A VIRGINDADE PERPETUA
DE MARIA SANTÍSSIMA
O QUE PENSAVAM OS SANTOS PADRES.
Maria SS. a mãe de Jesus, foi
perpetuamente virgem ou não
foi? Maria terá tido outros
filhos além de
Jesus?
Teremos naturalmente que examinar
todos os textos da
Bíblia que giram em
torno desta questão. Antes
disto, porém, temos uma
pergunta fazer: Quem
está mais autorizado a nos dar
uma Segura informação a este
respeito, a nos dizer
o que se deve pensar sobre a
virgindade de Maria: a Igreja
Católica, que vem
dos tempos de Cristo,
que recebeu, portanto, na sua
fonte, o ensino dos Apóstolos, ou os protestantes que só vieram a
aparecer no século XVI? A Igreja
Católica, que jamais teve a
mínima dúvida sobre este assunto ou o
Protestantismo em cujo seio, como vimos
(n.o 238), têm aparecido sobre esta
própria matéria, como sobre tantas outras, opiniões bastante desencontradas?
O único fundamento em que se baseiam os adversários para
duvidar da virgindade de Maria SS.-", é a interpretação que dão a certas passagens do Evangelho.
Mas este mesmo Evangelho que os protestantes hoje leem e
comentam, não era também lido,
manuseado, estudado cuidadosamente pelos Santos Padres? Se os protestantes veem tão claro
nos Evangelhos que Maria perdeu
um dia
a sua virgindade, seriam os
Santos Padres tão cegos, tão loucos
e ignorantes que não o
tivessem visto?
Quando aparece no século V. E um tal
Helvídio "homem rústico
e mal conhecedor das
primeiras letras", como diz
S. Jerônimo, querendo negar que
Maria SS. tivesse sido virgem
depois do parto, S.
Jerônimo, além do exame que faz
dos textos alegados, apresenta
como argumento a unanimidade
dos Santos Padres a respeito da
virgindade perpétua de Maria.
E quando lhe alegam
Tertuliano que teria escrito alguma coisa neste sentido, admitindo
que Maria não
foi virgem depois do
parto, S. Jerônimo observa muito bem que, contra o
testemunho dos Santos Padres, o de Tertuliano nada
vale, porque ele
não foi um
"homem da Igreja". De fato Tertuliano era cristão,
era um grande
escritor, mas afastou-se da Igreja, abraçando a doutrina
do montanismo.
Mais ainda: hoje,
quando um pastor
protestante tem a
ousadia de falar de público
atacando a virgindade de Maria
SS., o povo católico se toma
de indignação e
o obriga a
calar-se. Os protestantes
veem nisto apenas um sinal
de ignorância, de pieguice e de sentimentalismo.
Pois bem, esta mesma indignação
aparece igualmente bem clara nos escritos
dos Santos Padres e de grandes
escritores dos primeiros tempos da Igreja,
o que é sinal
de que não se trata de
ignorância, mas de bom senso.
S. Ambrósio diz assim: "Houve quem negasse que ela (Maria) tivesse permanecido virgem.
Desde muito tempo
temos preferido não
falar sobre este tão grande
sacrilégio. Maria não brinca;
não brinca aquela que
é mestra da
virgindade; nem podia
acontecer que aquela que em si tinha trazido
Deus resolvesse andar às
voltas com um homem.
Nem José, varão justo,
cairia nesta loucura
de querer misturar-se
com a mãe do
Senhor em relação
carnal" (De inst.
virgin. c 5, 6).
S. Hilário não só afirma que Maria permaneceu sempre virgem, mas também
observa que os que pensam de maneira diversa
são "Irreligiosos e alheios à doutrina Espiritual" (Commentaria
in Nfath. I,
3).
S. Epifânio exclama: "Donde é que surgiu esta perversidade? Donde é que irrompeu
tamanha audácia? Porventura
o próprio nome não é
suficiente atestado? Quem houve jamais em tempo algum que ousasse proferir o nome de
Maria e espontaneamente não acrescentasse a palavra VIRGEM?.. . O
nome de virgem foi dado a
Santa Maria, nem se mudará nunca, ELA sempre permaneceu ilibada" (Adversus haereses Panarium).
Genádio diz o seguinte: "Com fé íntegra se deve crer que a bem-aventurada Maria, mãe de Cristo Deus, não só gerou como virgem, mas permaneceu virgem depois do parto e não se há de concordar com a blasfêmia de Helvídio que disse: Virgem antes do parto, mas não virgem depois do parto" (Liber ecclesiasticorum dogmatum 35).
