minha bíblica do lado.

De cara percebi que James estava debatendo com uma caricatura da Igreja Católica. Seus longos argumentos eram dirigidos a doutrinas que o catolicismo não ensina. Tudo era baseado em uma má compreensão da doutrina católica. Fez um bom trabalho refutando doutrinas católicas que ele erroneamente achou que existissem. Seu fanatismo anti-católico deixou de lado a verdadeira doutrina católica, intocáveis. Seu argumento de que a Eucaristia era uma permanente repetição da morte de Cristo demonstrava o quanto ele desconhecia sobre o que o catolicismo ensinava. Não se pode repetir um sacrifício que acontecer eternamente no céu!3. Ele dizia que o sacrifício da missa era uma degradação da missão de Cristo, finalizada na cruz, demonstrando a sua falha em entender que a missa é o sacrifício final de Cristo na cruz aplicado às nossas vidas dentro dos limites temporais. Apesar de exemplos de punições temporais transbordarem pela Escritura, ele nega a existência do purgatório. Seus argumentos contra a comunhão dos santos e a intercessão de Maria demonstravam o quanto era superficial a sua pesquisa sobre esses assuntos, sobre a doutrina do Corpo Místico de Cristo, onde todos nós somos chamados a interceder uns pelos outros.

Ao invés de me trazer de volta ao protestantismo, os livros de meu irmão confirmaram o meu caminho para a Igreja Católica.

Buscando a paz no caminho da escolha

Alguns meses antes eu fui a uma palestra sobre catolicismo ministrada por um pastor que dizia que foi católico, mas que depois se tornou "um cristão regenerado". Ele pretendia expor a comparação entre o que ele achava que o catolicismo ensinava e o que o protestantismo ensinava, em cada ponto doutrinário. Sentei para ver o que ele ia falar e fiquei atenta para ver se recolhia alguma informação importante em meu exame sobre a doutrina católica. Mas ao invés de ver más notícias sobre o catolicismo o que vi foi que, mesmo após poucos meses estudando a doutrina católica, eu podia refutar rapidamente todos os pontos apresentados por ele. Lembrei o quanto ele e alguns outros naquela igreja desprezavam o catolicismo, e fiquei extremamente aborrecida com aquilo tudo. Eu tive pena de sua ignorância, e nela eu comecei a ver mais claramente.

Depois de esperar por assuntos realmente críticos ao catolicismo, finalmente me convenci que a Igreja Católica estava certa quanto aquelas questões doutrinárias e históricas e que os argumentos protestantes, mesmo que mascarados, estavam enganados. Eu não tinha mais dúvidas. Ou eu me convertia ao catolicismo ou me afastava da verdade e ficava onde eu estava, e esperaria pelo que viria a seguir.

Estava perturbada e tinha dificuldade em dormir. Eu buscava o discernimento todo momento. Pedia a proteção de Deus contra a decepção. Acordava de madrugada debatendo comigo mesma. Tinha pesadelos com o que eu iria enfrentar caso me tornasse católica. Pedia a Deus que ele me desse alegria e paz; paz de espírito, para que eu pudesse pensar livre de medo e confusão; e alegria porque a alegria do Senhor seria a minha força. E era de força que eu precisava.

Uma ajuda dos Hahns

Numa noite, quando eu estava fazendo o jantar, um frio de desespero me assumiu por inteira e pedi ajuda a Deus. O telefone tocou. Era Madalena. Perguntou se estava tudo bem comigo, e eu sorri, pois Deus escutou a minha oração. Perguntei se eu podia retornar a ligação em alguns minutos. Pedi licença à minha família na hora do jantar e corri para o meu quarto para ligar pra ela. Ela disse que estava na outra linha com sua irmã e perguntou se eu podia ligar depois. Eu desliguei, mas precisava falar com alguém.

Em um estalo pensei em ligar para a família Hahn.

A mulher que atendeu disse que era Kimberly e que estava ocupada com o bebê, e que Scott não estava. Deixei meu nome e meu telefone e desabei na minha cama, pedindo de todo coração que eles retornassem a ligação. Minutos depois o telefone tocou. Era Kimberly.

Perguntei se ela já havia ouvido falar de James White. Ela disse que sim. Então eu disse que era sua irmã. Eu pude escutar um engasgar do outro lado da linha.

Eu pude imaginar ela, em casa, sozinha com as crianças, tarde da noite, cansada, com a irmã de um grande perseguidor da Igreja Católica do outro lado da linha. Pensei nela orando por ajuda. Tomei fôlego e disse, tremendo: "eu acho que Deus quer que eu me torne católica". Então escutei um longo suspiro, seguido de palavras de calma e segurança. Por meia hora nós conversamos sobre a reação de Richard à minha decisão. No fim de nossa conversa ela perguntou se podia orar por mim. Apesar de estar com medo de estar orando ao lado de uma católica, não sei bem porque, eu disse que ficaria feliz se ela orasse por mim. Ela começou em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo, e meu coração saltou ao ouvir a invocação da Trindade Santa. Ela orou pedindo amor e consciência de que eu deveria ir onde Jesus me levasse. Ela não disse nada sobre eu ter que me tornar católica mas que Deus iria me dar paz e alegria nesta jornada e que tinha planos para mim onde ele estaria me levando.

Paz e alegria.

Sorria entre lágrimas. Todas as minhas orações neste tempo todo estavam sendo feitas por ela.

