E disse: "Em verdade, eu vos digo: se não mudardes e não vos tornardes como as crianças, não entrareis no Reino dos céus" (Mt 18,3)
Final de setembro de 2000. Sentei em frente ao computador, sob a luz do abajur, digitando um e-mail. Minha família estava dormindo. Estava sozinha com Deus e com a idéia de que estava prestes a promover uma grande reviravolta em minha vida. Orei pedindo as palavras certas para contar aos meus amigos o que se passou comigo nos últimos seis meses. A mensagem é esta...
Queridos amigos,
Gn 12,1.4a.
"O Senhor disse a Abrão: ?Parte da tua terra, da tua família e da casa de teus pais para a terra que eu te mostrarei. Abrão partiu, como o Senhor lhe havia dito. ".
Comecei a entender de outra forma o episódio em que Deus chega a Moisés e diz que sua vida irá mudar drasticamente. É bastante difícil sair de seu lar, onde você tem conforto, e ir para lugares desconhecidos, sozinha, apenas com as palavras de Deus ecoando em seus ouvidos servindo de guia. Foi assim que me senti nos últimos meses, e agora quero contar para vocês.
Há seis meses atrás comecei a estudar o catolicismo romano. Descobri que "aprofundar-se na história é renunciar ao protestantismo" (John Henry Newman). As descobertas que fiz foram extraordinariamente importantes para mim. Foram os meses mais difíceis, confusos e dolorosos de minha vida. Seu eu não tivesse passado os cinco anos anteriores em companhia de Deus, aprendendo a escutar sua voz, sendo obediente mesmo na dor, aprendendo que o discipulado é a morte do eu e a dependência total dele, nunca seria capaz de reconhecer sua obra e seguí-lo neste caminho. Jo 10,27.
Sou completamente grata a todos vocês da Northwest Community Church e a todos os amigos de outras igrejas que se tornaram parte de minha família. Amo todos vocês e espero que possamos continuar amigos. Da minha parte não romperei amizades, se isso ocorrer, deverá partir dos outros, e não discutirei. Já presenciei muitos, e tenho certeza que debates deste tipo não agradam a Deus.
Agora estou na St. Helen's Parish. Resolvi deixar a Northwest Community Church. Meu marido e família aceitaram a minha decisão. Eles decidiram permanecer na NCC, e vou lá às vezes, mas a SHC agora é a minha casa.
Deus abençoe a todos.
Em Cristo
Patty Bonds
Li, reli, orei, e li novamente. Estava com meu coração acelerado e minha mão trêmula sobre o mouse. Antes de clicar em "enviar", pedi a Deus fortaleza e conforto. "Está indo a minha vida, a minha reputação, a minha família, meu ministério, a minha identidade, e algo muito precioso, os meus amigos. Pelo que conheço, talvez também custe o meu casamento. Senhor, eu preciso de sua ajuda".
"Salva" às seis
Nasci em uma família batista, filha de um pastor. As lembranças de minha infância são de eu estar sentada bem na frente na igreja vendo meu pai pregar e minha mãe tocar órgão. Sabia todas as lições da escola dominical de cor. Em um sábado de 1962 recebemos um pregador convidado em nossa igreja, para reavivar as pessoas. A sua pregação sobre inferno me assustou bastante. Então percebi que entre os pecadores por quem Jesus havia morrido estava eu, e eu precisava dele como salvador.
No fim da pregação meu pai chamou a frente todos os que haviam sido tocados pelas palavras do pregador e que nesta noite haviam decidido deixar sua vida e seguir Cristo, e ser salvo. Confesso que fiquei envergonhada de ir lá na frente, mas quando meu pai já estava com as mãos estendidas sobre as pessoas, silenciosamente puxei seu terno e disse baixinho "pai, esta é a noite". Ele então virou em minha direção e tomou minha mão. Levou-me à frente do púlpito e me perguntou algumas coisas para ver se eu sabia o que estava fazendo. Então ele pediu que eu repetisse a oração do arrependido. É mais ou menos assim: "Pai eterno, obrigado por enviar Teu filho Jesus Cristo para morrer pelos meus pecados. Reconheço que sou pecador e preciso de um salvador. Te peço, perdoa os meus pecados, entra em meu coração e me concede a salvação, em nome de Jesus. Faz de mim a pessoa que tu queres que eu seja. Obrigado pela sua ajuda Senhor. Em nome de Jesus, Amém."
