Há algumas semanas, a página “Meu professor de História Mentiu pra mim” publicou uma imagem na qual afirmava que a inquisição foi um “marco civilizatório na Idade Média”. Mais do que prontamente, a súcia de apedeutas, sequelados e retardados em geral fez coro em gargalhada histriônica. Como os idiotas úteis jamais se deram ao trabalho de abrir um livro de verdade, naturalmente estranham uma afirmação tão destoante do conteúdo que eles absorveram nas cartilhas marxistas, que o méqui chama de livros didáticos. Qualquer pessoa que tenha tido acesso à historiografia que apresenta a Inquisição com acuidade histórica e livre de ideologia não poderá se furtar à conclusão de que essa, além de se basear em fontes primárias, se reflete em uma narrativa muito mais coerente do que os "istoriadores” que apenas recorrem a falácias de pensamento, facilmente desmontáveis por qualquer um que tenha mais de um neurônio funcionando, para denegrir a imagem da Inquisição. Quem quer que tenha acesso ao trabalho historiográfico que nega a forma como o senso comum retrata a Inquisição, percebe imediatamente o quão a História foi deturpada para caber dentro das necessidades ideológicas da mentalidade revolucionária. No Brasil, contudo, o méqui segue a política de restringir o acesso apenas a versões historiográficas que atendam aos interesses ideológicos da esquerda. Isso faz com que seja criado um contingente de analfabetos funcionais que se pensam intelectuais, não por acreditarem que sabem muito, mas por terem sidos convencidos de que o que precisam saber para ser intelectuais é um arremedo de cultura composto de meia dúzia de clichês. Por ter sofrido lavagem cerebral desde a mais tenra idade, o brasileiro médio toma o falso como verdadeiro e ri com desdém diante de quem proclama a verdade, a qual ele ignora completamente. O objetivo desse texto é apresentar de forma rápida e objetiva a Inquisição que não aparece nos livros do méqui, assim teremos um material de referência, curto, que poderá ser usado para esfregar no focinho dos animais esquerdistas toda vez que começarem com a cantilena de “os crimes da Inquisição”.
Para entendermos o que de fato foi a Inquisição, precisamos retroceder
no tempo até um pouco antes de seu início, afinal uma das ferramentas de
deturpação mais utilizadas pela historiografia marxista é fazer ignorar
o contexto histórico do assunto sobre o qual ela pretende formar uma “openeão”.
No ano 476, os bárbaros invadiram a Europa, transformando esse
continente em um mosaico de povos incivilizados, que além de terem
destruído todas as instituições romanas, passaram a brigar entre si. A
Europa se tornou um gigantesco campo de batalha. No meio desse
Armagedom, a Igreja Católica foi a única Instituição que ficou de pé. A
Igreja sustentou o ocidente, pois salvaguardou de diversas formas o
conhecimento civilizacional e, com base nesse legado, fez um trabalho de
ACULTURAÇÃO da massa bárbara, composta de alanos, ostrogodos,
visigodos, francos, hunos, suevos, entre outros. Dessa maneira, a Igreja
Católica foi a grande responsável pelo surgimento, durante a Idade
Média, de uma Europa pacificada e unificada em torno de um mesmo ideal.
Esse é o motivo pelo qual a mentalidade do homem comum medieval era tão
profundamente religiosa (cristã), ele devia à Igreja Católica a paz
necessária para prosperar, INCLUSIVE materialmente. Ao contrário do que
conta a historiografia marxista, a Idade Média foi uma época de luzes,
marcada por grandes avanços em muitos campos do conhecimento: filosofia,
ciência, artes, etc. Esse avanço foi fruto do cristianismo, que
salvaguardou o legado da antiguidade clássica e estabeleceu a cultura
que serviu de lastro para ordem social, sem a qual não seria possível
gerar o progresso (obs.: antes de prosseguir na leitura desse texto,
certifique-se de que você compreendeu o grau de Importância da Igreja
Católica para a época medieval).
