São Jerônimo - tradutor da bíblia para o latim |
Como chegou a Bíblia até nós?
Pe. Arnóbio José Glavam, EP - 2014/02/14
Não
se conservam os originais, nem muitas das cópias subsequentes, dos 73
livros da Bíblia. Como pôde, pois, ter chegado intacta até nós a Palavra
de Deus neles contida?
Pe. Arnóbio José Glavam, EP
Discorremos em precedente artigo sobre a
formação do cânone da Bíblia, isto é, da relação dos Livros Sagrados
que contêm a Palavra de Deus, comunicada originariamente por via de
tradições orais. Conservadas, pela ação do Divino Espírito Santo, na
autenticidade e integridade dos divinos ensinamentos, essas tradições
foram mais tarde postas por escrito por homens assistidos pelo carisma
da inspiração: os hagiógrafos.
Ao leitor interessará, por certo, saber
quando e de que modo se elaboraram esses escritos e como chegaram até
nós. Uma primeira pergunta, então, se impõe: ter-se-iam conservado, ou
não, os textos originais dos hagiógrafos? Em caso negativo, como foram
eles transmitidos às sucessivas gerações e quais são hoje as fontes mais
importantes do texto bíblico que conhecemos?
Na época em que os livros da Sagrada
Escritura foram redigidos, os instrumentos para a escrita eram muito
precários e o material usado para isso não poderia resistir aos milhares
de anos decorridos entre aqueles tempos e os nossos dias. É, pois,
perfeitamente explicável que os textos originais da Bíblia (autógrafos) e
mesmo muitas das sucessivas cópias tenham se perdido, com exceção de
alguns raros fragmentos.
Quando a Bíblia foi escrita?
Sabe-se hoje que a Bíblia foi escrita
num período de pouco mais de mil anos Acreditou-se, por muitos séculos,
que o primeiro e um dos maiores hagiógrafos fosse Moisés que teria
escrito o Pentateuco. A Bíblia, portanto, teria começado a ser escrita
por volta do ano 1200 a.C. Tal crença é contestada, hoje em dia, pela
generalidade dos especialistas que, baseados em posteriores descobertas
científicas e minuciosos estudos, preferem datar os primeiros escritos
no tempo de Salomão, aproximadamente no ano 1000 a.C.
O fato de o Novo Testamento referir-se,
por vezes, a Moisés como autor desses livros1 não nos deve causar
embaraço, uma vez que sabemos ter sido a intenção dos hagiógrafos - e,
sobretudo, a do Espírito Santo - não a de nos comunicar através das
Sagradas Escrituras conhecimentos científicos ou históricos precisos,
mas sim as verdades que importam à nossa salvação. Os hagiógrafos, pois,
exprimiam-se nessas matérias segundo as concepções comuns e correntes
na época.
Do mesmo modo acredita-se hoje, em
geral, que os primeiros escritos do Antigo Testamento não foram os do
Pentateuco, mas alguns livros históricos. Muitos estudiosos sustentam
mesmo que o primeiro texto escrito foi o canto de Débora, do Livro dos
Juízes.
Não é possível determinar com exatidão
as datas em que os livros sagrados do Antigo Testamento foram redigidos,
mas a cronologia mais comumente aceita é a que exporemos a seguir.
Até o reinado de Davi e Salomão
(aproximadamente anos 1000 a 930 a.C.) teriam aparecido o cântico de
Débora, os livros de Samuel e alguns episódios do Gênesis. No tempo que
vai deste último até o exílio babilônico (930 a 586 a.C.) teriam surgido
alguns livros proféticos: Amós, Oseias, Miqueias, Isaías (1- 39),
Jeremias, Sofonias, Naum, Habacuc e Deuteronômio. Seriam do período do
exílio (586 a 538 a.C.) os livros de Ezequiel, a segunda parte de
Isaías, o chamado deutero Isaías (40-55), Josué, Juízes e Reis.
Na primeira época pós-exílica (583 a 300
a.C.) teriam surgido os livros de Ageu, Zacarias, a terceira parte de
Isaías - o trito Isaías - (56-66), Malaquias, Jó, Jonas e Cântico dos
Cânticos; também teriam sido concluídos os Salmos, ampliados os
Provérbios e teriam aparecido Esdras e Números. É só neste período que
se teria completado o Pentateuco.