Fiquei orando junto com meu pai, e depois nos abraçamos entre lágrimas.
Dois meses depois de reconhecer Jesus como meu salvador, nossa família foi abençoada com uma chegada. Enquanto meus pais ficavam no hospital à espera do novo hóspede, eu passava as noites com a minha professora. Numa noite meu pai ligou e me disse que meu novo irmão nascera e que se chamaria James Robert.
No verão seguinte meu pai me batizou em uma igreja local. Como fui ensinada na igreja batista que freqüentávamos, o meu batismo havia sido apenas uma solenidade de obediência que nada afetaria minha salvação. Seria a minha fé em Deus que contaria. Depois do momento em que eu cri em Deus, pronto, nada mais poderia acontecer para que perdesse minha salvação. Já estava garantida. Isto se chama "Segurança Eterna", pela teologia batista, ou seja, o batizado já está "salvo", algo que muitos pregadores batistas gostam de enfatizar.
Uma anti-católica
Foi no primeiro grau que escutei falar pela primeira vez da igreja católica. Havia uma colega minha que vinha brincar na minha casa. Ela me ensinou a brincar de "vá pescar" com umas cartas que meus pais não deixavam que brincasse. Nós as escondíamos num cofrinho. Ela também me ensinou a escutar música pop pelo rádio. Meus pais não imaginavam o quanto esta minha amiga estava abrindo um novo mundo para mim. Mas rapidamente colocaram um ponto final em nossa amizade.
Uma das razões para essa atitude era que a minha amiga era católica. Lembrava que minha mãe ensinava que os católicos acreditavam que era preciso trabalhar para conseguir a salvação, que eles rezavam para estátuas, e que ficavam repetindo orações como fazem os pagãos. Ela era uma grande crítica do Papa e da idéia de um único homem na terra ser o chefe da Igreja. Ela também dizia que os católicos não sabem pensar por si mesmos. Certa vez disse que uma criança vomitou a hóstia na sua primeira comunhão porque pensou que estaria comendo a carne crua de Jesus. Eu imaginei essa cena. Com certeza é estranho pensar em comer a carne de alguém. Que tipos de pessoas eram esses católicos afinal? E como podiam acreditar em tantas coisas assim?
Nesta mesma época, meu pai estava pregando um estudo sobre o livro do Apocalipse. Eram estudos belíssimos, e eu estava todos os domingos no culto para escutá-los. Lembro dele dizendo que a prostituta da Babilônia era a Igreja Católica e que o anti-cristo era o seu chefe, o Papa. Eu comecei a acreditar nisso e pra mim daquele momento em diante tudo que era católico era mal.
Como filha de um pastor protestante, cresci num lar onde a Bíblia, a teologia e uma forte ênfase no que significava "estar salvo" (em contrapartida ao "estar condenado", em referência aos católicos) eram assuntos correntes em nossa roda familiar. Entrei na adolescência convicta de que, como uma protestante batista regenerada, eu portava a verdade. Ponto final.
Os católicos, fui ensinada e cri fortemente que não possuíam a verdade. E nada me convencia do contrário.
No auge da minha juventude cristã experimentei alguns desafios que iriam testar a minha fé em Deus de um modo que jamais havia previsto. Como acontece com muitas crianças, experimentei coisas na minha infância que me afetavam profundamente, emocional e espiritualmente. Era incapaz de confiar em Deus porque tinha uma imagem distorcida dele. Mas Deus nunca me abandonou e mesmo que eu não tenha compreendido isso, sua cura estava a caminho.
No Calvinismo e aconselhamento
Tornei-me a senhora Richard Bonds em 1982. Em 1985 Richard e eu tivemos nosso primeiro bebê. Uma menina, Kimberly Anne. Nós gostamos tanto da experiência que decidimos ter outro imediatamente. Sarah Nichole nasceu em 1986 e logo depois Esther Daniella, em 1989.