Contudo, desde os primeiros séculos do cristianismo, havia alguns
DISSIDENTES da Igreja Católica, pessoas que tinham ganhado preeminência
social dentro do seio da própria Igreja, mas que a partir de dado
momento passavam a pregar ensinamentos estranhos ao corpo de
ensinamentos da Igreja, traindo assim a instituição que tinha lhes
possibilitado a posição de destaque que ocupavam na sociedade (e
consequentemente a autoridade de que gozavam para que seus pensamentos
fossem ouvidos). Essas pessoas fundavam seitas e, assim, suas ideias
ganhavam vida própria após arrebanhar um determinado número de
seguidores. Tais ideias resistiam até mesmo à morte de quem primeiro as
pregou, ganhando popularidade e se constituindo em um corpo doutrinário
que, apesar de nascido de dentro da Igreja, era independente e contrário
ao corpo doutrinário cristão que lhes deu origem. Essas seitas eram
chamadas de “hereges”. A historiografia marxista praticada no Brasil
atualmente repete os dogmas da historiografia iluminista e ensina que “a
Igreja queimava na fogueira quem se recusasse a aceitar a fé cristã”,
reduzindo a questão da heresia a uma mera “intolerância religiosa” ou
“excesso de dogmatismo”. É impossível entender o que de fato foi a
Inquisição, sem compreender o que eram na verdade as seitas hereges.
Para fazê-lo, usaremos como exemplo a principal seita que foi combatida
pela Igreja Católica: os cátaros. Essa seita pregava a crença na
coexistência de dois deuses, um bom (o criador das coisas espirituais) e
um mau (o criador das coisas materiais). Algum inadvertido que pense
com a mentalidade de hoje pode imaginar que negar o cristianismo e optar
por uma crença dessa era uma mera questão individual, que devemos
respeitar a religião dos outros e blá blá blá; principalmente se
estivermos falando de algum sequelado pelo paulofreirismo, completamente convencido (coitado!) da aleivosia de que “tudo no mundo é uma questão de 'openeão'".
Mas o que de fato aconteceu foi bem diferente desse devaneio
esquerdista idiota. Tais seitas pregavam que, uma vez que o mundo
material era uma criação do deus mau, ENTÃO tudo que fortalecesse o
mundo material deveria ser COMBATIDO. Vejam só de que maneira eles
faziam isso; prestem atenção para entender de que forma ser um herege
era muito diferente de ter gnomos de louça e cristais energizados no
quarto: na qualidade de seita, eles se organizavam em grupos de ação
para depredar fazendas, queimar plantações, destruir benfeitorias,
instrumentos agrários e por aí vai. Como se pode ver, não era meramente
uma questão de crença diferente, mas do que essa crença diferente
provocava no mundo prático: os cátaros eram uma espécie de MST da Idade
Média.
Como não fosse suficiente, tem mais. Enquanto de um lado o cristianismo
pregava que a vida tinha valor em si mesma, por ser uma criação divina, e
que precisava ser defendida a todo custo, os cátaros diziam que a carne
aprisionava o espírito. Assim, na "openeão" deles, as mulheres
que engravidavam estavam aprisionando na matéria espíritos que antes
eram livres e, com o intuito de impedir esse aprisionamento, eles, com
todo altruísmo possível, praticavam a “liberdade de expressão de sua 'openeão'”
ASSASSINANDO MULHERES GRÁVIDAS. É mole? Essas eram as ideias que
estavam se espalhando na Europa como um incêndio e, caso não fossem
debeladas, por certo levariam ao total colapso da civilização ocidental,
conforme afirma o historiador PROTESTANTE Henry C. Lea: “(assim) era a
crença cuja rápida difusão encheu a Igreja de um terror PLENAMENTE
JUSTIFICADO. Se o catarismo se tornasse dominante, ou pelo menos igual
ao catolicismo, não há dúvida de que sua influência teria sido
desastrosa. Por mais horror que nos possam inspirar os meios empregados
para combatê-la, por mais piedade que devemos sentir por aqueles que
morreram vítimas de suas convicções, reconhecendo sem hesitar que, nas
circunstâncias, a causa da ortodoxia era a da CIVILIZAÇÃO E DO
PROGRESSO".
Por causa disso, os senhores feudais e reis já haviam percebido que, de
um lado as seitas heréticas com suas crenças obscurantistas e suas ações
criminosas perturbavam e lançavam terror sobre toda a vida social, do
outro lado o lastro estabelecido pela cultura advinda do cristianismo
favorecia a ordem social, e consequentemente o progresso geral da
sociedade. Assim, MUITO ANTES do estabelecimento da Inquisição, o poder
secular já havia determinado que a heresia fosse considerada CRIME CIVIL
e, consequentemente, já havia estipulado penas para esse tipo de
prática. Além disso, a disseminação de tais crenças era prejudicial para
o conjunto da sociedade, mas, PRINCIPALMENTE, para a camada mais pobre
da população, que era quem menos podia se defender se um grupo de loucos
invadisse uma vila com o singelo objetivo de expressar sua "openeão"
destruindo o fruto de anos de trabalho e matando suas esposas grávidas.