Na segunda época após o Exílio (300 a 50
a.C.), que é a dos Macabeus, teriam aparecido os livros de Tobias,
Eclesiastes, Eclesiástico e Sabedoria. E por fim, no século que
antecedeu o nascimento de Jesus Cristo, os últimos livros: Joel, Daniel,
Judite, Primeiro e Segundo dos Macabeus. Quanto ao Novo Testamento,
foram seus livros redigidos provavelmente entre os anos 50 e 100 da
Era Cristã. E os primeiros não foram os Evangelhos, mas algumas
cartas paulinas.
Papiros e pergaminhos
Nos anos em que reinaram os soberanos de
Israel, quando presumivelmente foi elaborada a maior parte dos livros
do Antigo Testamento e nos tempos apostólicos, em que o foram quase
todos os do Novo, não se conhecia a máquina de escrever e muito menos os
modernos computadores. Nem sequer o papel e a caneta! Como então teriam
sido escritos esses textos?
Causa-nos espanto saber que em certo
período da Antiguidade se escrevia com frequência em pedra, placas de
metal ou cerâmica. Eram estas últimas, tábuas de argila sobre as quais
se imprimiam, com o auxílio de um estilete, os caracteres adequados
compondo os textos. Tais placas eram, em seguida, levadas ao forno para
serem cozidas e assim conservadas.
Quando os livros bíblicos começaram a
ser escritos, entretanto, já haviam surgido meios mais simples de se
escrever, usando tinta sobre papiro ou pergaminho, materiais precursores
do papel.
O primeiro provém de um vegetal,
abundante nas margens do Nilo, cujo caule prensado oferecia algo à
maneira de uma folha de papel. Os israelitas bem o conheciam do tempo em
que permaneceram no Egito e os egípcios o comercializavam largamente.
Com ele se produziam também embarcações2 e outros objetos. A cesta na
qual Moisés fora colocado entre os juncos do rio para fugir à ira do
Faraó era de papiro.3
O pergaminho tem sua origem na cidade de
Pérgamo, capital da Mísia e importante cidade da Ásia Menor, de onde
lhe vem o nome. Ele é couro de carneiro tratado de modo especial,
resultando numa folha consistente e relativamente fina. Bem mais
resistente e durável, entretanto mais custoso do que o papiro, começou a
ser amplamente usado para os documentos mais importantes.
Os livros escritos em papiro eram em
geral conservados em rolos, guardados no Templo e nas sinagogas, para
serem lidos nas cerimônias litúrgicas. Os pergaminhos, mais consistentes
e oferecendo dificuldade para se conservarem em rolos, propiciaram a
importante invenção dos cadernos ou códices. Formavam-se estes dobrando
em quatro as folhas de pergaminho e compondo assim volumes semelhantes
aos nossos atuais livros. Talvez se deva aos cristãos esta grande
descoberta, pois os códices já eram usados nos primeiros séculos do
Cristianismo.
Os hoje chamados Códices - as cópias
mais antigas da Bíblia existentes entre nós - datam, entretanto, dos
primeiros séculos do Cristianismo. Alguns deles contêm versões quase
completas das Escrituras. Os principais se encontram na Biblioteca do
Vaticano, no Museu Britânico e em alguns outros grandes museus do mundo.
Desses "originais" são feitas as diversas traduções modernas das
Sagradas Letras.
Da Idade Média, pelo meritório trabalho
dos monges copistas, uma grande quantidade de cópias das Escrituras
chegou até nós. E as mais recentes descobertas arqueológicas vêm atestar
a admirável fidelidade dos manuscritos medievais às mais antigas
versões.
Os idiomas da Bíblia
Nas épocas e lugares em que foram
escritos os textos bíblicos, predominavam os idiomas hebraico, aramaico e
grego. E foi nestas línguas que foram redigidas as Escrituras.
O hebraico, idioma de origem cananeia,
identificou-se entretanto com os hebreus na história da salvação,
tornando-se a língua sagrada do povo eleito.