Em 1992 nós deixamos a Southern Baptist Church onde a minha família se reuniu por muitos anos. James tinha ido a uma igreja reformada já fazia dois anos1 . Ele, assim como toda nossa família, descobria as virtudes da teologia reformada, e eu e Richard estávamos ficando cada vez mais calvinistas em nossa fé. Nos víamos conversando com os demais membros da igreja assuntos como a predestinação e o livre-arbítrio. Começávamos a distinguir uma nova perspectiva sobre a vida e a evangelização. Também decidimos que precisávamos ser mais profundos na Palavra de Deus que quando éramos batistas do sul.
Perguntei ao meu irmão James qual a melhor igreja onde poderíamos nos reunir. Ele sugeriu a Northwest Community Church. A grande maioria dos seus membros e anciãos eram de teologia batista calvinista. Seguindo seu conselho fomos para lá. Rapidamente nos sentimos em casa. Nosso pastor parecia mais um professor de Bíblia que um pregador. Ele pregava usando um retroprojetor todos os domingos. Passávamos meses de verso em verso em vários livros da Bíblia.
Mesmo estando em uma igreja nova e agradável, Richard e eu não fomos poupados dos problemas de nosso casamento. Os traumas que eu trazia comigo desde a infância prejudicavam nossa relação. Eu não queria seguir o conselho do pastor e conversar com um conselheiro, mas acabei aceitando. Era uma mulher que trabalhava ajudando pessoas há vinte anos. Com um método singular de aconselhamento bíblico, chamado "metodologia do discipulado", todos os tipos de problema eram resolvidos.
Pelas minhas angústias eu estava prestes a desistir antes mesmo de tentar, mas acabei aceitando ir lá e contar os meus problemas conjugais. Ela me escutou por um instante e depois falou sobre o reflexo dos meus pecados sobre os meus problemas. Ela me disse que os cristãos eram chamados a sofrer, que o nosso sofrimento trazia crescimento espiritual. Disse que Deus poderia tirar o sofrimento da minha vida e fazer tudo mudar, mas somente se eu me entregar a Jesus e dar graças mesmo no auge da dor.
Isto era uma nova visão. Suas palavras me deram a esperança de que talvez Deus não tivesse se esquecido de mim. Tomei consciência da minha atitude de pecado diante de Deus, e que Ele ainda estava comigo. Os meses seguintes vieram seguidos desafios espirituais que jamais imaginava que pudesse enfrentar. Eles também trouxeram curas profundas, assim que Deus despejou sua graça sobre minha vida e me trouxe paz. Deu a mim e a Richard as ferramentas que poderíamos usar para reavivar nosso casamento.
Luzes de catolicismo se iniciando
Aprendi certas coisas nesse método de discipulado que construiriam mais tarde minha conversão ao catolicismo. Por exemplo, usávamos confessores para nos ajudar. Éramos aconselhados a fazermos um exame de consciência, não somente do que fizemos, mas das nossas motivações, nossas atitudes, posturas, como iríamos resolver o problema, como responder às situações de pecado, etc. Aprendemos a extirpar o mal pela raiz. Fazíamos uma lista destes pecados, e na presença do conselheiro os confessávamos a Deus, um por um. Eu achava que este método de falar nossos pecados a outras pessoas era profundamente bíblico. Os conselheiros ficavam muito satisfeitos com os resultados desse método. Era aparente que contar os pecados diante de outras pessoas produzia um efeito maior na libertação dos caminhos do pecado e na conscientização do caminho correto.
Deus sabe que se dependêssemos de nossos próprios conselhos ou decisões acabaríamos fazendo mal o que é certo e certo o que é mal a menos que tenhamos uma autoridade que julgue a nossa consciência e a confissão de nossos pecados. Comecei a apreciar a força da confissão dos pecados a outra pessoa. Eu estava a ponto de aprender sobre a graça da confissão dos pecados a alguém confiado por Cristo e pela Igreja para perdoar os pecados em nome de Jesus e anunciar as belas palavras da absolvição sobre mim.