Dessa forma, mesmo com o poder secular agindo para cercear a heresia,
com o passar do tempo, foi se tornando cada vez mais comum que o povo
não mais esperasse a ação do poder instituído, mas fizesse justiça com
as próprias mãos, para reprimir prontamente o avanço de tais seitas.
Estabeleceu-se assim, a prática comum na Idade Média de que a população
revoltada punisse por conta própria os praticantes das heresias.
Repetindo: TUDO ISSO JÁ ACONTECIA ANTES DO ESTABELECIMENTO DA
INQUISIÇÃO.
Ao mesmo tempo, em que essas insurreições populares contra hereges
aconteciam, disputas de terras entre os senhores feudais eram comuns na
Idade Média, e eles perceberam que poderiam utilizar como instrumento de
batalha, nessas disputas, a turba ensandecida e disposta a fazer
justiça com as próprias mãos. Para tal, os senhores feudais começaram a
acusar seus inimigos de serem “hereges” apenas com o objetivo de lhes
destruir a reputação. Muitas injustiças estavam sendo cometidas. Muitos
eram acusados por poderosos de cometer heresias, mas não tinham nenhuma
ligação com as seitas hereges, e mesmo assim acabavam morrendo nas mãos
do povo, cujos humores haviam sido ardilosamente inflamados por
acusações falsas. Vendo toda essa bagunça, a Igreja Católica decidiu
intervir para estancar os julgamentos sumários e o derramamento de
sangue de inocentes.
Para facilitar, vou recapitular o que foi dito até aqui: de um lado, o Catolicismo ao disseminar uma mentalidade voltada para valores transcendentes, trouxe paz e prosperidade para Europa. De outro, essa mentalidade voltada para valores transcendentes deixava o povo europeu suscetível a “falsos profetas”, uma parte significativa da população dava crédito às ideias hereges, que deturpavam os ensinamentos da Igreja causando confusão e desordem social. A Igreja sabia que a heresia era, de certa forma, um efeito colateral da própria Igreja, sobretudo porque os fundadores das seitas eram ex-membros do clero (dissidentes), portanto precisava assumir sua parte na responsabilidade de combatê-la. Em especial porque o combate às heresias feito pelas autoridades civis estabelecidas era corrupto e cometia injustiças, quando não acontecia o pior, que eram os linchamentos populares.
É dentro desse cenário que surge a instituição criada pela Igreja
Católica Apostólica Romana, em 1231, pelo Papa Gregório XI, para
VERIFICAR se aquele contra quem pesava uma acusação era de fato
praticante e disseminador de heresias. Tal instituição foi chamada de
INQUISIÇÃO. A Inquisição não aplicava nenhuma pena, mas SOMENTE decidia
se o acusado estava de fato envolvido com heresia e, nesse caso, o
entregava para que o poder civil secular aplicasse as penas que já
haviam sido estabelecidas ANTES do surgimento da Inquisição. Repetindo: o
objetivo da Inquisição era apenas dar uma oportunidade de julgamento
processual a pessoas que, de outra forma, teriam sido mortas nas mãos de
populares praticando linchamentos, ou nas mãos de reis e nobres que se
utilizavam do expediente de fazer falsas acusações de heresia para
eliminar seus opositores. Repetindo mais uma vez: a partir do
estabelecimento da Inquisição, o povo não podia mais ser inflamado para
fazer justiça com as próprias mãos, porque estava determinado que um
comitê de especialistas estudaria as acusações com distanciamento e
parcimônia a fim de verificar se eram procedentes ou não. É por isso que
é possível afirmar sem a menor hesitação que: “A INQUISIÇÃO FOI UM
MARCO CIVILIZACIONAL NA IDADE MÉDIA”. A partir do momento em que a
Inquisição é estabelecida, as massas estão desautorizadas a praticar
justiça sumária e os nobres não mais podiam praticar acusações falsas
para conseguir objetivos obscuros. Vejam o que diz Césare Cantu, em seu
História Universal (Tomo 11, Capítulo 6): "O tribunal da Inquisição pode
ser considerado um VERDADEIRO PROGRESSO, porque se substituía as
matanças mais ou menos gerais e os tribunais sem direito de defesa. Este
tribunal admoestava por duas vezes antes de empreender qualquer devassa
e ordenava a prisão só de hereges obstinados e dos relapsos (aqueles
que não voltavam atrás na heresia, preferiam morrer a se arrepender),
aceitava o arrependimento e contentava-se com castigos MORAIS, o que lhe
permitiu salvar muitas pessoas que os tribunais ordinários teriam
condenando”. Alguém que se disponha a provar que uma instituição desse
tipo é ruim não passa de um canalha movido por má fé e está apenas se
utilizando do expediente de tratar os fatos a torniquete para fazê-los
servir à sua ideologia nefasta. Deturpar na cabeça do povão inculto,
cuja mentalidade foi deformada pelo méqui, o que de fato foi a
Inquisição é apenas mais uma das várias ferramentas utilizadas pelo
marxismo cultural para impingir mentiras contra a Igreja.