No fim de nossa conversa, perguntei se poderia me comunicar novamente com ela e Scott para orientações e perguntas. Ela me deu o e-mail de sua secretária, Marie, que também era uma convertida e uma catequista. Começamos a nos comunicar quase diariamente, e Marie não somente respondia a todas as minhas perguntas como ficou ao meu lado, orando por mim nos momentos mais difíceis da minha vida. Ela provou ser um tesouro como amiga.

Marie terminou com minhas intermináveis perguntas. Em um momento ela me disse: "Patty, você pode gostar de balé, ou pode estudar anatomia". Ela me disse que a fé era mais que somente doutrinas isoladas; era uma unidade orgânica que produzia um corpo perfeito. Eu ainda não conseguia entender aquilo, e sempre precisava de uns puxões de orelha nas conversas.

Contei a novidade a Richard

Chegou a hora de contar ao meu marido o que estava se passando com meu coração. Se nosso casamento já era um desafio, será maior agora. Ele se casou com uma garota batista, criou suas filhas em uma igreja batista, e agora sua mulher quer se tornar católica. No começo de nosso casamento víamos o catolicismo como uma religião falsa e não admitíamos a possibilidade de uma de nossas filhas sequer namore um católico. Agora eu estou à beira da ponte, querendo saber se eu iria atravessá-la sozinha. Completamente sozinha.

Um tarde chamei Richard para conversarmos no quarto. Fiquei triste, pois os próximos 10 minutos poderiam ser os últimos de meu casamento.

Com dificuldade comecei a dizer a ele que eu estava estudando a doutrina da Igreja Católica há alguns meses e o que havia descoberto não era o que haviam me ensinado. Havia descoberto que a Igreja Católica é mais parecida com a Igreja Primitiva que as igrejas protestantes. Que havia lido a maioria dos livros de meu irmão e nada havia me convencido. Que queria ir a umas aulas na paróquia local para aprender mais. O que ele disse?

Com minhas mãos tremendo me sentei e esperei pela explosão. Mal eu tomei fôlego, ele disse, calmamente, e se dirigindo à porta: "faça o que você acha que tem de fazer".

Não acreditei.

Eu perguntei: "e se as coisas que eu descobri me fizessem considerar converter-me à Igreja Católica?".

Ele repetiu que eu deveria fazer o que eu achava que deveria ser feito.

Eu perguntei mais uma vez: "e se os anciãos da nossa igreja insistirem que você deve fazer alguma coisa em relação a mim?".

Eu diria para eles se preocuparem com seus problemas, ele disse.

Então ele saiu do quarto. Mal podia acreditar! Não houve explosão. Eu estava livre para buscar a verdade e ir onde Cristo me levasse.

Em agosto saímos de férias, toda a família. No carro havia muito tempo para ler e ouvir a fitas. Comecei a ouvir as gravações da série do doutor Scott Hahn sobre a Eucaristia. Fiquei impressionada escutando-as. Queria tanto contar à minha família o que estava aprendendo!

Também estava lendo The father who keeps his promises (NT: Um Pai que cumpre suas promessas). Passei gloriosas tardes lendo este livro e vendo como Deus desde Adão e Eva até os dias de hoje se apresentou à humanidade através de suas alianças. A história da salvação apareceu à minha frente como um grande esquema do amor de Deus à humanidade. Fechei o livro, fui à estante do nosso quarto, levantei a cabeça e diante de Deus e de todos os anjos, declarei: "sou católica, estou voltando".

No caminho de volta eu estava com medo, mas alegre. Quanto mais eu imaginava nos frutos da minha decisão, mais eu ficava ansiosa.

Eu poderia perder meus amigos? E, oh Senhor, eu perderia Richard? Ele lavaria as crianças? A alegria da descoberta da Igreja veio junto com a consciência do sofrimento que eu deveria enfrentar dali em diante.

Sinais de Sua preparação

Parte dessa alegria incluía saber como Deus estava me preparando para ser recebida na Igreja Católica. Ele havia me ensinado a esquecer a Sola Fide, e me fez compreender a doutrina do purgatório antes mesmo de eu entender que Ele estava me levando para a Igreja Católica.

Numa noite, mais ou menos dois anos após aquele grande dia de São Patrício, eu estava em oração profunda, meditando sobre o paraíso. O paraíso era o meu tema predileto e eu esperava estar na presença de meu Senhor. Estava perguntando ao Senhor como seria voltar para casa com Ele. Como seria passar desta vida para a vida eterna? Orando eu via Deus como o fogo devorador que as Escrituras mencionam. Eu percebi a luz de Sua presença e o poder de Sua santidade. Eu me vi, uma humana imperfeita, deixar este mundo e caminhar para o céu. No céu, a luminosidade de Sua presença era como se o fogo estivesse perto. Mas nada queimava. Tudo era perfeito e puro. Eu podia ver minhas imperfeições saindo de mim como uma fumaça que ia ficando para trás enquanto eu caia nos braços do meu Pai celestial.

Vi o fogo do purgatório e não fiquei com medo. Qualquer coisa que acontecesse para que eu pudesse vê-lo face-a-face indolor. Fogo purificador vem e consume esse sacrifício!

Quando li a descrição do purgatório por Scott Hahn em Rome, sweet home reconheci a visão que havia tido antes. Deus estava me chamando há muito tempo. Ele estava construindo o caminho e quando eu estivesse pronta para reconhecê-lo Ele iria me chamar.