Outra coisa que aprendi nesse método foi que verdadeiros cristãos vivem vidas de obediência e caridade. Somente crer não era evidência de salvação, a obediência era a chave do verdadeiro cristão2. Isto era novo para mim. Não era mais uma simples questão de consciência mental, mas uma verdadeira entrega a Cristo, amar menos os outros que a Cristo, rejeitar o pecado, e seguir os passos de Jesus, em nossos relacionamentos, em nossa conduta e em nosso pensamento.
Este discipulado me ensinou a viver na presença de Deus e obedecer a sua Palavra. Aprendi a confiar em Deus assim como obedecê-lo. Crescia na fé e obedecia a seus mandamentos mesmo que parecessem pesados para mim. Ele se mostrou fiel. Passei a amar meu Abba mais que minha própria vida. Quanto mais o obedecia mais o amava, e mais eu o conhecia (Jo 14,21). Ele estava tão próximo quanto o meu ar. Eu vivia em um estado de grande comunhão com o Senhor. A vida era doce. Eu era a doce menina do Abba.
A fama de meu irmão
Nos anos seguintes meu irmão James aprofundou seus estudos teológicos e iniciou trabalhos em apologética protestante, voltando seus esforços na conversão de testemunhas de Jeová e Mórmons.
Logo voltou sua atenção ao catolicismo. Obviamente, nós nos orgulhávamos dele quando pregava a mensagem protestante reformado aos católicos, e mostrava que o catolicismo romano não é uma representante do Evangelho de Jesus Cristo.
Em 1998 graduou-se doutor em apologética protestante e escreveu vários livros atacando o catolicismo. Regularmente travava debates com católicos conhecidos como Tim Staples, Fr. Mitch Pacwa, Fr. Peter Stravinskas, Robert Sungenis e até o editor da série Surprised by Truth, Patrick Madrid.
Antes de se tornar conhecido, eu o escutava em debates que tinha como nossos parentes nas reuniões familiares. Eu o escutava dizer como este e aquele católico tentavam defender a doutrina da igreja católica a partir da Bíblia. Teologicamente eu concordava com os argumentos contra o catolicismo, mas não gostava do teor elevado de todos esses debates.
Aquele católico irlandês...
No outono de 2000 minha filha mais venha Kimberly demonstrou interesse em conhecer mais sobre o ramo irlandês da nossa família, e por isso decidimos ir ao Scottish Highland Games, em Mesa, Arizona. Foi fantástico. O barulho dos cata-ventos, dançarinos no gelo desafiando a gravidade em competições ou só exibições. Especialistas em árvore genealógica nos ajudaram a descobrir ramos de nossa família no velho mundo. Aprendemos sobre clãs e tribos.
Que belo dia foi aquele! Nos concedeu um ótimo senso de conforto e prazer. Saindo das festividades naquela noite decidimos investigar os nossos antepassados irlandeses n o mês seguinte no dia da Parada de São Patrício em Phoenix.
Quando a parada começou, passou um carro levando o bispo de Phoenix, logo após um padre já idoso, aplaudido por muitos, que parecia ser muito querido pela comunidade irlandesa. Então vieram os Cavaleiros de Columbia com grande esplendor, uma comunidade católica em Phoenix. Juro que me senti deslocada. Porque esses irlandeses tinham que ser tão...católicos?
No fim da parada veio a estrela do show: o próprio São Patrício, vestido como um bispo católico, com o chapéu e tudo. Ouvi dizer que a mitra usada pelos católicos representa um deus pagão. Olhá-la fez a minha pele arrepiar. Comecei a me perguntar o que era verdade na história de São Patrício. Assim que cheguei em casa aquela noite fiz uma pesquisa na Internet. Confesso que esperei encontrar muita mitologia sobre ele, mas na verdade encontrei vários sites que tratavam sério do assunto, da mesma forma como ele fora um personagem histórico real.
Um detalhe me chamou a atenção: "As confissões de São Patrício". Pensei que neste texto havia algumas coisas ruins sobre ele que os irlandeses não gostariam que soubéssemos. Mas além de encontrar um homem de Deus que andava e conhecia bem o Senhor assim como eu, ou até mais! Encontrei em São Patrício um irmão, um espírito semelhante ao meu. Mas como um católico pagão poderia conhecer tão bem o mesmo Deus que eu, da mesma forma que eu? Como pode haver algo de semelhante entre São Patrício, um católico pagão, e eu, uma fiel cristã protestante? Este foi o momento em que o Espírito me levou à necessidade de conhecer mais a fé católica.