Mas voltemos à Inquisição: como era um tribunal, eventualmente podem ter ocorrido falhas. Ainda hoje, por mais que se criem mecanismos judiciais para impedir que a ação jurídica vitime inocentes, há casos de pessoas que cumprem pena (até mesmo pagando com a vida) e mais tarde fica provado que foram condenadas indevidamente. Quanto mais na Idade Média, quando ainda não existia nenhuma das modernas técnicas da ciência forense! Contudo, na Inquisição, o rigor para considerar alguém herege era altíssimo (vamos ver isso mais detalhadamente adiante), além do que, na grande maioria dos casos, aplicava-se penas alternativas, como a responsabilidade de cuidar de um pobre, o confisco dos bens, o exílio ou a peregrinação. Foram pouquíssimas as condenações com pena capital. As próprias práticas que tais seitas pregavam para seus membros, como por exemplo a “endura”, ceifaram muito mais vidas de hereges do que toda a atividade inquisitorial (a “endura” nada mais era do uma heresia que consistia no suicídio por envenenamento, jejum ilimitado, ingestão de vidro moído, abertura das veias durante o banho e até a morte por pneumonia adquirida de propósito). Isso posto, é preciso destacar o fato de que a maior parte das condenações indevidas e das atrocidades que o senso comum usualmente atribui à Inquisição aconteceu na chamada Inquisição Espanhola, que foi um capitulo à parte dentro da História da Inquisição. Ao contrário da Inquisição Medieval (criada para combater as seitas hereges, como os cátaros) e da Inquisição Romana (criada para combater o protestantismo), a Inquisição Espanhola NÃO foi uma ideia da Igreja. Como, então, surgiu a Inquisição Espanhola? A Península Ibérica esteve por sete séculos sob domínio dos muçulmanos, que a invadiram por volta do ano 700 e lá permaneceram até quase o século XVI. Após o casamento dos reis Fernando e Isabel de Castela e Aragão, católicos, a Espanha foi unificada e isso possibilitou que os espanhóis vencessem a última batalha contra os muçulmanos, travada no ano de 1492, em Granada. Para assegurar essa expulsão conseguida através da espada, era necessário dar continuidade ao trabalho fazendo agora uma expulsão cultural: os reis precisavam estabelecer o catolicismo pleno na Espanha.