Já fazia tempo que eu procurava por minha cruz celta pela vizinhança. Eu fiquei cansada de procurar e fiz um pedido a Deus. Quando estava passeando com os cachorros numa noite, eu disse a Deus que provavelmente alguém achou a minha cruz e a levou ou algum carro a esmagou no asfalto. Então eu pedi a Deus que me desse 4 dólares para poder comprar outra cruz, não que eu não pudesse comprar outra, mas eu queria que Ele me desse. Os 28 centavos do imposto eu mesma pagaria.

Naquela noite eu visitei meus pais. Quando eu ia saindo, minha mãe veio a mim e me deu quatro cédulas de 1 dólar, dizendo que era para pagar "a gasolina e outras coisas". Fiquei sem palavras. As notas estavam enroladas, mas deu pra ver que eram quatro, como se Deus estivesse claramente me dizendo que me deu exatamente o que havia pedido. Fui dormir aquela noite extremamente alegre.

Quando estava saindo no dia seguinte, revirei a minha bolsa para procurar o troco. 28 centavos. Agradeci a quem quer que tenha orado por mim no céu e pedi que houvesse outra cruz igual à minha na loja. E tinha. Comprei e fui para casa, com a convicção de que ela representava a resposta direta da intercessão do santo das coisas perdidas.

Nessa mesma noite, meu marido, quando estava indo para a cama, parou em frente ao nosso armário e perguntou: "de quem é essa cruz irlandesa?". Meu Deus, lá estava ela. Era a cruz que eu achava que havia perdido!

Meu coração quase parou e eu olhei para minhas filhas que sabiam toda a história da minha cruz perdida e do santo protetor dos objetos perdidos que havia me dado outra cruz. Ela me perguntou seu eu aprendi isso nas minhas aulas. Eu respondi que ela não imaginava as coisas que eu estava aprendendo.

Peguei a cruz e pressionei ao peito e comecei a entender que eu não estava sozinha. Eu tinha amigos no céu que oravam por mim, e como oravam bem! Obrigada Santo Antônio (que agora sei ser o santo das coisas perdidas).

Quando as aulas na paróquia do meu amigo Brad começaram eu decidi participar. Na primeira noite que fui à missa percebi que aquele era meu lugar. Não tinha dúvidas de onde Deus me queria. Minha filha mais velha, Kimberly, também ia às aulas comigo. Mas geralmente saia por causa de conflitos e pela comunhão dos santos. Ela não aceitava a idéia de estarmos "rezando para mortos". Ela discutia com a sua professora nas aulas. Ela até escreveu uma carta ao dr. Scott Hahn fazendo perguntas sobre a liturgia e os santos (sua carta seria uma benção para mim mais tarde). Eu mantive a minha promessa de não fazê-la se tornar católica.

Deixei que ela fosse levada por Jesus e por seu amor. Eu havia me achado e me conduzido, podia fazer o mesmo com ela.

Seguindo a tradição apostólica

Cada vez que eu aumentava meu entendimento sobre as doutrinas católicas mais eu compreendia o conceito católico de sua própria autoridade.

Durante muito tempo escutei uma penca de explicações confusas sobre a autoridade da igreja visível e histórica. Aprendi que existia uma congregação de "antigos batistas" escondidos nas cavernas e sem traço na história por centenas de anos até que finalmente apareceram no início da reforma. Aprendi que a Igreja Católica era justa, mas depois sofreu corrupções quando Constantino tornou-se imperador e legalizou o cristianismo. Fui levada a crer no absurdo de que, como os sacerdotes pagãos estavam sem ofício, tornaram-se sacerdotes católicos e introduziram a idolatria no cristianismo. Só que agora todas essas fantasias tornaram-se impensáveis à luz da catolicidade óbvia dos escritos primitivos dos Pais da Igreja.

Basta uma rápida lida na História Eclesiástica de Eusébio de Cesaréia para ver que a Igreja cria na Presença Real de Cristo na Eucaristia, na regeneração batismal, no purgatório, no papel de Maria como virgem mãe de Deus e nova Eva e tantas outras doutrinas bem antes de Constantino nascer; de fato, desde que os apóstolos caminharam sobre a terra. Eu coloquei no papel todas as doutrinas católicas que dificultavam meu pensamento protestante e descobri que todos estavam presentes nos escritos anteriores a Constantino. O Catecismo que Brad tinha me dado agora parecia como uma revisão moderna dos escritos dos antigos Pais da Igreja.

Certa vez eu participei da organização de um encontro promovido por meu irmão quando ele estava divulgando seu trabalho sobre a controvérsia "King James only". Lembro que ele enfatizava o quanto a Escritura havia sido cuidadosamente preservada. O que ele não mencionava era que aqueles que preservaram tão bem a Escritura ? os católicos ? preservaram da mesma forma a Tradição Oral. Eles são parte da mesma verdade. Ler Policarpo repetindo de memória o que Jesus havia feito e os ensinos dos apóstolos é um exemplo perfeito da meticulosidade com que os primeiros cristãos protegiam a Sagrada Tradição. Eusébio fala de Irineu de Lião citando sua experiência em aprender aos pés de Policarpo: "A estas coisas que ansiosamente ouvi nesta época, pela misericórdia de Deus a mim expostas, não ordenado a escrever, mas a conservá-las no coração. Pela graça de Deus, constantemente e conscientemente as ruminava"4.

