24 julho 2014

O fim do cristianismo no Iraque


Arcebispos iraquianos alertam para o fim da presença cristã no país 

Reunidos em Bruxelas, Bélgica, dia 10 de julho, por intermédio da Associação Pontifícia Ajuda à Igreja que Sofre (AIS), os Arcebispos de Bagdá, de Mossul e de Kirkuk falaram às autoridades europeias sobre o agravamento da situação no Iraque e sobre o risco, cada vez mais iminente, do fim da presença cristã neste país.
Entre os presentes estava o presidente do Conselho Europeu, Herman Van Rompuy, que ouviu o clamor dos três arcebispos para a necessidade urgente de se apoiar a multidão de novos refugiados vindos das regiões controladas pelo ISIS (Estado Islâmico do Iraque e do Levante), grupo radical sunita que conquistou Mossul e que pretende tomar a capital iraquiana, Bagdá.
Segundo relatam já há alguns meses à AIS, e reforçaram no encontro, a violência que se vive hoje em dia no país, especialmente por causa da ofensiva militar do ISIS, reduz ainda mais a já pequena comunidade cristã iraquiana – grupo religioso mais fragilizado perante a erupção do conflito armado, uma vez que, ao contrário dos sunitas, xiitas e curdos, os cristãos não têm milícias para se protegerem.
Os três prelados, Dom Louis Raphael Sako, de Bagdá, Dom Yohanna Petros Mouche, de Mossul, e Dom Youssif Mirkis, de Kirkuk, explicaram que a comunidade cristã tem diminuído drasticamente no Iraque por causa das guerras e de conflitos semelhantes a esse, tendo passado de 1,5 milhões de fiéis, antes da invasão liderada pelos Estados Unidos, em 2003, para apenas cerca de 400 mil agora. "Os próximos dias serão muito ruins. Se a situação não mudar, os cristãos serão apenas uma presença simbólica no país", disse Dom Louis. “Caso este êxodo continue, terminará a história do cristianismo no Iraque”.
Já o Arcebispo de Mossul, segunda mais importante cidade do país, afirmou que sua vida se tornou praticamente impossível desde que a cidade caiu nas mãos do ISIS no último mês. Ele relatou que a fama de violência que rodeia este grupo islamita fez com que cerca de 500 mil pessoas fugissem da cidade, entre os quais a esmagadora maioria da comunidade cristã. Na última segunda-feira, duas religiosas e três crianças foram sequestradas em plena luz do dia na cidade. Além disso, as igrejas cristãs foram fechadas em Mossul. Dom Yohanna ainda afirmou que neste momento não há água em Mossul, nem praticamente eletricidade. “Há apenas medo", ressalta.
O mesmo se passa em Kirkuk, segundo Dom Youssif. Apesar de estar na região curda e, assim, mais segura, assiste-se à fuga de centenas de cristãos todos os dias, resultado do ambiente de pânico. “São poucos os cristãos que ainda projetam sua vida e seu futuro no Iraque.”
A grande aflição que toma os religiosos e o motivo que levou à AIS a, mais uma vez, envolver-se na política internacional é que esta situação não se passa somente no Iraque. Desde a proclamada “Primavera Árabe” que os cristãos têm sido vítimas do poder crescente dos radicais islâmicos. É o caso do ISIS, denominado Estado Islâmico do Iraque e do Levante e que agora se intitula apenas como Estado Islâmico. Este grupo radical, que pertence à órbita da Al-Qaeda, declarou a instauração de um califado nas regiões que controla, que se estendem desde certas regiões da Síria até o Iraque.

De: ais.org.br



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