Com a expansão do poder assírio e as
suas numerosas incursões na Palestina, culminando com o cativeiro
babilônico, o aramaico foi se tornando cada vez mais conhecido. Como os
arameus formavam uma espécie de entreposto natural entre os assírios e
os israelitas, usava-se seu idioma nas relações diplomáticas entre uns e
outros. No tempo da hegemonia persa, o aramaico já era mesmo a língua
vulgar na Palestina, e o hebraico ficara reduzido quase apenas ao uso
litúrgico.
As posteriores conquistas de Alexandre
Magno trouxeram a predominância da cultura helênica. Com isso, o grego
substituiu aos poucos o aramaico como idioma vulgar, tornando-se
universal já nos primeiros tempos do Cristianismo.
O fato de, após o exílio babilônico,
muitos israelitas terem permanecido no exterior (diáspora), onde
predominava o grego, e a atenção que, nessa ocasião, numerosos gentios
passaram a dar às Escrituras judaicas, tornaram necessária uma tradução
delas para o grego.
Segundo antiga concepção, tal
empreendimento ter-se-ia iniciado em Alexandria, por cerca de 70 sábios
judeus. Trabalhando separadamente, eles teriam chegado a idênticos
resultados. Razão pela qual esta tradução é conhecida como a
Septuaginta, ou dos Setenta.
No tempo de Jesus, entre o povo já quase
não mais se falava o hebraico, e o aramaico foi o idioma mais usado
pelo Divino Mestre em suas pregações.
Nos primeiros tempos da Era Cristã, na
área de civilização onde se desenvolveu o Cristianismo, predominava uma
versão popular do grego chamada Koiné. Foi este, precisamente, o idioma
usado para a elaboração de quase todos os primeiros escritos cristãos.
O Antigo Testamento foi escrito em
hebraico e aramaico, exceto o Livro da Sabedoria, Segundo dos Macabeus e
alguns trechos de Daniel e Ester, que o foram em grego O Novo
Testamento foi escrito em grego (Koiné). Segundo alguns - opinião muito
desacreditada hoje em dia -, o Evangelho de São Mateus teria sido
escrito em aramaico (ou hebraico), mas dele só se conhecem cópias em
grego.
Vulgata e traduções modernas
A pedido do Papa São Dâmaso (366-384),
São Jerônimo empreendeu no século IV uma tradução das Sagradas
Escrituras para o latim. Conhecida pelo nome de Vulgata (a divulgada),
foi esta durante muitos séculos o texto oficial da Bíblia e serviu de
base para as traduções feitas, então, para as diversas línguas
vernáculas.
Recentemente, muitos especialistas se
entregaram à tarefa de traduzir os Livros Sagrados diretamente das
fontes "originais", ou seja, das mais antigas cópias conservadas em
hebraico, aramaico e grego. Dessas cópias antigas, isto é, dos grandes
códices medievais, provêm as diversas versões modernas da Bíblia.
Deste modo - além da Vulgata e de sua
edição revista e corrigida, conhecida como a Nova Vulgata -, existem
muitas outras traduções. É, pois, inevitável haver entre elas alguma
variedade de linguagem, mesmo entre edições católicas aprovadas pela
Igreja. Temos, por exemplo, no Brasil, a Bíblia de Jerusalém, a edição
da Ave Maria, a Bíblia Pastoral da CNBB e muitas outras. São, de fato,
traduções com pequenas variações de linguagem, refletindo a preocupação
dos tradutores de apresentar o sentido original dos textos sagrados de
modo acessível ou adequado ao público que tinham em vista.
O pensamento fundamental, porém, de
todas as versões autorizadas - isto é, revistas e aprovadas pela
Autoridade Eclesiástica - é o mesmo e é sempre a mesma Palavra de Deus,
expressa com os recursos da linguagem humana.
Códices e fragmentos
Vejamos agora algo sobre a transmissão dos textos das Sagradas Escrituras ao longo dos séculos.
Se o leitor considerar que os mais
antigos fragmentos conhecidos de manuscritos relativos ao Antigo
Testamento datam do século II a.C., e que os livros veterotestamentários
começaram a ser escritos provavelmente no reinado de Salomão, por volta
do século X a.C., temos um período de 800 anos entre esses primeiros
escritos e os mais antigos fragmentos conservados. Isso significa que as
Escrituras chegaram até nós através de uma longa sucessão de cópias de
cópias manuscritas hoje perdidas.