E é com veemência que
S. Jerônimo se
lança contra este Helvídio que, embora admitindo a
virgindade de Maria antes do parto e no
parto, afirmava que ela tivera
outros filhos depois. Apos citar os vários textos em que se baseia
a sua argumentação para provar que aqueles "irmãos" de Jesus não
são filhos de
Maria, S. Jerônimo
acrescenta: "Ó o mais imperito
dos homens, não tinhas lido
estas coisas; e lançaste no pélago as
Escrituras a tua
raiva para injúria
da Virgem, a exemplo daquele que, segundo contam, sendo desconhecido do povo
e nada de
bom podendo fazer,
imaginou um crime
para se tornar
famoso: incendiou o templo de Diana. E não tendo dado resultado o sacrilégio, ele
próprio saiu a público, afirmando aos
gritos que fora ele o
autor do incêndio. E
perguntando os magistrados
de Éfeso por
que motivo teria
querido fazer isto, respondeu:
para que, se não por bem, ao menos por mal me
tornasse de todos conhecido. É,
pelo menos, o que nos narra
a história grega.
Tu incendiaste o templo do
corpo do Senhor; contaminaste o santuário
do Espírito Santo, do qual
pretendes ter saído uma quadra de irmãos e
um montão de irmãs.
Argumentas com o que dizem os judeus: Porventura não é este
o filho do oficial? Não se
chama sua mãe Maria
e seus irmãos ,os Tiago, e José, e
Simão, e Judas? E
suas irmãs, não vivem elas todas entre nós?..(Mateus 13,55 e 56).
Todos só se diz de uma multidão.
Pergunto: quem te ensinou
semelhante blasfêmia? Quem é que te levava em conta? Mas agora
conseguiste o que querias; tu
te tornaste famoso no crime"
(Adversus Helvidium).
Por aí se vê que o fato de indignar-se o povo cristão e católico, quando alguém nega ou põe em dúvida a virgindade da mãe de Deus, não é sinal de ignorância das Sagradas Letras, pois gente muito bem entendida nelas também mostrou a mesma indignação e revolta contra tão ousada blasfêmia. E a virgindade perpétua de Maria é doutrina comum e unânime dos Santos Padres.
Para não falarmos mais
nos já citados:
Assim diz S. Efrém: "ó Virgem Senhora, imaculada deípara, senhora
minha gloriosíssima, mais sublime
que os Céus, muito
mais pura que os esplendores, raios e
fulgores solares. . . vara de
Arão que
germina, apareceste como verdadeira vara e a flor
foi o teu filho verdadeiro, nosso Cristo Deus e Criador meu;
tu segundo a carne geraste Aquele que é Deus e
Verbo, CONSERVANDO A VIRGTNDADE
ANTES DO PARTO, VTRGEM DEPOIS DO
PARTO, e fomos reconciliados com Deus, teu filho (Opera graeca. Apud JourneI 745).
Referindo-Se a Maria, diz S. Agostinho: "Virgem que concebe, virgem que dá à luz, virgem grávida, virgem que traz o feto, virgem perpétua" (Sermones 186, 1, 1).
"Virgem concebeu, virgem
deu à luz, virgem
permaneceu" - é uma fórmula
usual referente a
Maria SS., empregada, não
só nos escritos de S. Agostinho (Sermones Lf,8; CXC,2;
CXCVI,I) mas também nos de outros
Santos Padres, como S. Pedro Crisólogo
(Sermones 117), S. Leão Magno
(Sermones 2,2) por exemplo.
Esta sempre foi desde o começo a doutrina firme e universal da Igreja. Nem se venha dizer que esta opinião dos Santos Padres é motivada pelo fato de ser a virgindade perpétua de Maria definida pela Igreja como dogma de fé, pois esta definição só veio a dar-se no século VII, no Concílio de Latrão e todas estas citações aqui apresentadas não ultrapassam o século V (54)
Portanto, está o leitor diante de dois fatos: 1º Há muitos
protestantes que leem a Bíblia e querem apresentar como certo, certíssimo, que
Maria SS não conservou a sua
virgindade. 2º Os Santos Padres tinham também
à mão a mesma Bíblia e a
seguiam fielmente e achavam que
ela era infalível e já desde o princípio
vêm afirmando como certo, certíssimo, muito antes que isto fosse definido pela igreja, que Maria
SS. concebeu como virgem, deu
à luz como virgem
e como virgem permaneceu até o fim
de sua vida.
É o caso de dizer
o leitor: Deve haver qualquer engano nesta afirmativa dos protestantes, tanto mais
que eles próprios já não
estão de acordo entre si. Seria
interessante examinar atentamente se
têm valor ou não
as alegações protestantes,
comentando os textos bíblicos que eles nos apresentam.
TRECHO DO LIVRO: LEGÍTIMA INTERPRETAÇÃO DA BÍBLIA - LÚCIO NAVARRO
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