Será que as redes sociais substituíram os confessionários?
Por que é tão simples revelar a própria intimidade nas redes sociais (mesmo correndo o risco de ser objeto de humilhações e zombaria), mas tão difícil aproximar-se do sacramento do Confissão, no qual provavelmente nem sequer o confessor conseguirá lembrar mais tarde o que ouviu?
O que leva as pessoas a afirmar que não querem contar suas faltas a
"outro pecador", mas não ter o menor pudor em falar de todas as suas
misérias nas redes sociais?
Será que as redes sociais
se tornaram as novas terapias para expiar as culpas? Parece que sim. É
como se, de alguma maneira, as pessoas buscassem aprovação para o que
fizeram e, assim, aliviassem o peso da consciência, mediante uma
mal-entendida solidariedade; ou como se estivessem dispostas a ser
chicoteados pela sociedade para "limpar" o peso das próprias culpas.
Mas esta busca equivocada no mundo de hoje tem uma nova proposta em Jesus,
por meio do sacramento da Reconciliação, um momento no qual só o Senhor
tem acesso à nossa nudez e miséria; nesse momento, não seremos
julgados, não haverá aparências, o coração estará descoberto; nesse
momento, cada um precisa da sua maior sinceridade, e todas as aparências
acabam: só contam a Graça e o perdão amoroso do Senhor.
A confissão não é o lugar da repreensão, mas da apreensão; não é o lugar do parecer, mas o ser; não é o lugar do juízo, mas da misericórdia.
Nela, entende-se o significado dos braços abertos do Pai celestial;
permite-se que as lágrimas limpem a alma, pois elas testemunham o que Deus
realiza dentro de cada um para poder viver uma relação íntima e afetiva
com ele, experimentando o que significa sentir-se amado de verdade,
perdoado, acolhido e não condenado.
Há espaços e momentos da vida em que é tão necessário ser nós mesmos, que não podemos senão estar diante de Deus
com tudo aquilo que quisemos ocultar aos olhos do mundo. É então que
Ele nos abraça com a ternura que lhe é própria, como um pai que carrega
seu filho, e sussurra para nós: "Você não precisa esconder nada de mim,
eu simplesmente o amo como você é".
Mas por que não fazer isso
diretamente com Ele? Nossas lágrimas escondidas, derramadas no silêncio
do nosso quarto, não são suficientes? Por que submeter-se ao exame de
um homem que, como todos, também pecou? Justamente porque Deus não quer apenas perdoar, mas também reintegrar à vida da comunidade, da Igreja; porque Ele quer testemunhas da sua obra.
Deus outorgou potestade a esses pecadores para mostrar sua misericórdia,
e porque cada um deles, como humano, tem uma palavra de estímulo para
ajudar a caminhar. E também porque não são eles, mas Cristo neles quem
perdoa. Porque Deus salva o ser humano de forma humana e
por meio dos seres humanos. Porque Ele não volta atrás na redenção,
para que o mundo entenda que nada humano é alheio a Deus, simplesmente porque Ele se fez humano como nós.
Se esta tarefa tivesse sido confiada aos anjos, seríamos julgados com
severidade, pois, como eles não conhecem o que é próprio da natureza
humana, lhes seria impossível entender o que fazemos.
O maior milagre que um sacerdote realiza hoje no mundo é ser instrumento da Graça de Deus, para que o pão e o vinho possam se tornar Corpo e Sangue de Jesus e para que, por meio do sacerdote, o perdão de Deus possa chegar aos homens.
Cada dia, o sacerdote opera milagres pelo poder de Deus
outorgado em seu ministério. O pecado nos impede de caminhar, cega os
sentidos e nos faz agir irracionalmente, contamina nossa vida até
fazer-nos sentir nojo de nós mesmos.
O sacerdote é o homem do milagre da reconciliação com Deus,
com o mundo. Aqueles que buscam os que têm "poderes" de outro estilo
esqueceram que o essencial do seu ser sacerdotal, das suas mãos que
curam e salvam, que não precisam levantar um paralítico da cadeira de
rodas, mas levantam um pecador da sua prostração moral.
A confissão
é um tribunal no qual não há fiscais, não há acusadores (salvo o
próprio penitente), não há secretários para redigir atas e arquivá-las,
nem testemunhas para confirmar ou negar a veracidade de quem se acusa.
Há somente um defensor, um advogado: Jesus Cristo.
A confissão é o lugar da misericórdia.
De: aleteia.org
Siga-nos no Facebook. Curta essa página==>>