Os amigos me ajudaram a diminuir a resistência
Eu estava impressionada e muito consciente de que o Espírito Santo nos próximos meses estaria me levando a um processo gradual de aproximação ao catolicismo. Eu fui educada tão anti-católica que ele teve de quebrar imensas barreiras antes que eu pudesse ter uma visão mais clara e objetiva da fé. Meu marido comprou alguns CDs de um cantor irlandês, católico, cujas canções refletiam a religiosidade do povo irlandês. Outros tempos eu teria visto este CD como algo inútil e teria jogado fora, simplesmente. Mas pela ação do Espírito Santo em mim, resolvi escutar o CD, e gostei.
Então comecei a fazer algumas perguntas a alguns amigos meus católicos. Madalena tinha uma fé viva e ativa. Nunca havia visto um católico tão enfático falando de Jesus. Brad tem sido o meu massagista por anos. Eu sabia que ele era católico, mas também sabia que ele tinha uma fé viva em Cristo. Sua amizade tem sido um exemplo de caridade e amizade. Ele com certeza amava o Senhor. Ele era um exemplo para mim. Mas eu simplesmente recusava devido a sua filiação religiosa que eu evitava em aceitar devido meus princípios teológicos.
Fiz algumas perguntas para Madalena e Brad para ver que tipo de respostas obteria. Um dia na sala de Brad comecei a fazer perguntas mais complicadas. Ele disse que não era um apologista, mas que conhecia um livro que poderia me ajudar. Imediatamente eu lhe disse que eu era adepta da Sola Scriptura, e se a doutrina católica não for fundamentada na Escritura, não iria considerar este livro.
Ele sorriu e me garantiu que era um livro baseado na Bíblia e que eu deveria simplesmente ler. O livro se chamava "Rome, sweet Home" (NT: usando a frase "lar, doce lar", sendo que "lar" em inglês é "home" e "Roma" em inglês é "Rome", a pronuncia inglesa tornou a sentença perfeita ? "Lar [Home=Rome] doce lar"). Também perguntei por um catecismo. Pensei que se eu ia examinar uma doutrina, deveria buscar a fonte principal, não somente testemunhos ou escritos avulsos. Ele concordou.
Neste momento, excetuando Madalena e Brad, ninguém sabia que eu estava estudando a fé católica. E certamente eu seria morta se me vissem comprando o Catecismo da Igreja Católica.
Levada pela Eucaristia
No fim de abril de 2000 eu estava impressionada como eu poderia ter tanto em comum com Madalena. Eu pensava que se eu a levasse à minha igreja, ela se sentiria mais em casa do que talvez se sentisse em sua igreja. Mas ao mesmo tempo eu estava curiosa sobre o que acontecia numa missa católica. Então chamei Madalena e propus que nós visitássemos a igreja uma da outra. Ela concordou, e então comecei a me preparar para ir à minha primeira missa na próxima noite.
Estava nervosa ao me aproximar das portas da igreja, mas depois que eu entrei senti estar em um lugar normal. Não tinham tantas imagens como pensava. A decoração das paredes era suave e da forma que me agradava. O batistério era para imersão, o que me fez sentir em casa. Sentei e tentei ficar a mais calma possível.
Assim que a missa começou pensei comigo que eu era como um peixe fora d?água. Todos sabiam o que fazer, menos eu. Muitos gestos. Após uma música muito bonita, uma mulher subiu no pódio e começou a ler uma passagem da Bíblia. Ouvir a Bíblia me fez me sentir melhor. Então ouvi uma música que depois reconheci ser um salmo. Quando comecei a relaxar, as pessoas pararam e depois começaram a cantar. Então o diácono se virou e se inclinou em frente ao padre, que fez o sinal da cruz nele. Então se aproximou da Bíblia e leu uma passagem do Evangelho.
