23 setembro 2013

"Mantenham a Fé na Síria"



Um prelado Sírio – ordenado bispo há apenas um mês – falou sobre seu pesar a respeito do êxodo massivo de cristãos da Síria, mas que está convencido de que o futuro de uma das mais antigas comunidades cristãs do mundo está garantido.


O bispo Católico Greco-Melquita de Bosra e Hauran, Dom Nicolas Antiba, descreveu como os fiéis de sua localidade, no sul da Síria, fugiram em centenas para a área vizinha à residência episcopal em Khabab após os ataques que incluíram a destruição de uma das igrejas mais antigas do país, uma construção do século VI.

Referindo-se às consequências do ataque à Igreja de Santo Elias, construída por volta do ano 542, em Izraa, o bispo acredita que o êxodo de cristãos da região poderia ser tão numeroso quanto ao ocorrido no Iraque, onde a maioria de fiéis deixou seus lares e partiram como refugiados a outras localidades ou países durante a guerra.

O bispo Antiba sublinhou a necessidade urgente de ajuda para os que chegam a Khabab e outros lugares, incluindo água e abrigos – um problema que se torna cada vez pior à medida que o clima piora na região.

Em alguns comentários do que afirmou no mês passado o Patriarca Melquita Gregórios III, Dom Antiba reafirma que a crise está piorando devido à chegada de armas e guerrilheiros vindos do exterior. O recém-ordenado bispo sublinha que estes fatores são como um “câncer” que ameaça destruir a Síria.

Em seguida, o Bispo Antiba reitera o chamado a colocar um fim nos planos de uma intervenção militar estrangeira no país, enviando ao presidente americano Barack Obama o seguinte recado: “Deixe-nos sozinhos”.

Em meio a relatos de que até um terço da população cristã do país está agora desalojada ou vivendo como refugiados no exterior, o bispo disse: “Eu creio, eu sei, que esta perseguição não destruirá a Igreja. O sangue dos mártires dá nova vida à Igreja”.

“Tenho a esperança que continuaremos vivendo como cristãos aqui. Sim, seremos um número inferior, basta ver o que aconteceu no Iraque, mas não creio que a população cristã do país deixará de existir”, disse o bispo Antiba.

As declarações deste prelado sírio se enquadram também no contexto de outros ataques à igrejas cristãs, como o ocorrido no início do mês à antiga cidade cristã de Maloula, atacada e ocupada por grupos de Jihadistas. Segundo relatam cristãos desta região, o ataque foi intencionalmente dirigido contra eles aos gritos de “vitória sobre os infiéis” por parte dos agressores.

“Os cristãos são um povo pacífico, diz o bispo. Eles não buscam luta armada, especialmente na Síria, onde até pouco tempo atrás viviam tranquilamente”.

“Nós somos um povo que não tem meio algum de lutar. Ao contrário, somos gente de paz, e ainda assim os primeiros a sermos atacados. Já sofremos muito. Ainda estamos sofrendo. Não está sendo fácil”, partilhou.

Ele reiterou os chamados para que os Estados Unidos e seus aliados favoráveis a uma intervenção militar descartem esta possibilidade.

“Tenho esperança de que (os EUA e seus aliados) nos deixarão em paz, pois se as armas continuarem chegando ao país a situação só vai piorar. Não se trata de sírios atacando sírios, mas de estrangeiros que também estão envolvidos no conflito”.

“Em vez de trazer armas ao país, tragam paz”, pediu Dom Antiba afirmando que “as armas são como um câncer - um organismo externo que ameaça destruir-nos”.

Pedindo que os Estados Unidos mantenham distância da política na Síria, este bispo sírio afirma: “Eu diria ao presidente Obama que sempre fala sobre a paz... por favor, deixe-nos em paz e coloque em prática as ideias que trarão a paz. O senhor tem sua própria ideia de democracia, que é bela, mas não necessariamente é a nossa; deixe-nos desenvolver nossa própria ideia de democracia”, concluiu.

De: ais.org.br

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