Conhecendo a época dos escritos, comecei a entender o modo de pensar dos primeiros cristãos. Tornou-se óbvio que o Senhor havia nos deixado uma Tradição viva e oficial e eventualmente achou expressão na forma escrita, mas que era a Tradição, seja ora ou escrita, a verdadeira fé cristã. Não havia expectativas na Igreja primitiva de que nós iríamos encaminhar nossas vidas e nossa adoração estritamente através dos escritos dos apóstolos e seus discípulos. Os primeiros cristãos receberam a fé inteiramente através da tradição apostólica e desde esse tempo tem sido conservada. Santo Irineu não tinha a obrigação de escrever o que ouviu de São Policarpo. Ele guardou a Palavra de Deus em seu coração5.

Neste momento desenvolvi plena confiança na autoridade da Igreja. Confiei naqueles santos homens de Deus que através dos séculos protegeram a verdade e se puseram no caminho da descoberta dos mistérios de Deus para as gerações futuras. Oh gloriosa realidade, a de que há neste mundo uma autoridade a qual Jesus não somente deixou a verdade, mas que possui a garantia de que guardaria essa verdade de acordo com Sua promessa!

Esther desabafou


No final de setembro de 2000 decidi que não deveria me esconder mais. Não havia mais volta. Uma noite sentei junto ao abajur da minha mesa e comecei a escrever um e-mail para os meus amigos da Northwest Community Church dizendo que minha vida havia mudado drasticamente. Como minha família ia a igrejas diferentes, ainda haveria um tempo até que eles descobrissem, mas isto tudo era uma questão de tempo. Eu precisava contar a eles antes que outro o fizesse. Como Richard estava do meu lado, decidi que havia chegado a hora.

Em 10 de outubro eu e minha filha Esther fomos comprar um pouco de sorvete e aproveitar para conversar. Quando nos sentamos na cadeira da sorveteria perguntei sobre o que ela gostaria de conversar. Esperando que ela fosse me falar sobre meninos ou amigos da escola, fiquei surpresa quando ela me disse: "quero falar sobre a Missa". Há um mês atrás ela tinha vindo a mim, chorando, dizendo que ela estava aprendendo a ser uma cristã e que queria que ela se tornasse católica. Ela ficou chateada comigo e partiu meu coração; mas agora ela estava sentada ao meu lado, tomando sorvete, e falando calmamente sobre a Missa.

Falei sobre a Missa para ela da melhor forma que uma menina de doze anos com formação batista poderia entender sobre como os católicos entendiam a Real Presença de Jesus na Eucaristia. Vi seus olhos brilhando e ela absorvia tudo que eu falava. Quando acabei ela me disse que na próxima vez que eu fosse à Missa ela queria ir junto.

Eu morri para minha mãe

No fim daquele dia fomos à casa dos meus pais com um presente para minha mãe pelo seu aniversário. Quando estávamos chegando escondi o crucifixo dentro da blusa. Prometi ao meu Senhor que esta seria a última vez que eu o escondia. Eu queria escrever aquela carta a James e toda a família nesta semana e não iria mais negar a minha fé diante deles. Eu estava apavorada, mas não podia mais retornar.

Meus pais estavam com um amigo ex-católico. Ela recebeu um colar e estava mostrando para mim, quando percebeu uma corrente no meu pescoço, escondida na blusa. Antes que eu percebesse ela pegou o meu colar e puxou o crucifixo para fora. Eu sabia que se ela descobrisse um crucifixo (um bom protestante jamais usaria um) na frente de seus amigos seria humilhante para ela, então eu evitei que ela puxasse o crucifixo e pedi que ela me acompanhasse até o jardim para conversarmos. Esther pulou de sua cadeira e ficou escutando por trás da porta. O medo do resultado emocional daquilo tudo nos amedrontava.

Lá fora mamãe pegou o crucifixo e a medalha de Santa Bárbara atrás dele. Ela começou a chorar e me disse "católica, porquê católica?". Ela puxou meu colar e os seus cabelos como se fossem arrancá-los. Eu quis dizer que ela poderia ter certeza de meu amor por ela e por Deus, mas ela não quis me ouvir. Parecia que ela estava junto ao caixão de um ente querido. Cobriu o rosto e correu pra dentro da casa.

Eu e Esther no olhamos, demos as mãos e fomos para o carro. No caminho Esther me disse que eu estava tomando a atitude certa em me tornar católica, porque ela me viu ficar firme na minha fé. Minha filha estava indo para casa.

Meus pais contaram para James sobre a minha conversão. Uma semana depois eu recebi a primeira de suas cartas contendo refutações teológicas e até mesmo ataques pessoais.

Desde minha conversão tenho feito o que posso para responder a algumas de suas argumentações, mas seu grande volume e seu teor contraditório me encheram de tal forma que eu passei a simplesmente ignorá-las. Entendi que somente a graça salvífica de Deus pode acalmar o ódio feroz pela Igreja que alimenta muitos protestantes.

Eu estava aguardando este momento, o momento em que eu reconheci que, tornando-me católica, preferi a verdade ao erro. Quando abandonei as heresias da Reforma, abracei a ortodoxia cristã. Tomei a decisão certa. É pela vontade de Deus que eu sofra pela minha busca pela verdade, mas se é por vontade de Deus eu a aceito. E permanecerei oferecendo minhas orações pela conversão de meu irmão James White à verdade.