Mas voltemos à Inquisição: como era um tribunal, eventualmente podem ter ocorrido falhas. Ainda hoje, por mais que se criem mecanismos judiciais para impedir que a ação jurídica vitime inocentes, há casos de pessoas que cumprem pena (até mesmo pagando com a vida) e mais tarde fica provado que foram condenadas indevidamente. Quanto mais na Idade Média, quando ainda não existia nenhuma das modernas técnicas da ciência forense! Contudo, na Inquisição, o rigor para considerar alguém herege era altíssimo (vamos ver isso mais detalhadamente adiante), além do que, na grande maioria dos casos, aplicava-se penas alternativas, como a responsabilidade de cuidar de um pobre, o confisco dos bens, o exílio ou a peregrinação. Foram pouquíssimas as condenações com pena capital. As próprias práticas que tais seitas pregavam para seus membros, como por exemplo a “endura”, ceifaram muito mais vidas de hereges do que toda a atividade inquisitorial (a “endura” nada mais era do uma heresia que consistia no suicídio por envenenamento, jejum ilimitado, ingestão de vidro moído, abertura das veias durante o banho e até a morte por pneumonia adquirida de propósito). Isso posto, é preciso destacar o fato de que a maior parte das condenações indevidas e das atrocidades que o senso comum usualmente atribui à Inquisição aconteceu na chamada Inquisição Espanhola, que foi um capitulo à parte dentro da História da Inquisição. Ao contrário da Inquisição Medieval (criada para combater as seitas hereges, como os cátaros) e da Inquisição Romana (criada para combater o protestantismo), a Inquisição Espanhola NÃO foi uma ideia da Igreja. Como, então, surgiu a Inquisição Espanhola? A Península Ibérica esteve por sete séculos sob domínio dos muçulmanos, que a invadiram por volta do ano 700 e lá permaneceram até quase o século XVI. Após o casamento dos reis Fernando e Isabel de Castela e Aragão, católicos, a Espanha foi unificada e isso possibilitou que os espanhóis vencessem a última batalha contra os muçulmanos, travada no ano de 1492, em Granada. Para assegurar essa expulsão conseguida através da espada, era necessário dar continuidade ao trabalho fazendo agora uma expulsão cultural: os reis precisavam estabelecer o catolicismo pleno na Espanha.
Assim, os reis de Espanha EXIGIRAM do Papa que ele autorizasse a
abertura de uma nova Inquisição. O Papa não quis autorizar, justamente
porque sabia que uma Inquisição realizada longe de Roma não teria nenhum
controle por parte da Igreja Católica, e permitiria que os reis
fizessem o que bem entendessem em nome da Inquisição, como de fato
aconteceu (Há casos de terem se aproveitado da Inquisição, somente para
tomar os bens dos acusados). Mas então, se sabia disso, por que o Papa
autorizou a Inquisição Espanhola? Simplesmente porque o rei Fernando
ameaçou o Papa dizendo que se não autorizasse a abertura da Inquisição
Espanhola, ele separaria a Espanha da Igreja Católica (ou seja, de uma
forma ou de outra, o rei faria o que quisesse). Nessa época, a Espanha
era o maior polo católico do mundo. A Igreja Católica já tinha perdido a
Alemanha para o protestantismo, que também avançava na Inglaterra, na
Escandinávia, na Bélgica, e na Holanda. Se o Papa aceitasse perder a
Espanha, poderia simplesmente ter sido o fim da Igreja Católica. Entre
dois males, o que fazer? Diante desse dilema, o Papa finalmente optou
pelo mal menor e, a contragosto, autorizou a tal Inquisição Espanhola,
uma Inquisição que foi MUITO MENOS eclesiástica do que civil. O único
aspecto que une a Inquisição Espanhola às duas inquisições anteriores
era o nome. Para começo de conversa, ao contrário das anteriores, a
Inquisição Espanhola não foi estabelecida para julgar dissidentes da
Igreja, mas para combater outras crenças: o islamismo e o judaísmo, o
que por si só a diferencia completamente do contexto da Inquisição
Medieval, que foi quando começou a Inquisição. Claro que tais “detalhes”
históricos foram completamente ignorados quando a propaganda iluminista
decidiu usar a Inquisição Espanhola para manchar a imagem da Igreja
Católica.