Eu estava impressionada como tudo era Bíblico. Até a homilia foi boa. Não entendi o sentido de tanta formalidade e encenação, mas pude entender porque a fé de minha amiga era tão bíblica. Ela vivia em uma comunidade espiritual.
Então veio a hora da Eucaristia.
Não tinha idéia do quanto a minha vida iria mudar daquele momento em diante. Sem aviso, Deus se fez presente naquele momento. Nunca havia sentido Sua presença tão forte quanto naquele lugar. Perdi a noção do que se passava ao meu redor. Fiquei ali, impressionada com sua sufocante presença. À medida que as pessoas caminhavam na fila para comungar, eu também avançava em direção a Deus.
Quando a missa terminou não tinha palavras para expressar a alegria da Presença de Deus. Dei um abraço em Madalena e fui embora. Andei pelo estacionamento sem sentir meus pés pisando o solo. Comecei a orar freneticamente por respostas. "O que foi aquilo, Senhor? Eu preciso entender. O que eu faço agora? Eu sei que o Senhor quer que eu continue buscando a fé católica, mas o que eu faço? Não sou teóloga. Por onde eu começo?".
Sua resposta veio rapidamente: "Comece pelo que lhe chamou a atenção. Comece pela Eucaristia". Fui dirigindo até em casa pensando que deveria fazer isso, de alguma forma. Eu estava muito decidida, e com medo.
Mitos católicos que viraram fumaça
Enquanto Brad procurava alguns livros pra mim eu ficava pensando em como conseguir novas informações. Mas não sabia em quem confiar. Se fosse conversar como meu pastor, ultra-calvinista, eu sabia o que ele iria dizer: "Corra, fuja desses corruptos!". Conhecendo bem o meu irmão, qualquer informação dele seria unilateral. Eu só podia orar por sabedoria.
Então eu me lembrei de um homem que conheci alguns anos atrás, um homem que se tornou muito católico, e que tinha muitas das dúvidas que eu tinha. Senti uma vontade imensa de falar com ele e escutar o que ele tinha para me dizer, mesmo que eu fosse entender muita coisa. Eu poderia obter mais informações com ele, mesmo sabendo que morava longe. Pelo menos a minha família e amigos não me descobririam.
Durante todo o mês seguinte este homem ficou me enviando por e-mail textos sobre Eucaristia, justificação, purgatório e muitos outros tópicos. Ele me deu informações preciosas e resolveu muitas das minhas espinhosas perguntas, principalmente sobre o sacrifício da Eucaristia não como um simples memorial, mas como a presença real de Jesus Cristo.
Eu fiquei chocada com o que estava descobrindo. Ao contrário do que havia aprendido na igreja batista, dos meus parentes e amigos, os católicos não são canibais; eles não acreditam que Jesus é crucificado o tempo todo, repetidamente, em cada missa; a presença real de Jesus na Eucaristia não é uma invenção medieval, mas uma tradição apostólica transmitida pela Igreja desde o início da nossa época.
A fé católica não era o que eu havia sido ensinada.
Neste momento Brad me trouxe os livros de que tinha falado. Comecei a ler Rome, sweet home, escrito por Scott Hahn e sua esposa Kimberly, ambos convertidos ao catolicismo. Eu nunca tinha escutado histórias de protestantes convertidos ao catolicismo. O sentido contrário já havia visto muitos, mas nunca havia considerado haver pessoas de boa fé e de excelência acadêmica seguindo Jesus como católicos. E eu sabia que o Dr. Hahn havia sido um pastor e teólogo protestante dos mais brilhantes!
Passei todo o final de semana lendo este livro e estudando as fundamentações teológicas as quais havia depositado minha vida. Não conseguia mais me suportar. Foi uma mistura de felicidade e temor, tudo ao mesmo tempo. Eu estava radiante com a possibilidade de que Jesus estaria presente na Eucaristia, mas ao mesmo tempo estava horrorizada com a possibilidade de sair do meu lar, confortável, da minha herança religiosa, e me aventurar neste território desconhecido, e provavelmente passaria isso tudo sozinha.
Continua... (clique aqui para ler a segunda parte)
De: veritatis.com.br
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