A confirmação pelo meu antigo pastor

As reações à minha carta começaram a chegar. A maioria das pessoas simplesmente de afastaram de mim. Dois amigos ex-católicos me disseram palavras duras (felizmente um deles reconheceu e me pediu perdão alguns meses depois).

O pastor da minha antiga igreja me chamou para conversar com ele. Marcamos um encontro para 31 de outubro. Eu estava nervosa porque, apesar de encontrar as respostas de que precisava, ainda era muito novata nesta área de defesa da fé.

No seu escritório tentei explicar para ele o que havia ocorrido comigo nos últimos meses. Ele fez dois comentários que só me encorajaram a permanecer firme. Sem dúvida ele não as disse com essa intenção, mas foram os motivos mais fortes que eu já havia ouvido. Frustrado comigo ele disse: "Patty, você pode ler as Escrituras do ponto de vista da reforma, ou você pode lê-las do ponto de vista da Tradição".

Eu sorri. Ele estava certo. Eu poderia ler a Escritura sob o ponto de vista de 32 mil perspectivas criadas pela reforma, ou eu poderia ler a Escritura sob o único ponto de vista da Tradição Católica.

Ele me contou que havia recebido um e-mail com provas de que a Igreja Católica não havia alterado sua soteriologia durante dos 2 mil anos em que esteve na terra. Minha decisão se firmava mais ainda. Que ótimo! Eu estava aderindo a uma fé que jamais havia mudado desde o início! Com os meus sorrisos ele percebeu que não estava se saindo muito bem, então ele deu por encerrada nossa conversa e eu fui embora, exultante.

Não há nada de emocional nisso

Recebi várias formas de reações de protestantes à minha conversão. Uma que me impressionou muito foi a de que eu era uma vítima do "emocionalismo", que eu havia virado católica porque isso faria me sentir bem, tranqüila ou algo parecido. Tendo eu uma vez compreendido a verdade bíblica, continuaram dizendo, só sendo muito idiota para cair na conversa do "evangelho romanista".

As pessoas que me disseram todas estas coisas não imaginam a agonia que foi para eu decidir esta questão. O que realmente caracterizou os meses de estudo que eu passei foram solidão e medo, exame profundo da história, e pedido de discernimento. Estas com certeza são sensações e ações que podem evitar que alguém se torne católico. Na verdade, eu lutei contra os meus sentimentos ? que me diziam sempre para não me tornar católica por causa da tristeza e da dor que isto traria a minha vida ? para que eu pudesse me concentrar e decidir pela única Igreja de Cristo.

Eis a minha mãe

Uma dia minha mãe pediu ao meu marido que não deixasse nossas filhas entrarem na igreja. Ele me disse isso naquela noite, e eu senti a dor da traição no meu coração. Lembro estar na cozinha rezando e pedindo a Deus no mais fundo da minha alma: "Porque ela não pode entender? Porquê ela não confia que eu O sigo? Eu temo sua raiva, Senhor. Eu preciso de uma mãe...".

A resposta de Deus foi: "Você tem uma".

Entendi que ele estava se referindo à Bem-Aventura Virgem Maria, cujo papel eu estava começando a descobrir. Já era tempo de acertar as contas com a minha mãe, Maria.

Em novembro meu marido me deu de presente o que eu tanto queria: uma viagem para a Irlanda. Desde moça eu queria ir para lá. Eu quase não acreditei que nós estaríamos indo para o lugar onde meu irmão Patrício proclamou o evangelho e enfrentou os druidas 1600 anos atrás.

Para passar o tempo no avião, e para esclarecer as coisas, pedi para Marie que me desse algo sobre Maria. O livro de meu irmão sobre Maria fazia crer que os católicos consideravam-na a quarta pessoa da Trindade. Ele dizia, como todos os protestantes, fazem, que a mediação de Maria tomava o lugar de Jesus. Eu desenvolvi confiança na autoridade da Igreja, mas ainda me desconfortava a mediação de Maria. Eu cresci num ambiente onde era "Jesus e eu". Qualquer intrometido nesta relação direta era tido como usurpador. Mas eu jamais me furtei de pedir a intercessão de outras pessoas, sempre pedia a ajuda dos outros para me ensinarem a Bíblia, e sempre pedia ao meu irmão e ao pastor para interpretarem tal passagem bíblica pra mim. Eu confiava em tudo que diziam. Lia só as traduções que eles indicavam. Apesar disso tudo, a idéia da mãe de Jesus intercedendo por mim era estranha.

No avião rezei pela primeira vez o rosário. Senti-me meio estranha e pensei que talvez não fosse uma boa idéia, a 30 mil pés de altura, fazer algo que abominasse Deus. Mas também não era uma boa hora para chatear o Richard. Então eu guardei o terço e continuei a rezar.

No começo de 2001 Marie respondeu minha mensagem sobre minha nova devoção por Maria:

"Eu estava pensando o quanto mesmo os católicos batalham para poderem compreender bem a doutrina de Maria como mediadora. Às vezes parece que Deus quer mesmo deixar sua vida de cabeça para baixo. Assim é Deus fazendo uma calvinista amar a Santíssima Virgem Maria. Algumas vezes Nossa Senhora é como uma tela transparente ? através dela nós olhamos Jesus mais claramente. Tanto é que na maioria das vezes nem notamos que ela está lá. É uma graça diferente quando Nosso Senhor diz: ?Eis aí tua mãe?. Esta é a grande realidade da encarnação. Deus tem grandes restituições para fazer em tua vida. E a quem mais se humilhou, a face de Deus tornou mais diretamente, e o mais santo dos auxílio conferiu".

