08 fevereiro 2010

Não temais aqueles que matam o corpo


“Não temais aqueles que matam o corpo, mas não podem matar a alma; temei antes aquele que pode precipitar a alma e o corpo na Geena” MT 10,28



“Não temais”


Essa é uma recomendação recorrente que brota dos lábios de Jesus. O Mestre sabia muito bem o terreno onde pisava. Terreno tanto físico como emocional.


Terreno físico, pois é sabido que a região onde nosso Senhor viveu é terra árida; a água é escassa. Um lugar onde alimentar-se e alimentar uma família era dificílimo, dada a grande pobreza e às opressões dos governantes da época. Ou seja, para sobreviver com um mínimo possível, era necessário fazer-se o máximo de esforço.


A vida não era respeitada. Conhecemos a grande violência daqueles que eram responsáveis por cuidar do povo. Um bom (ou mal) exemplo foi a matança das crianças menores de dois anos comandada por Herodes: “Em Ramá se ouviu uma voz, choro e grandes lamentos: é Raquel a chorar seus filhos; não quer consolação, porque já não existem (Jer 31,15)! MT 2, 18” . Você consegue transportar-se a essa época e colocar-se no lugar daquelas mães tendo seus filhos arrancados de seus braços e assassinados ou até mesmo mortos em seus colos?


E Jesus trabalhava também no terreno emocional, que não se separa de todo esse sofrimento físico; as emoções que vivemos ficam gravadas em nossa memória. Os especialistas afirmam que os traumas demoram muito mais para serem apagados da alma do que os momentos felizes.



Ah, mas apareceu esse homem com as Palavras “Não temais”. Palavras com “P” maiúsculo mesmo, pois Jesus é a Palavra por excelência, o Verbo de Deus.


Como Jesus é incrível não!? Com ele teve coragem de falar isso diante de toda aquela desgraça? Como ele teve coragem de desafiar a realidade? Como ele teve coragem de sonhar com um mundo melhor?


Em meio ao caos, a serenidade.


Em meio à tempestade, a calma.


Em meio à violência, a mansidão


Serenidade, calma, mansidão, talvez sejam as respostas para tantas dificuldades em que vivem as famílias das criaturas concebidas por Deus.



Quando eu vejo nos telejornais a destruição ocorrida no Haiti e em nossas cidades aqui no Brasil por conta dos fenômenos naturais - mas nem tão naturais assim, pelo modo de vida que escolhemos, tento me lembrar do sorriso de dona Zilda Arns, morta na tragédia haitiana, trabalhando naquele pais castigado por guerras, fome, doenças; mas, como Jesus, ela teve coragem de acreditar que tudo pode ser transformado para melhor, mesmo que as circunstancias mostrem que já não exista solução. Parece que aquela serena senhora era incapaz e perder a paz.



Tenhamos também essa incapacidade.


É difícil? Certamente, mas Jesus acreditou. Ele sofreu também, passou pelos mesmos dissabores dos seus, sejamos corajosos.




Paz e Bem


A realidade é Cristo