Os legados da Inquisição
Conforme foi demonstrado, acusar os procedimentos do tribunal
eclesiástico de ser rudimentares é um grande anacronismo. A Inquisição
não inaugurou nenhum dos procedimentos que hoje pululam no senso comum
ao lado das alegações de "atrocidade!". A acusação anônima, a prática de
tortura, as penas de morte, todos eram comumente utilizados pela
autoridade civil DA ÉPOCA. E cada um deles pode ser explicado também por
uma contingência da época. Por exemplo, penas de morte eram muito mais
comuns do que são hoje, simplesmente porque era inexistente o moderno
aparato de penitenciárias. Além de inexistente, tal aparato era
simplesmente IMPOSSÍVEL para a organização social da época. Por causa
disso, a mentalidade de então era que os crimes deveriam ser sempre
punidos com severidade máxima, o que, se por um lado choca nossa
sensibilidade moderna quando comparamos os procedimentos medievais com
os atuais, por outro tal mentalidade na prática gerava uma baixíssima
incidência criminal, se comparada com a realidade atual. Assim, é
possível afirmar que, à luz da verdade, em qualquer comparação que se
faça entre a atividade inquisitorial e a prática da autoridade civil
secular da época, notar-se-á que o cuidado nos procedimentos no sentido
de evitar injustiças e no sentido de ser piedoso com o ente humano era
muito maior dentro da Inquisição do que na prática da autoridade civil
secular. Por exemplo, com relação às prisões católicas, devemos esquecer
a mitologia de que eram masmorras horrendas, frias e insalubres. Claro
que havia problemas, pessoas chegavam a ficar doentes e até morrer nas
cadeias, mas se comparadas às cadeias civis da época, possuíam
instalações mais limpas, iluminadas, ventiladas, espaçosas e seguras. A
alimentação também se dava de forma regular, havendo a possibilidade de o
prisioneiro receber comida e demais suprimentos de seus parentes, sendo
que os mais pobres tinham suas despesas pagas pelo próprio tribunal.
Além disto, muitas cadeias da Inquisição possuíam divisões que separavam
os homens das mulheres.
Foi por causa desse esforço, por parte da Igreja Católica (de evitar
injustiças e ser piedoso com o ente humano) que foi possível deixar para
o mundo, entre outros legados, grandes avanços jurídicos que seriam
impensáveis até então. Após a queda do Império Romano, o modelo jurídico
praticado na Europa estava mais próximo do que era adotado pelos povos
bárbaros invasores do que do sofisticado Código de Leis, vigente na
Civilização Romana. Na prática os reis e nobres tinham plenos poderes
para julgar e condenar, como bem entendessem. Foi somente com o
estabelecimento da Inquisição que foi adotado um sistema que remotamente
se assemelhava ao que hoje chamamos de código processual. Desde a queda
do Império Romano, foi a primeira vez na História que se pensou que um
julgamento deve seguir um rito sistemático. Até a Inquisição,
simplesmente não havia o conceito de que o julgamento tinha que seguir
um rito. Em que pese as imperfeições que possam ser apontadas se
compararmos os procedimentos da Inquisição com o sofisticado código
processual moderno, estamos falando do progresso que há em passar da
situação em que os julgamentos não possuíam NENHUM processo para a
situação posterior em que HÁ um processo, por mais primitivo que fosse. E
o processo praticado na Inquisição nem era tão primitivo assim. Por
exemplo, em que pese o fato de não ser, nem nunca ter sido um livro
católico (tendo sido, inclusive, condenado pela ICAR, logo após sua
publicação, na década de 1480), além de NUNCA TER SIDO USADO NA SANTA
INQUISIÇÃO, o Maleus Maleficarum se tornou conhecido como
católico, por ter sido inspirado na bula papal do Papa Inocêncio VIII;
esse livro possuía todos os elementos de um manual de direito
processual.
Além disso, a Inquisição foi o primeiro tribunal da Europa a separar
magistrado, acusação e defesa. Até essa época, todas essas funções eram
exercidas por uma mesma pessoa, na quase totalidade das vezes um senhor
feudal, que se auto imbuía do poder de julgar e condenar quem bem
entendesse. Com a mentalidade que temos hoje, seria possível afirmar que
as funções de promotor e juiz serem exercidas por membros da Igreja não
era o ideal, mas isso seria ignorar o progresso em relação ao que era
praticado como justiça até então. Também foi a partir da Inquisição que
foi adotado o procedimento de registrar TODOS os autos do processo, o
que limitava muito a ação do tribunal, além de instituir uma espécie de
jurisprudência registrada. Tal procedimento já tinha sido adotado na
época do Império Romano, mas somente na Inquisição foi praticado em
caráter absoluto. A Inquisição também estabeleceu que um notário
transcrevesse todos os debates. Foi estabelecido na Inquisição que os
acusados não ficariam presos durante todo o inquérito, podendo recusar
determinado juiz ou apelar para Roma contra alguma decisão do tribunal.