Calorosas boas-vindas e frias críticas

Janeiro e Fevereiro foram meses de profundo estudo para mim. Esther também estava crescendo na fé e já estava se tornando uma devota. Nas folgas nós acordávamos cedo para ir à adoração. Sua alegria com a presença rel de Cristo me surpreendia. Sua espontânea reação à proximidade do Senhor era a prova de que ela não estava me acompanhando somente por ser sua mãe, mas porque estava se encontrando com Deus.

No começo de fevereiro eu entrei no Chat do Coming Home Network. Como era nova no grupo pediram que eu desse meu testemunho. Como haviam cerca de trinta pessoas no Chat naquele momento eu me senti segura em divulgar minha história sem perigo de que a notícia se espalhasse. Esta com certeza não foi a única vez que eu havia subestimado a Internet. Meu testemunho foi enviado a vários apologistas católicos. Comecei a receber e-mails de pessoas que haviam debatido com meu irmão anos atrás. Eu fiquei surpresa com a atitude respeitosa daqueles homens diante de tão ardente oponente. Muitos deles haviam dito que há anos oravam por ele.

Quanta diferença do espírito de guerra que permeia o ambiente protestante! Nos meus tempos de protestante eu nunca havia visto tamanho respeito, paciência e amor com pessoas de outra fé. Nós batistas sempre somos respeitosos com a fé dos outros, mas nunca com um amor verdadeiro.

Duas cartas que chegaram no mesmo dia confirmaram esta diferença. Kimberly recebeu uma carta de Scott Hahn com assuntos abordados de forma gentil e calma, aconselhando-a a dedicar seu tempo a seguir Jesus onde quer que ele a leve. No mesmo dia meu irmão me mandou uma carta criticando friamente a minha conversão. Dizia que somente uma pessoa mentalmente perturbada se tornaria católica. Eu peguei a carta que mais condizia com o amor de Deus. Deus havia traçado para mim a beleza de 1 Cor 13. Sem amor, nada somos.

Em março comecei a notar algo diferente no meu marido. Ele tinha certeza que se eu estudasse bastante mesmo logo-logo sairia correndo do catolicismo para sentar-me num banco na igreja batista mais próxima. Era óbvio que isso não estava acontecendo e nem iria acontecer. Pude ver sua agonia. Tive medo que ele fosse me proibir de ir à igreja ou de levar Esther comigo.

Sem saber o que deveria fazer pedi uma audiência com o frei Louis, meu amigo e diretor espiritual, e sacerdote assistente da nossa paróquia. Disse para ele tudo o que Deus estava fazendo na minha vida e na vida das minhas filhas. Ele me interrompeu perguntando se eu compreendia o tamanho da graça que Deus estava me concedendo. Eu disse que sim. Então eu fiz a grande pergunta: Como eu deveria agir se meu marido me proibisse de vir à Igreja? Ele não demorou muito e respondeu que havia sido Deus quem me tinha revelado a riqueza da Igreja Católica e que viver outro tipo de vida não somente seria uma mentira como um pecado. Disse que sempre há um terrível preço a pagar quando se segue Cristo, e que se fosse preciso eu deveria pagar este preço.

Ele estava certo. Eu rezei pedindo que meu marido visse as coisas que eu vejo, que amasse a fé que eu amo, mas que eu sabia que iria para casa com ou sem ele.

Um mês antes da vigília da páscoa eu recebi uma caixa de dois antigos amigos meus. Havia uma carta e um estudo bíblico. Na carta eles enumeravam os motivos porque eu estava em pecado e me rebelando com Deus por haver me tornado católica. Disseram que eu me tornara católica para causar discórdia na identidade de Cristo.

Eu havia realmente perdido a minha própria identidade. Muitos dos meus amigos e parentes me consideravam idiota e rebelde. Mas o que me esperava era uma identidade verdadeira ? a de filha preciosa de Deus. A conversão é uma experiência de morte de si mesmo. Mas todos os que deixaram lar e amigos por causa do Senhor foram recompensado cem vezes mais.

Tão cheia de graça

Minha primeira confissão foi uma experiência maravilhosa. Durante anos eu me confessava a outras pessoas e percebia o horror em seus rostos. Penso que a hora mais importante foi quando confessei que propagava os ensinamentos da Reforma Protestante. O padre não achou que isso fosse pecado, mas eu pedi que ele me ouvisse, pois significava muito para mim. Eu queria de todo coração receber a absolvição por todos os meus pecados, inclusive o da rebelião contra a Igreja Católica.

Em 26 de março de 2001, na festa da Anunciação, eu me ajoelhei diante da imagem de Nossa Senhora de Guadalupe junto a meus amigos John e Mimi, que tinham vindo acompanhar a minha consagração à Maria. Eu proferi a oração de consagração de São Luís de Montfort. Quando eu disse "neste dia, com o testemunho de toda a corte celeste, eu vos escolho, Maria, como minha mãe e rainha", comecei a chorar do mais profundo da alma. Eu estava voltando para casa com a minha mãe. Que doçura!