No tocante ao Novo Testamento, é bem
menor o tempo decorrido entre a redação dos autógrafos e os primeiros
textos parciais conservados. Existem fragmentos, por exemplo, do
Evangelho de São João até do século II. Portanto, com menos de 100 anos
de intervalo. Textos mais amplos e quase completos, porém, se conhecem
apenas a partir do IV século.
Descobertas arqueológicas do século XIX
e, sobretudo, os Manuscritos do Mar Morto, encontrados em 1947, vieram
enriquecer de modo extraordinário o acervo de documentos relativos ao
Antigo Testamento.
O longo percurso dos textos sagrados até
chegarem a nós permanece um campo amplo e fértil de pesquisas para os
estudiosos. Entretanto, quem se dedica a esse gênero de estudos precisa
compreender que deles nunca podem estar ausentes os dados da fé. O
especialista que a tais estudos se entrega com preocupações meramente
científicas, amputa a realidade de uma dimensão fundamental. Com efeito,
como poderia alguém estudar, por exemplo, a caminhada de Tobias até
Ragés à casa de Gabel, os obstáculos do trajeto e as soluções
encontradas, sem considerar Rafael, o Anjo que o conduzia? O "anjo"
condutor da Palavra de Deus é o Espírito Santo.4 Sua ação na história da
salvação nunca pode ser esquecida ou menosprezada
Os manuscritos do Mar Morto
Documentos veterotestamentários
anteriores à Era Cristã são relativamente raros e muito fragmentários,
razão pela qual dirigiremos nossa especial atenção aos textos
escriturísticos dos primeiros séculos do Cristianismo. Daqueles, os
textos mais antigos que possuímos procedem dos séculos II-I a.C.: o
principal é o pequeno papiro de Nash, descoberto em 1002 em Fayum, no
Egito, que contém citações do Êxodo e do Deuteronômio; e os documentos
de Qumran.
Corria o ano de 1947 quando alguns
comerciantes de antiguidades encontraram à venda, nos mercados de Belém,
antigos manuscritos em papiro, contendo textos bíblicos e comentários
dos livros sagrados. Destacavam-se textos de Isaías. Descobriu-se então
provirem tais manuscritos das grutas de Qumran nas proximidades do Mar
Morto. A atenção dos especialistas voltou-se para esta descoberta e as
pesquisas e escavações se multiplicaram. Constatou-se então ter-se
encontrado um tesouro arqueológico de valor inapreciável.
Este material se conservou ao longo de
tantos séculos graças às condições climáticas do lugar onde foi
descoberto, pois o papiro se deteriora facilmente.
"Os textos descobertos nas grutas de
Qumran propriamente parecem ter constituído a biblioteca de uma
comunidade que se costumava designar como monges de Qumran, oriundos da
seita dos essênios - sacerdotes inconformados com a situação do Templo
de Jerusalém -, descritos por Flávio Josefo nas Antiguidades Judaicas".5
Esses manuscritos depositados nas grutas
de Qumran um pouco antes da queda de Jerusalém, no ano 70 de nossa era,
foram provavelmente escondidos pelos remanescentes da comunidade
religiosa acima referida, em face do assédio sempre crescente dos
romanos. Presume- se que eles tenham sido copiados entre o século III
a.C. e o século I d.C.6 Em Qumran foram encontradas cópias parciais, por
vezes apenas fragmentos, de todos os livros bíblicos com exceção do
Livro de Ester.
A importância dos manuscritos de Qumran
está, sobretudo, no fato de propiciar um panorama novo para os estudos
bíblicos. Com efeito, os documentos bíblicos anteriores aos grandes
manuscritos medievais eram muito escassos e o texto mais antigo
conhecido antes de 1947 é o referido papiro de Nash, que não continha
propriamente um texto bíblico completo, mas excertos do Pentateuco.7
Pode-se calcular o valor documental do acervo arqueológico de Qumran
considerando-se que seus documentos são um milênio mais antigos do que
os grandes manuscritos medievais conservados.
O período dos unciais e o da escrita cursiva
Trataremos agora da escrita desses
livros antigos e, sobretudo, dos grandes manuscritos medievais através
dos quais a Bíblia chegou até nós. Podemos dividir a história dos textos
antigos da Sagrada Escritura em dois períodos: o da escrita em
maiúsculas ou unciais, e o da escrita cursiva.