O legado mais importante da Inquisição é justamente o que é mais deturpado, diz respeito à questão da tortura. A despeito de todas as gravuras mostrando pessoas sendo torturadas pela Inquisição, é preciso compreender que não foi o Santo Ofício que estabeleceu a tortura, MUITO PELO CONTRÁRIO. O expediente do uso de tortura como ferramenta de confissão era considerado normal e era amplamente usado pelos tribunais seculares, ao passo em que foi muito raramente usado dentro da Inquisição. Ao todo, menos de 10% dos julgamentos envolveu a agonia física dos acusados. Dentro do contexto de que a tortura era considerada pela mentalidade da época como uma ferramenta válida para extrair uma confissão, o Papa Inocêncio IV instituiu algumas regras em relação à utilização desse procedimento: a proibição de que qualquer pessoa fosse torturada mais de uma vez, não era permitido que o método levasse à perda de um membro ou, ainda, que trouxesse risco de morte para quem recebia, sendo comum a presença de médicos para evitar maiores problemas, não poderia ultrapassar mais que alguns minutos. Estas normas nem sempre foram cumpridas, é verdade, mas o problema é que muitos historiadores iluministas/marxistas se utilizam do desvio para fazer entender que as autoridades eclesiásticas pregavam os abusos, o que é de uma desonestidade atroz. Há ainda as alegações sobre as famigeradas "máquinas de tortura" que estão em exposição em tantos museus da Europa e que fazem a alegria do departamento de marketing do History Channel, pois enchem os olhos da audiência dos pseudo-documentários realizados pelo canal. Sobre elas é preciso entender que ninguém que queira torturar um ser humano precisa de muito mais do que uma corda que o imobilize e um pedaço de vidro quebrado ou um chicote, que o infrinja dor. Se máquinas foram criadas para realizar a tortura, era exatamente porque se buscava de alguma forma mensurar e aplicar o sofrimento de forma gradual, controlando a intensidade do efeito o máximo possível. Além disso, as máquinas eram especialmente confeccionadas para que tivessem aparências assustadoras, buscando gerar o que se chamou de conspectu tormentorum, quando a mera vista dos instrumentos de tortura já provocava a confissão. Em dado momento da História da Inquisição, estabeleceu-se que as confissões conseguidas através de tortura só seriam aceitas se no dia seguinte fossem confirmadas pelo acusado, do contrário as investigações continuariam, apesar de o réu permanecer preso. Posteriormente, foi estabelecido que nenhuma confissão conseguida através de tortura teria validade. Ou seja: se hoje a tortura não é mais considerada um instrumento justo de extração de confissão, ISSO É UM LEGADO DA INQUISIÇÃO!
O legado mais importante da Inquisição é justamente o que é mais deturpado, diz respeito à questão da tortura. A despeito de todas as gravuras mostrando pessoas sendo torturadas pela Inquisição, é preciso compreender que não foi o Santo Ofício que estabeleceu a tortura, MUITO PELO CONTRÁRIO. O expediente do uso de tortura como ferramenta de confissão era considerado normal e era amplamente usado pelos tribunais seculares, ao passo em que foi muito raramente usado dentro da Inquisição. Ao todo, menos de 10% dos julgamentos envolveu a agonia física dos acusados. Dentro do contexto de que a tortura era considerada pela mentalidade da época como uma ferramenta válida para extrair uma confissão, o Papa Inocêncio IV instituiu algumas regras em relação à utilização desse procedimento: a proibição de que qualquer pessoa fosse torturada mais de uma vez, não era permitido que o método levasse à perda de um membro ou, ainda, que trouxesse risco de morte para quem recebia, sendo comum a presença de médicos para evitar maiores problemas, não poderia ultrapassar mais que alguns minutos. Estas normas nem sempre foram cumpridas, é verdade, mas o problema é que muitos historiadores iluministas/marxistas se utilizam do desvio para fazer entender que as autoridades eclesiásticas pregavam os abusos, o que é de uma desonestidade atroz. Há ainda as alegações sobre as famigeradas "máquinas de tortura" que estão em exposição em tantos museus da Europa e que fazem a alegria do departamento de marketing do History Channel, pois enchem os olhos da audiência dos pseudo-documentários realizados pelo canal. Sobre elas é preciso entender que ninguém que queira torturar um ser humano precisa de muito mais do que uma corda que o imobilize e um pedaço de vidro quebrado ou um chicote, que o infrinja dor. Se máquinas foram criadas para realizar a tortura, era exatamente porque se buscava de alguma forma mensurar e aplicar o sofrimento de forma gradual, controlando a intensidade do efeito o máximo possível. Além disso, as máquinas eram especialmente confeccionadas para que tivessem aparências assustadoras, buscando gerar o que se chamou de conspectu tormentorum, quando a mera vista dos instrumentos de tortura já provocava a confissão. Em dado momento da História da Inquisição, estabeleceu-se que as confissões conseguidas através de tortura só seriam aceitas se no dia seguinte fossem confirmadas pelo acusado, do contrário as investigações continuariam, apesar de o réu permanecer preso. Posteriormente, foi estabelecido que nenhuma confissão conseguida através de tortura teria validade. Ou seja: se hoje a tortura não é mais considerada um instrumento justo de extração de confissão, ISSO É UM LEGADO DA INQUISIÇÃO!