Chegou a época da primeira confissão de Esther. Ela estava nervosa. Decidimos ir à adoração antes de ir à confissão. Seu discernimento da Real Presença de Jesus na Eucaristia realmente me impressionava, mas nesta noite algo foi diferente. Quando chegamos na capela seu coraçãozinho estava inquieto por ter que sofrer a "humilhação" de estar diante de um padre. Ela não podia ficar na frente do Santíssimo Sacramento daquele jeito. Ela pegou papel e lápis e foi para o canto da capela, longe do sacrário, até que terminasse de escrever sua lista e estivesse pronta para ir ao sacramento. Só então ela poderia sentar ao meu lado de novo.

Quando ela saiu do confessionário veio me dar um abraço com lágrimas de felicidade descendo pelo seu rosto. Ela levantou a cabeça e me disse: "me sinto tão agraciada...quero dizer, tão cheia de graça!". Ela me perguntou quando iríamos nos confessar de novo.

Agonia da expectativa, tranqüilidade da confiança

Eu esperava a vigília pascal já fazia 233 dias. À medida que os dígitos aumentavam a agonia de não poder participar da comunhão era mais intensa que há meses atrás. Quase uma dor na carne.

Na terça-feira santa Esther e eu fomos à missa. No final, o padre guardou as hóstias e as levou para o santuário. Uma sensação de vazio me inundou. Esther me olhou e sussurrou: "mãe, está parecendo agora uma igreja protestante". Realmente, parecia como as igrejas que eu antigamente freqüentava antes de Deus nos chamar. O retorno do Cristo ao tabernáculo me doía muito de verdade.

A sexta-feira santa chegou e o crucifixo estava no chão à beira do altar. Cada um de nós reverenciava a cruz, para que cada um tivesse o seu momento de agradecer Jesus. Eu me ajoelhei e beijei os pés do Cristo na cruz.

Eu não estava adorando madeira e tinta. Quando meus lábios tocavam a imagem, o meu coração e minha alma adoração Nosso Senhor Jesus Cristo, crucificado, vivo e intercedendo por mim. Aprendi o valor dos sacramentais e das imagens em nos auxiliar a sentir e visualizar a presença dos que estão no céu. De uma pessoa que desprezava quem se ajoelhava diante de imagens, passei a não conseguir ver uma imagem de Nossa Senhora sem que tocasse sua mão e fechasse meus olhos, expressando meu amor por ela, e pedisse a sua intercessão por mim e por minha família.

O sábado de aleluia chegou. Era um belo dia em Phoenix e mal podia segurar a felicidade de saber que dali a algumas horas eu estaria em casa. Com exceção de um pequeno problema no último momento, o tempo passou rapidamente. Minha família chegou e entrou na igreja enquanto eu e Esther estávamos do lado de fora, com as velas. O celebrante ascendeu as velas e nós entramos na escura igreja atrás dele, trazendo a luz de Cristo.

A missa foi linda. Esther e eu ouvimos os nossos santos anunciados durante a Litania dos santos. Agradeci a São Patrício pela sua intercessão, e pelo seu testemunho que abriu os meus olhos e me trouxe de volta para a minha verdadeira casa. Depois do batismo, era a hora da profissão de fé. Esther, eu e vários outros estávamos lá para declarar que nós cremos que a Igreja Católica é a verdadeira Igreja que Cristo estabeleceu para preservar a verdade. Depois todos ficaram em fila para pronunciar o nome do seu patrono e ser confirmado naquele nome. Que doçura ouvir o sacerdote me confirmar como católica em nome de Patrício. Recebi-o com orgulho e gratidão. Todos se reuniram de novo e fomos para o altar. Finalmente, após meses de intensa fome, Esther e eu recebemos o Senhor Jesus Cristo em nossas bocas e em nosso ser, a maneira como Ele disse para o recebermos.

Oh, que milhares de línguas cantem o meu louvor de redimida!

Durante uma conversa com Kimberly Hahn alguns meses antes, ela falou que eu e Esther começamos a receber os sacramentos, a graça que estávamos recebendo poderia se propagar por toda a nossa família. Ela estava certa. Não demorou para que minha filha Kimberly acabasse com seu anti-catolicismo e começasse a fazer perguntas e entender o que se falava. Meu marido de vez em quando fazia algumas perguntas e eventualmente estudava por si mesmo. Deus me deixou bem claro que eu deveria esperar e deixar que Ele cuidasse da conversão do meu marido, se assim fosse de sua vontade. Eu sabia que eu não deveria tentar convertê-lo. Eu estava lá para amá-lo e viver uma vida católica com ele. Agora seria possível eu conquistá-lo sem pronunciar uma só palavra.

Em outubro de 2001 meu marido começou a estudar. Algumas vezes ele passava o dia inteiro lendo um livro. Começou a conversar cada vez mais com meu "bibliotecário" e irmão em Cristo, Bob. Richard é um homem muito fechado e a única indicação que eu percebia que alguma coisa positiva estava acontecendo era que ele continuava a se encontrar com Bob. Ele então começou a ir à missa comigo e com nossas filhas. Ele não se ajoelhava, apenas sentava e ficava assim o tempo todo. Mas só dele estar lá eu já era agradecida. Nós éramos uma família unida e aquilo era tudo para mim.

Depois de tanto tempo de estudo, perguntei a Richard sobre a sua reação ao que havia lido. Ele me disse que chegara à conclusão de que deveria acreditar na Real Presença de Jesus na Eucaristia!