De início, até por volta do século IX
d.C., os textos das Escrituras eram copiados em caracteres maiúsculos,
desenhados separadamente, chamados unciais, o que tornava a escrita por
demais trabalhosa. A partir daí, passou-se a usar a escrita dita
cursiva, com caracteres minúsculos interligados, como hoje fazemos. Tal
processo facilitou muito a tarefa dos copistas e legou-nos uma
riquíssima coleção de milhares de textos bíblicos.
Interessa-nos mais, no momento, o estudo
dos unciais, por sua antiguidade e valor documental e seu caráter de
fonte das traduções modernas das Sagradas Escrituras. Chegaram até nós
por volta de 30 manuscritos unciais com conteúdo mais ou menos amplo de
escritos do Antigo e do Novo Testamento, e em diferentes graus de
conservação.
Antes de descrevermos os principais
códices unciais, digamos umas poucas palavras sobre a forma dos volumes
contendo tais escritos.
Como já vimos acima, na Antiguidade os
escritos eram guardados em rolos. Com a divulgação mais ampla dos
pergaminhos, difíceis de serem conservados deste modo, devido à sua
maior espessura, sobreveio a descoberta dos códices ou
cadernos. Consistia tal método em dobrar em quatro as folhas de papiro
ou pergaminho, formando cadernos e permitindo escrever nos dois lados da
folha, coisa impossível com os rolos.
Tal descoberta propiciou grande
facilidade em guardar e manusear os livros, e é considerada para essa
época como uma invenção não muito inferior à da imprensa no século XV.8 O
uso do códice beneficiou também o apostolado, pois possibilitava aos
missionários carregar com facilidade em sua bagagem os livros sagrados
num só volume, em vez de dezenas de rolos.
A Palavra de Deus atravessou os milênios
Ao leitor interessado por estudos
bíblicos, esperamos ter oferecido aqui uma breve síntese do rico e amplo
panorama relativo à história literária da Bíblia. Nele se revelam com
clareza a fé e a fidelidade de tantos homens que se dedicaram à sublime
tarefa de transmitir às gerações futuras as Sagradas Escrituras.
Descortina-se também o esforço
meritório, por vezes heroico, dos copistas entregues a esta tarefa. Mas
ressalte-se, sobretudo, a ação da Divina Providência, propiciando
misteriosamente que a Palavra de Deus atravessasse os milênios e
chegasse intacta até nós.
Os principais códices unciais
Códice Vaticanus
- É conservado na Biblioteca Vaticana, de onde seu nome. É talvez o
mais antigo códice - data do século IV -, como também o mais importante e
precioso por seu estado de conservação e valor documental. Contém todo o
Antigo Testamento a partir de Gn 46, 28 e todo o Novo, menos Hb 9,
15-13, 25, as cartas pastorais, Fl e Ap.
Códice Sinaítico
- Apesar de ter sido escrito também no século IV, foi encontrado
somente no século XIX, no convento de Santa Catarina no Monte Sinai,
provindo daí o seu nome. É conservado no Museu Britânico. Contém todo o
Antigo Testamento, com várias lacunas, e todo o Novo. É o único que
reproduz integralmente o Novo Testamento.
Códice Alexandrino
- Do século V, conserva-se também no Museu Britânico. Seu nome,
provavelmente, é uma referência à cidade de Alexandria, que na
Antiguidade foi um importante centro de estudos das Escrituras. Contém
todo o Antigo Testamento com numerosas lacunas, e todo o Novo com
lacunas em Mt, Jo e II Cor.
Códice Ephræmi Rescriptus
- Alguns pergaminhos contendo textos da Sagrada Escritura foram
raspados e reutilizados (rescriptus) com outras finalidades, e este em
concreto foi reutilizado com escritos de um certo Efrém (Epfræmi). Daí o
nome recebido. Recursos técnicos modernos permitiram extrair o texto
bíblico, provavelmente do século V. Contém partes do Antigo Testamento e
todo o Novo Testamento também muito fragmentário. Conserva-se na
Bibliotèque Nationale de Paris. (Revista Arautos do Evangelho,
Fevereiro/2014, n. 146, p.18 à 23)
De: arautos.org