Em suma, o Direito conseguiu evoluir MUITO por causa da Inquisição. Mas,
então, como nasceu a deturpação da imagem da Inquisição? Tudo começou
na propaganda iluminista que queria denegrir a Igreja Católica. Assim, a
historiografia iluminista sempre segue a mesma técnica, que consiste em
ignorar como as circunstâncias eram antes da Inquisição e apresentar o
Santo Ofício como a entidade que instaurou tudo que era primitivo na
Idade Média. Além disso, eles utilizam do método de apresentar apenas os
casos de desvio e, assim, dão a entender que eram a regra (contudo,
como a mentira tem perna curta, é possível encontrar confissões, mesmo
dentro da bibliografia iluminista. Vejam o que diz a Enciclopédia
Iluminista Francesa, de 1765: "Sem dúvida, imputaram-se a um tribunal,
tão justamente detestado, excessos de horrores que ele nem sempre
cometeu". Isso o méqui não mostra!). Alguém que tenha sido apresentado à
Inquisição pela historiografia marxista, que mostra apenas os
estudiosos iluministas que denegriam a Inquisição, imagina que antes
dela o planeta era um paraíso idílico no qual reinavam o humanismo e a
justiça perfeita, e a Igreja Católica foi a responsável pela introdução
dos métodos que eles criticam como retrógrados, comparando-os não com o
que de fato existia antes, mas com a situação atual, que é, na verdade,
FILHA dos avanços da Inquisição. Como se vê, trata-se de um erro muito
grave em historiografia, que se chama ANACRONISMO. Esse tipo de
deturpação é muito comum quando os historiadores não são movidos por
entender o que de fato aconteceu, mas sim por criar uma representação do
que aconteceu de modo que esta seja capaz de endossar uma ideologia. Um
caso clássico é a forma como Engels retrata a Revolução Industrial. Na
versão dele, o mundo era um paraíso de prosperidade e riqueza, quando
surgiu a terrível Revolução Industrial impondo restrições e carência às
classes trabalhadoras, que nunca as tinham experimentado antes. É claro
que isso é apenas um delírio, uma ficção, sem nenhum rigor
historiográfico. Da mesma forma que no caso da Inquisição, não é
possível entender a Revolução Industrial sem entender como o mundo era
antes dela. Para finalizar com mais um exemplo de uso ideológico do
anacronismo, citemos a forma como a esquerda brasileira se refere aos
"crimes da ditadura militar", ignorando completamente os crimes que
vinham sendo cometidos pelos terroristas revolucionários e que foram, na
verdade, aquilo que desencadeou a instauração do regime militar.
Esse texto é só um quebra-gelo, para introduzir ao assunto "Inquisição". Há ainda muitas informações que não foram incluídas para que o texto não ficasse ainda maior do que já ficou. Para comprovar a veracidade das informações que foram apresentadas aqui e para continuar a conhecer a verdadeira Inquisição, consulte a bibliografia abaixo.
Diane Moczar, "Sete Mentiras sobre a Igreja Católica"
Daniel-Rops, "A Igreja das Catedrais e das Cruzadas"
Eric Voegelin, "Idade Média Tadia"
Felipe Aquino, "Para Entender a Inquisição"
Henry Kamen, "A Inquisição Espanhola"
João Bernardino Gonzaga, ”A Inquisição em seu mundo”
Rodney Stark, "A Vitória da Razão"
Regine Pernoud, "Luz Sobre a Idade Média"
Regine Pernoud, "O mito da Idade Média"
Ronald L. Numbers, "Galileu na Prisão"
Thomas Woods, "Como a Igreja Católica Construiu a Civilização Ocidental"
De: meuprofessordehistoriamentiupramim.blogspot.com.br
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