Que alegria. Disse a ele que Santo Agostinho disse que não seria pecado adorar a hóstia, mas não adorá-la seria. Pude ver o impacto que aquilo produziu em Richard. No domingo seguinte, quando fomos à igreja e chegamos nos bancos, olhei para o lado e vi Richard se ajoelhando e fazendo o sinal da cruz. Eu lutei com todas as forças para não chorar copiosamente, mas naquele momento eu era a mulher mais feliz do mundo!

Na noite seguinte Richard foi escrever sobre a sua história. Depois de um tempo ele veio me dar para ler o que havia escrito, perguntando se havia sentido. Chorei muito quando li. Ele era tão discreto, raramente me dava sinais, mas com essas poucas palavras sua conversão se tornou cristalina aos meus olhos. Ele escreveu:

"Apesar de ter vivido por 40 anos como protestante e sentido a presença de Deus em minha vida, sabia que faltava algo. Não queria acreditar que perdi tempo durante estes 40 anos. Mas, pelo contrário, eles serviram como caminho para me levar mais próximo do Pai e do Seu Filho, Jesus.

Minha esposa, Patty, sendo obediente a Deus, lançou uma luz sobre a mim que provocou um desejo de estudar a Igreja Católica. Tendo lido tantos livros, escutado fitas, conversando com ela, e freqüentando as missas, pude compreender que a minha jornada estava finalmente acabando, eu estava à beira da ponte, para atravessá-la. Eu estava voltando para casa.

Para um católico comum isto pode não significar tanto, mas para mim é como se tirassem lentes dos meus olhos, e agora eu posso ver claramente a riqueza da promessa de Cristo durante as celebrações da Santa Missa.

Não estou levando esta história na brincadeira, muito menos estou querendo aparecer. Eu não teria atravessado a ponte sem que Deus estivesse me levando até Jesus.

Minha nova caminhada está só no início. Mas já é cheia de mistérios, expectativas e maravilhas. Se fui obediente a Deus cruzando a ponte final, então com a graça de Deus terei forças suficientes para continuar minha caminhada até minha verdadeira casa.

Graças a Deus!"

Cinco de março de 2002, Richard e eu nos casamos na nossa paróquia e preparamos a confirmação de Richard. Nossas filhas fizeram as leituras e trouxeram os anéis. Sarah foi aceita como catecúmena algumas semanas depois.

A fé católica em comum tornou-nos mais próximos. Também nos forneceu uma maneira nova de criar nossas filhas. Não víamos a salvação de nossas filhas como um evento isolado, nós o víamos como algo que precisávamos ajudá-las cada dia a criar uma base forte que vai lhes permitir enfrentar a vida até o fim. Pelo fato de nossa conversão ter se dado um pouco tarde para as meninas, tínhamos a urgência de ensiná-las a fé antes que crescessem e seguissem suas vidas.

Talvez você tenha a luz para ver a força para agir

Olhando para trás, eu posso ver a mão de Deus me curando e me trazendo cada vez mais próxima da sua verdade. Eu agradeço a Deus pela rica herança que me deram, pela Bíblia e pela moral. Agradeço pelas aulas de disciplina na minha antiga igreja, que me serviram para a vida e também para seguir Cristo mesmo quando eu parecia estar sozinha.

O último teste de quão bem eles me educaram foi quando tive de seguir a Cristo, mesmo ele me levando a um lugar impensável. Não culpo os meus pais pelos ensinos anti-católicos que me deram. Eles receberam isto de seus pais, que receberam de seus pais...e isto de volta à Reforma. Creio que somos juízes pelas luzes que nos dão, e a meus pais foi dado apenas um pouco de luz.

Meu irmão continua fazendo uma oposição furiosa contra mim. Ele me acusa de que antes de minha conversão eu não dera ouvidos a nenhuma de suas fitas de debates; então, por isso, eu não estava tão por dentro dos problemas do catolicismo. Respondi que eu conhecia perfeitamente suas posições contra Roma, especialmente porque eu havia estudado todo o seu material, e também porque eu havia crescido no mesmo ambiente, aprendendo as mesmas coisas que ele aprendeu desde a infância.

Com isso, decidi ouvir as fitas de debates dele contra católicos. Confesso que deveria ter feito isso antes. Se eu tivesse escutado estas fitas, teria me convertido ao catolicismo bem mais rapidamente.

Desafio você a retirar as suas lentes protestantes e a ler os escritos dos Pais da Igreja e a Bíblia à luz da cultura e da época em que foram escritas. Deixe de lado seus medos e preceitos. Estejam abertos à possibilidade de que Deus de fato estabelecera uma única Igreja visível e confiou a ela a verdade da fé. Pensem no fato de após 2000 anos ele ainda está cuidado desta mesma Igreja.

Foi terrível para eu tirar estas lentes protestantes, temer o fato de que o que eu acreditava durante tantos anos fosse baseado em erros passados de geração em geração. A conversão é a morte de si mesmo. Estava com medo de acabar com a minha vida para seguir Cristo.

Mas como eu poderia me afastar do catolicismo que a mim foi revelado? Como me afastar do Jesus que eu amo? Como não correr para recebê-lo, agora que Ele está presente na Eucaristia?

Eu não podia ser como aqueles de Jo 6 que se afastaram do único que tem palavras de vida eterna. Cheguei ao ponto onde nada mais na vida importava mais que estar dentro da Igreja estabelecida por Cristo, alimentada pelo Seu corpo e sangue. Provai e vede como o Senhor é bom: felizes aqueles que se refugiam nele.


De: veritatis.com.br 

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